sábado, 14 de dezembro de 2019

O CORETO DA LUZ DE CAMOCIM.

Coreto da Praça 7 de setembro. 2016. Camocim-CE. Fonte: publicinista.com
Pouca gente sabe, mas, a Praça do Coreto foi a primeira praça construída em Camocim pelo então intendente municipal, Francisco Nelson Chaves (1923-1927). Provavelmente construída entre 1923-24, recebeu ao longo do tempo, várias denominações, desde a oficial, Praça Sete de Setembro, depois rebatizada para Praça Francisco Fontenele Frota (Chico Panair). No entanto, no gosto popular, se seculariza Praça do Coreto, face à construção de origem francesa que adornou várias praças no mundo afora. Em Camocim, tivemos outra praça no mesmo formato em frente do Camocim Club, que foi demolida há muito tempo atrás.
No entanto, outro fato importante marca a existência do Coreto, cuja praça passa agora por mais uma reforma, segundo dizem, para resolver uma demanda de estacionamento no núcleo central da cidade. Foi neste Coreto que se deu a inauguração do primeiro sistema de iluminação pública de Camocim inaugurado em 1925 sob a responsabilidade do engenheiro Raimundo Cela, que depois se tornou um famoso pintor de renome internacional. O jornal Diário do Ceará reportou:

"Na Praça 7 de Setembro, especialmente engalanada para o ato, realizou-se às 20 horas, a inauguração oficial da iluminação. No coreto recentemente construído viam-se os convidados para o ato. O orador oficial da festa sr. Tertuliano Menezes, inspetor escolar regional, pronunciou excelente discurso sobre a importância do ato e se congratulando com a população. Aplausos demorados abafam as últimas palavras do orador..." (Diário do Ceará, In: GALVÃO, Roberto. Prova de Estágio. Notas Biográficas de Raimundo Cela, Fortaleza: Expressão Gráfica, 2019, p.61-2).
Maquete da futura Praça do Coreto. 2019. Fonte: google.com
Com a reforma, esperamos que o Coreto possa ser revitalizado sendo espaço para apresentações musicais, retretas, dentre outras atividades culturais.

domingo, 3 de novembro de 2019

OSWALDO CRUZ E SUAS IMPRESSÕES SOBRE CAMOCIM

Há muito tempo que procurava uma documentação sobre o Porto de Camocim, relativa a viagem empreendida pelo sanitarista Oswaldo Cruz no começo do século XX. A expedição ficou conhecida como a "Viagem aos Portos do Norte e Nordeste do Brasil" e desenrolou-se entre os anos 1905 a 1906. Com efeito, desde que assumira o posto de Diretor Geral de Saúde Pública em 1903, defendeu a necessidade de se levar para outras regiões do país as ações de saneamento que estavam sendo realizadas por ele no Rio de Janeiro. Assumira então o compromisso de que, tão logo fosse controlada a febre amarela na capital, iria se dedicar à reformulação dos serviços de saúde dos portos marítimos e fluviais brasileiros", no intuito de " promover a defesa sanitária de seus portos contra a invasão de doenças como o cólera e a peste bubônica".
Sabedor de que a expedição passara pelo Porto de Camocim, recorri a amigos no sentido de buscar essa documentação. No entanto, só agora a mesma está disponibilizada através das cartas que Oswaldo Cruz escrevia à sua esposa Emília Fonseca Cruz de cada porto por onde passava.
A viagem iniciou-se a "28 de setembro de 1905, acompanhado de seu secretário, o médico João Pedroso, Oswaldo Cruz embarcou no rebocador República rumo ao norte do país. Levava na bagagem um plano para a construção de hospitais de isolamento e de estações de desinfecção em cada local a ser visitado.
Experiência pioneira de contato com um Brasil praticamente desconhecido nos grandes centros urbanos, esse trabalho teria continuidade alguns anos depois com as expedições científicas do Instituto Oswaldo Cruz. Será principalmente a partir delas que o país tomará consciência da dramática realidade de sua gente mais sofrida: a população dos sertões brasileiros.
Sobre Camocim, Oswaldo Cruz, depois de enfrentado o  mar revolto típico de novembro ao chegar ao nosso porto, escreveu á sua mulher, dentre outros detalhes:

2 de novembro de 1905
"... Camocim, pequena cidade nova, porto importante do Ceará, ponto de partida duma estrada de ferro que vai a Ipu, passando por Granja e Sobral. Coisa interessante: eram 5 hs da manhã e todas as casas já estavam abertas e as famílias sentadas tomando café! Que madrugadores!"


Como resultado da viagem, o "chefe da DGSP anunciou que em Caravelas, Mossoró e Camocim seriam instaladas delegacias de saúde tendo em vista a importância desses portos e volume de transações comerciais que transcorriam lá. Providências significativas seriam tomadas nesses e nos demais portos: construção de estações de desinfecção para navios e desinfectórios para os passageiros e habitantes, hospitais de isolamento, fornecimento de barcos de desinfecção, com a nomeação de profissionais adequados a esses serviços. Tais ações de prevenção de doenças transmissíveis seriam iniciadas no ano de 1906, destinando-se a elas alguns milhares de contos (SAÚDE PÚBLICA, 1905, p.1). Há que se considerar que esse auspicioso plano geral de saneamento dos portos não veio a ser concretizado nos anos posteriores (FUNDAÇÃO, 2002,p.113)".














Fonte: BEZERRA, Mariza Pinheiro. NOS SERTÕES DO NORTE: SAÚDE PÚBLICA E SANEAMENTO NO MARANHÃO,(1889-1930). Rio de Janeiro. 2019.

sábado, 5 de outubro de 2019

LUÍS XIMENES, O PADRE FERROVIÁRIO DE CAMOCIM


Monsenhor Luís Ximenes. Fonte: A Voz de Santa Quitéria.

No quadro "RELIGIOSOS DE CAMOCIM", já destacamos um pouco da trajetória do Monsenhor Luís Ximenes.(sábado, 1 de dezembro de 2012 e quarta-feira, 30 de abril de 2014). É cognominado o "ÍCONE DA FÉ QUITERIENSE", nasceu ali na RUA DO EGITO (atual Rua 24 de Maio), entre as ruas General Tibúrcio e Tiradentes, de frente para o pátio de manobras da Estrada de Ferro. Ainda na faculdade, no final dos anos 1980, cheguei a trocar com ele poesias e ele me enviou alguns dos seus livros pelo colegas de Santa Quitéria. Quando fui ver sua casa-museu ele já não estava entre nós. Reverenciado e tido como santo em Santa Quitéria, em sua terra natal ainda não teve o devido reconhecimento. Ontem, por ocasião de seu aniversário natalício, o blog A Voz de Santa Quitéria publicou o seguinte texto:

Monsenhor Luís Ximenes nasceu em Camocim, em 05 de novembro de 1926. Filho de maquinista, desde cedo desenvolveu o seu gosto por trens, fortalecendo uma "alma ferroviária" que, ao longo do tempo, o fez colecionar quase tudo que se referisse ao tema e escrevesse alguns livros tendo os trens como temática.
Foi pároco em Santa Quitéria por mais de quatro décadas e até hoje, é venerado pela comunidade católica.
De alma simples e caridosa, o santo de Santa Quitéria partiu no trem da vida eterna logo após celebrar missa em 04 de outubro de 1994, acompanhando São Francisco, deixando muitas saudades, mas permanecendo vivo
nos corações quiterienses.

Para homenageá-lo, nós do CAMOCIM POTE DE HISTÓRIAS, transcrevemos um de seus poemas com a temática ferroviária:

Meu ídolo

De tanto ouvir teu clamoroso apito,
de tanto conviver pela estação,
fiquei teu fã e te tornaste um mito,
um ídolo de minha devoção.

De ti, meu velho trem, mesmo proscrito,
eu guardo tão feliz recordação,
que até parece praga do Maldito
te recordar em toda ocasião.

Correndo sobre os trilhos da lembrança,
ainda te vejo como outrora eu via,
o mesmo trem que eu vi quando criança.

Só que o olhar mudou. A vista cansa.
Ontem eu te via à luz de uma esperança,
Hoje eu te vejo à luz da nostalgia.


Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br/peximenes.html
Fonte: A Voz de Santa Quitéria

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

O FAROL DO CAMOCIM, (IX SC 2019. 15)

Antigo Farol do Trapiá. Camocim-CE, Fonte: Facebook. Raimundo Gomes.


Hoje, 30 de setembro é o dia da Navegação. Neste sentido, um farol é sempre um marco para uma navegação segura. Em Camocim, os homens do mar agradecem esse ponto de luz que os trazem para casa na escuridão da noite. 
Já postamos algo sobre o nosso Farol do Trapiá, com fotografias fornecidas pela Marinha do Brasil. No entanto, hoje trazemos o antigo farol de um novo ângulo. Muito se fala sobre este local na beira da praia. Os mais velhos narram histórias curiosas de assombração, mas também de um tempo em que serviu como salão de festas e local de encontro amorosos.
O escritor Carlos Cardeal em seu romance "O Terra e Mar" (recentemente lançado em sua 2ª edição), o denomina Farol Sem Nome e muitas das cenas do livro tem nele a sua ambientação.
Atualmente, o farol continua lá, com o mesmo nome e função, no entanto, sem o charme da arquitetura de outrora em nome da "força da grana que ergue e destrói coisas belas".

FONTE: "O Terra e Mar".
Foto: Facebook. Raimundo Gomes.

domingo, 29 de setembro de 2019

CAMOCIM E O POETA LÍVIO BARRETO. (IX SC 2019. 14)


"Contos Camocinenses",Tela vencedora do 31º Salão de Artes de Camocim,
pintada por Chagas Albuquerque. 2019.

Para marcar o aniversário de Camocim, trazemos as impressões do maior poeta granjense - Lívio Barreto, escritas numa carta em 1894 enviada a um amigo. Guarda livros em Camocim da Companhia Maranhense de Navegação a Vapor, tendo ainda exercido sua profissão em Granja, Fortaleza e Santa Maria de Belém do Grão-Pará, o poeta se rende ao tédio crepuscular de uma tarde sem a azáfama característica dos portos. O documento dá uma idéia do espaço urbano de Camocim no final do século XIX. A correspondência de escritores cada vez mais vem sendo usada por historiadores como documentos que revelam não só a intimidade destes homens de letras, como de contexto histórico dos espaços onde atuavam.
Lívio Barreto. Lápis de Otacílio Azevedo. Fonte: deliviobarreto.blogspot.com

“Camocim, domingo, 2 de dezembro de 94.
am. Ulysses,

Abraço-te.
Li tua carta e respondo-a. Faço sinceros votos para que a saúde te tenha voltado ao corpo, e com ela a sentillante alegria que sempre iluminou o teu fino e nervoso rosto de bohemio.
Dou-te notícias de Camocim. Não te interessam? Pois tenha paciência. Isto aqui não é sertão nem é serra e assemelha-se à praia. A hora em que te escrevo, 5 da tarde, sopra um vento triste e frio de começo de inverno. A maré escua-se lentamente como n’uma agonia sem lamentos, E por traz das casas baixas d’este burgo o sol se embebe no poente, Esmorecido, sem esplendor, sem a pompa áurea dos acasos de verão.
Para minha frente, o rio (aqui diz-se mar),para as minhas costas o ... matto, e por toda a parte a areia, o pó. Que tédio! No porto o perfil alvacente e incaracterístico de uma escuna norueguesa ou o costado sujo de um vapor pernambucano.
Nos trapiches abandonados, atulhados de fardos de algodão, os rapazinhos pescam à luz moribunda da tarde, saccando d’água peixes pequenos que protestam estorcendo-se á ponta da linha com a fúria de um peixe!
Vista ao largo. A maré de vazante a barra não tem attractivos. É bom de ver-se quando ella enche, as mandas de ondas com suas jubas brancas de espumas, albalroando-se, desfazendo-se para se tornarem a formar, fazendo chegar até nós a surda melopéia longíqua do mar, o coro eterno das vagas.
Ainda á nossa frente, da outra banda, os mangues esbatidos, de um verde escuro á claridade mórbida e triste do fim do dia, trancam o horisonte com a longa sombra de sua folhagem escura, tão densa que atravez d’ella não se vê o sol quando de salteia, de manhã, em curtos vôos lentos uma garça põe com a brancura de sua plumagem uma nódoa de leite n’aquella tela cor de lodo, e rasando a ilha dos mangues, um braço do rio alonga-se matto a dentro, perdendo-se em meandros, esvahindo-se ao longe...
Da Granja, desce uma canoa de vasante, batendo os remos, como barbatanas, esguia e longa, com os seus dois remadores e o seu mestre apoiando o cotovelo sobre a cana do leme immóvel.
E sobre toda essa paysagem incolor, de uma monotonia de missa de dia de fazer, paira a aza pesada e sonnolenta do aborrecimento o mais medonho, do tédio o mais cruel!
Ah! se aquellas nuvens que ameaçam chuva se rasgassem agora, como eu iria me deitar satisfeito, ás 6 horas da tarde, fugindo a este enjôo que envenena como uma despepsia!
Adeus, abraço, etc.
Lívio Barreto”.

(Publicado no “O Literário”. Ano IV-Edição 02. Maio de 2002, p. 2. Camocim-CE).

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

A VALSA CAMOCINENSE. (IX SC 2019. 13)

Partitura da "Valsa Camocinense" de Raimundo Nonato de Araújo (Mundico). Foto: Arquivo Fábio Alves.


Quando Pinto Martins passou por Camocim em 1922, por ocasião do voo pioneiro entre Nova Iorque e Rio de Janeiro, a elite local lhe proporcionou uma festa no salão do Sport Club. A partitura acima é umas das raridades que sobreviveram deste tempo. Trata-se da "Valsa Camocinense", composta por Raimundo Nonato de Araújo (Mundico).  Tal música, conta-se, foi executada na época pela Banda Lyra Camocinense, na aludida festa, sob a batuta do maestro Luís de Moraes.
Hoje, 97 anos depois, a atual Banda Lira irá executar a mesma valsa por ocasião do lançamento do livro "Pinto Martins. Um voo na memória e história do aviador camocinense", no encerramento do 31º Salão de Artes de Camocim.
Segundo o maestro Miguel Arcanjo, além da peça musical contida na partitura, do acervo do pesquisador camocinense Fábio Alves, a mesma se reveste de importância por ter sido feito pelo copista João Inácio da Fonseca, conhecido nacionalmente entre as bandas de músicas, autor de inúmeras valsas e dobrados. Desde 1971 que a Banda Municipal de Maranguape leva o seu nome. 
Agora é só comparecer ao evento para conferir o som!


quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O ATELIÊ DE RAIMUNDO CELA EM CAMOCIM. (IX SC 2019. 12)

Casa que abrigou o ateliê de Raimundo Cela. Rua General Tibúrcio. Camocim-CE. 2019. Foto: arquivo do blog.


Quem passa pela Rua General Tibúrcio, entre as ruas Santos Dumont e 24 de Maio, mal sabe que aqueles casarões já abrigaram a casa e o ateliê do renomado artista plástico cearense Raimundo Cela. Nascido em Sobral em 19 de julho de 1890, já aos quatro anos, a família se transferiu para Camocim, por causa da profissão do pai, o espanhol José Maria Cela Mosquera, ele era mecânico e veio trabalhar na estrada de ferro. A mãe era professora sobralense Maria Carolina Brandão Cela, que garantiu o ensinamento das primeiras letras ao futuro artista.
Segundo estudiosos da vida e obra de Raimundo Cela, a transferência da família foi duplamente benéfica para todos: "No novo meio, Camocim, no qual Cela passou a viver, no aspecto climático, físico e humano, ambiente onde Cela completaria sua infância e adolescência, diferente do anterior, deve ter tocado a sensibilidade, aberta à vida, de Raimundo Brandão Cela. Em Sobral, o calor era agressivo, o horizonte geologicamente fechado. Em Camocim, o clima ameno e suavizado pela brisa e perfume marinho. [...] As praias bonitas com seus recantos e ilhas, os barcos insinuando viagens longínquas, sonhos, desejos e o porto tentando com seu movimento de chegada e saída dos barcos. O horizonte abria-se pra tudo. O caminho se fazia. se mostrava para todos os lados. Camocim aconteceu na sua vida". (FIRMEZA, Nilo de Brito. (Estrigas). Raimundo Cela. A arte e o tempo. In: Raimundo Cela. 1890-1954. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2004, p. 16-7).

Praia de Camocim. 1933. Raimundo Cela


Raimundo Cela sai de Camocim para estudar em Fortaleza e, posteriormente, Rio de Janeiro, onde se torna engenheiro geográfico. De lá vai para a Europa em 1920 para aprimorar seus dotes artísticos na França e Espanha. Com problemas de saúde retorna ao Brasil em 1922 e o local mais aprazível para cuidar da sua saúde foi Camocim:
"Preferiu ir para Camocim onde tinha a família perto. Lá, Cela, com a qualificação de engenheiro, assumiu a direção da usina que gerava energia elétrica para a cidade". (Idem, p-28).
A tal usina era a Companhia de Força e Luz de Camocim - CFLC, que fica na esquina da rua General Tibúrcio com 24 de Maio. Afora os trabalhos da usina, Raimundo Cela dedicou-se à sua obra em seu ateliê que ficava atrás dela. Fora dos meios artísticos, pensaram até que ele tinha morrido. Foi redescoberto por Otacílio de Azevedo que esteve em Camocim em 1933 e se maravilhou com o resultado de dez anos de atividade do pintor em Camocim.
Casou-se em Camocim em 1934 aos 44 anos, com a amazonense Eunice Medeiros, de 21. Mudou-se novamente para Fortaleza em 1938 com a família. Em 1945 muda-se novamente para o Rio de Janeiro onde veio a falecer em 1954.
Portanto, quando você estiver comendo espetinhos no Aurélio, saiba que naquele local, este grande nome das artes no Brasil, ali viveu na sua infância e adolescência, com certeza brincou naquele quintal, cresceu e pintou boa parte de sua obra.

Fonte:FIRMEZA, Nilo de Brito. (Estrigas). Raimundo Cela. A arte e o tempo. In: Raimundo Cela. 1890-1954. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2004




sábado, 21 de setembro de 2019

AS ÁRVORES DE CAMOCIM. MONGUBEIRAS. (IX SC 2019. 11)

A monguba é uma bela árvore tropical, de caule frondoso e copa arredondada, capaz de alcançar 18 metros de altura. Nas florestas tropicais podemos encontrá-la em ambientes brejosos, ou à margem de rios e lagos, o nome científico “aquatica” provém desta característica. Apresenta folhas grandes e palmadas, dividas em 6 a 9 folíolos verdes e brilhantes. As flores são muito bonitas e perfumadas, com longos estames de extremidade rosada e base amarela. Os frutos grandes e compridos, semelhantes ao cacau, contém paina sedosa e branca que envolve as sementes. As sementes da monguba podem ser consumidas torradas, fritas ou assadas, e até trituradas como um sucedâneo do café ou chocolate, e diz-se que são muito saborosas.
Mongubeira na Rua Humaitá. Camocim- CE. Fonte: google maps. 2012.
Afora uma castanholeira centenária que existia no pátio das oficinas da Estrada de Ferro, creio que as mongubeiras em Camocim foram as primeiras espécies a serem plantadas na zona urbana de Camocim. Existiam várias, mas o tempo e o homem quase acabaram com elas. Tenho a impressão que elas demarcavam pontos do perímetro urbano face às suas localizações no traçado antigo da cidade. Atualmente, restam alguns exemplares desta árvore frondosa, da família das malváceas, localizados na Rua da Independência, ao lado do Mercado Público; na Rua José de Alencar, próximo à Caixa Econômica Federal; no lado oeste da Igreja Matriz resta uma e outra na Rua Humaitá, próximo ao Bar do Grijalba. 
Esta tem uma história singular. Localizada defronte de uma residência, o dono da casa um dia achou por bem sacrificar a velha árvore. Mandou fazer uma poda rigorosíssima, deixando praticante o tronco, sem folhas. Não se dando por satisfeito, pois notara que a árvore reagia colocando alguns brotos de fora, tratou de atear fogo na base de uma fenda existente no tronco. Vendo a "arrumação" do sujeito, a turma que estava bebendo no Bar do Grijalba correu lá e impediu o desastre total, entre ameaças ao incendiário, inclusive acionar o IBAMA. Apagaram o fogo e hoje ela ainda resiste como símbolo da persistência, enverdecendo e fazendo sua função de purificar o ar naquela rua.
Falando um pouco mais sobre as monguberias: "As mongubas são árvores de excelente efeito decorativo, amplamente utilizadas na arborização urbana e rural. As plantas jovens envasadas são excelentes para ambientes internos bem iluminados. Os países asiáticos são importantes produtores e exportadores da planta nesta forma. Ela é disposta nos ambientes de acordo com o feng shui e a ela é atribuída reputação de atrair dinheiro e prosperidade. É conhecida como money tree ou árvore-do-dinheiro. Geralmente são vendidas plantas com três ou mais caules trançados para que formem apenas um tronco de aspecto decorativo".

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

MARIA DA PENHA É CIDADÃ DE CAMOCIM. (IX SC 2019. 10)

Sra. Maria da Penha Maia Fernandes, símbolo da "Lei Maria da Penha" recebendo livros de história de Camocim de nossa autoria das mãos da Prefeita Municipal Mônica Aguiar. Fonte: PMC.


Realizou-se ontem na Escola Profissionalizante de Camocim, solenidade bastante concorrida com a presença da Sra. Maria da Penha Maia Fernandes, símbolo da Lei Maria da Penha, que relatou a todos sua história de vida que emocionou a todos, cuja luta inspirou a elaboração da lei contra a violência doméstica. Na ocasião, ela recebeu o título de Cidadã Camocinense, fruto de projeto de autoria do vereador Kléber Trévia Veras. Ainda na oportunidade, o cordelista Tião Simpatia recitou para a plateia o cordel "Lei Maria da Penha". Várias autoridades dos poderes executivo, legislativo e judiciário usaram da palavra para homenagear a palestrante.
A vinda da Sra. Maria da Penha deveu-se a um esforço de organização do blog Camocim Online e sua rede de parceiros. Ao final, para a nova cidadã camocinense foi ofertado dois livros de nossa autoria, "Historiando Camocim" (nosso livro didático) e "Entre o Porto e a Estação", para que a mesma conheça um pouco mais da história de nossa terra.



quarta-feira, 18 de setembro de 2019

A BANDA LYRA DE CAMOCIM. (IX SC 2019. 09)

Alguns integrantes da Banda Lira de Camocim. 2001. Fonte: Revista Seleções.


Uma das instituições centenárias de Camocim é a Banda de Música Municipal que hoje tem o sugestivo nome de Banda Lyra Camocinense, hoje regida pelo músico João Miguel Arcanjo (Maestro Miguel). Segundo alguns documentos, antes de 1920 houve uma banda chamada Harmonia Camocinense que teve seus instrumentos vendidos para o Círculo Católico de Sobral, como informa o fundador da Lyra Camocinense, o maestro Luís de Moraes. Num resumo de sua vida em Camocim, publicado em 1925, o referido maestro escreve:
"Achando-se Camocim sem uma banda de música resolvi ensinar meninos, o que comecei a por em pratica no mez de abril de 1920. No dia 7 de agosto daquele mesmo anno consegui inaugurar uma nova banda de musica sob denominação de LYRA CAMOCINENSE com o numero de 13 musicos, sendo 2 antigos e 11 novos, ensinados por mim, a custo de muito sacrifício".
Neste registro, informa-se ainda que a LYRA CAMOCINENSE tocou na festa em homenagem à Pinto Martins em 1922, quando o mesmo passou por Camocim durante o voo pioneiro New York-Rio de Janeiro.
Dentre tantas formações, destacamos hoje o septeto de sopro da Banda Lyra Camocinense captado pelo fotógrafo da famosa Revista Seleções Bruno Veiga no ano de 2001
Destaque-se em primeiro plano, o Sr. Antônio Pereira da Silva, o nosso Mestre Cazumbi e sua tuba, amante da música e do futebol. Mestre Cazumbi nos deixou em 15 de setembro de 2014, completando cinco anos de ausência física entre nós. Quem são os outros músicos? Segundo o Maestro Miguel que na época da foto já era o regente da banda são Dácio Filho, Antônio de Souza, Francisco das CHagas (Chaguinha), Everson Abreu, Everaldo e Franscisco ds Chagas (Bolinha).
Que no ano do centenário da Banda Lyra Camocinense que ocorrerá no próximo ano, o velho maestro seja lembrado.

Fonte: MORAES, Luís. Resumo histórico da vida de Luís de Moraes desde sua chegada a cidade de Camocim. 1907-1924. Typ. Correio da Semana. Sobral-CE. 1925, p. 7.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

SESI CAMOCIM. UM ESPAÇO DE LAZER E SOCIABILIDADE. (IX SC 2019. 08).


Quadra de Esportes do SESI. Camocim-CE. 1981. Fonte: camocim online.
Se ainda estivesse de pé, o Serviço Social da Indústria - SESI. Agência de Camocim, teria completado 49 anos de existência no último dia 10 de setembro. Como sabemos, no ano de 2010 a agência e a sede social do SESI foram a leilão, posto que já haviam sido fechadas há alguns anos atrás, deixando a população camocinense órfã dos serviços que prestava na área social, educacional e cultural.
O auge das atividades do SESI em Camocim deu-se quando da presença do setor pesqueiro em nosso município com firmas especializadas na pesca da lagosta, principalmente. Crianças, jovens e adultos tiveram no SESI um espaço de formação escolar, esportiva e cultural dentro dos vários programas e eventos que todos lembram de bom grado.
Infelizmente, a falta de visão dos detentores do poder político e econômico não souberam dar àquele espaço um destino digno da sua história.Hoje é um lugar que não serve para outra coisa, senão, a especulação imobiliária.
Para fazer jus à história, em 10 de setembro de 1970 foi sancionada a Lei Municipal Nº 283 pelo Prefeito Municipal de Camocim, Setembrino Fontenele Véras, que autorizou a fazer a doação ao Serviço Social da Indústria (SESI), Departamento Regional do Ceará, um terreno para a construção de uma Praça de Esportes e outras edificações, no prazo de um ano, situado entre as ruas Humaitá e Paissandu.

Fonte: Câmara Municipal de Camocim


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

JK EM CAMOCIM. (IX SC 2019. 07).




Juscelino Kubitschek e João Goulart em campanha. Camocim. 1955. Fonte: Acervo Elda Aguiar.

Ontem foi aniversário de nascimento de Juscelino Kubitschek, o famoso JK, conhecido também como "Presidente Bossa Nova" e que construiu Brasília. JK em suas andanças pelo Brasil à época da campanha presidencial esteve em Camocim com o candidato à vice-presidente, João Goulart. Antes de adentrarmos neste assunto, um pouco da biografia de JK: 

Nascido em 12 de setembro de 1902, Juscelino Kubitschek era filho de um caixeiro-viajante, João César de Oliveira e de uma professora, Júlia Kubitschek. Foi seminarista e telegrafista. Formou-se médico pela Universidade Federal de Belo Horizonte. De volta à Minas Gerais, casou-se com Sara Lemos em 1931. Foi nomeado capitão-médico da polícia mineira, chefiando o hospital de sangue de Passa Quatro, onde se destaca como cirurgião durante a revolução 1932.
Iniciou sua vida política em 1934, como chefe de gabinete de Benedito Valadares que, na época, era interventor federal em Minas Gerais. Elegeu-se deputado federal no mesmo ano, mas perdeu o mandato com o Estado Novo de Getúlio Vargas. Entre 1940 e 1945 foi prefeito de Belo Horizonte. Em 1946 foi eleito deputado federal e governador de Minas Gerais em 1950. Cinco anos depois se tornou presidente da República pelo voto direto.
Com um Plano de Metas que continha 31 objetivos, promoveu uma época de desenvolvimento. Construiu as usinas de Três Marias e Furnas. Construiu diversas rodovias para a integração do interior ao litoral como a ligação entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte; além da Belém-Brasília, Belo Horizonte-Brasília e a Brasília-Acre.
Sua prioridade, entretanto, era a construção de Brasília e a transferência da capital do país para o interior, inaugurando-a  em 21 de abril de 1960. Foi cassado pelo governo militar e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos. Viveu seu exílio nos Estados Unidos e na França. Ao voltar ao Brasil com a anistia, dedicou-se a escrever e em 1975 tornou-se membro da Academia Mineira de Letras.
Em 22 de agosto de 1976, Juscelino Kubitschek morreu em acidente automobilístico perto da cidade de Resende, no Rio de Janeiro, quando viajava para São Paulo.

JK em Camocim. Agosto de 1955. Fonte: Arquivo Elda Aguiar.

A passagem de JK e João Goulart em Camocim deu-se em 3 de agosto de 1955. Na época foi feito o registro dessa passagem no 2º Livro de Tombo da Paróquia de Bom Jesus dos Navegantes. Vejamos o teor:

3 de Agosto

            Ás 9 horas da manhã do dia 3 de Agosto chegou a esta cidade em avião de sua propriedade o Sr. Juscelino Kubitschek a título de propaganda de sua candidatura a Presidente da República. Era seguido de uma luzida comitiva, constituída de homens de maior projeção no paiz, o Sr. João Goulart, candidato a Vice-Presidente da República, o Sr. Parsifal Barroso, senador pelo Ceará e os deputados federaes: Sr. Francisco Menezes Pimentel, o Sr. José Martins Rodrigues e Sr. Carlos Jereissati. Após um concorrido comício na Praça da Estação, onde ou ouvintes ficaram empolgados pela palavra fluente e fácil do Sr. Juscelino e Sr. João Goulart e de demais oradores, efetuou-se em casa do Prefeito local, Murilo Aguiar um animado lanche, assediado por um avultado número de pessoas. Em seguida, depois das saudações de estilo, o Sr. Juscelino e caravana partiram para Viçosa, onde o aguardavam grandes festejos.

O incentivo de JK à indústria automobilística acabou por desmontar tempos depois a malha ferroviária brasileira e desativar ramais ferroviários como o de Camocim no período ditatorial de 1964-1985.


Fonte: 2º Livro de Tombo da Paróquia de Bom Jesus dos Navegantes.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

CAMOCIM E SEU POTE DE HISTÓRIAS. (IX SC 2019. 06)

Capa do Livro Camocim É Um Pote de Histórias. Edições UVA. 2018. Fonte: arquivo do blog.

Para quem não sabe, um grupo de professores de Camocim estão cursando a Licenciatura de HISTÓRIA do Programa PARFOR do Governo Federal, ofertado pela UVA em parceria com a Prefeitura Municipal de Camocim. Pois bem, estes professores/alunos já estão no último semestre do curso. Apesar de todas as dificuldades, esta turma tem o que mostrar à comunidade acadêmica e à sociedade camocinense. Não apenas o conhecimento adquirido no cotidiano escolar das disciplinas e das atividades extracurriculares. A turma de História/PARFOR/UVA/CAMOCIM apresentará um produto fruto do seu amadurecimento intelectual - UM LIVRO. Portanto, sexta-feira, 13 de setembro de 2019, estaremos lançando a obra "Praticas Pedagógicas Inovadoras. PARFOR/UVA. CAMOCIM É UM POTE DE HISTÓRIAS", a partir das 19h, no Memorial do Legislativo Camocinense. Na oportunidade 19 escolas do município estarão recebendo a obra da mão dos professores/alunos/autores.
A obra referida foi organizada pelos professores Carlos Augusto P. dos Santos e Raimundo Nonato Rodrigues de Souza e publicada pela Edições UVA no ano de 2018.
O livro é fruto de textos anteriormente publicados no blog Camocim Pote de Histórias, referente ao município de Camocim. A segunda parte, consta de textos de alunos do Curso de Especialização em História do Ceará, da UVA, analisando os textos  publicados no blog, realizando uma interessante troca de saberes entre os estudantes dos dois cursos.

OS 07 DE SETEMBRO DE OUTRORA EM CAMOCIM. (IX SC 2019. 05)

Palanque Oficial de 07 de Setembro. Camocim-CE. Final da década de 1970. Fonte: Capitania dos Portos. Agência de Camocim.


Palanque, autoridades, palhas de coqueiro. Esta foto, provavelmente de uma solenidade de comemoração de 07 de setembro na década de 1970, reúne autoridades civis e militares. Da esquerda para direita em primeiro plano temos: Cel. Alfredo Othon Coelho, líder político por décadas da UDN, PFL, enfim, do grupo político em Camocim alcunhado de "Fundo Mole", arqui-inimigos da Família Aguiar, os chamados "Cara Pretas"; depois, uma figura conhecidíssima de todos camocinenses, Arnaldo Magalhães Carvalho, conhecido como "Arnaldão" ou "Nanau" para os íntimos, parecendo fazer o mestre de cerimônias no evento. Arnaldo, durante muitos anos foi massagista oficial da Seleção Camocinense de Futebol e, posteriormente, de Futsal, além de ser funcionário público. No centro, o representante da Marinha do Brasil, provavelmente o Capitão dos Portos. Ao seu lado, Edilson Veras Coelho, filho de Alfredo Othon Coelho e prefeito de Camocim entre 1977 a 1982 e, finalmente, Antonio Mingueira Braga, tenente da Polícia Militar e na época, vereador, sendo Presidente da Câmara Municipal de Camocim nesta gestão, entre os anos de 1977 a 1979. 
Nesta época, ressalte-se, o palanque parece que era mesmo destinado somente às autoridades.



segunda-feira, 9 de setembro de 2019

O ANTIGO CENTRO COMERCIAL DE CAMOCIM. (IX SC 2019. 04)

Estação Ferroviária de Camocim. Primeiras décadas do séc. XX. Fonte: Instituto Histórico do Ceará.

Se você chegasse em Camocim no ano de 1919, o que encontraria, exatamente há cem anos atrás? Primeiramente o centro comercial e social estaria nas imediações do porto e da estação ferroviária. Visitantes e observadores em suas crônicas de viagens, quase sempre retrataram este espaço como o mais fervilhante e próspero da cidade. Senão vejamos, tendo como fonte o jornal Folha do Littoral, editado em  nossa cidade nesta época.
Comercialmente falando, era na Rua da Estação que ficavam os principais estabelecimentos comerciais e os escritórios de serviços prestados por profissionais liberais. Deste modo, a Associação Commercial de Camocim (assim grafada) em 1919, funcionava no Cine Phenix (atual Promotoria Pública), que, além deste também existia o Cine Smart. As representações de agências de vapores, como a The Amazon River Navigation, Companhia Comercio e Navegação e A. Borges & Cia, ficavam na casa bancária Nicolau & Carneiro. Na firma J. Adonias & Cia, tinha a representação da Companhia de Navegação a Vapor do Maranhão. Já a T. Navarro era representante da Empreza de Navegação Mosqueiro e Soure e o Lloyd Brasileiro era representado pela firma Albuquerque & Cia.
Na diversidade comercial de então, você poderia encontrar desde a firma retalhista Elias Asfora & Cia; a casa "A Italiana" e o Bar Commercial, além da Pensão Urbina;  Alfaiataria Central e a Typographia Folha do Littoral.
As repartições também ficavam na Rua da Estação. Os Correios, comandado por D. Maria J. Magalhães;  a Meza de Rendas Estaduaes sob o comando do Cel. Thomaz Zeferino Véras. Moravam na Rua da Estação, o prefeito municipal, Tasso Napoleão; o delegado de polícia, Cel. José Severiano de Carvalho; o delegado de hygiene, Cel. João Nicolau F. Cavalcante.
Dominando toda essa configuração urbana, tínhamos a imponente Estação Ferroviária de Camocim pertencente à Estrada de Ferro de Sobral, que naquele momento era dirigida pelo Dr. Eduardo Monte.
Este centro comercial pode ser ampliado se levarmos em conta os pontos comerciais instalados nas ruas adjacentes como a Rua Senador Jaguaribe, Travessa Dr. João Thomé, Travessa Dr. Privat e Rua da Igreja. Mas essa é uma outra história!



domingo, 8 de setembro de 2019

AOS ARTISTAS PLÁSTICOS CAMOCINENSES. (IX SC 2019. 03)

Galeria de Obras de Arte Mauro Viana. Câmara Municipal de Camocim. 2019. Foto: Arquivo do blog.

A Câmara Municipal de Camocim não respira apenas política. Afora o plenário Murilo Rocha Aguiar onde os vereadores debatem os problemas citadinos, existem ainda uma galeria que homenageia as mulheres parlamentares, o Memorial do Legislativo Camocinense, contando a história política do município, além de retratar um pouco da história do nosso porto, da estrada de ferro e do ilustre filho da terra, o aviador Pinto Martins
Por outro lado, na parte destinada ao público que vai lá assistir às sessões, foi criada em dezembro do ano passado, na gestão do então Presidente Kléber Veras, a Galeria de Obras de Artes Mauro Viana Melo, contendo algumas obras de artistas plásticos camocinenses, do próprio Mauro Viana, Antonio Carlos "Totõe", Eduardo Souza e da matriarca dos artistas plásticos camocinenses, Beatriz Veras.
No momento da inauguração falou o presidente da Câmara que aquele espaço serviria para "ampliar a divulgação da cultura local e valorizar os artistas da terra".
Portanto, na próxima visita que você fizer à Câmara Municipal de Camocim, dedique um pouco de tempo na apreciação das obras destes artistas, tributários de uma tradição que remonta à muito tempo e faz com que mantenhamos um evento que chega à sua trigésima primeira edição - o XXXI Salão de Artes de Camocim.
Neste domingo, parabéns a todos os artistas camocinenses.  




sexta-feira, 6 de setembro de 2019

CAMOCIM NA HISTORIOGRAFIA ALEMÃ. (IX SC. 2019. 02)





Capa do livro alemão "Das Republikanische Brasilien". Leipízg. 1889.

No final do século XIX, o Brasil ainda era um país a ser descoberto. Desde os idos do século XVI que o futuro país já era estudado pelos estrangeiros. Levas de naturalistas (os cientistas da época) viajaram ao Brasil e informaram seus governos sobre a nossa natureza, história e potencialidade econômica. Nesta postagem, destacamos uma das obras do alemão Oskar Canstatt "Republikanische Brasilien", de 1899 que viveu no Brasil e traz algumas passagens sobre o estado do Ceará, especialmente, Camocim, referindo-se ao porto e ferrovia:

Die wichtigsten Häfen sind die von Camocim, Fortaleza, Acarahü, Mucuripe, Aracaty, Parazinho, Pernambucinho und Pecem. Sie alle haben sehr von Versandung zu leiden. Camocim ist der brauchbarste Hafen. (p.573)

[...] Zum Glück besitzt Cearä neuerdings ein paar Eisenbahnlinien , welche ihm die fehlende FlussschifTahrt in einzelnen Landesteilen ersetzen. Eine der Strecken verbindet den Hafenplatz Camocim mit der Binnenstadt Sobral (128 Kilometer) und ist noch weiter bis Ipd geplant, die andere geht von Fortaleza bis Quixeramobim-Quixadä (187 Kilometer).  (p,574).


Numa livre tradução:

Os principais portos são os de Camocim, Fortaleza, Acaraú, Mucuripe, Aracati, Parazinho, Pernambuquinho e Pecém. Todos eles sofrem muito assoreamento. Camocim é o porto mais utilizável.

Felizmente, o Ceará agora tem algumas linhas ferroviárias que substituem  o cruzeiro fluvial ausente em partes individuais do país. Uma das rotas conecta o porto local de Camocim com a cidade interior de Sobral (128 km) e é planejado até Ipu, o outro vai de Fortaleza a Quixeramobim-Quixadá (187 quilômetros). 

É o Camocim traduzido em várias línguas! 

terça-feira, 3 de setembro de 2019

A PRAÇA DOS PODERES EM CAMOCIM [IX SC.01]

Praça da Matiz. Camocim-CE. 2019. Foto: Wanderson Lima.

Costumo dizer que a Praça da Matriz ou Praça Severiano Morel é a Praça dos Poderes em Camocim. Logicamente que este desenho da localização geográfica das instituições é muito característico das pequenas e médias cidades, muitas delas geradas a partir da ereção de um templo religioso, de uma fazenda, de um porto, etc. 
Efetivamente, o quadrilátero formado pelas ruas Dr. João Thomé, 24 de Maio, José de Alencar e Santos Dumont, constituiu-se ao longo do tempo um espaço vivo da representação dos poderes. 
Desde a centenária Igreja de Bom Jesus dos Navegantes, temos o poder religioso ali representado e o prédio da Prefeitura e Câmara Municipal, como o poder político, além do poder policial e da ordem com a velha Cadeia Pública, hoje desativada. As estruturas do poder educacional são representados pelo Instituto São José e Colégio Estadual Padre Anchieta, desativado e depois erguido em seu lugar a Escola de 1º Grau João da Silva Ramos, hoje CEJA João Ramos, além do Hospital Deputado Murilo Aguiar, atrelado ao poder médico. Posteriormente, agregaram-se à grande praça a Caixa Econômica Federal (CEF. Agência Camocim) como representante do poder financeiro e o prédio do Fórum Dr. Alcimor Aguiar Rocha, do Poder Judiciário.
Por outro lado, até o início da década de 1990, o referido quadrilátero, que era essencialmente residencial, sofreu uma intensa transformação e hoje se tornou um representante do poder comercial, evidenciado pelo setor de comércio e serviços.
A referida praça é um espaço de excelência para que os professores possam contar a história da transformação da cidade para seus alunos. Fica a dica!.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

IX SETEMBRO CAMOCIM 2019. ESPECIAL CAMOCIM 140 ANOS


Caixas d' água do Pátio da Estrada de Ferro de Sobral. Camocim-CE. Foto: BCPH.



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Setembro chegou e com ele mais uma série especial de postagens do CAMOCIM POTE DE HISTÓRIAS, trazendo novos assuntos e matérias sobre a história do nosso município, que neste ano e neste mês completa 140 anos de emancipação política. Portanto, fique ligado, acesse e deixe seu comentário com críticas, informações e sugestões.
Abrindo o IX SETEMBRO CAMOCIM. 2019. ESPECIAL 140 ANOS trazemos uma imagem icônica do pátio de manobras da Estrada de Ferro de Sobral em Camocim: as duas caixas dáguas. Em minha adolescência, além de jogarmos em vários campinhos neste pátio, parávamos todos para vermos o trem "fazer a manobra". Para que a história "não perca o trem" é que estamos à postos neste blog.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

A CASA PALANQUE DE CAMOCIM

Casa dos Benícios. Camocim. 2017. Fonte: arquivo do blog,




Aproxima-se mais uma vez o período eleitoral. Por aí vem muita fofoca, disse-me-disse, intrigas, ações na justiça e a campanha eleitoral. Com ela vem também os aparatos da apresentação dos candidatos: cartazes, santinhos, músicas, as moças com as bandeiras nas esquinas das ruas, as passeatas, caminhadas e os comícios. Estes para quase nada servem mais. O "terreiro" onde acontece um, é mais um local de concentração da massa que vê naquilo mais como um evento para encontrar pessoas, paquerar, tomar umas "bicadas" e depois correr atrás de um paredão pela cidade. As propostas e promessas dos candidatos ficam em segundo plano.
Portanto, muito diferente de antigamente, onde a assembleia de um partido político tinha nos oradores o foco principal. Para isso, não precisa de um palco aparelhado de som, com um locutor apresentador fazendo marmota em cima dele. Bastava um plano mais elevado que destacasse o orador um pouco mais alto dos ouvintes: uma mesa, uma sacada de janela, uma carroceria de um caminhão, um estrado sustentado por cavaletes, nada mais do que isso.
Em Camocim, no entanto, a varanda de uma casa serviu como palanque nos idos das décadas de 1950-60. Ela fica quase esquina da Rua 24 de Maio com Zeferino Veras e se destaca pela imponente varanda (foto). Diz a oralidade que políticos como Murilo Aguiar e Setembrino Veras faziam seus comícios desta varanda. Se esta casa-palanque era um reduto dos Aguiar, é possível que os Coelhos tivessem também seu ponto semelhante.
Confesso que sempre tive uma afeição especial por esta casa desde menino, desejando mesmo nela morar e ser seu proprietário. Falta-me, no entanto, o essencial numa transação capitalista para adquiri-la. No entanto, quem tiver o vil metal, pode comprá-la, pois a mesma está à venda, como informa os números de contato pintados na parede da "varanda palanque".