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terça-feira, 23 de dezembro de 2014
sábado, 6 de dezembro de 2014
CAMOCIM NAS LEMBRANÇAS DE J. MACEDO
José Dias Macêdo. Fonte: coisadecearense.blogspot.com |
Ele está entre os maiores empresários do país. Sua história de sucesso é contada e recontada em livros, reportagens e documentários. Já tratamos da sua trajetória politica aqui no blog na série PARLAMENTARES CAMOCINENSES. Mas, o que liga a história e a figura de José Dias Macedo (J. Macêdo) à Camocim além de ter sido seu lugar de nascimento? Há quem diga, que o mesmo fez ou faz muito pouco pela sua cidade natal. Não quero entrar nesse mérito, afinal de contas um empresário do seu porte aprendeu onde e como investir seu dinheiro. Lembro ainda do seu discurso de inauguração do Colégio Georgina Leitão Macêdo quando pedia desculpas aos vizinhos pelos transtornos que a obra tinha provocado. Como bom negociante fez uma rápida referência, entre o cômico e o irônico, sobre os preços que teve de pagar por umas casinhas para que o empreendimento escolar pudesse ter aquela estrutura. Para mim, importante é o fato de o grande empresário não negar suas origens, escrevendo nossa cidade na história empresarial e industrial do país. Do alto dos seus 94 anos, pelo menos as lembranças da infância são imorredouras, como as relatadas ao jornalista João Soares Neto:
"Embora eu morasse em uma casa simples e fosse um menino
pobre, nunca senti essa pobreza porque sempre fui muito bem alimentado e contei
com a convivência de uma família com muitos irmãos e tios. Contei também com
pai e mãe muito empenhados com a formação dos filhos. Nasci em uma cidade
praiana e na praia tem sempre o que comer. Tem também muito espaço para a gente
se divertir. Costumávamos atravessar o rio Coreaú numa canoa à vela para ir
tomar banho de água doce nas lagoas formadas entre as dunas. Existiam muitas
lagoas. Como a gente tomava banho pelado, os meninos ficavam separados das
meninas. Cada qual em uma lagoa. Na época de caju, a gente se reunia para
chupar caju e assar castanha. Meu pai sempre levava a gente para passar as
férias em um lugarzinho perto de Massapé, chamado Riachão, por onde passava a
estrada de ferro, e ali a gente tinha contato com outras pessoas. Era muito
bom. Camocim, comparado com Riachão, era uma cidade avançada, tinha porto e o
trem estacionava dentro da própria gare. Era uma festa a espera do trem nos
dias de domingo. Quer dizer, fui um menino pobre, mas com uma infância muito
saudável."
Fonte entrevista: www.joaosoaresneto.com.br/entrevistas_dias_macedo.asp
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
SOBRE O "DIA DA CIDADE" DE CAMOCIM
Enseada dos Barcos. Camocim-CE. 2013. Foto: Vando Arcanjo. |
Comecei
a me perguntar sobre o porquê de nossa cidade não ter o seu dia. Não, não estou
falando do 29 de setembro que é o
dia do município. Muitos lugares comemoram
esses dias distintamente, como por exemplo, a cidade de Fortaleza, a nossa capital. Poderíamos,
portanto, comemorar o dia 17 de agosto,
afinal de contas, o então distrito da Barra
do Camocim foi elevado à categoria de cidade quase dez anos depois de ter
se tornado município pela Lei Nº 2.162,
de 17 de agosto de 1899, ano no qual, aliás, foi proclamada a República no Brasil.
Nestes
115 anos de cidade temos uma história que nos é peculiar, feita por seus habitantes e
quem chega nela, afinal de contas, a cidade nada mais é o que nós somos
individual e coletivamente. Camocim,
portanto, já foi apelidada de “Pequena Moscou”, “Cidade Heroica”, “Moscouzinha”
e “Cidade Vermelha” pela imprensa comunista dos anos 1940, denominações estas que
evocam um passado denunciador de uma intensa atividade política dos
trabalhadores no porto e na ferrovia.
Se temos um belo hino que começa
assim:“Verdes mares bravios do norte/A lutar nesse
eterno fragor,/Como vós nosso povo é tão forte,/Tão feroz, pertinaz,
lutador.” (Trecho
do Hino de Camocim. Letra e música: Prof.
Francisco Valmir Rocha), poderíamos ter a canção da cidade, algo do tipo: Camocim,/ Claro céu cristal/ Coqueiros
cacheados/ Cajueiros copados... (Camocim-Ceará: Música: Raimundo Arnaldo). Mas também poderíamos fazer um concurso para escolher tal canção.
Enfim, fica a sugestão para termos mais uma data para o
calendário turístico e uma oportunidade de mostrarmos nosso potencial cultural,
como o que aconteceu no último sábado com a "Feira Pote de Saberes".
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
POLÍTICA CULTURAL EM CAMOCIM. QUANDO TEREMOS?
Boi de Camocim: Fonte: Foto Claúdia. |
De quando em
vez vejo comentários nas redes sociais sobre a falta de uma
política cultural em nosso município. As ações quase sempre são eventuais como
são os eventos. Eu mesmo já andei sugerindo algumas coisas como a instalação de
um teatro, de um museu, de uma feira de livros, dentre outros. Pode até se argumentar
de que os tempos são outros e que a juventude quer outros tipos de atração. No
entanto, essa mesma população não pode querer aquilo que não lhe é ofertado.
Basta olhar para os nossos eventos culturais. Se não fora a visão da então
prefeita Ana Maria Veras nos anos 1980, não teríamos Festival de Quadrilhas,
Salão de Artes. Infelizmente o Festival de Música, o Festival de Violeiros, as Olimpíadas de Camocim, criados também nesta época, morreram por inanição.
Urge,
portanto, que se promovam as condições para a geração de uma política cultural
para além dos eventos, principalmente por termos hoje no comando da cultura
camocinense a incansável Ana Maria Veras. Não estou com isso renegando outras
manifestações hodiernas. Vivemos o tempo presente, no entanto, às gerações
atuais devem ser mostradas àquilo que se solidificou como legado cultural dos
nossos antepassados.
Desta forma, hoje atribuo meu gosto pela cultura popular
ao meu pai que proporcionava aos seus filhos e vizinhos o acesso á essas
manifestações. Vez por outra, Zé do Gás botava "boneco" em nossa casa
com as histórias hilárias de seus mamulengos. Da mesma forma, um compadre do
meu pai que me foge o nome, às vezes era chamado para cantar melodiosamente os "romances"
(lembro bem dos Doze Pares de França) ao som de um berimbau. Nos aniversários
do meu velho era certo uma dupla de violeiros vir animar a festa com seus
repentes de elogio ao dono da casa e de desafios entre eles. Nas temporadas de
bois, o Boi do Juriti em pelo menos uma noite animava a Rua do Egito defronte
de nossa casa. Como disse, tudo é uma
questão de hábito!
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
A FERROVIA E A URBANIZAÇÃO DE CAMOCIM
Fonte: IPHAN/Superintendência do Ceará. |
A foto acima mostra o quanto um empreendimento pode influir na urbanização de uma cidade. Foi o caso da construção da Estrada de Ferro de Sobral iniciada no então distrito da Barra do Camocim no ano de 1877. Naquele momento pertencíamos ao município de Granja, mas, tínhamos um porto que era uma das mais importantes portas de entrada do estado do Ceará. Com a intenção de ligar o nosso porto ao mais importante centro comercial da região, Sobral, ponto de confluência dos sertões de Crateús e da Serra da Ibiapaba, a ferrovia proporcionou um crescimento urbano sem precedentes na história de Camocim.
Na foto acima temos duas plantas que refletem esse crescimento urbanístico. Como podemos perceber, no ano de 1878 (planta inferior) os pontos em negrito se resume a uma mancha residencial que não ultrapassa a três quarteirões e mesmo assim com muitos espaços em branco, revelando o que éramos naquele ano, além do porto, uma aldeia de pescadores. Já na planta superior, datada do ano de 1880, apenas dois anos depois, o adensamento urbano apresenta um volume quase duplicado, diminuindo os espaços em branco próximo ao porto e à estação ferroviária, o que demonstra que foi em torno deste espaço de trabalho - o porto e a ferrovia, que se desenvolveu a cidade de Camocim. Por outro lado, vale destacar que já em 1879, o distrito de Barra do Camocim já se desmembrava de Granja e se transformava no município de Camocim.
Estas imagens foram usadas recentemente num documentário para mostrar a importância das estradas de ferro no desenvolvimento do Ceará, notadamente a Estrada de Ferro de Sobral para a nossa região.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
PINTO MARTINS - O AVIADOR DE CAMOCIM
Fonte: putegi.blogspot.com |
Hoje é Dia do Aviador e da Aviação. Em Camocim a relação com o pioneirismo de Pinto Martins deveria ser automática. Contudo, muita gente ainda não faz a devida correspondência do nome com o fato ocorrido em 1922, quando o camocinense Euclydes Pinto Martins, juntamente com aviadores americanos singraram os ares ligando Nova Iorque ao Rio de Janeiro, abrindo perspectivas para a aviação comercial entre as duas Américas.
Em sua memória temos o aeroporto local e o internacional de Fortaleza, a Biblioteca Municipal, uma comenda e o seu dia, 15 de abril - alusão a data do seu nascimento, além da Praça Pinto Martins onde encontra-se uma estátua de corpo inteiro e um avião-caça da Força Aérea Brasileira (FAB). São peças que vão se integrando num espaço em tempos e intenções diferentes, que vão ganhando ares de pequeno museu a céu aberto. Desta forma um dia botei na cabeça e imaginei ver este espaço de memória ampliado ao modo de um memorial e publiquei artigo neste sentido no extinto "O Literário". Reproduzo e repito a ideia novamente:
[...] a proposta é deveras simples e pode ser executada com recursos do IPTU. Trata-se de construir no perímetro da Praça Pinto Martins (já aproveitando a Estátua de Pinto Martins e o Avião) um memorial a céu aberto (como gostam os aviadores). Constará de [...] colunas distribuídas por toda a praça. A cada coluna será afixada uma placa de acrílico (ou outro material) contendo a reprodução de uma obra de arte e um texto resumo de artistas e escritores locais sobre o "Voo de Pinto Martins". Sugiro logo os nomes. Para escrever a saga do voo. Convidem: Raimundo Silva Cavalcante, Artur Queirós, Valmir Rocha, Cardeal, Sotero, Inácio Santos, Avelar Santos, Fernando Veras e Aradi Silva. Para pintar a saga do voo, convidem: Totõe, Mauro Viana, Eglauber, Kadal, Francisco Carlos, Eduardo, Catarina, Batista Senna e mais três revelações do último salão de artes. Encimando cada coluna uma miniatura do biplano Sampaio Correia feita por Romilson Lopes. Para finalizar, promover uma revitalização em torno da estátua de Pinto Martins, iluminando-a e ajardinando o pedestal, além de colocar placas comemorativas. Claro que outros artistas e escritores poderão participar deste projeto e melhorá-lo com outras sugestões. Feito isto teríamos uma sala de aula ao ar livre onde os professores poderiam levar seus alunos para conhecerem a história da genialidade de Pinto Martins, além de um ponto turístico de qualidade".
Como se diz hoje: fica a dica!
terça-feira, 7 de outubro de 2014
CAMOCIM E AS ELEIÇÕES Á BICO DE PENA
Passada a
primeira etapa das eleições de 2014, cada vez mais a tecnologia toma conta do
embate eleitoral. No mesmo dia temos os resultados das urnas e vitoriosos e derrotados
não são expostos à uma tensão maior de espera dos seus esforços de campanha. Os
eleitores já estão sendo identificados pela biometria diminuindo sensivelmente
as fraudes. Mas, nem sempre foi assim. Sou do tempo em que a vitória ou a
derrota dos partidos e candidatos só era conhecida após três dias, no caso de
Camocim. A central de apuração era no então prédio do INPS e a contagem era
feita voto a voto, nas cédulas de papel, e as diferenças transmitidas por meio
de bilhetes jogados do alto para a população que se aglomerava nas imediações
ou então pelos informes dos repórteres das rádios ligadas aos grupos políticos Cara Preta e Fundo Mole - Radio União e Pinto Martins, respectivamente. Quando
um partido se distanciava na contagem, o desânimo tomava conta dos radialistas
do partido que estava perdendo e as atualizações dos resultados para estes, eram
um verdadeiro calvário a ponto de desistirem antes de finda a apuração. Mas se
voltarmos ao inicio do século XX, as eleições não tinham essa exploração
midiática. Os resultados eram praticamente feitos nas alcovas das repartições
públicas, à bico de pena, como se dizia antigamente, por pessoas ligadas ao
partido que estava no poder. Embora com caráter anedótico, o jornal A Esquerda de Fortaleza de 1928, traz um
episódio escrito na coluna Respingos,
assinada por um certo H.M, que ilustra
bem como foi decidido os destinos políticos de Camocim naquele ano, mas que
serve para qualquer lugar. Diz o nosso colunista:
- Senhor
coronel o homem foi derrotado barbaramente: gemeu o escriba.
-Quantos votos a mais?
-Duzentos, afora as cédulas rasgadas.
-E você fez o que seu palerma.
- O que pude. O pessoal do cemitério votou todo, mas
falta ainda gente e a cabeça não ajudou.
- Tolice homem. Vamos. Escreva lá: João Silva.
- Já votou: Tartamudeou
o outro.
- Pancrácio Pimenta.
- Serve.
Os nomes sucederam-se numa cantilena
monótona até de manhã quando o coronel inquiriu:
- Uns dois,
- Ponha lá!
- Não posso mais estou com a munheca dormente.
O coronel escreveu os nomes restantes e o candidato
situacionista foi eleito...
Se pudessem, com certeza ainda haveria políticos que
usariam deste expediente.
Fonte: Jornal A Esquerda. Fortaleza-CE. 31 de julho de 1929, ed. 91, p.6.
sábado, 27 de setembro de 2014
IV SC 07 - O FAROL DO CAMOCIM ANTIGO
Farol Trapiá - Camocim-Ce. 1968. Fonte: Marinha do Brasil |
Esse era o nosso antigo farol, o sinalizador para uma chegada segura ao nosso porto e à nossa cidade via Oceano Atlântico. No final dos anos 1960, no entanto, a sólida casa do faroleiro que ficava ao lado, já estava em ruínas. Muitas histórias são contadas desse lugar ermo do Camocim de então que chegaram inclusive às páginas da literatura através da pena irretocável do nosso escritor maior Carlos Cardeal. Histórias de amores secretos e outros nem tanto, de assassinatos e até de assombrações aliados às lendas indígenas fizeram deste local, um ponto exótico e até maldito. É só conversar com moradores e pescadores mais velhos que eles sempre terão uma história para contar sobre o nosso antigo farol. Hoje, no entanto, a força dessas histórias e lendas vão perdendo sua força. No local, um outro farol foi construído e é mantido pela Marinha do Brasil, guiando ao abrigo do continente nossos bravos navegantes.
terça-feira, 23 de setembro de 2014
IV SC 06 - O LIVRO DIDÁTICO DE CAMOCIM
Capa do Livro Historiando Camocim. Autor: Luis Carlos Lima. Foto: Robervaldo Monteiro |
Inicialmente,
gostaríamos de pedir licença aos leitores para publicarmos algo relacionado á
nossa pessoa, posto que a intenção do blog é registrar e interpretar fatos da
história de Camocim. Todavia, o assunto de hoje acaba por conter essas duas
dimensões e ficou impossível não falar de um projeto que acalentamos durante
muito tempo e que agora vem à lume. Trata-se do Projeto Historiando Camocim que
tem como finalidade maior a elaboração de um livro didático sobre a História de
Camocim. Efetivamente, amanhã, 24 de setembro de 2014, na 4ª CREDE, a partir
das 8:00h, estaremos prestando contas desse projeto junto aos professores de
história da rede municipal de ensino, gestores e demais autoridades,
apresentando e entregando o resultado final em sua primeira versão. No entanto,
é preciso historicizar um pouco este momento. Depois de algumas tentativas
frustradas junto a quem de direito em tempos passados, apresentamos nosso
projeto à atual administração através da Secretaria da Educação que de pronto
sinalizou positivamente. Feitos os procedimentos burocráticos, lançamo-nos na
formação da equipe e durante oito meses de trabalho, chegamos a uma versão
final do que será o protótipo do livro
que será publicado e utilizado nas escolas municipais no próximo ano. Aliado a
este trabalho, realizamos três encontros de formação com os professores da rede
municipal no sentido de trocarmos ideias, receber sugestões e construirmos
coletivamente o produto. Foram momentos ricos e interativos. Ainda teremos dois
meses pela frente para fazermos os ajustes e detalhes finais, próprios da
elaboração de qualquer obra literária. Voltando ao livro, o mesmo constará
ainda de um Manual do Professor para auxiliar e orientar os docentes no
desenvolvimento dos conteúdos. Por falar em conteúdo, a obra constará de seis
capítulos a saber: Capítulo Primeiro - Origens Históricas; Capítulo Segundo - Estrutura
Administrativa e Política; Capítulo Terceiro - Economia e Trabalho; Capítulo
Quarto - Cotidiano e Cultura; Capítulo Quinto - Educação e Religião e Capítulo
Sexto - Patrimônio Histórico e Cultural. Um aviso: este é apenas um livro e,
por ser didático e destinar-se ao público específico do Ensino Fundamental II,
tem suas limitações de conteúdo e espaço. Temos consciência de que muito da
nossa história não foi contemplado por estes motivos. Portanto, aos professores
deve servir, antes de tudo como mais um recurso para suas aulas, como ponto de
partida para a descoberta e construção de outras histórias. Por fim,
agradecemos a todos que contribuíram de alguma forma para que chegássemos ao
intento pretendido e podermos dizer que finalmente Camocim tem seu livro
didático.
sábado, 20 de setembro de 2014
IV SC 05 - PATRIMÔNIO FERRO PORTUÁRIO DE CAMOCIM - ÁREA DE PROTEÇÃO
Memorial descritivo de um imóvel situado na Esplanada
de Camocim, Centro, no município de Camocim, pertencente ao acervo da Rede
Ferroviária S.A.- RFFSA (extinta), patrimônio 1020008/8-000, denominado
Esplanada Camocim, registrado no Cartório André- 2° Ofício, Matrícula 1.756,
Livro 2- F, Fls. 35, de 30.06.1993, com desmembramento da área destinada
alienação através de edital, conforme planta de situação em anexo, cujas confrontações são as seguintes:
Ao Norte (Frente):
Segmento 1-16, mede 36,00m, limita-se com a Praça Vicente Aguiar (anteriormente
denominada 7 de Setembro); Segmento 14-15, mede 238,00m, limita-se com a Rua
General Tibúrcio;
Ao Sul (Fundos):
Segmento 9-10, mede 29,00; limita-se com a área a ser desmembrada, pertence a
RFFSA; Segmento 11-12, a
Rua Boa Vista (Bairro Salgadinho).
Ao Leste (Lado
Direito): Segmento 1-2, mede 70,00m, Segmento 4-5, mede 16,00m, Segmento 5-6,
mede 35,00m, segmento 6-7, mede 5,50m, Segmento 7-8, mede 81,00m, limita-se
coma Rua dos Coqueiros e Segmento 10-11, mede 214,00m, limita-se com a área a
ser desmembrada, pertencente a RFFSA.
Ao Oeste (Lado
Esquerdo): Segmento 12-13, mede 22, 00m, Segmento 13-14, mede 160,00m,
limita-se com a Rua 24 de maio.
No terreno encontram-se erigidas as seguintes
edificações:
-
Estação Ferroviária de Camocim, com área
construída de 2.104,24
m² , em bom estado de conservação;
-
Residência do Diretor Geral, com área construída
de 439,87 m² ,
em regular estado de conservação;
-
Residências do Inspetor, Agente e Mestre de
Linha, com iguais áreas construídas de 194,36m² em regular estado de
conservação;
-
Galpão atrás da Estação Ferroviária, com área
construída de 393,62m², em precário estado de conservação;
-
Galpão à Esquerda da Estação Ferroviária, com
área construída de 238,76m², em ruínas;
-
Oficinas, com área construída de 3.701,84 m² , em ruínas;
-
Residência do Mestre das Oficinas, com área
construída de 235,31m², em regular estado de preservação;
-
Caldeira, com área construída de 17,94m², em
ruínas.
-
Almoxarifado com área construída de 1.005,72 m ², demolido.
Ainda segundo o documento, recomenda-se criação de um parque na área tombada. Na próxima postagem apresentaremos mais detalhes da proposta de tombamento.
Fonte para citação: Texto Base de Instrução de Tombamento. Iphan-CE, p.17.
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
IV SC 04 - MESTRE CAZUMBI E O FUTEBOL DE CAMOCIM
Antonio Pereira da Silva - Mestre Cazumbi. Foto: camocimonline.com |
Em Kimbundu, língua nativa da Angola, Cazumbi significa um
"pequeno zumbi" ou "filho de Zumbi". É nome também de uma
badalada banda de rock africana. Para nós camocinenses é sinônimo de um pequeno
grande homem que viveu sua simplicidade ao extremo. Ele foi um verdadeiro
Mestre, pois ensinou aos jovens de Camocim, o pouco e o tudo que sabia no
futebol e na música. Tenho para mim que depois que o Campo do Maguary foi
loteado pela especulação imobiliária, Cazumbi começou a morrer aos poucos. Mesmo
assim, fez do Campo do Tapete Verde sua segunda casa. Em 2007 fui entrevistá-lo
em sua casa e o encontrei lavando o uniforme do seu time. Entre lembranças,
momentos de tristeza estampados no rosto, mas também de boas gargalhadas, passamos boa parte da manhã
conversando. Na saída, uma constatação, aquele homem estava precisando de quem
conversasse com ele. Em sua homenagem reproduzimos o que escrevemos naquela
oportunidade e que está no nosso livro "Entre
o Porto e a Estação..." a ser lançado no próximo dia 24 de setembro em
Camocim:
"Antônio Pereira da Silva, o Mestre Cazumbi,
além de músico, tem uma trajetória ligada ao esporte. Hoje aposentado, ainda
tem fôlego para toda semana treinar jovens em campos de terra da periferia.
Contemporâneo de Sebastião Marques, ele fez parte de uma geração onde se
destacaram outros trabalhadores jogadores como Quebrado, Passaqui, Canoé,
Expedito leitão, Zé Olhim, Linha Fina, Zé Maria, Pepeta, dentre outros. Na
saudação de um cronista local, treinado em seus tempos de adolescente pelo
Mestre Cazumbi, constatamos a importância de seu trabalho junto à juventude
camocinense:
'... foi de tudo no futebol: chegou a ser técnico da nossa
seleção, com um desempenho razoável. Quem não passou pelas mãos do velho
Cazumba? Acho que toda garotada teve suas primeiras noções de jogar bola com o
‘Guerreiro’. (...) mas já não tem a mesma garra de outrora, porém continua
sendo um grande exemplo de desportista para os jovens.' [1]
Mesmo no alto de seus
76 anos, quase cego e sem poder andar muito, ainda vamos encontrar o Mestre Cazumbi
tocando sua tuba nos eventos religiosos e festivos da cidade. Duas ou três
vezes na semana, leva seu material de treino para o campo do Tapete Verde para
não deixar o time do Maguary morrer. Mesmo sem o reconhecimento e apoio das
entidades esportivas locais, ele continua sendo aquele tipo de pessoa que
deixou o esporte entranhar nas veias, sendo o faz-tudo do seu time: dono,
treinador e roupeiro."
Ao Mestre Cazumbi, com
carinho... descanse em paz!
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
IV SC 03 - O PATRIMÔNIO FERRO´PORTUÁRIO DE CAMOCIM
domingo, 7 de setembro de 2014
IV SC 02 - OS DESFILES DE 7 DE SETEMBRO EM CAMOCIM
terça-feira, 2 de setembro de 2014
IV SC 01 - O ABASTECIMENTO D'ÁGUA DE CAMOCIM
Jornal Brazil Livre. Agosto de 1925. Sobral-CE. |
Desde 1925 que a Prefeitura de Camocim procurava dotar a cidade de um sistema de abastecimento de água.
O ano era 1925. O prefeito, Francisco Nelson Pessoa Chaves. A notícia era a publicação da Lei Nº 100, de 20 de agosto de 1925. Por esta lei, a administração municipal aprovava e ampliava o contrato de abastecimento d'água da cidade com o concessionário Manoel Pinto Filho. Aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito, a tal lei privilegiava o tal concessionário ou empresa desde que os mesmos organizassem o abastecimento d'água, inclusive do porto, o que demonstra a importância desse espaço de trabalho para a cidade. Interessante notar nesta lei a dispensa de caução por parte do concessionário, desde que o material usado para o abastecimento d'água não pudesse "ser transferido definitivamente a ninguém sem assistência do município". Este fragmento da lei dá pistas sobre um primeiro tipo de sistema de abastecimento, embora que a publicidade da lei no jornal sobralense Brazil Livre não ofereça mais detalhes sobre como o mesmo era feito, como por exemplo, se a água era encanada. Como se sabe, o abastecimento d'água dessa forma e mais abrangente, ligado ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) só foi implantado no começo dos anos 1960. De qualquer forma, a publicação dessa lei mostra que a preocupação com o abastecimento d'água é antigo.
IV SETEMBRO CAMOCIM
Logomarca do Projeto Historiando Camocim. Acervo do blog. |
Caros amigos internautas e leitores do blog CAMOCIM POTE DE HISTÓRIAS, é com muita honra e orgulho que chegamos ao IV SETEMBRO CAMOCIM, um encarte anual de postagens que fazemos por ocasião do mês de aniversário de emancipação política do nosso município. Durante todo o mês publicaremos postagens inéditas sobre a história de Camocim, sempre com o intento de subsidiar as pesquisas acadêmicas e escolares dos nossos conterrâneos e amigos leitores do blog, além de fornecer sempre um fragmento da nossa rica história. Neste setembro, afora essa seção do blog, como historiador ainda ofereceremos dois produtos, frutos das nossas pesquisas. Primeiro, será a entrega da pesquisa do Projeto Historiando Camocim sobre a história local em forma de livro didático, que a Prefeitura Municipal de Camocim pretende adotar no currículo escolar do Ensino Fundamental II em 2015. Estamos finalizando o trabalho e breve entregaremos para publicação. O segundo será o lançamento do livro "Entre o porto e a estação: cotidiano e cultura dos trabalhadores urbanos de Camocim-CE. 1920-1970." A referida obra é o resultado de nossa tese de doutorado defendida em 2008 na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), publicada pela Edições INESP/Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Breve estaremos divulgando a data do evento onde serão apresentados estes produtos para a comunidade camocinense.
Capa do livro "Entre o porto e a estação...". Acervo do blog. |
Voltando à seção acima referida, a apresentação será a mesma das anteriores. Antes do título de cada postagem teremos a expressão IV SC e o número correspondente á postagem. Feliz aniversário para Camocim em seus 135 anos de emancipação política.
sábado, 23 de agosto de 2014
OS ESTRANGEIROS EM CAMOCIM. OS AMERICANOS
Continuando nossa série sobre a presença de estrangeiros em Camocim, hoje apresentaremos os americanos. Esse contato direto e indireto começa com as exportações de algodão e borracha através do nosso porto, no chamado "esforço de guerra", contexto da Primeira
Guerra Mundial. Sintomaticamente, é no entre-guerras que se dá o boom econômico e cultural da cidade. Já na Segunda Guerra Mundial, os americanos cogitaram instalar em Camocim um Posto de Comando, que afinal se fixou em Fortaleza, visto que a capital proporcionava melhores condições logísticas. No entanto, uma pequena base militar foi construída como ponto de apoio para as manobras militares, abrigando um grupo de militares americanos. Contudo, a
maior estrutura logística da capital, Fortaleza, suplantou a vantagem
geográfica que Camocim apresentava com relação à distância atlântica do Brasil
entre a Europa e África.[1]
Base americana em Camocim. Acervo do blog. |
Por outro lado, a presença dos americanos entre nós pode ser percebida pelas lembranças de antigos moradores. Segundo o Sr. Antônio de Albuquerque Sousa Filho, a cidade “se tornou
ponto estratégico importante, atraindo soldados norte-americanos e com uma base
onde chegaram a atracar Zepelins”. Em suas memórias, o antigo morador salienta um clima de colaboração entre os soldados americanos e a população local, no que se referei às trocas gastronômicas,
cuja novidade eram “as saladas de frutas em lata que os americanos distribuíam
com as famílias da cidade, que por sua vez lhes presenteavam bolos”.[2]
Relembrando os escritos do imortal Arthur Queirós, a presença de celebridades americanas, mesmo que por algumas horas em solo camocinense, que cruzavam o Atlântico, nas frequentes paradas dos aviões da Panair, era um programa imperdível para os locais que tinham acesso. "Transitaram por Camocim, portanto, muitos
notáveis, gente importante, do que mencionamos os artistas Henry Fonda (...)
Greta Garbo, por aqui esteve por duas vezes, na última em 1943, exibindo-se
para soldados e oficiais americanos aqui destacados, na Base Militar de apoio
da segunda guerra mundial, que aqui construíram (...) transitaram ainda, Buck
Jones, George O’Brien, Charles Starret, Sonja Henie e muitos outros... Dona
Darcy Vargas, esposa do grande Presidente Vargas, por aqui transitou com
destino à Norte América, ocasião em que muito aplaudida foi, pelos
camocinenses. [3]
Outros americanos chegaram a habitar entre nós, notadamente missionários protestantes como Orlando Boyer e Mister Paul, dentre outros. É possível a existência de muitos outros em nossa longa história. Por hora, são estes que vem na nossa lembrança e que constam de nossos registros.
[1] Descartada
a proposta de um posto de comando, um pequeno número de soldados americanos foi
destacado para Camocim para dar suporte a alguma manobra. Os mesmos ficaram
abrigados numa pequena base militar construída para tal fim e nos hotéis da
cidade. Informações prestadas pelo memorialista Artur Queirós.
[2]
FILHO, Antônio de Albuquerque Sousa. Camocim do meu tempo.
p.2.
[3] QUEIRÓS, Arthur. Idem.
domingo, 17 de agosto de 2014
O ENGENHO PERDIDO DE GRANJA ( OU CAMOCIM?)
Engenho dos Gouveias. Foto: Emanoel Reis |
Esta postagem mostra como os leitores podem colaborar com nossa árdua tarefa de mostrar as coisas de Camocim, seja da cidade ou da zona rural. Recebo e repasso para todos um "achado" do nosso leitor Emanoel Reis. Trata-se das ruínas do que fora um antigo engenho de cana-de-açúcar localizado no povoado de Lusitânia, zona oeste de nosso município. Segundo o leitor que nos enviou várias fotos do local e uma descrição, o engenho funcionava numa "área de um grande latifúndio pertencente a família dos ''Gouveias''. Logo associei uma coisa na outra, aquele engenho pertencia a família dos ''Gouveias'' [...] depois conversei sobre o engenho com um ex-morador da região, que tem 85 anos, perguntei-lhe se ele sabia aproximadamente quantos anos tinha aquela construção, ele respondeu que sua família chegou naquela região em 1919 e seus pais relatavam que em 1919 já estava desativado [...]Conversei com outros moradores antigos, mas nenhum pode dar uma resposta conclusiva sobre a idade daquela construção, pois ela é mais antiga, que os pais dos moradores mas antigos, acredito eu que a idade cronológica daquele engenho coincida com o fim do Brasil colonial, imperial e a escravidão, mas até agora não tenho uma fonte contundente para afirmar que existiram escravos. Outra coisa que descobri, é que aquele lugar era habitado por indígenas (Tapuios), e tinha o nome de "Tarraco'', mas com a colonização dos Gouveias, por meio da extração da madeira, monocultura e posteriormente da criação extensiva do gado, excluindo os indígenas do seu projeto de povoamento, o lugar passou a se chamar ''Lusitânia'', nome de origem Portuguesa".
Como se pode concluir, outras histórias poderão complementar a descoberta do nosso leitor. O fato de um engenho encravado no interior do município já revela uma proibição colonial, ou seja, plantar cana-de-açúcar próxima do litoral, além de confirmar a existência de terras férteis para a cultura da cana (massapê) em nosso município a ponto de justificar o funcionamento do engenho. Quando tivermos mais informações sobre este tema, voltaremos ao assunto.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
OS ESTRANGEIROS EM CAMOCIM. OS INGLESES
Fonte: http://blog.liverpoolmuseums.org.uk/2007/12/maritime-tales-escape-to-the-sun/ |
Quando os marinheiros ingleses aportavam por aqui, gostavam de comprar macaquinhos e periquitos. O Sr. Euclides Negreiros em depoimento nos disse: “Quando eu era menino, subia nos navios para vender
laranjas e soins para os marinheiros ingleses (...) eu pegava os macaquinhos,
dava de comer e amansava para vender prá eles”.[1]. Mas os ingleses não foram somente compradores de espécimes da nossa fauna. Os mesmos estiveram aqui quando da construção da Estrada de Ferro de Sobral. Acharam bom o negócio que depois uma firma inglesa arrendou a ferrovia através da The South American Railway Construction Company Limited, entre 1910 a 1915.[2].
No entanto, a presença inglesa não ficou por aí. Nos anos 1940 a Booth Line, empresa de navegação, explorou no Porto de Camocim o serviço de alvarengas,embarcações que faziam o serviço de embarque e desembarque dos navios em alto mar. À época, dizia-se que o porto de Camocim não tinha condições de receber os navios, até que o comandante do Navio Aratanha em 1946 pôs por água abaixo essa mentira que durou mais de uma década, a qual era reiterada pelo prático da barra e a empresa inglesa, mas essa é uma história controversa que merece ainda ser melhor apurada.
No entanto, a presença inglesa não ficou por aí. Nos anos 1940 a Booth Line, empresa de navegação, explorou no Porto de Camocim o serviço de alvarengas,embarcações que faziam o serviço de embarque e desembarque dos navios em alto mar. À época, dizia-se que o porto de Camocim não tinha condições de receber os navios, até que o comandante do Navio Aratanha em 1946 pôs por água abaixo essa mentira que durou mais de uma década, a qual era reiterada pelo prático da barra e a empresa inglesa, mas essa é uma história controversa que merece ainda ser melhor apurada.
Notas:
[1] Soim é um
pequeno macaco muito comum no território brasileiro. Entrevista com o Sr.
Euclides Negreiros, marinheiro, 90 anos. 24 de abril de 2007. Camocim-CE.
[2] Para saber
mais sobre a construção e o arrendamento da ferrovia, ver: OLIVEIRA, André
Frota de. A Estrada de Ferro de Sobral. Fortaleza:
Expressão Gráfica e Editora Ltda, 1994.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
OS ESTRANGEIROS EM CAMOCIM. OS HOLANDESES
Ocupação Holandesa no Ceará. Século XVII. |
Os holandeses dominaram o que se chama hoje de nordeste na primeira metade do século XVII. De 1630 e 1654, através da Companhia das Índias Ocidentais, os objetivos dos mesmos eram controlar a região produtora de cana-de-açúcar, além de, explorar a terra em busca de outras riquezas.
Neste sentido,os holandeses exploraram bastante a região do rio Camocim a ponto de terem erguido uma fortificação para melhor proteção de suas explorações na embocadura do rio, próximo à atual Granja,além de um outro em Jericoacoara.Depois que o Conde Maurício de Nassau se instalou em Pernambuco mandou missões de reconhecimento ao Ceará para sondagem de suas potencialidades econômicas. Desta forma, Gedeon Morris confirmou a existência de boa quantidade de sal, âmbar gris e do pau violeta (tatajuba). O explorador holandês ainda fez referências a existência de 30 tribos tapuias e da excelência do porto para as atividades de carregamento de navios. Nas palavras da historiadora Rita Kromemem constata-se: "A expedição para
Camocim valeu a pena. Gedeon Morris encontrou outra salina rendosa, distante da
costa apenas 1700 passos. O porto prestava-se também ao carregamento de navios.
Por outro lado, viviam nos arredores 30 tribos tapuias, das quais apenas dez
eram aliadas aos holandeses. Por isso queria o zelandês (sic!) ir ao interior
da região, a fim de atrair mais índios para os seus homens através de atitudes
humanas e de bom tratamento. Também não esqueceu de preparar uma determinada
quantidade de madeira corante para exportação.(KROMEMEN, Rita. Mathias Beck e a Cia. das Índias Ocidentais. O domínio holandês no Ceará colonial. Fortaleza: UFC, 1997, p. 56).
Por outro lado, a presença de holandeses na região pode ser atestada pelos registros após a Guerra da Restauração que expulsou os mesmos de Pernambuco com os índios que lhe eram aliados. Referindo-se à crônica da guerra, o historiador Ronaldo Vainfas assinala: "Outro chefe
notável do chamado “partido holandês”, entre os potiguaras, foi Antônio
Paraopaba, guerreiro afamado, responsável por várias vitórias holandesas na
fase do domínio holandês contra os restauradores de 1645. Foi um dos chefes dos
massacres perpetrados pelos holandeses em Cunhaú e Uruaçu, no Rio Grande, em
1645, respectivamente em julho e outubro, e comandante da retirada dos índios
para a Serra da Ibiapaba, no Ceará, depois da derrota holandesa de 1654.(VAINFAS, Ronaldo. Traição. Companhia das Letras, 2008).
A presença holandesa no Ceará será retratada em documentário num projeto denominado Neerlandeses Missão em Terras Alencarinas sob a direção do jornalista Roberto Bomfim trazendo depoimentos de historiadores e moradores das localidades visitadas pelos holandeses de então.
Fonte da foto:http://cearaemfotos.blogspot.com.br/2011/05/ocupacao-holandesa-no-ceara.html
domingo, 13 de julho de 2014
OS ESTRANGEIROS EM CAMOCIM. OS FRANCESES
Praia das Barreiras. Fonte:www.groupon.com.br |
Uma cidade que se ergue à beira do mar, ao redor de um porto tende a ser uma porta aberta para a chegada e fixação de estrangeiros e aventureiros que, talvez, por "serem de fora", enxergam no lugar outras possibilidades e belezas que os nativos, habituados com a paisagem diária, não percebem. Iniciamos, portanto, uma série de postagens onde destacaremos as passagens de estrangeiros por Camocim, analisando suas contribuições para a formação da cidade ou apenas simples e efêmeros momentos que aqui desfrutaram. Começaremos, até por uma questão cronológica, pelos franceses.O processo de colonização da Capitania do Ceará pelos portugueses, como se sabe, se deu tardiamente. Essa demora, permitiu que outros navegantes explorassem nossa costa, como os franceses o fizeram. Quando os portugueses deram por si, sobre a possibilidade de perderem esta parte do território no começo do século XVII e enviaram a expedição de Pero Coelho em 1604 para a expulsão dos franceses da Ibiapaba, há muito os mesmos já negociavam com os índios as chamadas "espécimes de fauna e flora" da região. Por conta desse contato, os franceses quase sempre tinham a simpatia e a aliança das tribos indígenas e de seus "maiorais" (como eram chamados seus líderes) nas guerras de ocupação contra portugueses e holandeses.Os franceses, portanto, exploraram bastante o comércio com os índios Tabajaras da Ibiapaba usando o rio Camocim ou rio da Cruz (atualmente Coreaú) e logicamente fazendo essa rota conhecida em seus documentos náuticos e históricos. Como vimos acima, a expedição de Pero Coelho de 1604 acaba por expulsar os franceses da Ibiapaba iniciando efetivamente a colonização portuguesa na região.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
FAROL DO TRAPIÁ - O FAROL DE CAMOCIM
Marinheiros
fazendo manutenção no Farol do Trapiá. Camocim-CE. |
As primeiras referências do farol de Camocim chegaram a mim como Farol do Trapiá lendo a obra do escritor
imortal Carlos Cardeal no romance "Terra e Mar". Depois, num
trabalho da faculdade no final dos anos 1980, uma colega camocinense me
apresentou uma foto do referido farol que me ficou na lembrança. Mais
recentemente, algumas pessoas nas redes sociais fizeram referência ao atual
farol como uma construção sem nenhum atrativo arquitetônico, fazendo comparação
com um antigo farol erguido na praia do mesmo nome. Independente da importância
maior que um farol tem para os navegantes, para nossos irmãos pescadores que é
sinalizar a entrada da nossa barra, fui atrás de fotos da antiga construção e
acionei o acervo da Marinha
do Brasil através
do meu irmão Suboficial(HN)Luís
Carlos Pereira dos Santos. O resultado será mostrado nesta e futuras
postagens. Na foto, observamos marinheiros fazendo serviço de manutenção no
farol tendo ao lado uma construção sólida de uma casa, provavelmente para
morada do faroleiro