sexta-feira, 26 de julho de 2024

PELAS RUAS DE CAMOCIM... NOSTALGIA E HISTÓRIA


Chácara na confluencia das ruas Dr, João Thomé com Humaitá. 2024. Foto: Arquivo do CPH.

Marechal Floriano, Humaitá, Tiradentes, 24 de Maio... Na caminhada de hoje, os nomes das placas das ruas me remetem à história do Brasil Colônia através de Tiradentes, ao Brasil Império pela Guerra do Paraguai, ao Brasil República via Floriano. Embora entre nós, essas temáticas estão um pouco distantes.

Entro pela rua Humaitá e dou de cara com a antiga sede do Sindicato dos Portuários, agora esmaecida na cor e sem o ambiente associativo de outrora, do tempo em que ainda tínhamos porto. Mais à frente, o prédio do INSS, evoca em minha lembrança as tensões das antigas contagens eleitorais que duravam dias, com o povaréu nas calçadas adjacentes esperando os resultados das urnas com radinhos de pilha colados aos ouvidos, sintonizados nas rádios União e Pinto Martins.

Dois quarteirões depois, dá gosto contemplar a quadra verde da chácara que funciona como o "pulmão" do centro da cidade, resistindo às intempéries e à especulação imobiliária.

Dobro na Tiradentes e novamente na 24 de Maio onde fica a casa da mamãe, ponto de descanso para um bom papo e assistir com ela a novela Alma Gêmea.

Neste trajeto, poderia escrever sobre a azáfama de uma oficina, o olhar perdido do Beata, a moça bonita de outrora que enverga o peso do tempo, de militares aposentados que jogam conversa fora num bar. Mas, para isso eu precisaria ser um escritor. Fiquem com a narrativa do historiador.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO BRASIL E A CÂMARA MUNICIPAL DE CAMOCIM

Ofício da Câmara Municipal de Camocim ao Presidente da Província. 1888. 
Fonte: Portal da História do Ceará.

    Já escrevemos algumas matérias neste espaço, enfocando a presença de escravos em Camocim, seja em ações de alforria;  nosso porto sendo parte de uma rota de liberdade escrava ou mesmo objeto da legislação no Código de Postura da então Villa de Camocim. 

    Mas, com relação a famosa Lei Áurea, quais foram as repercussões em nosso meio? Um ofício da Câmara Municipal enviado ao Presidente da Província, expressam bem o sentimento dos munícipes, embora saibamos que este tipo de documento era uma formalidade burocrática para atender a lei maior. Contudo, é um registro importante para a nossa história.

          Segue abaixo a transcrição:


Villa de Camocim 

Paço da Câmara Municipal em Sessão Ordinária de 20 de maio de 1888.

Ilmo.Exmo. Snr 


A Câmara Municipal desta Villa, reunida em sessão ordinaria de hoje, tem a honra de communicar ao Exmo. que em nome de seus municipes saúda jubilosa na pessoa de V. Execia, a Excelsa Princesa Imperial Regente e ao immortal Gabinete de 19 de Março, do qual é V.Excia. mui digno Delegado, pela promulgação da áurea lei nº 3.353, authentico testemunho das virtudes que innobrecem o magnannimo coração da Redemptora dos captivos, e a grande confiança que merece a Nação do invicto Gabinete.

Deus guarde a V. Execia.

Ilmo.Exmo. Snr. Antônio Caio da Silva Prado.

M. D. Presidente da Província 

Serafim Manoel de Freitas - P.

Sergio Gomes de Lima

Francisco Freire Napoleão 

Antônio Nogueira de Carvalho.

Fonte: Arquivo Câmara Municipal de Camocim - 1º. Livro de Ofícios Expedidos - 1885-1908.

quarta-feira, 17 de julho de 2024

PATRIMONIOS DE CAMOCIM... MAIS DESTRUÍDOS DO QUE PERSERVADOS

Casa demolida na Rua Alcindo Rocha. Camocim. 2024. Foto: Marcelo Marques.


    Reza a lenda que nós só damos aquilo que temos. 

    Eu, por meu turno,  já perdi a esperança de querer influenciar (para usar o verbo da moda) as consciências das pessoas de que a preservação da nossa história é algo importante para a construção da nossa identidade e que pode até se lucrar com isso. Talvez, educando as crianças desde tenra idade em casa e na escola, elas possam no futuro conservar o que se está construindo no presente. Toda vez que se bota abaixo um patrimônio de pedra e cal, alguns lastimam, outros aplaudem. Isto é da compreensão de cada um.

    A instituição de uma política pública de feição preservacionista quem o pode fazer é o Estado, intervindo, inclusive nos interesses privados. 

    Em Camocim, o poder público tem até uma lei aprovada neste sentido. Mas, não adianta legislar sem ter o aparato jurídico para executar a lei, implementar as condições para definir áreas e patrimônios a serem tombados. Deste modo, os herdeiros destes patrimônios sentem-se a vontade para demolir seus velhos casarões, no sentido de varrê-los da face da terra e incorporá-los como novos espaços no mercado imobiliário. 

    Há uma outra questão a ser resolvida: o quê e quem determina algo como histórico? Será que somente as duas casas demolidas na rua Alcindo Rocha recentemente, por terem algum resquício arquitetônico eram patrimônios históricos? Ninguém chorou pelas demais, casas simples, quando o quarteirão era eminentemente residencial e se tornou comercial.

    Vivemos, portanto, a era preconizada lá atrás por Caetano Veloso da "força da grana que ergue e destrói coisas belas".

    Mas, como nem tudo está perdido, um fio de esperança permanece em ações como a do proprietário de uma casa da rua José Maria Veras (outrora Senador Jaguaribe). No trecho entre Dr. João Thomé e José de Alencar, quando 99% dos antigos prédios foram abaixo, ele reforma sua fachada nos moldes da antiga residência do deputado Murilo Aguiar.

Casa na Rua José Maria Veras. Camocim. 2024. Foto: Arquivo o blog.


    Não foi preciso nenhuma lei dizer para ele como proceder. 

    Nós só damos aquilo que temos.


quinta-feira, 27 de junho de 2024

A SECA, A CHUVA E O SAPO - A escrita do mestre Artur Queirós

 

Artur Queirós. Foto: Camocim Online.



    Uma das múltiplas habilidades do memorialista camocinense Artur Queirós era a de ser correspondente para vários jornais do Ceará. Sempre sonhei em ter acesso a este material jornalístico como fonte histórica. Imagino que deve ter algo desse período no seu sobrado, mas não se tem acesso ao seu imenso acervo.
    Nas minhas peregrinações pelo mundo virtual, me deparei com uma notícia da seca de 1958 enviada por Artur Queirós. E uma raridade, uma pérola do jornalismo e da capacidade escritural do nosso correspondente. Numa simples nota, ele consegue aliar a riqueza de detalhes com a concisão jornalística com laivos literários, sem deixar de informar. Vamos a notícia:

0 FLAGELO DA SECA. Levas de pedintes nas ruas da cidade
CAMOCIM. (Por Artur QUEIROZ). É dolorosamente triste ver-se o dia todo, levas de pedintes perambulando pelas ruas da cidade, implorando a caridade pública, procurando subsistir à inclemência da seca. Não chove e o camponês já desenganou-se. Desesperados pela situação deplorável, ameaçam a todo instante invasão em casas comerciais, inspirados pelo clássico axioma: A Fome é Ruim Conselheiro.
O curioso é que o inverno retardou, mas, como a esperança é a última que morre, o dia 1º do março marcou, desde as primeiras horas da madrugada, na opinião de todos, o início de um inverno arrojado. Com fortes trovoadas começou a abundante chuva logo pela madrugada, que perdurou pelo dia todo. Muita chuva, chuva grossa, chuva fina, a intervalos. Dia silente, escuro, com os pardos horizontes carregados. -E choveu com abundância, diariamente, até o dia 6. Sapos euforicamente cantando toda a noite nas lagoas, chão molhado, encharcado. Alegria geral, e legume nascendo exuberantemente viçoso. Durou pouco a odisseia. Do dia 7 para cá, nada de chuva: tempo limpo, vezes outras, na maioria, intensamente nublado, mas chover que é bom, não chove. O camponês desesperou, o sapo calou e sumiu o legume e o espectro da miséria se identifica em toda face marcado pelo estigma da devastadora seca, numa conjuntura cm que a média classe e a pobre já subsistia com ingente esforço, ante a dificuldade de ganhos, ganhos mirrados, e a perene ascensão vertiginosa da espiral dos preços das utilidades.
Restam agora, portanto, os socorros da administrativa federal, em sufrágio desta lamentável situação. Consta que será eficiente e breve, pois a conjuntura não tolera a mínima delonga. Que venha logo, portanto, as providencias salvadoras do poder Central.

    Espero que este exemplo de escrita, diante de tanta baboseira que se escreve atualmente nos canais de "imprensa" nas redes sociais, sem falar das barbaridades cometidas contra a língua pátria, possa inspirar quem se aventura neste campo.

Fonte: Jornal "O Unitário", 02 de abril de 1958, p. 3
Foto: CAMOCIM ONLINE

quinta-feira, 23 de maio de 2024

CAMOCIM DE PORTO E ALMA. Carlos Augusto P. dos Santos

Capa do livro "Camocim de Porto e Alma". Camocim. 2024. 

Fonte: Editora Sertão Cult.

    Em 2009, Camocim comemorou 130 anos de emancipação política. Este trabalho foi feito para ser lançado naquela ocasião. Só quinze anos depois, foi possível retirar o Camocim de Porto e Alma da gaveta, pretendendo dar mais um passo na construção de nossa memória e história. Nessa caminhada de pesquisa e escrita, várias possibilidades de investigação foram se concretizando. Afora as exigências acadêmicas, no entanto, outros campos de investigação afluíram no transcurso da caminhada, fazendo com que surgissem outros projetos de socialização das informações que vem se colhendo.
    Esta é apenas uma dessas propostas. Neste sentido, Camocim de Porto e Alma – história e cotidiano procura preencher uma lacuna sobre a história e a memória do nosso município. Por isso, desde já a explicação do título da obra – a intrínseca relação de Camocim com o porto, vindo daí sua origem e gênese -, nos legando uma cidade portuária, aliado àquilo que “animou” o período de intenso progresso proporcionado pelas atividades do porto e da ferrovia. Daí, não apenas a frieza dos documentos, mas a emoção da subjetividade dos depoimentos contidos nas páginas deste trabalho constitui a alma do camocinense retratado aqui.
    A publicação deste livro foi possível graças ao convênio entre Prefeitura de Camocim e Ministério da Cultura, através da Lei Paulo Gustavo e faz parte da Série História Camocinense, fruto do Coletivo de Historiadores de Camocim e pode ser acessado e baixado gratuitamente no endereço:
https://camocim.ce.gov.br/livros/
    O lançamento oficial do e-book "Camocim de Porto e Alma" será no dia 07 de junho de 2024 na Academia Camocinense de Ciencias Artes e Letras (ACCAL).

Serviço:
Título: Camocim de Corpo e Alma - História e cotidiano.
Autor: Carlos Augusto P. dos Santos
Ano: 2024.
Editora: Sertão Cult
Nº de Páginas: 112

quarta-feira, 22 de maio de 2024

HISTÓRIA RELIGIOSA DE CAMOCIM - Célia Santos/Gabriel Araújo/Jane Élida Silva

    



Capa do livro História Religiosa de Camocim. 2024. Fonte: Editora Sertão Cult.

    História Religiosa de Camocim é uma coletânea de três textos acadêmicos, escritos por historiadores locais como trabalhos de conclusão do Curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, que versam sobre aspectos da religião católica e batista em nosso município. 

    No primeiro trabalho, Maria Célia Pereira dos Santos procura desvendar os mistérios envoltos a uma cidade atrelada a manifestos religiosos, de uma cidade germinada pela influência da Igreja Católica, através da análise da escrita do Primeiro Livro de Tombo da Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, instituída em 1883 na cidade de Camocim, emancipada politicamente em 1879. Neste sentido, analisa a obra religiosa a partir da edificação de sua antiga capela, em 1880, e sua retomada em 1905, elencando os passos articulados à concepção de cidade, que se fazia acontecer na época, sob a base da religião católica. No segundo trabalho, Gabriel Belchior de Araújo, continua na seara da Igreja Católica Movido analisando as ações e benefícios do Serviço de Promoção Humana em Camocim, como instituição inovadora e extensiva em prol de uma educação libertadora e preservação da dignidade humana, informando sobre as importantes ações que melhoraram e socorreram muitos camocinenses, de diferentes idades, dos males da pobreza e da marginalização social nos anos 60 a 70 do século XX. Finalizando, o terceiro trabalho de Jane Élida Costa Silva, lança luzes sobre a chegada da ação missionária da Primeira Igreja Batista em Camocim entre os anos de 1984 a 1989, assim como discorre sobre os problemas enfrentados pelas primeiras missionárias, tanto de logística, como de resistência de conservadorismo católico e de outras denominações evangélicas. A religiosidade em Camocim não se resumem a este trabalho, mas o primeiro passo foi dado para que outras iniciativas possam dar conta da diversidade religiosa em nosso município.

    O livro História Religiosa de Camocim integra a Série História Camocinense, gestada dentro do Coletivo de Historiadores de Camocim. Foi financiada pelo convenio entre Prefeitura Municipal de Camocim e Ministério da Cultura, via Lei Paulo Gustavo. O lançamento oficial do e-book ocorrerá no dia 7 de junho de 2024 na Academia Camocinense de Ciências Artes e Letras (ACCAL). 

terça-feira, 21 de maio de 2024

FILHOS DA TERRA. Raimundo Nonato de Carvalho (Naldo)


   

Capa do livro  "Filhos da Terra". Autor: Naldo. 2024. Fonte: Editora Sertão Cult.


 "Filhos da Terra" é o livro de estreia de Raimundo Arnaldo de Carvalho, mais conhecido em Camocim como Naldo, famoso cantor e compositor local, descoberto nos tempos dos festivais de música de Camocim e no Ceará, além de animar o povo com suas músicas nos ritos católicos. Naldo também é professor nas disciplinas de Ensino Religioso e Arte Educação no Ensino Fundamental e Médio, bem como Língua Portuguesa no ensino Fundamental por mais de 25 anos. 

    Em "Filhos da Terra", Naldo faz através do soneto, uma singela e forte homenagem ao que ele chama de “personagens marcantes de nossa cidade, que com o maior prazer tentarei expressar com o máximo de cuidado e zelo. Esse pessoal, de fato, marcou época, alegrando o povo de seu tempo, para esta cidade, contribuindo muito para o crescimento cultural de Camocim. Aqui se misturam alegria e nostalgia de um período que deixou marcas no tempo histórico do nosso povo.” 

    Mas, os personagens são tantos que, com certeza, Naldo ficará com a incumbência de elaborar mais livros para dar conta da diversidade do nosso povo.

    "Filhos da Terra" faz parte da "Série História Camocinense" e sua edição foi possível graças ao convenio entre Prefeitura Municipal de Camocim e Ministério da Cultura, através da Lei Paulo Gustavo e pode ser baixado gratuitamente através do endereço: https://camocim.ce.gov.br/livros/.

O lançamento oficial do e-book de "Filhos da Terra" será no dia 07/06/2024 na Academia Camocinense de Ciências Artes e Letras (ACCAL).

segunda-feira, 20 de maio de 2024

METAMORFOSE LITERÁRIA. INÁCIO SANTOS

 

Capa do livro "Metamorfose Literária" - Inácio Santos. 2024. Fonte: Editora Sertão Cult.

    "Metamorfose Literária" é o segundo livro de Francisco Inácio dos Santos, radialista, poeta, escritor, cronista e compositor camocinense. Militante das letras em nosso município, Inácio Santos é titular da cadeira número 26 da Academia Camocinense de Ciências Artes e Letras (ACCAL). 

    Nesta obra, dividida em duas partes: Versos em Profusão e Crônicas, Inácio Santos destila a sua melhor verve literária, que o fez um dos principais cronistas e poetas de nossa cidade. 

    A primeira parte é constituída de poemas, em sua grande maioria sonetos, seara na qual Inácio Santos se tornou especialista. Na segunda parte, Inácio nos brinda com outro gênero textual – a crônica, que alia brilhantemente “pitada de humor, mas também de saudade, a viajar num passado nostálgico, conhecer alguns causos e se entrelaçar poeticamente com personagens que podem ser identificados ao nosso redor e, talvez, em nós mesmos".

    O livro "Metamorfose Literária" faz parte da Série História Camocinense e foi custeada pelo convenio Prefeitura Municipal de Camocim e Ministério da Cultura, através da Lei Paulo Gustavo. A obra em epígrafe pode ser baixada para download gratuitamente no endereço: https://camocim.ce.gov.br/livros/.

    No dia 7 de junho de 2024 haverá o lançamento oficial do e-book de Metamorfose Literária na Academia Camocinense de Ciências Artes e Letras (ACCAL). 

Serviço:

Livro: Metamorfose Literária

Autor: Inácio Santos

Ano: 2024

Páginas: 130

Editora: Sertão Cult


    

    


domingo, 19 de maio de 2024

SÉRIE HISTÓRIA CAMOCINENSE. NOVOS TÍTULOS

   

Selo da Série História Camocinense. 2022. Arquivo do CPH.

     Lançada no ano de 2022, a Série História Camocinense, se juntou a outras obras que, por sua vez, ganharam espaço no site oficial da Prefeitura Municipal de Camocim para que atingisse um maior público. Naquele momento os livros a ter o selo da série foram: “CAMOCIM RESPIRAVA ESSE AR DE MÚSICA (Sílvio Paz Pessoa/Carlos Augusto Pereira dos Santos); AS CANTORIAS NAS ONDAS DO RÁDIO AM DE CAMOCIM (Maely Alves de Mesquita); MIOLO DE POTE (Carlos Augusto Pereira dos Santos) e DEPOIS DA MEIA NOITE. LENDAS E MITOS QUE NARRAM O COTIDIANO DE CAMOCIM (Edcarlos da Silva Araújo), cuja produção, financiada integralmente pela Prefeitura Municipal de Camocim, foi distribuída a todos os professores que participaram da Jornada Pedagógica de 2022. 

Agora, em 2024, mais quatro obras no formato e-book acrescerão a Série História Camocinense, atualizando o espaço do site da Prefeitura destinado á série. Os livros se dividem entre literatura (poesia) e história local, que desta vez oram financiados com recursos da Lei Paulo Gustavo em convenio com a Prefeitura Municipal de Camocim.

Os novos livros são: Metamorfose Literária (Inácio Santos); Filhos da Terra (Raimundo Arnaldo de Carvalho); História Religiosa de Camocim (Maria Célia Pereira dos Santos, Gabriel Belchior e Jane Elida Costa e Silva) e Camocim de Porto e Alma (Carlos Augusto Pereira dos Santos).

Em 07 de junho de 2024, acontecerá o lançamento oficial destes livros na Academia Camocinense de Ciências Artes e Letras (ACCAL).

segunda-feira, 29 de abril de 2024

CÉSAR VERAS E O PARLAMENTO CAMOCINENSE

César de Araújo Veras. Fonte: Câmara Municipal de Camocim.

    
    Conheci César de Araújo Veras como estudante do Instituto São José, Camocim-Ceará. Na época eu estava começando na profissão de professor e ele foi meu aluno na 8º série. Eu lecionava Geografia. O tempo passou e César Veras se tornou político, primeiro trabalhando no gabinete do deputado estadual Sérgio Aguiar. Depois entrou na política camocinense, sendo eleito vereador. Foi presidente da União dos Vereadores do Ceará (UVC) e Presidente da Câmara Municipal de Camocim no biênio 2019/2020. Até ontem, 28/04/2024 cumpria seu terceiro mandato consecutivo, quando lhe sobreveio a morte.


Capa do livro "Parlamento Camocinense". 2020. Arquivo do autor.

    Quando presidente da Câmara Municipal de Camocim lhe sugeri o projeto de publicação denominado "O Parlamento Camocinense. Fatos Históricos. 1879-2019", que resultou no livro de título homõnimo.
    Nossa homenagem a César Veras e toda a família... Nossos pêsames!



quinta-feira, 25 de abril de 2024

PINTO MARTINS POUSA EM FORTALEZA...

Cartaz da mostra NEGRAS LUTAS, LUTAS NEGRAS. 25 a 28 de abril. Cinema do Dragão. Fortaleza-CE.


Atenção senhores conterrâneos que moram em Fortaleza e camocinenses em geral que estiverem passando pela capital alencarina. No próximo dia 27 de abril, sábado que vem, Pinto Martins estará pousando em Fortaleza.
Se em 1922 ele não pode aterrisar seu Sampaio Correia II no solo fortalezense, frustando milhares de cearenses que queria ver os intrépidos aviadores do voo Nova Iorque-Rio de Janeiro, neste sábado, 27 de abril, mês de Pinto Martins, ele estará sendo apresentado através do filme "EUCLYDES", em grande parte filmado em Camocim. Segue o texto de divulgação:
O evento é uma parceria da produtora VIRA LATA com o MAC- CE, em que o Cinema do Dragão realiza mostra de filmes sobre processos de libertação dos povos negros, tomando como ponto de partida os 140 anos da abolição no Ceará e integra o programa comemorativo pelos 25 anos do CDMAC.
Serão 3 dias de evento, exibindo na sala 2, 15 obras brasileiras. Entre elas, videoperformances, videoartes, longas-metragens e uma obra em fase de produção.
O filme EUCLYDES, dirigido pelo Rafael Machado e produzido pela Viralata, conta a história de Euclydes Pinto Martins, herói cearense da aviação, criador da rota aérea Rio-Nova York e pioneiro do petróleo em terras brasileiras, será exibido no sábado, dia 27/04 às 18:30, na sala 2.
Se você é de Fortaleza-CE ou tem a oportunidade de ir até o Cinema do Dragão, toda a programação da mostra é gratuita, mediante retirada de ingresso 1h antes do início de cada sessão.

Fonte: Divulgação

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

O ARTISTA EVANMAR MOREIRA E A CENSURA

   


Garota Contagiante. Música de Evanmar Moreira.




 Quem viveu no período entre 1964-1985, isto é, no regime militar que descambou no que se convencionou chamar-se ditadura civil-militar e trafegava no mundo das artes, com certeza se deparou com a Censura exercida pelo Departamento de Polícia Federal. Toda e qualquer manifestação artística tinha que passar pelo crivo deste departamento, sem alar dos censores que atuavam diretamente nos jornais, revistas, rádios e televisões.

    A historiografia é farta em mostrar o efeito desta censura nos grandes órgãos de comunicação do período e dos grandes nomes da Música Popular Brasileira mais conhecidos (Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, só para citar estes). No entanto, pouco a pouco, a história vem recuperando os impactos dessa censura sobre os artistas populares tidos como "bregas", como Odair José, Fernando Mendes, Agnaldo Timóteo, Waldick Soriano, dentre outros.

    Mas, como dito no início, toda e qualquer peça artística tinha que ser aprovada com o carimbo da Divisão de Censura e Diversões Públicas. Nas telas da TV e do Cinema antes da exibição dos filmes era comum aparecer o certificado de liberação deste órgão.

        No caso das músicas, as letras eram previamente submetidas ao censor de plantão. A mais famosa censora do Brasil foi a Sra. Solange Hernandes.

 "Ela entrou para a história como a censora mais célebre do país ao comandar entre 1981 e 1984 uma máquina de vetos e cortes em produções artísticas, quando chefiou a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP). Rigorosa contra tudo o que, na visão dela, atentava contra a moral, os bons costumes e a ordem política, passou a tesoura em milhares de obras artísticas no período. Foi até “homenageada” em letra de de música de Léo Jaime (Solange, uma releitura de So Lonely, da banda inglesa The Police). 

"Vem Dançar". Música de Evanmar Moreira. 

        Justamente neste período surgiu em Camocim o cantor e compositor Carlos Evanmar Moreira (Evanmar), o primeiro na cidade a gravar um disco (compacto) pela gravadora paraense GRAVASOM (Gravasom Comercial Fonográica e Publicidade Ltda). Mas qual é a relação disso com aquilo? Como qualquer mortal, Evanmar teve também que submeter suas letras para aprovação da censura.

    Com a abertura dos arquivos, hoje é possível consultar os processos da gravadora de Evanmar pedindo liberação das músicas. No documento base desta postagem, podemos ter acesso as duas primeiras letras de autoria do nosso cantor: "Vem Dançar" e "Garota Contagiante" e outros detalhes como a expedição de sua carteira de identidade pelo estado do Piauí, o que revela que, quando ele oi para o vizinho estado, ainda não possuía este documento de identidade.

    Aos 21 anos, Evanmar tem sua trajetória artística atravessada pela censora Solange Hernandes. Nos processos oriundos do Pará, no mesmo despacho ela aprova as músicas de Evanmar, mas, para não perder a viagem, censurou a música "COMPETIÇÃO" de autoria de Ari Santos e Egídio 'Cardoso, com base no Art. 19 c/c 79 do Decreto no 1.077/790 e art. 77 do Regulamento aprovado pelo Decreto no 20.493/46, tendo em vista que seus versos exteriorizam temática contrária a moral e aos bons costumes, em linguagem maliciosa, com dubiedade de sentido e imprópria a boa educação do povo.

    Evanmar gravaria um outro compacto posteriormente, mas não encontramos nenhum processo relativo a este segundo disco, o que pressupõe que talvez já tenha sido após 1985, quando a censura já abrandava e o país saía do regime militar.


Fonte: Arquivo Nacional. Divisão de Censura e Diversões Públicas. Carlos Evanmar Moreira. br_dfanbsb_ns_cpr_mui_lmu_21071_d0001de0001 

https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/quem-foi-dona-solange-a-maior-censora-de-artes-do-pais-antes-de-bolsonaro

    

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

ORAÇÃO PARA CAMOCIM APARECER

 



Capa do Livro Oração para Desaparecer, da escritora cearense Socorro Acioli. Cia. das Letras, 2023.


         Acabei de ler "Oração para Desaparecer", da escritora cearense Socorro Acioli. Desde o premiadíssimo romance "A Cabeça do Santo" que Socorro Acioli já tinha dito a que veio na cena literária brasileira e internacional. Na mais recente Festa Literária Internacional de Paraty - FLIP 2023, "Oração para Desaparecer" e "Cabeça de Santo", foram o primeiro e o terceiro livros mais vendidos.
    No entanto, Socorro Acioli não az literatura para "vender" ou estar entre os mais "vendidos". Como ela mesmo já disse em suas entrevistas: 

"Se minha alegria depender de ganhar prêmio ou de estar na lista de mais vendidos, acabou. Não ia dar mais certo, ia ser uma porcaria. E, infelizmente, a gente vê isso acontecendo com alguns trabalhos e artistas”.
    
    Ao escrever para a sua felicidade, pelo puro prazer de escrever, Socorro Acioli também faz a alegria de muita gente como eu e, acredito, de muitos camocinenses, por se identificar com sua escrita, de ver as tradições e os costumes do povo tremembé no enredo de suas histórias, de suas lendas pulsando em cometimentos poéticos e literários.
    Deste modo, desde o cavalo marinho estampado na capa e nas breves resenhas que acompanharam a divulgação da obra "Oração para Desaparecer" que eu intuíra que algo de Camocim estaria naquela história. Não deu outra. A ocorrência do cavalo marinho (Hippocampus reidi  em nosso litoral, o soterramento da vila de Tatajuba, a Ilha do Amor, o rio Coreaú estão no livro para dar sentido ao enredo principal da obra.
    Eu que vivo procurando Camocim nos manuais de História do Brasil, encontrei na melhor literatura publicada hoje no país, pelas mãos de Socorro Acioli. Eu até já mandei prá ela as notícias dos roubos do Menino Jesus dos presépios daqui. Uma grande presepada!!!

Fonte:https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/oracao-para-desaparecer-novo-livro-de-socorro-acioli-e-carta-de-amor-a-almofala-ceara-e-portugal-1.3453544.
 
  

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

O REISADO DE CAMOCIM

 

Reisado em Camocim. 2023. Fonte: Arquivo do blog.

E O REISADO VOLTOU...

Hoje,  3 de janeiro de 2023 foi dia do Reisado visitar a Rua Marechal Floriano
Um grupo de católicos brincantes reviveram um pouco da tradição do reisado que em Camocim estava quase extinto. 
Abri a porta e acendi a luz para um grupo novo e rejuvenescido por jovens de várias faixas etárias. 
Isso é bom porque mantém a chama viva das nossas manifestações culturais e religiosas. 
A última vez que tinha feito este gesto de abrir a porta e acender a luz tinha sido para a Dona Maria do Campo e um pequeno grupo que lhe acompanhava para não deixar morrer a festa.
Que bom que o reisado voltou!!!

A partir desta postagem no Facebook, vários comentários oram eitos, relembrando alguns aspectos desta manifestação folclórica e religiosa da nossa tradição cultural. Reproduzimos abaixo alguns destes comentários:

Inácio Santos
Outrora o tradicional grupo de reisado, ao som do solo de trombone do saudoso Benone, assim abordavam as famílias:
" Senhor dono da casa / abra a porta por favor / que do céu está caindo / uma grinalda de flor."

Francisco Olivar 
Acordar na madrugada com os cantos '' Oi de casa, nobre gente ,acordai ,..........,não tem preço,participei talvez do último que foi do 1974. Parabéns ao grupo.

Carlos Augusto Santos
Francisco Olivar, os grupos de reisados vão se revezando ao longo do tempo. Há uns 30 anos que a tradição vem sendo mantida pela Dona Maria do Campo. Hoje, devido a problemas de saúde ela não sai mais. O reisado vem sendo assumido por grupos ligados à Igreja Católica. Neste ano, a revitalização está a cargo da Renovação, com bastante gente jovem. Na verdade, o reisado nunca morreu, estava apenas adormecido...

Paulo Chibata
"O Deus salve casa santa aonde Deus fez a morada, Aonde mora Cálice Bento e a Hóstia consagrada"...

Charles Nunes de Melo
Lembro-me desta cantada quando o morador nada ofertava: "Vou-me embora, vou-me embora, pois aqui não volto mais, esta casa é maldita, nela mora o satanás."

Vida longa ao reisado de Camocim!