sábado, 30 de janeiro de 2016

OS CARNAVAIS DE OUTRORA EM CAMOCIM - PARTE I

Bailarinas do Carnaval de Camocim. 1925. Fonte: O Malho. RJ.


Neste "sábado magro", a expectativa de mais um período momino mexe com as pessoas. Os historiadores não passam ao largo desta festa da carne. Revirando o baú, encontramos alguns flashes que irão alimentar as postagens do blog até o "sábado gordo" chegar. Afinal de contas, historiador também curte uma bagunça e aproveita para estudá-la também. 
Hoje mostraremos como um sexteto de moças da década de 1920 se vestiram para brincar no reinado de Momo. Se na linguagem de hoje, "causar", principalmente no carnaval é colocar quase nenhuma roupa, na legenda da foto acima o verbo já era usado quase neste sentido: "Grupo de bailarinas que muita alegria causaram em Camocim, no Ceará, durante o último Carnaval".
Com certeza, àquelas bailarinas não estão mais vivas, mas, fica o desafio para os mais idosos identificarem nossas folionas que ganharam as páginas da revista carioca O Malho naquele ano de 1925.

Fonte: Revista O Malho,edição 1183, p.39. Rio de Janeiro, RJ.







sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

CAMOCIM FOOT BALL CLUB

Camocim Foot Ball Club. 1913. Fonte: O Malho.RJ

A história do futebol em Camocim é mais antiga do que imaginamos. Em postagem anterior enfocamos o Palmeira Foot Ball Club fundado em 17 de dezembro de 1918 e que treinava num terreno da Rua Humaitá. Pois bem, desta vez trazemos um clube que talvez seja o pioneiro em nossa cidade, o Camocim Foot Ball Club, segundo a foto acima, publicada em 1913, portanto, cinco anos antes do surgimento do Palmeira. Sem maiores informações, a foto foi veiculada na Revista O Malho do Rio de Janeiro e traz o segundo team da agremiação, aquilo que chamávamos antigamente de "segundo quadro", "aspirantes", "juvenil" e etc. Hoje são chamados de categorias de base, sub-15, sub-17, sub-20, sub isso, sub aquilo. Não sabemos os nomes dos players ou dos jogadores de outrora, no entanto, a foto nos revela o estilo de uniforme da época e os rostos dos moços e outros nem tanto daquele time que levou e elevou o nome de nossa cidade Brasil afora, pelo menos nas páginas da revista de circulação nacional da época. Quem seriam os rapazes do primeiro team? A pesquisa continua! Aos poucos vamos recuperando a história do nosso futebol.

Fonte: Revista O Malho, Ano XII, 26 de abril de 193, edição 554, p.23.

sábado, 23 de janeiro de 2016

CAMOCIM NA ROTA DOS RAIDS AÉREOS. O CASO DO AVIADOR ESPANHOL JUAN POMBO


Detalhe do desastre aéreo de Juan Pombo em Camocim. 1935.

Camocim não é apenas o berço do aviador Pinto Martins. No tempo em que a aviação era para os aventureiros, a cidade era um ponto de abastecimento de pequenas e médias aeronaves e roteiro dos grandes raids-aéreos de então. Os camocinenses das primeiras décadas do século XX presenciaram a passagem de vários aviadores e seus aviões, assim como de alguns desastres, como o que aconteceu com um dos pioneiros da aviação espanhola Juan Ignacio Pombo que àquela época fazia o raid Espanha-México. 
No plano inicial de voo, na época considerado ousado, o piloto espanhol "começou sua incrível incursão Santander-México, servindo o seguinte calendário:Santander voou para Burgos, Madrid, Sevilha, Agadir, Ifni, Cabo Juby, Villa Cisneros, Port-Etienne, Saint Louis (Senegal) e Bathurst (British Gâmbia). A 20 de maio de 1935, em 0:18 h Pombo decolou em seu avião "Santander" Bathurst (Gâmbia britânico) através do Atlântico para Natal (Brasil), em 18 horas e 15 minutos, 696 litros de gasolina e peso de 1,500 kg. Ele chegou em Natal para 18:05 horas, com 17 litros, tendo viajado 3,160 km, com a maior distância por uma aeronave leve sobre o mar.
Em seguida, Juan Ignacio Pombo parou em Belém do Pará (Brasil) e teve que fazer um pouso de emergência no aeroporto de Camocim, Ceará (Brasil) para perder tubo de gasolina e motor de passo. Após correção, ele tentou decolar, mas uma roda de engrenagem de pouso da aeronave entrou em colapso e derrubou praticamente sendo destruído. Pombo sofreu pequenas escoriações nas pernas. Foi fornecido com o material que permitiu a roda necessária para reconstruir o avião, doado pela British Klemm. Totalmente dispostos a aeronave, Pombo começou sua viagem para Paramaribo (Guiana Inglesa), Port of Spain (Trinidad) e Maracay (Venezuela). [...] continuou sua turnê com uma escala em San Salvador, Guatemala, Veracruz, Acapulco, Balbuena e, finalmente, cumprir o desembarque na Cidade do México em 16 de setembro de 1935. Ele tinha viajado 15,970 km em 76 horas e 5 minutos de vôo. Ele tornou-se o primeiro aviador espanhol na história que se juntou ao ar dois países. A colônia espanhola no México e do próprio governo mexicano receberam e o trataram como um herói. O avião "Santander" foi doado para a Cidade do México.


Em 2015 foi comemorado os 80 anos da façanha do aviador espanhol. Na época, a Revista da Semana publicou a foto do desastre que reproduzimos acima. Detalhe para a mata que margeava nosso então Campo de Pouso.





Fonte: Revista da Semana. Rio de Janeiro, 15 de junho de 1935. p.10.
Fonte: cuandovenezuelaestababiengobernada.blogspot.com.br

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

15 DE JANEIRO DE 1881, O PRIMEIRO TREM DE CAMOCIM




O 15 de janeiro é mais do que uma data!. Há exatos 135 anos era inaugurado o primeiro trecho da Estrada de Ferro de Sobral entre Camocim e Granja numa extensão de 24,5Km. Na mesma data foram inauguradas as duas estações das mesmas cidades. Naquele momento começava a saga de uma ferrovia que durou quase um século e que foi de grande importância para a economia regional e impulsionadora do surgimento e desenvolvimento de vários lugares por onde o trem passava. Camocim foi um exemplo disso. De simples distrito de Granja, um ano depois do início da construção da estrada já conseguia sua emancipação política em 1879. Conta-se que foi uma grande festa a partida do primeiro trem rumo à cidade de Granja puxada por uma Maria Fumaça. O Prof. André Frota de Oliveira relata em seu livro A Estrada de Ferro de Sobral que quando o trem se aproximava da Estação Ferroviária de Granja, alguns populares correram daquele "monstro" de ferro que soltava fumaça pelas narinas. Outros mais valentes enfrentaram o bicho mecânico jogando pau e pedras que restaram da construção da estação. Com o tempo todos se acostumaram com as velhas Marias Fumaças que no anedotário popular acabou virando poesia como a que transcrevemos abaixo, certamente presente na memória de velhos ferroviários:
Estação Ferroviária de Camocim. Fonte:www.estacoesferroviarias.com.br














Tem a Estrada de Sobral
Três máquinas corredeiras
Rocha Dias e Sinimbu
E Viriato de Medeiros
Essas três locomotivas
Quando corre tudo arromba
Quem tiver no seu camim
Elas mata com a tromba.

Fonte: Acervo de Itamar de Oliveira Lima. In:”A Estrada de Ferro, “símbolo da modernidade” numa terra flagelada pela seca. André Sousa Furtado.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

HAROLDO CARVALHO DE OLIVEIRA - EX-VEREADOR DE CAMOCIM.

Haroldo Carvalho de Oliveira. 2008. Fonte: A Casa do Povo.
Faleceu em Fortaleza, no último dia 02 de janeiro de 2016 o Sr. Haroldo Carvalho de Oliveira  (1941-2016), conhecido como Haroldo Rufino, neto de Pedro Teixeira de Oliveira (Pedro Rufino), um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro em Camocim. Além das profissões de motorista e comerciante, o Sr. Haroldo exerceu mandato de vereador entre os anos 1971 e 1972, eleito com 394 votos pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Com a abertura política e fim da ditadura civil-militar foi candidato à prefeito de Camocim nas eleições de 1988 pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) mantendo a tradição política da sua família, obtendo 153 votos e tendo como candidato à vice-prefeito José Dager Pereira dos Santos. O seu sepultamento ocorreu no dia 03 de janeiro de 2016 no Cemitério São José com a presença de familiares, amigos, políticos e população em geral. Em 2008 concedeu entrevista para o projeto editorial que redundou na publicação do livro A Casa do Povo, a qual transcrevemos abaixo:

Nome Completo (apelido): Haroldo Carvalho de Oliveira.
Filiação: Valdemar Pinto Carvalho e Guiomar Cordeiro de Oliveira.
Naturalidade: Camocim-CE.
Data de Nascimento: 02/04/1941.
Escolaridade: Ginásio.
Profissão: Motorista.
Mandatos: 01.
Períodos: 1971 a 1972
Partidos: ARENA.
Qual sua ocupação atual:
Aposentado e Motorista.
Qual seu político de referência?
Não houve um político de referência, se candidatou por indicação de amigos.
Se pudesse realizar uma obra ou projeto para Camocim, qual seria?
Um projeto voltado para a agricultura, com um apoio específico e local adequado. Construção de uma Escola Profissionalizante.
Qual foi sua motivação para entrar na política?Nenhuma motivação. Somente depois da Anistia e a influência de seu avô Pedro Teixeira de Oliveira é que passou a gostar de política..
Observações:
Neste período os vereadores não tinham autonomia para realizar projetos e todas as decisões e “louros” cabiam ao Prefeito. O Prefeito do referido período foi o Sr. José Maria Primo de Carvalho. Entrevista cedida pelo próprio em seu comércio na tarde do dia 02 de abril de 2008.

Fonte: Livro A Casa do Povo/TRE-CE,

domingo, 3 de janeiro de 2016

SPORT CLUB CAMOCINENSE - O PRÉDIO E OS HOMENS

Diretoria do Sport Club Camocinense. 1917. Camocim-CE. Fonte: Revista Fon Fon.
Várias postagens neste blog já trataram do Sport Club, principalmente sobre o incêndio de 1931 que o deixou em ruínas ou até mesmo da recepção ao aviador Pinto Martins em 1922. Sugerimos até sua recuperação e transformação num centro cultural. Mas, quem estava à frente dessa organização?
Primeiramente é bom esclarecer que o clube em questão estava registrado como uma associação, logicamente de cunho recreativo e cultural, muito comum nas décadas iniciais do século XX, onde homens se agremiavam de várias formas e objetivos, procurando distinção e forjando identidades. O Sport Club Camocinense, portanto, era uma associação que reunia, como se dizia então, a fina flor da elite local.
Nesta postagem apresentaremos a diretoria da entidade composta de 12 homens (as mulheres naquela época ainda não

Ruínas Sport Club. Camocim-CE. Arquivo do blog.
tinham lugar nestas entidades), publicada na famosa Revista Fon Fon, (foto acima) um periódico de variedades editada no Rio de Janeiro, de circulação nacional. Como se pode perceber, estes homens representavam clãs importantes daquele momento como os Veras, os Cavalcantes, os Navarros, os Ramos, os Pessoas, os Ferreira Gomes, dentre outros.
Os homens se foram, o prédio continua. Mesmo em ruína, denuncia um tempo e com o tempo também se esvai.

Fonte: Revista Fon Fon. 1917. ed.15, p.45.