sábado, 25 de março de 2023

UMA RUA, DOIS GENERAIS. O CASO DA RUA GENERAL TIBÚRCIO EM CAMOCIM

 

Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa.´Foto: Sébastien Auguste Sisson.


    Há muito tempo já denunciei neste espaço o erro contido nas placas da Rua General de Tibúrcio em Camocim. Explicando o caso: a referida rua, desde 1930 chamava-se Rua General Tibúrcio, uma homenagem ao general Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousanascido em 11 de agosto de 1837 em Viçosa do Ceará, combatente na Guerra do Paraguai e falecido em Fortaleza, em 28 de março de 1885.



Manuel Tibúrcio Cavalcante. Fonte: coisadecearense.com.br

        No entanto, por volta de 2010 a administração municipal trocou as antigas placas por novas, mas trocou também o nome de algumas ruas e atualizou outras. No caso da Rua General Tibúrcio, transformou-se em Rua General Tibúrcio Cavalcante, também cearense, nascido em Morada Nova-CE, como Manuel Tibúrcio Cavalcante, em 24 de dezembro de 1882, quando a Guerra do Paraguai já havia terminado há 12 anos. Como militar participou ativamente como Engenheiro-Ajudante da construção das linhas telegráficas de Mato Grosso, sendo chefiado pelo famoso Marechal Rondon.
    Identificado o erro de nomenclatura levei o caso na Câmara Municipal de Camocim. Os vereadores votaram a retificação, contudo, o "Tibúrcio Cavalcante" continua incólume nas placas ainda hoje, repetido nas correspondências e, no caso, tomando o lugar do outro.

segunda-feira, 13 de março de 2023

OS CURRAIS DE PESCA DE CAMOCIM DO SÉCULO XVIII

 


Montagem de curral no mar.
Fonte: https://www.jornaldaparnaiba.com/2014/01/o-lugar-distrito-de-barroquinha-revela.html



    Camocim é uma cidade construída a beira-mar e tem na pesca um dos seus sustentáculos econômico. Já tivemos alguns ciclos nesta atividade onde o município respirou pujança na pesca da lagosta e do pargo. Hoje, ainda exportamos pescado para todo o território nacional e a pesca artesanal é de suma importância para o abastecimento do mercado local.
    No entanto, se falarmos da "pesca de curral", uma técnica usada para prender os peixes numa espécie de armadilha durante a maré alta e depois despescada pelos "vaqueiros"-pescadores, quase ninguém irá relacionar com o cotidiano dos pescadores camocinenses, mas, imediatamente, aos bravos homens do mar da praia de Bitupitá, distrito de Barroquinha-CE.
    Por outro lado, a história da exploração desse tipo de atividade no mar, é muito mais antiga do que pensamos. A pesca de curral, a partir dos documentos que ora trazemos nesta postagem, mostram que essa era uma prática utilizada há pelo menos desde a segunda metade do século XVIII. Do ponto de vista dos registros históricos sobre Camocim é anterior a chegada da Família Gabriel para iniciar a exploração do porto em 1793 e da nossa condição de distrito do município de Granja, por exemplo.
    Pelos nomes das pessoas que pedem autorização a Câmara Municipal de Sobral, (antes da elevação do município de Granja, o nosso território pertencia a Sobral), para erguer "currais de pesca", supõe-se  que eram homens brancos e moravam em nossa praia e estavam em contato com os nativos nesta época, visto que os segredos, entrâncias e reentrâncias do nosso rio, segundo a tradição oral, foi ensinada a Gabriel Rodrigues da Rocha (o patriarca da Família Gabriel) por um "velho Tremembé".
    Deste modo, o Livro de Registro de Licenças da Câmara Municipal de Sobral, do ano de 1775, indica as petições e as autorizações do Presidente da Câmara, para o funcionamento dos currais de pesca na praia de Camocim por seis meses, naquele ano, com um custo de seis contos e quarenta réis. Como se vê, era uma atividade cara e talvez por isso, apenas dois moradores, o Alferes Francisco Carneiro da Cunha e Manoel Rodrigues Peixoto solicitaram tais empreendimentos, conforme as transcrições abaixo:






      Como podemos observar, a cada fonte revelada, a cada conhecimento adquirido, a história vai se completando e se 
transformando e se tornando mais plural.


Fonte: Livro de Registro de Licenças da Câmara Municipal de Sobral. 1774. Acervo do Núcleo de Estudos e Documentação Histórica (NEDHIS). UVA/Curso de História. Sobral-CE. 


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

TV ASSEMBLEIA HOMENAGEIA 100 ANOS DO VOO PIONEIRO DE PINTO MARTINS


Minuto Perfil relembra os 100 anos do voo pioneiro de Pinto Martins

Por Geimison Maia, com informações da produção da TV Assembleia
07/02/2023 16:50
 Aviador cearense Euclides Pinto Martins

 O dia 8 de fevereiro marca uma data especial para a história da aviação, pois é quando se comemoram os 100 anos do voo pioneiro entre as Américas do Norte e Sul, realizado pelo engenheiro e aviador cearense Euclides Pinto Martins e o parceiro de voo dele, o americano Walter Hilton. Para homenagear o cearense, nascido em Camocim, a TV Assembleia (canal 31.1) inclui, em sua programação o Minuto Perfil, interprograma sobre a vida e a trajetória de Euclides Pinto Martins. 

Pinto Martins estudou Engenharia Mecânica aplicada às estradas de ferro nos Estados Unidos. Trabalhou como operário em uma fábrica de locomotivas e foi inspetor da Estrada de Ferro da Pensilvânia. Nessa época, apaixonou-se pela aviação e tirou um brevê de piloto pela Escola de Aviação Civil de Nova York.

Aos 29 anos, Pinto Martins conheceu o instrutor de voos Walter Hilton, piloto da Flórida e famoso por suas proezas aeronáuticas. Desse encontro surgiu a ideia de viajar de Nova York até o Rio de Janeiro em um hidroavião batizado de Sampaio Correia I, em homenagem ao senador de mesmo nome. O voo teve uma série de intercorrências e caiu no mar em Cuba. Isso foi em 1922.

Os aventureiros não desistiram da empreitada e, ainda no mesmo ano, decidiram retomar a viagem em um novo hidroavião, o Sampaio Correia II. A viagem terminou, com sucesso, no dia 8 de fevereiro de 1923, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Assim, os pilotos consagraram-se nesse voo pioneiro de Nova York ao Rio feito em 175 dias. Vale destacar que, antes do pouso final, Pinto Martins fez uma parada em Camocim, sua cidade natal.

A música que sonoriza o interprograma é “Baião de Corda”, do compositor Pingo de Fortaleza. O programa foi produzido pelo Núcleo de Documentário da TV Assembleia, com roteiro e produção de Ângela Gurgel, Mariana Bueno e Janaína Gouveia, edição de Daniel Cardoso e locução de Janaína Gouveia.


 Edição: Clara Guimarães

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

A PRÁTICA DA FARMÁCIA EM CAMOCIM

 

Símbolo da Farmácia. Fonte: Internet.


Em postagens anteriores já enfocamos a relação de Camocim com a chamada “farmácia oficinal” que colocaram a município no mapa da produção de remédios como as GOTAS ARTHUR DE CARVALHO e o ESPECÍFICO PESSÔA, notadamente na década de 1940.

Neste sentido, nomes como Joaquim Arthur de Carvalho e seu filho José Arthur de Carvalho (nome de rua em Fortaleza) fazem parte de uma tradição histórica que envolvem a prática de farmácia e o estudo acadêmico da área, que, no Ceará, começa em 1919 com a instalação da Faculdade de Farmácia no estado.

Portanto, desde 1861, quando se fundou no Ceará a Inspetoria de Higiene do Estado, responsável por licenciar os “práticos de farmácia”, que vários destes profissionais assumiram a tarefa de curar e administrar medicamentos para a população em geral, às vezes passando o conhecimento para várias gerações familiares, como os Carvalhos e Torquato Pessoa. Atualmente, por exemplo, a família do farmacêutico Chico Sousa já está na quarta geração a frente deste tipo de estabelecimento em Camocim.

Para o registro histórico, fizemos um apanhado regional dos práticos “licenciados pela antiga Inspetoria de Higiene do Estado, até 1919, ano da instalação da Faculdade de Farmácia do Ceará”:

Conrado Porto, Granja, 1899

Aurélio Pessôa, Camocim 1900,

Júlio Guimarães, Camocim, 1906,

Sebastião Freitas, Camocim, 1907

Domingos Braga. Itapipoca, 1913

Filomeno Silveira, Acaraú, 1913

Hugo Mota, Granja, 1918”.

 

Se hoje se observa o aumento constante deste tipo de comércio em nossa cidade, chegando a se ter de 04 a 05 farmácias numa mesma rua, o embrião está num passado distante. Hoje uma farmácia tem de quase tudo,    “inclusive remédio”, como diz uma propaganda radiofônica de uma farmácia sobralense. Sinal dos tempos!

 

Fonte:

A Voz dos Práticos. Fortaleza-CE, 1948. Edição 02, p.06, setembro de 1948.

https://myloview.com.br/poster-simbolo-de-farmacia-copa-de-higia-no-E1BAE5. 

 

 

 

 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

COMUNISMO EM CAMOCIM NO LIVRO "NAS TRILHAS DO SERTÃO", VOL.7

 

Convite de lançamento do livro Trlhas 7. Fonte: Editora Sertão Cult. 2023.



Há dez anos nos reuníamos na Bica do Ipu  (entre respingos e pingas) para tratar de um sonho audacioso: publicar uma série histórica a partir do interior do Ceará. Nascia ali o Grupo Outra História e o Projeto Editorial "Nas Trilhas do Sertão: escritos de cultura e política nos interiores do Ceará". De lá para cá, SETE CAMINHOS foram trilhados. De início um passo cauteloso, não mais do que uma légua historiográfica, do tamanho do nosso fôlego. Depois buscamos outras veredas e hoje já podemos dizer que trilhamos outros e variados territórios, outros sertões brasileiros.

Como sempre, em janeiro, sob as bênçãos de São Sebastião e de Clio, nos reunimos no mesmo lugar para avaliar a jornada e planejar a próxima viagem, renovar os sonhos, molhar a palavra e imaginar a escrita.

Neste sentido, convido a todos para o convescote de lançamento do livro "NAS TRILHAS DO SERTÃO: ESCRITOS DE CULTURA E POLÍTICA DO CEARÁ. V. 7, composto por 12 artigos de vários historiadores cearenses que trafegam pela história política do século XX em variadas abordagens  e nas experiências cotidianas calcadas na oralidade sertaneja.

Neste volume, participo com o artigo: CEM ANOS DE COMUNISMO NO BRASIL: ONDE CAMOCIM ENTRA NESSA HISTÓRIA? Ainda tenho alguns exemplares comigo para quem quiser adquirir o livro físico em Camocim.