domingo, 24 de julho de 2011

RAIMUNDO HIGINO - UM CAMOCINENSE DA SÉTIMA ARTE


Hoje amanheci, não sei porque, lembrando do extinto Cine João Veras, talvez por já ter escrito algo sobre os antigos cinemas de Camocim, equipamento de cultura e diversão hoje inexistente em nossa cidade. Busquei nos arquivos e deparei-me com Projeto de Lei do Vereador Francisco Veras Fontenelle que “Autoriza o Prefeito a construir um prédio destinado ao funcionamento de um cinema e teatro nesta cidade. Justificado o Projeto que tomou o Nº 17/51 foi o mesmo enviado ao exame e parecer das Comissões de “Legislação, Educação e Cultura” e “Finanças e Administração”(3º LIVRO DE ATAS DAS SESSÕES ORDINÁRIAS. 1951 - 1957. 11ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Camocim, no segundo período da Sessão Legislativa de 1951 – 03 de Outubro de 1951. (p.13v).

Prossigo na pesquisa e fico me perguntando porque nossos gestores não levam a cabo o incentivo da lei criada no último Governo Lula de incentivo à implantação de salas nos municípios periféricos do Brasil. Para arrematar, a informação de que um conterrâneo nosso brilhou na sétima arte, fazendo história no cinema nacional, por trás das câmeras, sendo continuísta, atuando na montagem de mais de 60 títulos em toda sua carreira. Trata-se de Raimundo Higino, que nasceu em Camocim em 1935. Confira seus principais trabalhos:


Iniciou sua carreira como continuísta em Tudo azul (1952), de Moacyr Fenelon.

Durante uma década, exerceu as funções de assistente de direção e diretor de produção em dezenas de filmes.

Assinou pela primeira vez uma montagem com Os fuzis (1964), de Ruy Guerra.

Montou mais de sessenta filmes, entre os quais Todas as mulheres do mundo, Os paqueras, A psicose do Laurindo, Ainda agarro esta vizinha, A dama do lotação, Dona Flor e seus dois maridos e Inocência.


Foto Raimundo Higino: filmeb.com.br.

Foto Cine João Veras: camocimonline.com


SERIE MAPAS - PORTO DE CAMOCIM


CARTA NÁUTICA DE 1946 FOI USADA PELO CAPITÃO DO "ARATANHA" PARA ENTRAR NO PORTO DE CAMOCIM EM JANEIRO DE 1950. DESDE 1935 QUE A PARTICAGEM DO PORTO DIZIA SER IMPOSSÍVEL ENTRAR NAVIOS NO NOSSO PORTO.

Publicada em 1946 pelo Departamento de Hidrografia e Navegação da Marinha, do Brasil essa carta náutica do Porto de Camocim, provavelmente, foi a usada pelo Comandante do Navio Aratanha (da Companhia de Navegação Costeira), Heitor Theberg e do prático J. Lopes Filho, no episódio que colocou por terra a "lenda" de que navios de médio e grandes calados não entrariam no Porto de Camocim. Com 13 e meio pés de calado, 96m de cumprimento, navegando a 16 pés de profundidade e 4.000 toneladas de peso o "Aratanha", acabou por revelar, segundo os jornais da época, um conluio entre a empresa inglesa de alvarengagem Booth Line e um prático local de nome Marinho, que desde 1935 alardeavam a impraticabilidade do porto. Resalte-se, no entanto, nesse período, a conivência das autoridades que não faziam força para dragar o porto, cuja omissão reforçava a tese da empresa inglesa e do prático. Embora que a Booth Line tenha sido a responsável para que as atividades do porto não parassem totalmente, o encarecimento dos produtos aqui comercializados fizeram com que o movimento do porto diminuísse bastante, posto que os navios ficavam fora da barra, sendo feito o serviço de embarque e desembarque pelos batelões da empresa inglesa, que com isso, faturava duplamente com este serviço. Segundo uma autoridade atual da Marinha em navegação, mesmo com a afirmação do comandandte á época ter afirmado que a Barra de Camocim "pode dar entrada nas marés de lua a navios de 13 e meio pés de calado, como aconteceu com o Aratanha sem oferecer o menor perigo", (O Democrata, Nº977, p.1 e 2. Fortaleza, 09/02/1950) a manobra referida deve ter sido realizada no limite e com perícia, por alguém com profundo conhecimento da local.

Fonte: Departamento de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil.

domingo, 17 de julho de 2011

CAMOCIM ENAMORADA DO MAR – PARTE 3


Sobre a origem da palavra Camocim, há duas versões: a de que seja corruptela “da frase: - co, buraco, ambyra, defunto e anhotim, enterrar – buraco para enterrra defunto – c’aam’otim; e a outra, que contraria a afirmação alencarina, se baseia no “vento abrasador do Egito que sopra do deserto”, chamado H’namsim, não estranho aos portugueses, antigos navegadores, que, por certo, ao se localizarem nas plagas, hoje Camocim, observaram que ali soprava vento semelhante ao que acontecia nas costas africanas, na parte merridional.

Entre as duas suposições, que são aparentemente lógicas, minha opinião vacila...

Porém, ante a autoridade inconfundível e imortal de José de Alencar, autor de Iracema e admirável indianista, resta aos estudiosos do assunto pesquisarem e julgarem.

Em referência a esse tema tão apaixonante – princípio de uma palavra que se tornou nome de uma cidade alegre e hospitaleira, é oportuno consultar a obra Camocim, de Tobias Melo Monteiro, um dos biógrafos, senão o único, até agora, de nossa simpática cidade litorânea.

Uma revelação que deixei para o final de minha mensagem aos meus conterrâneos: o nome de um inspirado poeta – Jugurtha Cavalcante Rocha, residente no Rio, mas ligado pelo coração, portanto por adoção, à gleba sempre beijada pelo mar.

Jugurtha, para muito, um ignoto, um anônimo: mas, para a Poesia, um artista, um príncipe em vercejar.

Foto: camocimdopovo.blogspot.com

Fonte: AGUIAR, FROTA. O Último Canto do Cisne!... . Rio de Janeiro: Editora Cátedra, 1993. p. 24-5.

CAMOCIM TEVE SEUS SOLDADOS DA BORRACHA?


As secas no Ceará provocaram aquilo que nos estudos de imigração ficou sistematizado como “migração para fora”. Na verdade, não somente no Ceará, mas, uma das soluções utilizada e incentivada em outros momentos de flagelo para os desvalidos do Nordeste e os pobres de outras regiões, era a de enviá-los para outras fronteiras brasileiras, dentre elas a Amazônia, especialmente para a exploração da borracha, no período do conflito da Segunda Guerra Mundial.
Neste sentido, toda uma estrutura de recrutamento e triagem foi montada no Ceará pelo Estado Novo, naquilo que ficou conhecido oficialmente como SEMTA – Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia. A logística de recrutamento se utilizaria da estrutura dos portos, através dos navios do Lloyd que saíam dos portos nordestinos lotados de homens, mulheres e crianças de todas as partes do Brasil, atraídos pelas histórias de enriquecimento fácil. No roteiro da distribuição, esse contingente humano era desembarcado no Maranhão, Belém, Manaus, Rio Branco e outras cidades menores nas quais as turmas de trabalhadores seriam entregues aos seringalistas (donos dos seringais), que deveriam levá-los até as colocações (locais de extração da borracha) onde, finalmente, cumpririam seu dever para com a pátria, segundo o discurso oficial.
Levas de trabalhadores cearenses, entre estes alguns camocinenses, partiram para os seringais convencidos de que era a melhor opção diante da convocação para o esforço de guerra: ou iriam para a Amazônia embalados pela mobilização do slogan “Borracha para a Vitória” ou seguiriam para as fronts de batalhas na Europa para combaterem os exércitos italianos e alemães. Foi o caso do rapaz abaixo mencionado, citado em ação declaratória por uma irmã junto à justiça local no ano de 1986:

Gerardo Fontenele Lima, atualmente em lugar incerto e não sabido, vez que em junho de 1942 saiu de casa, deixando seus pais e irmãos por ter sido convocado pela ‘SEMTA’, instituição que naquela época recrutava jovens para trabalhar nos seringais da Amazonas que também eram conhecidos como Soldados da Borracha na época da Segunda Guerra Mundial e nunca deu notícia de vida ou morte, sendo totalmente ignorado seu paradeiro, dada a inexistência de qualquer notícia ou simples informação a seu respeito, por este longo período de tempo.[1]

Este exemplo serve como ilustração desse movimento migratório. O mesmo porto que atrai levas de retirantes é o caminho de saída para os trabalhadores locais na busca de outros lugares que os seduzem pela sobrevivência ou pela riqueza.

P.S: O rapaz em questão é tio dos amigos Paulo do Veré, Eliana, Elenita e Salvelina.

Foto: sociedadeestranha.blogspot.com

[1] Ação declaratória – Nº 2526. Autora: Angelita Ferreira Fontenele, fl. 2, Ano: 1986. Cx: 114.

AOS COMERCIANTES DE CAMOCIM


A História de uma cidade passa impreterivelmente pelo cotidiano das pessoas e das entidades. Neste sentido, estas histórias estão irremediavelmente entrelaçadas. Como uma das mais antigas entidades civis de Camocim em atividade, a Associação Comercial viveu, contribuiu, interferiu e testemunhou muito sobre a história do município. Desta forma, contar a história da Associação Comercial de Camocim é contar um pouco da história do município que neste ano completa 130 anos de emancipação política. Por outro lado, quando a ACC amplia suas dependências para dar mais conforto aos seus associados e melhorar a operacionalização dos seus projetos, uma publicação de uma obra que conte sua história, mostrará mais firmemente sua importância social na comunidade.”
Esses são os dois parágrafos introdutórios de uma pesquisa que realizamos há dois anos atrás e que está de posse da Associação Comercial de Camocim para publicação, tendo o título provisório deHomens de Negócios. História da Associação Comercial de Camocim-CE.”Ainda aguardamos os contatos da entidade para possíveis esclarecimentos e ajustes sobre a obra, que, sem dúvida, seria de grande importância para a história da cidade, principalmente, pela relevância histórica contida nos documentos ali enfeixados. O blog aproveita para parabenizar todos os comerciantes de Camocim e região pela passagem do seu dia, no último dia 16 de julho.
Foto: Sr. José Osvaldo Angelim - Presidente da Associação Comercial de Camocim.
Fonte: ocorreioonline.blogspot.com