domingo, 31 de dezembro de 2023

O MISSIONÁRIO INÁCIO NOGUEIRA MAGALHÃES

Pe. Inácio Nogueira Magalhães (em destaque) e religiosos em missão na região do baixo Acaraú. Provavelmente 1939. Fonte desconhecida.


    Se o mês de abril  é de Pinto Martins, julho ou dezembro deveria ser de Monsenhor Inácio Nogueira Magalhães, o granjense mais camocinense da nossa história. No mês de julho deste ano, marcou-se os 112 anos de nascimento e, no último dia 13 de dezembro de 2023, o s 41 anos de sua morte. Registro e lembrança mesmo destas efemérides, só mesmo entre os familiares e deste escriba que já trouxe aspectos da sua biografia em algumas postagens deste blog.
    Antes de vir para Camocim para assumir a Paróquia de Bom Jesus dos Navegantes, Pe. Inácio Nogueira Magalhães foi pároco em Ubajara, militou nas hostes integralistas no Ceará e realizou missões pastorais,
    Numa destas coincidências da vida, assessorando uma pesquisa para elaboração de um livro didático para o município de Cruz, deparamos com uma fotografia de uma missão pastoral realizada no distrito de Caiçara, provavelmente  30 anos, a mesma idade de quando chegou a Camocim.
    Por estas e outras é que tenho um projeto de realizar um dia um trabalho biográfico sobre os "esquecidos da terra", cidadãos e cidadãs ilustres e comuns que marcaram e marcam a nossa história.
    
 

 

sábado, 30 de dezembro de 2023

A JAZZ BAND DE CAMOCIM

 

Jazz Band de Camocim. Fonte: Facebook de Paulo Chibata.


       Uma das boas coisas que se garimpa nas redes sociais são as preciosidades históricas. Do Facebook do camocinense radicado em Manaus, Paulo Chibata, músico e radialista na capital manauara, recolhemos uma fotografia que mostra a tradição camocinense na música, que vem desde a centenária Banda Lira, passando pelas várias bandas de baile que aqui se formou, só para falar das mais recentes, The Monkeys Boys, Faísca Som, Força Total, Embalo Jovem, e da inesquecível Nível do Mar uma banda municipal que formou dezenas de músicos profissionais em Camocim e animou nossos Festivais de Música de outrora. 
    A fotografia exposta neste post é de uma Jazz Band formada em Camocim, composta por onze músicos, provavelmente ligada ao Camocim Club, cujo nome está estampado na bateria da banda. Segundo Paulo Chibata, alguns componentes e seus instrumentos  por ele identificados podem ser nomeados: Truaca no pistom; Antonio Basílio no clarinete, Benone no banjo, Santos Pierre, pai do Paulo Chibata era o baterista e o pianista era o Wilson, que não era camocinense e, provavelmente, o maestro. 
    O leitor amigo poderia identificar mais alguém? Esse é o poder de um documento histórico como a fotografia, registrar um momento da história de alguém, de um grupo ou de uma pessoa. Que bom seria que toda cidade pudesse ter seu Museu da Imagem e do Som. 



terça-feira, 31 de outubro de 2023

PINTO MARTINS VAI AO CINEMA...


   

Cartaz de "Euclydes" no MAM-RJ. 30/10/2023.

    Se você, caro camocinense é morador no Rio de Janeiro ou em São Paulo, ou esteja passando férias por estas duas capitais, ou mesmo em viagem de negócios, reserve um pouco do seu tempo e vá ao cinema para prestigiar nosso conterrâneo ilustre EUCLYDES PINTO MARTINS. Pois é, o documentário 'EUCLYDES", da produtora Vira Lata em co-produção com o Cine Brasil TV, estará sendo exibido inicialmente em São Paulo e Rio de Janeiro em Mostras, Festivais e Encontros de Cinema (confira datas, locais e horários nos cartazes anexos). 

Cartaz  de Euclydes. 47ª Mostra Internacional de São Paulo. 01/11/2023.
 

    Boa parte do documentário foi rodado em Camocim, com participação de várias pessoas do lugar (inclusive eu, rsrsr). Em contato com a produtora, o Coletivo de Historiadores e Professores de História de Camocim já solicitou uma exibição especial do filme em nossa cidade, cujo pedido foi prontamente aceito e que se dará após estas exibições de estreia no circuito nacional. Estamos no aguardo e ansiosos para conferirmos esta produção sobre a história de PINTO MARTINS! 

Cartaz de "Euclydes". Festival Nicho Novembro. 12/11/2023.

REPERCUSSÕES E IMPRESSÕES DE DOIS CAMOCINENSES QUE ASSISTIRAM A ESTREIA DO DOCUMENTÁRIO NO RIO DE JANEIRO.

PAULO ESS - Ator

Gente, acabei de ver um documentário sobre a vida do piloto Pinto Martins, e fiquem atentos, se passar no Festival de Cinema e vídeo/CINE CEARÁ. Informações preciosas mostradas no documentário: 
1) Pinto Martins era negro e as “autoridades” o embranqueceram em fotos e nas esculturas. 
2) O aeroporto de Fortaleza, em sua fachada, não tem mais o nome Aeroporto Pinto Martins, mas sim Fortaleza AirPort. 
3) A autoridades da época, registraram sua morte como suicídio, ponto que a família Pinto Martins discorda, alegando que ele era destro, e o tiro foi dado do lado direito na sua cabeça. 
4) Ele e sua família, bancaram todo esse evento histórico, que foi a viagem que ele fez no avião Sampaio Correia, de Nova Iorque ao Rio de Janeiro, com início em novembro de 1922, e terminando em fevereiro de 1923. 
Enfim, essa figura natural de Camocim, merecia mais consideração e respeito, pelo menos o mínimo que possam considerar essa contribuição para a história da aviação brasileira.

FRANCISCO OLIVAR (VAVÁ) - Livreiro

Nobre professor Carlos Augusto Santos, apoteótico, palmas duraram entre 3 e 5 minutos. A cinemateca do MAM estava quase lotada com centenas de pessoas. Você, Paulo José e Adauto Gouveia se saíram muito bem. Documentário muito bem feito, muitas pesquisas, dados desconhecidos de nós. Falei com o diretor Raphael que é seu amigo e do Paulo José, ele quer muito fazer uma exibição na nossa cidade. Ele destacou que Pinto Martins era negro e isto não está registrado no imaginário popular de ninguém, eu, pessoalmente achava que Pinto Martins não era negro, como desde menino Pinto Martis navegava nos barcos do pai é natural aquela cor parda queimada do sol. Outra coisa que não concordei foi um depoimento de uma intelectual detonando  Monteiro Lobato como racista,nem mencionou o fato de Lobato que escreveu no livro Escândalo do Petróleo e Ferro dizendo que Pinto Martins é um dos mártires brasileiros do petróleo, esta destacou o livro ''Presidente Negro''e seu lado racista,não sabe ela que na época que escreveu, Lobato estava falido e este livro o público americano iria gostar e iria ganhar muito dinheiro, um livro direcionado, não seu pensamento. Mas o resto tudo de bom, espero que logo seja exibido na nossa cidade.


sábado, 14 de outubro de 2023

ALFREDO PESSOA. O PROFESSOR DE CAMOCIM NA ONU

 

Alfredo Pessoa, no traço de Jorge Brandão. Fonte: Revista Carioca. 1954.

    Alfredo Pessoa nasceu numa terça-feira em Camocim. No calendário a folhinha marcava 26 de fevereiro  de 1895. Num relato jornalístico, disse-se sobre ele: "Cresceu, fez grandes travessuras, caçadas, montadas, até que um dia seu pai mandara-o para Recife, a estudar 110 'Colégio Ayres Gama' onde fez o ginásio. Partiu para o Rio em 1912. Dois anos depois fazia exame e ingressava na Escola Politécnica, aprovado em todas as matérias, onde fez o curso de engenharia. Seus professores em Recife sempre' se corresponderam com o menino Alfredo Pessoa, pois sabiam que êle tinha muita queda para o ensino. Nas aulas era sempre chamado para descrever uma matéria e seu hábito de explicar matemática e ciências naturais, fazia sempre com que os mestres depositassem grande confiança no aluno. Com 14 anos voltou para o Recife, de onde recebeu convite para substituir um professor de aritmética"

    Aos 18 anos se empolgou pelas ideias do filósofo francês Augusto Comte que se converteu ao positivismo. Voltou para o Rio de Janeiro e foi ensinar  em cursos particulares as matérias de Geometria Descritiva, Geometria Analítica, Cálculo Diferencial e Integral e Mecânica Geral. Como era contra os diplomas oficiais, tirou, a pedido de sua mãe, a carta de engenheiro-geógrafo. Aliás, sua opção filosófica, fez com que a sua família deixasse de enviar ajuda financeira para ele se manter na capital do país. Passou muitas dificuldades, posto que, dos seus alunos "recebia apenas uma contribuição módica e isto mesmo quando podiam pagar até o dia cinco de cada mês (Cr$ 20,00). Depois desta data nada aceitava, porque considerava um sacrifício". 

    Para sobreviver,  trabalhou no comércio e como jornalista por muito tempo. "Quando o general Rabelo foi nomeado interventor de São Paulo, serviu como secretário, o que lhe valeu mais tarde a prisão, por ocasião da revolução paulista de 1932". Em 1933, Alfredo Pessoa, por nomeação do então prefeito Dr. Pedro Ernesto, ingressou na Prefeitura do Distrito Federal como diretor do Serviço de Turismo e Certames da Prefeitura. Neste setor, organizou várias "Feiras de Amostras", sendo nomeado representante do Brasil na "Feira. de Poznan", na Polônia. "Nesta exposição o Brasil alcançou o primeiro lugar entre todos os países que ali se fizeram representar. No governo ditatorial de Vargas, foi diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), setor de divulgação". 

Presidente Getúlio Vargas recebe os diretores do DIP. Alfredo Pessoa é o terceiro da esquerda para a direita. Fonte: Jornal A Batalha, RJ. 1940.

    No contexto da segunda guerra mundial "chefiou uma missão jornalística a Londres e nesta ocasião Nelson Rockfeller desejava que ele fosse trabalhar em seu escritório interamericano, em. Washington". Posteriormente, nos Estados Unidos chefiou o escritório comercial do Brasil em Nova Iorque. Esta posição o guindou a um lugar delegação brasileira junto à Organização das Nações Unidas (ONU). Ainda no governo, ao regressar ao Brasil oi designado como "observador brasileiro junto à "Comissão de Energia Atômica".

    Como diretor do Serviço de Turismo e Certames da Prefeitura era o responsável pela ornamentação dos "logradouros, clubes, quartéis, e nas comemorações patrióticas". Na política "recusou uma eleição no Ceará, por sempre ter tido repulsa a um regime em 'que se reclama uma aprendizagem especial para ser maquinista ou vaqueiro, enquanto nada se exige para um político ser guindado a legislador."

    Continuamos na pesquisa para saber mais sobre este professor camocinense.

Fontes: Revista Carioca, 1954.

Jornal A Batalha, Rio de Janeiro, 1940.



sexta-feira, 29 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 08. CAMOCIM 144 ANOS

 

Logomarca "144 anos" de Camocim. By Tiago Aguiar. 2023.



E, de repente, já são quase um século e meio de história. Na verdade, 144 anos é apenas uma data burocrática da administração pública. Camocim, como um lugar físico, geográfico e histórico, remonta nos registros desde o século XVI, quando o homem branco começou a arranhar as nossas praias. Logicamente, os povos originários aqui já estavam e que depois vieram a ser chamados de indígenas em sua diversidade tribal de Tremembés, Acoançus, Camocins, dentre outras denominações. Deste encontro ou confronto, depois acrescido dos africanos, descendemos todos nós, com maior ou menor grau de ancestralidade.
Nossa missão como historiador é investigar estas origens e o seu cotidiano através dos tempos e dos espaços. Deste modo, através das nossas publicações sobre a história de Camocim (13 no total, até agora) e deste espaço chamado "Camocim Pote de Histórias" (coincidentemente, há 13 anos), procuramos desvendar as ações humanas neste lugar "abençoado por Deus e bonito por natureza", como diria o poeta.
E todo dia se descobre um pouco mais, seja pelo universo da internet, em livros antigos, em conversas com o amigo na mesa de bar ou na esquina estiva. Quando isso acontece, corro logo, como um fuxiqueiro e publico logo no blog. Afinal de contas, todo historiador é um tecedor de "fuxicos", quando nos referimos aquela peça de tecido que ao se juntar várias delas, tece-se uma toalha. Juntando-se os "fuxicos", tem-se uma história! 
Neste aniversário de 144 anos, não iremos descansar. Logo mais a noite vamos "bater papo" com o grupo "Idosos e Vaidosos", que estão em Camocim na XXVI Jornada de Confraternização Camocinense, convidado que ui. E eu que não sou besta, aceitei de pronto, pois vou aprender muito e reabastecer este espaço das histórias que ainda estão por contar. Mesmo porque, sou sabedor que a história estão com os mais experientes e vividos.

VIVA CAMOCIM, SEU POVO E SUA HISTÓRIA!!!

sábado, 23 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 07. CAMOCIM E A AVIAÇÃO COMERCIAL

 

Cartaz de divulgação. Fonte: INFRAERO.



    A relação de Camocim com a aviação comercial é centenária. Com efeito, desde a passagem do aviador camocinense Pinto Martins, colocando a cidade no circuito da travessia pioneira entre Nova Iorque-Rio de Janeiro em 1922, que Camocim foi passagem de aventureiros do ar em grandes raids que marcaram as primeiras décadas do século XX.
    Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, Camocim, por sua posição geográfica estratégica, foi cotada para ser um Posto de Comando, mas perdeu para a capital Fortaleza, Contudo, destes estudos resultou numa pequena base militar americana, usada para o reabastecimento de hidroaviões, localizada no bairro dos Coqueiros com uma estrutura de pier e outras edificações que posteriormente foram melhoradas para abrigarem os voos regulares da Panam e depois Panair (quem não lembra do Chico Pané?!), que exploravam linhas aéreas com destinos nacionais e internacionais.
    Camocim também foi por muito tempo, rota de aviões do Correio Aéreo Nacional (CAN) que nas primeiras décadas do século XX era um serviço prestado pelo Governo Federal na condução das malas postais.
    Revirando o baú, pode-se encontrar anúncios das linhas e horários dos aviões publicados nos jornais locais e da capital, que passavam pelo nosso Campo de Aviação, (quem lembra do Seu João do Campo?!) hoje, Aeroporto Pinto Martins, que foi construído para atender a demanda turística, mas que até o momento não se efetivou plenamente.
    Agora, espera-se que, com a administração da INFRAERO     que em setembro deste ano assumiu a administração dos aeroportos  de Camocim, Aracati, Cruz-Jericoacoara, Sobral, São Benedito, Crateús, Iguatu, Campos Sales, Tauá e Quixadá, possamos ter novamente os aviões riscando o céu de Camocim, fazendo jus ao texto de divulgação da empresa que anuncia esta nova fase:   "A cada dia a gente dá mais um passo para ajudar o Brasil a impulsionar o desenvolvimento econômico das regiões e realizar verdadeiramente -a integração nacional, unindo o país."



    

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 06.ANTES DE SER GRANJA, CAMOCIM FOI SOBRAL

 

Camocim (Ceará).O porto. Em primeiro plano, Vapor Camocim. Acervo do blog CPH.



    Neste ano, Sobral comemora 250 anos de história política e administrativa. No entanto, pouca gente sabe, dos ´perrengues que a então vila passou nos primeiros anos de edificação. Já no primeiro ano, o saldo nas contas foi negativo. 

Logomarca dos 250 anos de Sobral. Fonte: https://www.sobral.ce.gov.br/imprensa


    Mas, o que tem ou que teve em comum Sobral e Camocim há 250 anos atrás? Explico, é que em 1773, com a criação da Vila de Sobral, os portos de Acaraú e Camocim estavam sob sua jurisdição. Aqui mesmo neste espaço, já publicamos os pedidos de instalação de currais de pesca em Camocim no ano de 1775 na Câmara de Sobral em favor dos moradores Alferes Francisco Carneiro da Cunha e Manoel Rodrigues Peixoto.

   Voltando para o ano de 1773, data da criação da Vila de Sobral, Camocim vai aparecer nos primórdios da história sobralense, segundo registra o historiador Pe. Sadoc de Araújo em sua "Cronologia Sobralense".  Para poder sustentar os proventos do Juiz de Fora de Sobral, a Câmara teve que instituir um imposto cobrado no porto de Camocim. 

  Nos registros da contabilidade, naquele ano foram recebidos "29$460,  do imposto dos vinténs de 1.470 bois recebidos no porto de Camocim" e "69$000, dos últimos bois e da passagem dos barcos no porto de Camocim recebidos de João Cavalho da Mota"..

    Tres anos depois, em 1776, Camocim passaria de mãos, com a criação da Vila de Granja. Aí já é outra história!

 

Fonte: ARAUJO, Pe. Sadoc de. Cronologia Sobralense. Fortaleza-CE: Edições ECOA, 2015,  p. 374.

sábado, 16 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 05. ILHA DO SEBO. O PRIMEIRO LIXÃO DE CAMOCIM

Portaria. Conselho de Intendência de Camocim. 1891. Fonte: APECE. Camocim. Cx 28. 1883-1921.

     A questão do lixo, em qualquer lugar, volta e meia, aparece no centro das discussões citadinas. É a alta de educação da população que não coloca o lixo no local e horários corretos, é a coleta pública que falha no recolhimento, é a alta da coleta seletiva, do aproveitamento e reciclagem do próprio lixo, falta de aterros sanitários, dentre outros problemas relacionados. 

        Em Camocim não seria diferente. Apesar de todos os esforços da população e do poder público, o problema, vira e mexe, está na ordem do dia. Até os urubus, que fazem um trabalho de limpeza natural, já foram guindados ao patamar de "garis voadores" em plena sessão da Câmara Municipal. 
       Mais recentemente, dentro da política de saneamento ambiental, está se construindo uma unidade de recebimento de resíduos sólidos na periferia da cidade.  

Camocim Aéreo. 2010. Fonte: Camocim Online.

        No entanto, o problema do lixo é secular em nossa cidade. Imagine que no final do século XIX, os legisladores já se preocupavam e legislavam sobre a questão a sua maneira, observando as possibilidades de resolução naquele tempo, destinando uma das ilhas do estuário do nosso Rio Coreaú como o local de destino para a colocação dos "entulhos de qualquer espécie fora do alcance da maré".  E de se imaginar o esforço feito para se colocar o lixo numa embarcação e levar para o local apontado na portaria, que transcrevemos abaixo: 

O Conselho de Intendência do Município de Camocim, usando da faculdade que lhe é conferido pelo Dec. do Governo do Estado de 14 de Janeiro do anno passado e em observância a disposição do art 12 do Reg nº 447 de 19 de Maio de 1846, atendendo as necessidades e exigências locais.

Resolve:

Art. Único. Fica designada a ilha denominada Ilha do Sebo para nella se lançar os entulhos de qualquer espécie ora do alcance da maré mais alta: pena aos contraventores de 10$000 de multa e oito dias de prisão além das mais estabelecidas no citado Dec, revogadas as disposições em contrario.

Sallas das Sessões do Conselho de Intendencia do Município de Camocim, 22 de Maio de 1891.

O Prezidente

Quariguazil  Jefferson Barreto

Severiano José de Carvalho

Serafim  Manoel de Freitas

João Evangelista Barboza


terça-feira, 12 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 04. OS SENTIDOS DO DESFILE DE 7 DE SETEMBRO.

 






Pelotão da Escola Francisco Otonni Coelho. Camocim.2023. Foto: CPH.


               Foi-se o tempo em que os desfiles de Sete de Setembro eram marcados pelo ardor patriótico onde estudantes procuravam imitar na "marcha" o jeito marcial dos militares, da representação dos quadros da história nacional de feição positivista, da profusão de bandeirinhas com as cores verde e amarela. Os tempos são outros, embora ainda tenhamos em alguns lugares, como Camocim, a efetiva presença dos militares do Exército (Tiro de Guerra 10-001), Marinha do Brasil (Capitania dos Portos), Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, além da Guarda Civil Municipal.
       Penso que os desfiles devem mostrar e até denunciar mesmo, os principais problemas porque passamos, afinal, da resolução deles, depende a medida de nosso grau de dependência ou independência social.
            
Populares recebem mudas de plantas dos alunos da Escola Fco. Otonni. Camocim. 2023. Foto: CPH
    
        Neste sentido, o desfile de Sete de Setembro de 2023 em Camocim, foi marcado pela temática da preservação ambiental, dentro do mote "Brasil, gigante pela própria natureza". A maioria das escolas trouxe alertas e chamaram atenção para o tão propalado "desenvolvimento sustentável". O ponto alto, para mim, foi a interação com o público, principalmente quando um grupo de alunos distribuiu mudas de plantas com alguns presentes. Penso que poderiam até ter sido maior o número de mudas, mas, valeu pela intenção. Aliás, acho que aí está uma chave para melhorar a performance dos desfiles nos próximos anos: as escolas interagirem mais com o público que as assistem, afinal de contas, vivemos outros tempos.






quinta-feira, 7 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 03. AUGUSTO, A CARA DE CAMOCIM NOS "RETRATOS DO CEARÁ".

 

José Augusto de Oliveira, "Augusto Lanches". Fonte: Retratos do Ceará.


    Umas das contribuições, diria legado, das gestões do ex-Governador do Ceará Camilo Santana, (2015-2018/ 2019-2022) foi "despersonalizar" seu mandato, rompendo com a tradição de se apor a fotografia do governante nas paredes das repartições do Estado cearense. Em suas gestões, no comando do Estado do Ceará, Camilo Santana, optou por mostrar o povo cearense em sua melhor e maior diversidade. Pessoas comuns de todos os municípios, escolhidas aleatoriamente, foram fotografadas e organizadas numa série chamada "Retratos do Ceará".
    Deste modo, em cada repartição estadual, pelo menos três fotos ficam expostas em local estratégico para representar o governo, dando boas-vindas a quem adentra nestes locais buscando algum serviço.
    Neste sentido, Camocim está representado nesta coleção de fotografias pelo Sr.  JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA, mais conhecido em nossa cidade pelo apelido de "Augusto Lanches", face a sua atividade na produção de alimentos para eventos.  Augusto Lanches nasceu em 01/02/1951 em Serrote de Jericoacoara, na época, distrito de Acaraú, mas, desde os três anos de idade mora em Camocim (1954). E´ motorista aposentado.
    A foto de José Augusto de Oliveira é uma das que integra o conjunto de fotos expostas no Centro de Ciências Humanas (CCH) da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) onde trabalho e que foi reformado recentemente, como a lembrar-me diariamente de onde eu venho.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 02. ABERTURA DA SEMANA DA PÁTRIA.

 

Abertura da Semana da Pátria. Camocim, 2023. Foto: Carlos Augusto P. dos Santos.


  A Semana da Pátria é sempre um momento propício para a reflexão e a revisitação histórica de nossa independência. Como estudioso do tema, venho percebendo as diferenças e as tendências que as comemorações em torno deste fato histórico vem se apresentando nos últimos anos. Quem tem mais de 50 anos sabe disso; se no período da ditadura civil-militar estas celebrações tinham um caráter patriótico, hoje se revestem de um conteúdo social e percepção da realidade, as vezes adquirindo um sentido protocolar de rememoração da data pelas escolas, órgãos administrativos e até autoridades constituídas.
    Neste sentido, a abertura da Semana da Pátria 2023 em Camocim se deu hoje pela manhã, carregando vários sentidos simbólicos dos tempos de outrora e agregando outros mais recentes, que vão desde o hasteamento dos pavilhões, a execução do Hino Nacional e Hino de Camocim, passando pelas apresentações de números artísticos infantis com a temática verde-amarela, que deu um colorido especial ao evento.
Abertura da Semana da Pátria. Camocim. 2023.  Foto: Carlos Augusto P. dos Santos.


    Na solenidade de hoje, 04 de setembro de 2023 estiveram presentes representações da Marinha do Brasil (Capitania dos Portos), Exército (Tiro de Guerra), Polícia Militar do Ceará, Guarda Civil Municipal, Escoteiros, além de escolas da rede municipal, estadual e particulares, além das autoridades constituídas, doPoderes Executivo  e  Legislativo. A Banda Lira, sob o comando do maestro Thales Carlos, abrilhantou a solenidade com a execução de hinos e dobrados.
    Neste ano, segundo a programação anunciada, no desfile de 7 de setembro, na próxima quinta-feira, o tema a ser desenvolvido pelas escolas camocinenses será "Brasil, gigante pela própria natureza!", privilegiando abordagens sobre a liberdade de expressão e preservação do meio ambiente. 
    Quinta-feira iremos conferir!

 

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 2023. 01. O PREFEITO QUE NÃO ASSUMIU

 

Francisco Ottoni Coelho. Fonte: Memorial do Legislativo Camocinense.

No universo político, há algum tempo atrás, nem sempre quem vencia as eleições assumia o respectivo cargo para o qual fora eleito. Em Camocim, situação semelhante ocorreu por ocasião das eleições municipais de 1936, no contexto do Era Vargas que, por força da Revolução de 1930, desde este ano comandava o país de forma ditatorial, provisória e depois constitucional, com eleições presidenciais marcadas para 1938. Contudo, como a historiografia registra, em 1937 foi dado um golpe de estado, dentro do golpe de estado de 1930 e instituído o Estado Novo, e as eleições ficaram sem efeito, visto que, os parlamentos foram extintos e os prefeitos passaram a ser nomeados pelo Governador do Estado.

Outrossim, antes de golpe de 1937, as eleições de 1936 transcorreram normalmente e as campanhas políticas tomaram conta do cotidiano dos municípios. Em Camocim, que naquela época pertencia a 25ª Zona Eleitoral, disputaram as eleições o Partido Social Democrático (PSD), Partido Republicano Progressista (PRP), Liga Eleitoral Católica (LEC) e o Partido Integralista.

Inclusive, nesta eleição, a oposição, através do Partido Social Democrático (PSD), venceu a situação no pleito eleitoral, tendo à frente o Sr. Francisco Ottoni Coelho. O PSD venceria os governistas em outros 22 municípios cearenses. Dos 1.294 votantes naquela eleição, o PSD recebeu 621, o PRP 608 e o Partido Integralista, 65 votos. Francisco Ottoni Coelho venceu as eleições com a diferença de parcos 13 votos, mas não assumiu. Infelizmente, a fonte não revela os nomes dos outros candidatos derrotados,

Em 1936, o prefeito em exercício era João da Silva Ramos que, com o golpe de 1937 continuou no cargo como prefeito nomeado até 1944. Restaurada a normalidade democrática, Francisco Ottoni Coelho foi eleito novamente e comandou o Poder Executivo Camocinense entre 1948 a 1951, quando ocorreu o rompimento entre as famílias Coelho/Veras x Aguiar.


Fonte: Brasil. Tribunal Regional Eleitoral do Ceará.Primeiras eleições e acervo documental do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará/ Tribunal Regional Eleitoral do Ceará.Fortaleza, TRE-CE, 2007.290 p. il. (Série Memória Eleitoral da Justiça Eleitoral do Ceará;3).

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 2023

 

CARTAZ DO XIII SETEMBRO CAMOCIM. 2023. Foto: Alex Uchôa.


        Há doze anos que uso o blog CAMOCIM POTE DE HISTÓRIAS para desenvolver no mês de aniversário do município o  SETEMBRO CAMOCIM, espécie de seção especial para marcar a data e a nossa história que, na verdade. tem muito mais do que 144 anos. 
    Esta contagem, mais do que centenária é apenas uma referência oficial a data da emancipação política.
    Portanto, a partir de amanhã, dedicaremos tempo e frequência maior para postagens inéditas sobre nossa história e nosso povo, além de comentários sobre as as prováveis comemorações alusivas. Fiquemos atentos! 
 

segunda-feira, 31 de julho de 2023

DOIS IRMÃOS. UMA PRESIDÊNCIA. CÂMARA MUNICIPAL DE CAMOCIM

 

Jornal Voz da Zona Norte. Ano II, Nº4, setembro de 1985. Martinópole-CE.


    Para o historiador, a busca de fontes é sempre incessante. As vezes elas aparecem quando menos esperamos, outras, chegam tardiamente.
    No caso em tela, até escrevemos sobre ele, mas, não tínhamos um registro para além das Atas da Câmara Municipal de Camocim. 
    Trata-se da eleição para a Presidência do Legislativo em 1985. No livro "História do Parlamento Camocinense" (2020) a página 89, registramos.

1985 - 10ª Legislatura. 2º Período.
Presidente: Tânia Pessoa Navarro Veras
Vice-Presidente: João Sotero Veras.
* Tânia Pessoa Navarro Veras concorreu a presidência da Câmara contra seu irmão, Carlos José Pessoa Navarro Veras. Placar: 8x7.

    Mais recentemente, no livro História Política de Camocim. 1898-1987, na página 189, escrevemos:
    
    Na Câmara Municipal de Camocim, houve o aumento de 11 para 15 vereadores. A prefeita eleita, através do PDS-1, conquistou a maioria dos edis. Instalada a Câmara Municipal em 31 de janeiro de 1983, já na segunda sessão em 24 de fevereiro, o presidente anunciava a morte do vereador eleito Amanajás Passos de Araújo e a convocação do primeiro vereador suplente Carlos José Pessoa Navarro Veras para assumir a vaga.

       Carlos José Pessoa Navarro Veras (in memorian), mais conhecido como Kaizé, portanto, concorreria com sua irmã, dois anos depois, numa eleição acirrada, como já vimos, com o placar de oito a sete.
        Na fonte jornalística acima, destacam-se dois fatores importantes: 

1."Que a prefeita Ana Maria foi a grande vitoriosa, pois além de manter a maioria na Câmara, a Presidência ficou com uma das pessoas de sua maior confiança, seguidora de sua orientação política, além, é claro, de sua indiscutível competência". 
2.  "Fato curioso é que o candidato adversário, José Navarro Veras, a Presidência da Câmara de Camocim, é irmão da Dra. Tânia e membro do grupo liderado pelo ex-Deputado Murilo Aguiar". 

    A política, como dizia aquele político, é como nuvem, ora está aqui, ora está ali. Na legislatura seguinte, o grupo Aguiar retoma o poder e a Dra. Tânia, continuou na presidência, mudando o tabuleiro político na Câmara Municipal também. Mas essa, é outra história que contaremos mais adiante. Esperamos que as fontes apareçam em maior número. 
    







sexta-feira, 30 de junho de 2023

A POPULAÇÃO DE CAMOCIM E REGIÃO. CENSO 2022



POPULAÇÃO DE CAMOCIM CRESCEU 3,6% ENTRE 2010 E 2022; VEJA AS DEMAIS CIDADES DA REGIÃO





Camocim. Carnaval de 2020. Fonte: Arquivo do CPH.



Camocim tem 62.326 habitantes, segundo o Censo Demográfico 2022, realizado mais de dez anos após a edição anterior da pesquisa. Os primeiros resultados foram divulgados nesta quarta-feira (28) pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento foi de 3,6% desde 2010 (60.158), último Censo.

O número veio abaixo das projeções anteriores do órgão. Em 2021, o prognóstico apontava que Camocim teria 64.147 de habitantes. O mesmo ocorreu com o Brasil. A população brasileira cresceu 6,45% desde a edição anterior da pesquisa, em 2010, porém, o número também veio abaixo das projeções, que já previam mais de 207,7 milhões de habitantes.

O Ceará também não foi diferente. A população cearense cresceu 4% desde 2010, de 8.451.644 para 8.791.688. A projeção de 2021 passava dos 9 milhões. 

Mantendo como parâmetro as cidades que compõem a 16ª Área Descentralizada de Saúde (ADS), cuja sede fica em Camocim, fizemos um levantamento sobre os números anteriores, da projeção e os atuais, em relação à população. Todas as cidades tiveram crescimento abaixo das estimativas do IBGE. A única cidade que teve diminuição de habitantes entre 2010 e 2022 foi Chaval. 

Granja (Censo 2010: 52.645 - Projeção 2021: 55.170 - Censo 2022: 53.344) + 1,33%
Chaval (Censo 2010: 12.615 - Projeção 2021: 13.112 - Censo 2022: 12.462) - 1,21%
Barroquinha (Censo 2010: 14.476 - Projeção 2021: 15.069 - Censo 2022: 14.567) + 0,63%
Martinópole (Censo 2010: 10.214 - Projeção 2021: 11.407 - Censo 2022: 10.846) + 6,19% 
Uruoca (Censo 2010: 12.883 - Projeção 2021: 13.988 - Censo 2022: 13.746) + 6,70% 

Fonte: Blog Camocim Online. Por Tadeu Nogueira 

quinta-feira, 25 de maio de 2023

PREFEITOS DE CAMOCIM. ANTONIO MANOEL VERAS (1993-1996)


 

Antonio Manoel Fontenele Veras (N. 24/05/1942). Foto: Camocim Online.


    Hoje, 24 de maio de 2023, o ex-prefeito de Camocim Antonio Manoel Fontenele Veras completou 81 anos de idade. Gestor municipal entre 1993-1996, concorreu as eleições de 1992 com o número 36 pelo PRN (Partido da Reconstrução Nacional), ocupando a vaga na chapa a poucos dias da eleição com a morte trágica de candidato Manoel Siqueira em acidente automobilístico. Venceu o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Murilo Câmara, obtendo 10.511 votos.
    Assumindo o cargo em 01 de janeiro de 1993 fez uma gestão voltada principalmente para o setor educacional com a construção de escolas e a implantação do Campus Avançado da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) com o curso de Pedagogia, a Avenida Manoel César de Siqueira que margeia o Lago Seco, além da construção de uma primeira etapa de saneamento da zona urbana.


Material de divulgação da PPE: Os melhores Prefeitos do Ceará. 1996. Fonte: Arquivo do autor.


          Em 1996, último ano do mandato, sua gestão foi eleita como uma das melhores do estado do Ceará, promovida pela PPE, que até hoje faz este tipo de evento. Do folder em questão, transcrevemos o texto relativo a Antonio Manoel Fontenele Veras:

Eleito pela maioria absoluta do eleitorado de Camocim, o prefeito Antonio Manoel Veras, desde sua posse na prefeitura daquela cidade praiana, vem desenvolvendo um trabalho de alcance social para a população. Os setores educacional e de saúde funcionam muito bem. Ali em Camocim foram feitas obras que são feitas em cidades de grande porte. O saneamento básico que vai garantir saúde para a população, em curto espaço de tempo. Isto é visão de bom administrador, afirmam os mais experientes.
Tanto o prefeito como a primeira dama Ana Maria Veras, que também já foi prefeita, trabalham diuturnamente visando dar a Camocim e a sua gente a dimensão que merece! A melhoria da qualidade de vida da população e o impulso na vida econômica do município.
Antonio Manoel, pelas boas ações que tem desenvolvido em Camocim, recebe neste dia nove de setembro mais um reconhecimento da PPE, como um dos melhores prefeitos do Ceará em 1996.

Ao ex-prefeito Antonio Manoel, nossos votos de felicitações pela data natalícia.










terça-feira, 16 de maio de 2023

AS TRAGÉDIAS EM CAMOCIM... O INÍCIO DE UM ROMANCE.

Vista aérea de Camocim. 1941. Revista "O Cruzeiro". RJ.

Há algum tempo rabisco um romance que começa com um triplo assassinato de um branco, uma índia e um escravizado. Na verdade, os corpos aparecem aqui em Camocim, mas são executados em outro lugar. A própria cidade é um personagem. Na sua primeira entrada no romance ela diz:

Eu sou um lugar que transmito paz. Não que desde os primórdios não aconteçam tragédias e pequenos incidentes e intrigas paroquiais como em qualquer outro local. Quando pressenti que minha história estava próxima a ser contada, quem sabe, numa bela trilogia (porque esta formatação sempre fascina leitores ávidos por histórias de aventura?), não desconfiava que começasse por um triplo assassinato. Será que o que imaginei para a posteridade vai se restringir a um conto ou romance policial? Por isso, propositadamente me interponho nesta narrativa canhestra acima e talvez sem muita inventividade. O narrador não sabe que interfiro desta forma, talvez somente quando a história vier a lume. Mas eu preciso dizer umas coisinhas antes que ele se dê conta. Embora estes fatos tenham realmente acontecido, é preciso dizer que eu tenho uma história anterior a estes fatos, para que os leitores não pensem que sou apenas um lugar que acolhe pescadores contadores de histórias de pescadores.

Mas, o que quero mesmo dizer – para aliviar um pouco a impressão que o narrador impingiu inicialmente – é que muito antes destes fatos, os homens se tomaram de amor por mim, outros, porém, nem tanto. O certo é que ainda hoje, apesar da idade ainda tenho meus encantos, cantados em verso e prosa, outros explorando e maculando minha beleza inicial. É uma pena que não tenham registrado o que tento dizer agora. As impressões sobre mim de outrora, ficaram restritas a pequenas passagens dos relatórios dos aventureiros do outro lado do mundo. “Tem pau-violeta que os locais chamam de Tatajuba”. “Tem boas áreas de salinas e âmbar”. Mas eu queria mesmo que eles se referissem à combinação de ambientes que eu tenho, descrevessem minhas paisagens exuberantes em toda sua beleza e variedade. Pero Coelho, o português vigilante do território conquistado perdeu uma ótima oportunidade de aqui fincar um forte. Pensando bem, foi melhor ele ter se desiludido com a rápida avaliação que fez do meu potencial de abrigo para as tropas. Os habitantes da terra tiveram um pouco mais de descanso para usufruir de mim. O próprio Vieira, visitador religioso do império luso só veio reconhecer minha silhueta quando estava nas alturas da Serra Grande: "Depois que se chega ao alto delas (Serra da Ibiapaba) pagam muito bem o trabalho da subida, mostrando aos olhos um dos mais formosos painéis que porventura pintou a natureza em outra parte do mundo, variando de montes, vales, rochedo e picos, bosques e campinas dilatadíssimas, e de longe do mar no extremo dos horizontes. Sobretudo, olhando do alto para o fundo das serras, estão se vendo as nuvens debaixo dos pés que, como é coisa tão parecida com o céu. Não só causam saudades, mas já parece que estão prometendo o mesmo que se vem buscar por estes desertos". Embora que digam que o velho religioso se embebedou com minha beleza praiana, apenas de cima ele me divisou para explicar a moldura que o mar proporciona no horizonte.

E mais não digo porque nada escrevi além disso...

Foto: Camocim. Vista aérea. 1941. Revista "O Cruzeiro". 

sábado, 15 de abril de 2023

RETALHOS DA MEMÓRIA E DA HISTÓRIA - O 15 DE ABRIL, DIA DE PINTO MARTINS

 



Inauguração do busto de Pinto Martins. Camocim. 1979. Fonte: Camcim Online.


    Uma figura ilustre centenária sempre padece de idas e vindas na construção de sua memória e história no cotidiano da comunidade n qual está vinculado. 

    Euclydes Pinto Martins, nosso filho ilustre aviador, por sua história e feito transcende o âmbito local. Na verdade, o nome de Pinto Martins tem uma amplitude internacional. 

    No entanto, seu feito heroico não foi o bastante para ter o lugar merecido no panteão da história. Recentemente, seu nome foi retirado do Aeroporto Internacional de Fortaleza, passando anos desrespeitando uma lei federal, só agora restabelecido, depois de denuncias na imprensa e da manifestação de parlamentares na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, como Acrísio Senna, Sérgio Aguiar e Romeu Arruda.



Fachada do Aeroporto Pinto Martins. Fonte:

https://www.opovo.com.br/noticias/economia/2023/02/23/nome-de-pinto-martins-volta-a-estampar-fachada-do-aeroporto-de-fortaleza.html


    Em Camocim,  estamos na espera da conclusão da Praça Pinto Martins e a fundação do Memorial Pinto Martins a ser construído na casa onde nasceu o aviador e hoje funciona a Biblioteca Pinto Martins. As escolas do município, por todo o mês de abril, trabalham a temática de Pinto Martins e o voo pioneiro de Nova York ao Rio de Janeiro, entre 1922-1923.

    No site da Prefeitura foi publicado no dia de hoje o seguinte trecho:  "Camocim tem entre suas maiores riquezas seus tilhos ilustres e dentre estes, o aviador Euclides Pinto Martins que ainda jovem oi escolhido como parte da tripulação do avião Sampaio Correia, um curtis H-16, que realizaria uma viagem aérea pioneira entre as Américas do Norte e do Sul".

    Da nossa parte seguimos na pesquisa sobre o ilustre conterrâneo, dando nossa colaboração a partir deste espaço. De ida e vindas vai se construindo a história!!!


Fonte: https://www.opovo.com.br/noticias/economia/2023/02/23/nome-de-pinto-martins-volta-a-estampar-fachada-do-aeroporto-de-fortaleza.html

Prefeitura Municipal de Camocim - Site oficial.

sábado, 25 de março de 2023

UMA RUA, DOIS GENERAIS. O CASO DA RUA GENERAL TIBÚRCIO EM CAMOCIM

 

Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa.´Foto: Sébastien Auguste Sisson.


    Há muito tempo já denunciei neste espaço o erro contido nas placas da Rua General de Tibúrcio em Camocim. Explicando o caso: a referida rua, desde 1930 chamava-se Rua General Tibúrcio, uma homenagem ao general Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousanascido em 11 de agosto de 1837 em Viçosa do Ceará, combatente na Guerra do Paraguai e falecido em Fortaleza, em 28 de março de 1885.



Manuel Tibúrcio Cavalcante. Fonte: coisadecearense.com.br

        No entanto, por volta de 2010 a administração municipal trocou as antigas placas por novas, mas trocou também o nome de algumas ruas e atualizou outras. No caso da Rua General Tibúrcio, transformou-se em Rua General Tibúrcio Cavalcante, também cearense, nascido em Morada Nova-CE, como Manuel Tibúrcio Cavalcante, em 24 de dezembro de 1882, quando a Guerra do Paraguai já havia terminado há 12 anos. Como militar participou ativamente como Engenheiro-Ajudante da construção das linhas telegráficas de Mato Grosso, sendo chefiado pelo famoso Marechal Rondon.
    Identificado o erro de nomenclatura levei o caso na Câmara Municipal de Camocim. Os vereadores votaram a retificação, contudo, o "Tibúrcio Cavalcante" continua incólume nas placas ainda hoje, repetido nas correspondências e, no caso, tomando o lugar do outro.