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Camocim - Planta da cidade. Década de 1930.
Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. IBGE. |
Antes de termos nosso "Pote de Histórias", o blog Camocim Online abrigava nossas matérias sobre a história da cidade. Como sabemos, a planta de uma cidade é um item básico da organização urbana, expressando algo parecido do que se vê hoje nos planos diretores das cidades. Neste início de ano, finalmente tivemos a oportunidade de lermos o Plano Diretor Participativo de Camocim e pudemos ver, o quanto de letra morta existe nele, isto é, as leis estão lá para "inglês ver", como se dizia antigamente e o Poder Público fecha os olhos para a aplicação das leis, sendo muitas vezes, ele mesmo quem infringe o que condensou no plano. Referimo-nos principalmente à legislação que trata da preservação e conservação do patrimônio histórico e cultural. Diante da Prefeitura, a menos de 50 metros, antigos armazéns estão sendo derrubados e nada se faz. Voltaremos ao assunto brevemente. Por enquanto, reproduzimos a matéria referente ao título dessa postagem, publicado no Camocim Online de 23 de outubro de 2010.
Uma das primeiras medidas do então interventor de Camocim nos anos 1930, Dr. Gentil Barreira foi mandar fazer uma planta da cidade. Em 1933, o Engenheiro Militar Capitão José Rodrigues da Silva, fez o levantamento topográfico. Há que se ressaltar o estilo axadrezado, bem típico de cidades à beira-mar de relevo plano, como o projeto urbanístico de Fortaleza feito pelo francês Silva Paulet. A simples visualização da planta traz várias curiosidades: a quadra defronte do Cemitério São José está nominada como Praça Bom Jesus (atual Estádio Fernando Trévia).
Já imaginaram a dificuldade que seria reformá-la nos dias de hoje? Não se sabe por que a praça não foi construída e, em seu lugar surgiu uma "praça de esportes". A nomenclatura das ruas traz também os antigos nomes como Rua 13 de Maio, atual Alcindo Rocha. só para citar esta como exemplo. A Praça do Mercado, ainda não recebera o nome de Pinto Martins e a Praça Francisco Nelson, apesar de ser o nome oficial, vamos morrer chamando-a de Praça do Cruzeiro, aliás, nosso primeiro bairro, que àquela altura, chamava-se Cruz do Século.
Outra questão é a memória que se esvai. Na análise do documento temos tanto o ator político, o militar e o homem simples do povo. Será que Gentil Barreira será lembrado nas reformas da Prefeitura e do Mercado? (equipamentos construídos na sua gestão). O Capitão José Rodrigues da Silva, algum vereador lembrará dele como projetar nomear ruas e logradouros da cidade? E o exímio desenhista e dedicado funcionário da Estrada de Ferro de Sobral J. Tavares Assis que assina o desenho da planta da cidade, será homenageado algum dia?
O funcionário em questão era conhecido como "Seu Pintor", pai do nosso amigo Dr. Frank Martins Tavares, do Ministério do Trabalho. Ao historiador resta lembrar quando todos esquecem, ou se fazem de esquecidos".