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sábado, 25 de março de 2023
UMA RUA, DOIS GENERAIS. O CASO DA RUA GENERAL TIBÚRCIO EM CAMOCIM
segunda-feira, 13 de março de 2023
OS CURRAIS DE PESCA DE CAMOCIM DO SÉCULO XVIII
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023
TV ASSEMBLEIA HOMENAGEIA 100 ANOS DO VOO PIONEIRO DE PINTO MARTINS
Minuto Perfil relembra os 100 anos do voo pioneiro de Pinto Martins
Por Geimison Maia, com informações da produção da TV Assembleia
07/02/2023 16:50 Aviador cearense Euclides Pinto Martins
O dia 8 de fevereiro marca uma data especial para a história da aviação, pois é quando se comemoram os 100 anos do voo pioneiro entre as Américas do Norte e Sul, realizado pelo engenheiro e aviador cearense Euclides Pinto Martins e o parceiro de voo dele, o americano Walter Hilton. Para homenagear o cearense, nascido em Camocim, a TV Assembleia (canal 31.1) inclui, em sua programação o Minuto Perfil, interprograma sobre a vida e a trajetória de Euclides Pinto Martins.
Pinto Martins estudou Engenharia Mecânica aplicada às estradas de ferro nos Estados Unidos. Trabalhou como operário em uma fábrica de locomotivas e foi inspetor da Estrada de Ferro da Pensilvânia. Nessa época, apaixonou-se pela aviação e tirou um brevê de piloto pela Escola de Aviação Civil de Nova York.
Aos 29 anos, Pinto Martins conheceu o instrutor de voos Walter Hilton, piloto da Flórida e famoso por suas proezas aeronáuticas. Desse encontro surgiu a ideia de viajar de Nova York até o Rio de Janeiro em um hidroavião batizado de Sampaio Correia I, em homenagem ao senador de mesmo nome. O voo teve uma série de intercorrências e caiu no mar em Cuba. Isso foi em 1922.
Os aventureiros não desistiram da empreitada e, ainda no mesmo ano, decidiram retomar a viagem em um novo hidroavião, o Sampaio Correia II. A viagem terminou, com sucesso, no dia 8 de fevereiro de 1923, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Assim, os pilotos consagraram-se nesse voo pioneiro de Nova York ao Rio feito em 175 dias. Vale destacar que, antes do pouso final, Pinto Martins fez uma parada em Camocim, sua cidade natal.
A música que sonoriza o interprograma é “Baião de Corda”, do compositor Pingo de Fortaleza. O programa foi produzido pelo Núcleo de Documentário da TV Assembleia, com roteiro e produção de Ângela Gurgel, Mariana Bueno e Janaína Gouveia, edição de Daniel Cardoso e locução de Janaína Gouveia.
Edição: Clara Guimarães
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
A PRÁTICA DA FARMÁCIA EM CAMOCIM
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Símbolo da Farmácia. Fonte: Internet. |
Em postagens
anteriores já enfocamos a relação de Camocim
com a chamada “farmácia oficinal” que colocaram a município no mapa da produção
de remédios como as GOTAS ARTHUR DE
CARVALHO e o ESPECÍFICO PESSÔA,
notadamente na década de 1940.
Neste sentido, nomes
como Joaquim Arthur de Carvalho e
seu filho José Arthur de Carvalho
(nome de rua em Fortaleza) fazem parte de uma tradição histórica que envolvem a
prática de farmácia e o estudo acadêmico da área, que, no Ceará, começa em 1919
com a instalação da Faculdade de
Farmácia no estado.
Portanto, desde 1861,
quando se fundou no Ceará a Inspetoria
de Higiene do Estado, responsável por licenciar os “práticos de farmácia”,
que vários destes profissionais assumiram a tarefa de curar e administrar
medicamentos para a população em geral, às vezes passando o conhecimento para
várias gerações familiares, como os Carvalhos e Torquato Pessoa. Atualmente, por exemplo, a família do farmacêutico
Chico Sousa já está na quarta
geração a frente deste tipo de estabelecimento em Camocim.
Para o registro
histórico, fizemos um apanhado regional dos práticos “licenciados pela antiga
Inspetoria de Higiene do Estado, até 1919, ano da instalação da Faculdade de
Farmácia do Ceará”:
Conrado Porto, Granja, 1899
Aurélio Pessôa, Camocim 1900,
Júlio Guimarães, Camocim, 1906,
Sebastião Freitas, Camocim, 1907
Domingos Braga. Itapipoca, 1913
Filomeno Silveira, Acaraú, 1913
Hugo Mota, Granja, 1918”.
Se hoje se observa o
aumento constante deste tipo de comércio em nossa cidade, chegando a se ter de
04 a 05 farmácias numa mesma rua, o embrião está num passado distante. Hoje uma
farmácia tem de quase tudo, “inclusive
remédio”, como diz uma propaganda radiofônica de uma farmácia sobralense. Sinal
dos tempos!
Fonte:
A Voz dos Práticos. Fortaleza-CE, 1948.
Edição 02, p.06, setembro de 1948.
https://myloview.com.br/poster-simbolo-de-farmacia-copa-de-higia-no-E1BAE5.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2023
COMUNISMO EM CAMOCIM NO LIVRO "NAS TRILHAS DO SERTÃO", VOL.7
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Convite de lançamento do livro Trlhas 7. Fonte: Editora Sertão Cult. 2023. |
Há dez anos nos reuníamos na Bica do Ipu (entre respingos e pingas) para tratar de um sonho audacioso: publicar uma série histórica a partir do interior do Ceará. Nascia ali o Grupo Outra História e o Projeto Editorial "Nas Trilhas do Sertão: escritos de cultura e política nos interiores do Ceará". De lá para cá, SETE CAMINHOS foram trilhados. De início um passo cauteloso, não mais do que uma légua historiográfica, do tamanho do nosso fôlego. Depois buscamos outras veredas e hoje já podemos dizer que trilhamos outros e variados territórios, outros sertões brasileiros.
Como sempre, em janeiro, sob as bênçãos de São Sebastião e de Clio, nos reunimos no mesmo lugar para avaliar a jornada e planejar a próxima viagem, renovar os sonhos, molhar a palavra e imaginar a escrita.
Neste sentido, convido a todos para o convescote de lançamento do livro "NAS TRILHAS DO SERTÃO: ESCRITOS DE CULTURA E POLÍTICA DO CEARÁ. V. 7, composto por 12 artigos de vários historiadores cearenses que trafegam pela história política do século XX em variadas abordagens e nas experiências cotidianas calcadas na oralidade sertaneja.
Neste volume, participo com o artigo: CEM ANOS DE COMUNISMO NO BRASIL: ONDE CAMOCIM ENTRA NESSA HISTÓRIA? Ainda tenho alguns exemplares comigo para quem quiser adquirir o livro físico em Camocim.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CAMOCIM. PATRIMÔNIO CULTURAL DO ESTADO DO CEARÁ
Desde o fechamento do ramal ferroviário Sobral-Camocim em 1977 que a Estação Ferroviária começou a sofrer um processo de deterioração predial e ocupação das dependências por sem-tetos, usuários de drogas e ponto de prostituição.
Mais de uma década depois, na administração municipal de Murilo Rocha Aguiar Filho - Murilinho (1989-1992), juntamente com outras entidades e pessoas iniciou-se um movimento para a recuperação do prédio símbolo que marcou a nossa história desde as últimas décadas do século XIX até meados do século XX. Deste modo, aproveitando-se uma visita do então governador do Estado do Ceará, Tasso Ribeiro Jereissati, a população se mobilizou e lotou a Praça da Estação com faixas e cartazes, pedindo a revitalização daquele espaço.
A reforma foi feita e a então Estação Ferroviária passou a ser a Casa da Cultura, além de sediar o SEBRAE e no pátio externo acontecia a "Quinta Cultural", onde feiras e shows de cantores e humoristas aconteceram por um bom tempo.
Portanto, a Estação Ferroviária é o nosso único bem tombado por uma lei. De lá para cá, já foi sede da Prefeitura Municipal e hoje abriga a Secretaria da Educação de Camocim. Não importa o uso, desde que se preserve a história e a memória dos lugares.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
LIVRO "HISTÓRIA POLÍTICA DE CAMOCIM. 1898-1987. Vol. 1"
No último dia 21 de dezembro de 2022, por ocasião da Sessão Solene da Câmara Municipal de Camocim que agraciou várias pessoas com o título honorífico de Cidadão Camocinense, evento que ocorreu na Escola Profissionalizante, lançamos o livro "História Política de Camocim. 1898-1987". vol. 1, publicado pela Editora Sertão Cult. Trata-se da 14ª obra de nossa autoria sobre o município e que inaugura uma série sobre o cotidiano político local.
Agradecemos a todos que contribuíram para a escrita deste livro que durou dois anos, especialmente à Câmara Municipal, a ANPUH -CE, ao Prof. Airton de Farias pelo prefácio da obra e ao Prof. Gilson Cordeiro , pela apresentação do livro no evento, da qual reproduzimos um trecho abaixo:
O Prof Carlos Augusto, professor adjunto da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, vem desenvolvendo significativos estudos nas areas de memória, história oral, cotidiano, trabalho e outros. Tem uma vasta bibliografia de trabalhos publicados desde organizações de livro, livros solo e trabalhos belíssimos de orientação. Dentre estas obras, destacamos livros de natureza didática que lançam um olhar aguçado para a juventude da cidade, uma brilhante ação de resistência e memória local.
Destacamos hoje a obra História Politica de Camocim, considerando mais 100 anos de política local registrados, catalogados com personagens que contribuíram para o colorido espaço de fazeres sociais neste espaco de tempo.Mais que uma galeria de ilustres, com datas e feitos romanescos, o professor Carlos nos presenteia com uma percepção crítica da vida social da cidade, de pormenores cotidianos a complexas conjunturas politicas locais que dialogam para o entendimento do cenário politico brasileiro do século XIX e XX, trazendo-nos pistas do que somos e por que somos.
Enfim, tenho a honra de dizer que se trata de uma obra para leitura de especialistas em história, antropologia até jovens vestibulandos e todos que procuram compreender o espaço onde vivem".
O livro está disponível para download no site da Prefeitura Municipal de Camocim, na aba "História Camocinense".
sábado, 3 de dezembro de 2022
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE CAMOCIM. NOSSO ÚNICO BEM TOMBADO PELO PATRIMÔNIO ESTADUAL
Num momento em que a questão patrimonial começa a ser discutida em nossa cidade, seja pelo processo acelerado de destruição de prédios históricos, seja pelas poucas tentativas de se adotar uma política pública de preservação e conservação do patrimônio cultural, reproduzo aqui um "lugar de memória" dos camocinenses, erguido ainda no século XIX. O artigo foi publicado no site do Laboratório de Estudos dos Mundos do Trabalho (LEHMT/UFRJ), dia 30/11/2022.
LMT #118: Estação Ferroviária de Camocim (CE) – Carlos Augusto Pereira dos Santos

Carlos Augusto Pereira dos Santos
Professor do Curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú
Menino da Rua do Egito em Camocim, filho de maquinista,
morando à beira da linha, eu terminei ficando com o trem no
sangue, como diz Rachel de Queiroz.
(Pe. Luís Ximenes, em Paixão Ferroviária, 1984)
AEstrada de Ferro de Sobral, no Ceará, funcionou por quase um século. Quando da seca de 1877, o Governo Imperial autorizou a análise da viabilidade da ferrovia, no sentido de socorrer os flagelados com postos de trabalho e minimizar a fome que assolava o território cearense. Além disso, a construção da ferrovia seria uma forma de ligar os sertões do norte da província ao porto de Camocim, considerado o de melhor navegabilidade no estado. Os estudos para a construção da estrada de ferro tiveram início em 1878. No ano seguinte, a 26 de março de 1879, realizou-se com solenidade de estilo, o assentamento do primeiro trilho da estrada de ferro em Camocim. Neste mesmo ano, Camocim passou à condição de município se emancipando de Granja. A inauguração do primeiro trecho da Estrada de Ferro de Sobral, entre Camocim e Granja, numa extensão de 24,5 quilômetros, ocorreu no dia 15 de janeiro de 1881, dois anos após o início dos trabalhos.
Construída para ser o ponto inicial que interligava o Porto de Camocim à Sobral, a estação ferroviária apresenta traços da influência europeia no Brasil no que diz respeito às edificações ferroviárias erguidas durante o século XIX. Como se disse anteriormente, a chegada da ferrovia provocou imediatamente a mudança de status administrativo de Camocim alavancando as transações comerciais que já se faziam pelo porto, escoando a produção agropecuária do noroeste cearense. Em pouco tempo, estas atividades demandaram a chegada na cidade da Alfândega, do Banco do Brasil, dos Correios, entre outras repartições públicas e privadas.
A ferrovia para Camocim e região promoveu não somente a economia regional, mas, um interessante espaço para se compreender o mundo do trabalho naquela época. O complexo ferroviário, no auge de suas atividades, chegou a ter em média 800 trabalhadores entre a administração e o pessoal alocado nas oficinas de manutenção de trens. Estas oficinas foram importantes para a formação de várias categorias profissionais como mecânicos, torneiros, carpinteiros, ferreiros, dentre outras. A maioria destes trabalhadores era de Camocim e da região noroeste do estado. Grande parte dos ferroviários se estabeleceram em ruas próximas da estação e os funcionários mais graduados, como os engenheiros e agentes de estação, tinham moradia dentro do pátio de manobras de trens ainda hoje preservadas e habitadas por descendentes destes.
A presença de uma massa de trabalhadores na ferrovia e no porto acabou por despertar as ideologias políticas da época.
Com efeito, a cidade de Camocim foi a primeira do interior cearense a organizar uma célula comunista em 1928 e por conta de seu histórico de lutas na própria ferrovia, acabou por obter o epíteto de “Cidade Vermelha” na imprensa comunista. Por outro lado, o integralismo, embora em menor número, esteve presente entre os trabalhadores ferroviários no contexto da polarização ideológica dos anos 1930.
Um exemplo dessa militância pode ser observado no episódio que ficou conhecido como “A Rebelião da Ferrovia”. Entre novembro de 1949 e janeiro de 1950 uma greve de ferroviários tomou conta da cidade em um protesto contra o fechamento das oficinas de manutenção e a tentativa de transferir funcionários da ferrovia para outros locais. A greve ganhou ares de revolta popular, envolvendo várias categorias e lideranças sindicais. O leito da ferrovia foi interditado pela população com paus, pedras e caldeiras velhas evitando assim a saída dos trens. A tensão durante a rebelião foi muito intensa, a ponto de ser instalada uma espécie de sirene na Estação Ferroviária que era acionada para chamar os manifestantes a qualquer hora do dia quando se percebia algum movimento da direção da ferrovia em desobstruir a via férrea. As mulheres, muitas delas organizadas pela União Feminina Camocinense ligada ao Partido Comunista, tiveram uma participação particularmente significativa na greve e na rebelião popular.
Apenas a vinda de um representante do Ministro de Obras e Viação e do próprio Governador do Estado acalmou os ânimos. Em um grande comício, essas autoridades terminaram por atender ao clamor popular e as oficinas e os funcionários foram mantidos na cidade.
No entanto, o processo de desmonte do ramal ferroviário Camocim a Sobral se acelerou a partir de 1950. Os funcionários foram sendo paulatinamente transferidos para outras estações e praticamente não houve substituição do material rodante neste período até o fechamento do ramal.
Em 24 de agosto de 1977, o último trem partiu de Camocim rumo à Sobral, pondo fim a 96 anos de serviços prestados pela ferrovia à população da então zona norte do Ceará, e de muitas histórias do mundo do trabalho e dos trabalhadores da “estrada”. Hoje, tombada pelo patrimônio público estadual, a estação ferroviária sedia a Secretaria da Educação Municipal.

Para saber mais:
- CARVALHO, Cid Vasconcelos de. O Trem em Camocim: Modernização e Memória. 2001. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Sociologia) – Universidade Federal do Ceará.
- OLIVEIRA, André Frota de. A Estrada de Ferro de Sobral. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 1994.
- SANTOS, Carlos Augusto Pereira dos. Entre o porto e a estação. Cotidiano e cultura dos trabalhadores urbanos de Camocim-CE. 1920-1970. Fortaleza: INESP, 2014.