Capa de "As Três Marias". Rachel de Queiroz. TAG/José Olympio.2017. |
Há um ano sou assinante da TAG - Experiências Literárias. Neste sistema, a cada mês, o assinante recebe um livro especialmente editado em projeto gráfico inovador e criativo, da literatura nacional ou internacional, desde títulos clássicos a autores desconhecidos no Brasil. Neste novembro de 2017, tive a grata satisfação de receber um romance de Rachel de Queiroz, "As Três Marias". A satisfação aumentou ainda mais quando da leitura do romance. ao ver Camocim, sendo citado em duas passagens, às paginas 64 e 74. Embora que Camocim não seja o espaço onde se passa o romance, interessante e ver como este espaço faz parte do universo ficcional de Rachel de Queiroz: o porto, como um lugar de passagem para se chegar a Fortaleza, capital do estado, ou mesmo no imaginário de um marinheiro que aparece na trama.
Na primeira, uma personagem secundária Teresa, ao ser descoberta namorando com um filho de um desafeto de seu pai, provoca um escândalo e a família dela resolve mandá-la para um colégio de freiras na capital. Daí, Rachel escreve: "Teresa levou uma surra de relho e no dia seguinte estava tomando o navio em Camocim, rumo a Fortaleza, onde a esperavam o internato, o degredo". (p.64).
Na segunda passagem, a escritora trata da personagem Jandira, uma das internas do Colégio Imaculada Conceição, falando de seu namorado, um marinheiro, que lhe envia vários presentes e são compartilhados com as "Três Marias", menos as cartas: "Nunca, porém, nos mostrou as cartas, as que ele escreveu durante uma viagem que fez a Camocim". (p.74).
Camocim, portanto, como um lugar que tinha um porto importante, passagem quase que obrigatória de velhos marinheiros, fez parte do universo ficcional da maior escritora cearense, Rachel de Queiroz.
Para aguçar a curiosidade dos nossos leitores, segue um resumo da obra acima referida:
Em seu quarto romance, 'As Três Marias', a escritora cearense Rachel de Queiroz foi ainda mais fundo em um tema que já estava presente em todas as suas obras anteriores: o papel da mulher na sociedade. A história tem início nos pátios e salas de aula de um colégio interno dirigido por freiras: Maria Augusta, Maria da Glória e Maria José são amigas inseparáveis que ganham de seus colegas e professores o apelido de 'as três Marias'. À noite, deitadas na grama e olhando para o céu, as meninas se reconhecem na constelação com a qual dividem o nome. A estrela de cima é Maria da Glória, resplandecente e próxima. Maria José se identifica com a da outra ponta, pequenina e trêmula. A do meio, serena e de luz azulada, é Maria Augusta - ou simplesmente Guta, como sempre preferiu ser chamada. Com o passar do tempo, Maria da Glória se transforma em uma dedicada mãe de família e Maria José se entrega por completo à religião. Guta, por outro lado, não se sente capaz de seguir os passos de nenhuma de suas velhas companheiras. Apesar de sua formação conservadora e rígida, ela sempre desejou ir muito além dos portões e muros daquele internato. Seus instintos a instigavam a procurar e explorar novos mundos. Assim, Guta termina a colégio e corre em busca de sua independência. Seu ideal é viver sozinha, seguir seu próprio caminho, livrar-se da família, romper todas as raízes, ser completamente livre. A realidade, no entanto, se mostra muito diferente daquilo que estava descrito nos romances açucarados e livros de poesia que passavam de mão em mão entre as adolescentes sonhadoras. Guta descobre o amor, mas através dele é também apresentada à desilusão e à morte. 'As Três Marias', publicado originalmente em 1939, conquistou o cobiçado prêmio da Sociedade Felipe de Oliveira e, décadas depois, foi adaptado como uma novela para a televisão. De leitura ágil, o romance é um importante marco na literatura brasileira e um dos mais populares em toda a obra de Rachel de Queiroz.
Fonte: Livraria Saraiva.
QUEIROZ, Rachel de. As Três Marias. 1ª. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2017, p.64 e 74.