quarta-feira, 17 de junho de 2020

CASAS COMERCIAIS DE CAMOCIM DO SÉCULO XX - A ITALIANA


Anúncio da "A Italiana". Camocim-CE. 1918. Fonte: Jornal Folha do Littoral. 01/09/1918, nº 12, p.4.



Nas primeiras décadas do século XX, o comércio de Camocim era bem diversificado, seja no atacado,como mo varejo. Uma pesquisa nos jornais da época, sinaliza neste recorte temporal a existência de casas comerciais que se instalaram no primeiro centro comercial da cidade - as imediações da Praça da Estação. Armazéns de grande porte para a época, firmas comerciais de representação, bancos, clubes sociais, cinemas, repartições públicas e mercearias "sortidas" tinham naquele espaço a sua localização.
Hoje enfocaremos a casa comercial "A Italiana", uma referência, sem dúvida, à origem de seu proprietário, o Sr. Francisco Trévia. Outros membros desta família também fizeram história no comércio camocinense (Fernando Trévia, Dedim Trévia, Toinho Trévia, Carlos Augusto Trévia, Fernandinho, dentre outros) e ainda hoje permanecem neste ramo, como Luciano Trévia.
A Italiana, como se pode observar no seu anúncio no jornal Folha do Littoral, era mais do que uma mercearia com seu sortimento variado de conservas, massas, biscoitos, doces, licores e bebidas em geral. Mas também era um botequim, um bilhar, enfim, um espaço onde os homens poderiam, principalmente, podiam se encontrar, conversar, beber o Vermutim "o melhor aperitivo do mundo", fumar um charuto "Stender", enfim, exercitar suas práticas sociais. 

Fonte:Jornal Folha do Littoral. 01/09/1918, nº 12, p.4.

sábado, 6 de junho de 2020

JUNHO FERROVIÁRIO. HISTÓRIA E SAUDOSISMO DO TREM DE CAMOCIM

Casa dos Engenheiros. Camocim. Década de 1980. Fonte: Memória Ferroviária Cearense.


142 anos Camocim viveu um mês muito especial, o mês de JUNHO. É que de 01 a 30 de junho de 1878, os habitantes vivenciaram a realização de algo que transformaria o pequeno distrito de Barra do Camocim - o início da construção da Estrada de Ferro que ligaria inicialmente o nosso porto à cidade de Sobral.
Deste modo a primeiro de junho o Conselho de Estado do Império, presidido por João Lins Cansanção de Sinimbu, autorizou de uma só canetada o prolongamento da Estrada de Ferro de Baturité a construção da Estrada de Ferro de Sobral, visando minorar os efeitos da seca de 1877 em socorro dos flagelados da região. No dia 19 deu-se a assinatura do Decreto Nº 6.940 que autorizava o início dos estudos da Estrada de Ferro de Sobral. Onze dias depois, em 30 de junho, o Presidente do Estado, José Júlio de Albuquerque já estava batendo a primeira estaca dos serviços de construção do trecho CAMOCIM-GRANJA. Em um mês se deu todo este desfecho, mostrando que, quando os homens querem realizar, realizam. Aquele mês junino no distante ano de 1878 deve ter sido o mais "ardente" da história do município.
Quase dois séculos depois, teremos um mês de junho o mais "frio" de todos. Não somente pela falta das fogueiras que a cada ano se tornam mais ralas e raras. Mas, também por se acumular mais um ano na memória daqueles que recordam do trem que se foi para nunca mais voltar. Para não dizer que apenas nós é que sofremos dessa nostalgia, vejamos trechos de dor e memória de quem foi privado do trem:

"É que, sem o apito do trem, a Cantareira morria para os nossos sonhos, como morriam as flores e as árvores, os domingos e os dias santos, as madrugadas e os fins de tarde em que a vizinhança toda conversava lá fora, as cadeiras ao ar livre, enquanto a gente brincava na calçada. Sem o apito do trem, era como se o sol deixasse de brilhar no largo da estação... [...] Sem o trem, parecia que morriam os heróis da nossa infância.[...] Como ficar sem o trem e não ver mais a alegria da gente do povo que era parte da nossa vida?

Embora que vivamos no tempo presente, o passado e as lembranças dele são o combustível que nos movem.


Fontes: 
OLIVEIRA, Andre Frota de. Estrada de Ferro de Sobral. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 1994. 
PRADO, Antonio Arnoni.  O último trem da CantareiraEditora 34, 2019, p.59-60).
Foto: Casa dos Engenheiros. Camocim. Década de 1980. Fonte: Memória da Ferrovia Cearense.