quinta-feira, 20 de junho de 2019

VILAMAR DAMASCENO EM CAMOCIM

Apresentação de Jackson do Pandeiro (camisa de bolinha) e Vilamar Damasceno (ao violão) no Cine Rangel. . Sobral-CE. 1962. Foto: Arquivo de Zezinho Ponte.
Quem tem menos de 50 anos terá alguma dificuldade em reconhecer e lembrar quem foi o fortalezense Vilamar Damasceno (1946-1989), violonista, compositor e cantor, espécie de dublê de Altemar Dutra, face à semelhança da voz e aos decantados boleros, tido como um dos maiores cantores do Ceará, astro do rádio e da televisão da época.
Ontem me contaram detalhes de uma passagem dele por Camocim, no início dos anos 1980, numa festa patrocinada pela AABEC (Associação Atlética do Banco do Estado do Ceará) que ocorreu no Edifício Artur Queirós, no primeiro andar, ali na Avenida Beira Mar. Posteriormente, a sede social desta associação bancária funcionou onde hoje se encontra o desativado clube do Forró Legal. O fotógrafo Aroldo Viana esteve presente nesta festa onde pode apreciar a virtuosidade do afamado violonista. Mas, boêmio como era, Vilamar Damasceno se rendeu aos encantos de Camocim e esticou sua estada na cidade durante uma semana. Hospedado no Hotel da Ambrozina, na mesma rua do bar do Seu Artur Queirós, Vilamar saía logo cedo do hotel e vinha bebericar uma pinguinha legítima servida pelo diligente garçom do bar,  nosso amigo Valdo, o Valdo da Nazaré como todos conhecem. Bebia, tocava, cantava até quase hora do almoço!
Quem participou ou tiver mais detalhes desta festa, envie suas colaborações nos comentários.



Fontes orais: Aroldo Viana e Valdo Araújo.



sábado, 15 de junho de 2019

CAMOCIM E A TEORIA DA RELATIVIDADE III

Vista de Camocim. 07 de maio de 1919. Fonte: Carnegie Instituion. Department of Terrestrrial Magnetism. 




Continuando a série sobre Camocim e a Teoria da Relatividade, finalizamos com as impressões dos personagens sobre a Camocim no ano de 1919. A foto acima revela um pouco de como a Comissão Científica que se instalaria em Sobral, posteriormente, encontrou a nossa cidade na época. Nas palavras da autora do livro já referido nas postagens anteriores, através de seus personagens, descreve uma cidade bucólica com ares de progresso e um povo acolhedor, característica que ainda perdura atualmente. Vejamos os trechos que sustentam as afirmações:

Perguntamos a pescadores sobre alguma pensão ou um lugar de abrigo onde pudéssemos nos aboletar, e fiquei no porto com as bagagens enquanto Xerxes verificava as possibilidades de abrigo. A lua nasce transformando o mar calmo num espelho reflexivo que estendia seus raios sobre as velas amarradas das embarcações, nas areias distantes das dunas, nas palmas lascivas dos coqueiros, nos telhados das casas ao longo do porto, quando chegou o poeta acompanhado de um rapaz com feições indígenas,puxando um pequeno jumento.(p.90).
[...] O rapaz amarrou os baús na cangalha e seguimos pelo porto, [...] Passamos pela capela de Bom Jesus dos Navegantes, que tinha acabado se ser construída, paramos para admirar uma bela casa, que o jovem disse ser a residência dos engenheiros ingleses vindos para construir a estrada de ferro. Disse o nativo que havia muita vida na cidade. Ali havia jornais, gabinete de leitura, cursos noturnos, muitas festas dançantes, até cinema que exibia filmes posados e filmes cantados. Fomos pelos arrabaldes, arranhando a costa, até chegarmos a uma cabana onde tremulava a luz de um fogão a lenha. (p.91).
[...] Armamos nossas redes debaixo de um rancho, na areia da praia. era um simples teto de palha sobre quatro paus, onde guardavam pequenos barcos, remos, rede de pesca. 
[...] Ouvimos o apito do trem. Pagamos a hospedagem, embora a modesta família não quisesse nada receber, o povo de Camocim era tão acolhedor que saiu de suas casas e foi dormir em palhoças, para abrigar os viajantes em suas próprias camas e redes. (p.98)

Fontes: MIRANDA, Ana. O Peso da Luz. Einstein no Ceará. Armazém da Cultura, 2013.
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domingo, 2 de junho de 2019

CAMOCIM E A TEORIA DA RELATIVIDADE II

Estátua de Albert Einstein. Sobral-CE. Foto: Prefeitura Municipal de Sobral.

Na postagem anterior falamos da obra da escritora Ana Miranda ( O Peso da Luz. Einstein no Ceará) referente ao eclipse solar de 1919, visualizado em Sobral. O romance coloca Camocim nesta história, principalmente nas impressões de um aprendiz de cientista e um poeta, protagonistas do enredo, que saem da Paraíba com o intuito de acompanhar os trabalhos da comissão científica que iria verificar a teoria do cientista alemão Albert Einstein em Sobral.
Começa por informar o trajeto da dupla: "Descemos de cavalo até Recife para tomar um cargueiro a vela rumo a Camocim" (p.55). Depois, a duração do trajeto: "Foram oito dias até Camocim, parando em pequenas baías ou nos portos das capitais" (p.57). Portanto, evidencia a navegação de cabotagem muito intensa naquela época, além da descrição da primeira vista dos que chegavam à cidade pelo mar: "Avistamos Camocim diante das falésias, dunas, campos de cajueiros, e uma formosa ilha bem em frente à cidade, feita só de areia e coqueiros" (p. 59).
Desembarcando na cidade a dupla protagonista continua falando da cidade, desta vez se referindo aos membros da comissão de cientistas. "Em Camocim a sorte nos favoreceu. Lá estavam os cientistas. Os astrônomos ingleses, Charles Davidson e Andrew Crommelin e seus camareiros acabavam de desembarcar do Vapor Fortaleza depois de uma viagem de cinco dias desde Manaus".(p.60).
Várias outras passagens no livro se referem ao porto e a ferrovia. Na próxima postagem, mostraremos como os protagonistas conseguiram uma dormida na bucólica Camocim.