domingo, 27 de março de 2011

O COCO DE PRAIA DE CAMOCIM


O Coco de Praia de Camocim foi um folguedo cantado e dançado por trabalhadores camocinenses, principalmente pegadores de caranguejo, salineiros, portuários e estivadores. Não mais é executado e a tradição oral dessa festa parece ter se perdido. Na época em que o SESI – Serviço Social da Indústria atuava em Camocim mais fortemente, nas décadas de 1970 e 1980, o grupo folclórico do coco recebia atenção e se apresentava em suas dependências e outros locais públicos. Com o fechamento do SESI, mais um crime cometido contra a população com o a conivência das autoridades locais, boa parte do exercício das nossas potencialidades esportivas e culturasi ta,bém se foram. A Sra. Margarida Vieira, ex-agente do SESI em Camocim ainda relembra sobre o grupo:

“Foi em 1986 que o SESI com o propósito de resgatar a cultura em Camocim criar um grupo de homens (...) para formar a ‘Dança do Coco’. O grupo era composto de 16 homens, pois teríamos 2 para tocar os caixões e 2 para os ganzás e o restante na roda. Os emboladores também tocavam os ganzás. A vestimenta era de algodãozinho tingido da casca do mangue ou do cajueiro para ficar uma cor marrom. Utilizavam também chapéu de palha e dançavam descalços”. [1]

Podemos perceber na fala da depoente a relação direta da Dança do Coco em Camocim com os trabalhadores, guardiães da tradição oral dessa dança, procurando na sua execução se utilizar de elementos muito próximos a sua realidade, desde aos instrumentos à vestimenta tingida com tintas de árvores da flora local. Contudo, a grande maioria deste grupo já faleceu, não passando para as gerações atuais o folguedo, além de não existir atualmente uma política pública de incentivo de práticas culturais deste tipo.

Foto: Arquivo da Sra. Margarida Vieira


[1] Entrevista com a Sra. Margarida Vieira, professora, 06 de outubro de 2007. Camocim-CE.

DEU EMPATE!

Como prometemos, vamos ao resultado do jogo entre as seleções de Sobral x Camocim, pelo Intermunicipal de Foot-ball de 1951. o jogo aconteceu no Campo da CIDAO e placar final ficou em 3 x 3. O jornal "Correio da Semana", talvez por ser um jornal voltado para a doutrina católica, não traz mais informações sobre o andamento do jogo. Vejamos um pouco do que diz a matéria: "Conforme mandam os Estatutos da Federação Cearense de Sporte (sic!)o jogo deveria ser prorrogado mais vinte minutos para a decisão final, entretanto a embaixada de Camocim, representada pelos senhores Fernando Trevia e Aniceto Rocha alegando que não desejavam mais desputar os vintes minutos, decidiu a retirada do cmpo do selecionado camocinense. Por força dos mesmos Estatutos, ficou desclassificado referido slecionado para os demais jogos. Por este motivo o selecionado sobralense ficou classificado no fogo de domingo. O jornal informa ainda que a renda somou Cr$ 11.000,00. Não sabemos o motivo que o selecionado de Camocim "tirou o time de campo", mas, suponho que tenha acontecido outros fatores que o jornal sobralense omitiu. Quem souber, comentários para a postagem.







Foto: Jornal Correio da Semana. Quarta-feira 22 de agosto de 1951, nº 43.
Arquivo NEDHIS - Núcleo de Estudos e Documentação Histórica. Curso de História /UVA.

sábado, 26 de março de 2011

SERIE MAPAS - TERRA DE SAM VICENTE


Vários cronistas e historiadores relatam a passagem do navegador espanhol Vicente Pinzon por nossa costa. O feito de Pinzon em avistar essa região antes de Cabral já é consenso na historiografia. Como se sabe, até a efetiva colonização portuguesa, a região, como salientamos na postagem anterior da Série Mapas era denominada Costa Leste e alvo constante da pirataria, face sua proximidade com o Caribe, cujo tráfego era facilitado pelas correntes marítimas que levavam as embarcações para lá com grande facilidade. Segundo os relatos de época, como o do Padre Vieira, fica se sabendo que o percurso de Pernambuco ao Maranhão era deveras facilitado por estas correntes. Já o retorno era tão penoso que foi considerado pelos portugueses um dos aspectos que apresentaram maior dificuldade na nascente tarefa de colonizar as "capitanias setentrionais, somado à presença constante de piratas e à inaceitabilidade dos grupos indígenas". O mapa em destaque é datado do início do século XVI atribuído a Lopo Homem, Pedro Reinel e Jorge Reinel e faz referência à nossa região, além de fazer parte das várias denominações que nosso atual Rio Coreaú recebeu nas mais diversas cartas náuticas e mapas. Deve-se levar em conta que, àquela época, não tínhamos os instrumentos de precisão que temos hoje e, muitos mapas eram atualizados pelos relatos de navegadores. Seguimos então a fonte do nosso estudo para chegarmos ao ponto que queremos, isto é, mostrar mais uma denominação que nosso rio recebeu ao longo dos tempos:
Nesta carta, de 1519, o litoral apresenta um minucioso detalhamento que só poderia ser executado mediante diversas explorações na costa. Nela está discriminada como Terra de Sam Vicente a costa entre os rios Parnaíba e Timonha, aproximadamente os limites atuais do litoral do Piauí. Segundo a análise de Pompeu Sobrinho (1980) a alusão à Terra de Sam Vicente nessa região também aparece nos mapas de Alonso de Santa Cruz, de 1542; no de Diogo Homem, de 1558; e no de Fernão Vaz Dourado, realizado entre 1568 e 1580. No mapa de Diogo Ribeiro (1529) aparece um “R de Uicente Pison” que Pompeu Sobrinho (1980, p. 181) identifica como o rio Camocim (Coreaú) ou Parnaíba. No mapa de Bussemacher (1598) vê-se um “R. de S. Vincente Pincon”, após o rio Amazonas.

Fonte: Mapa e citações: CAP III - Histórias do Pescador,dos Cacos e dos Antigos Cronistas, publciado em www.ufpi.br.

sexta-feira, 25 de março de 2011

DOMINGO TEM FUTEBOL

O futebol era o grande divertimento do camocinense nas últimas décadas so século XX. A reportagem ao lado é de 18 de agosto de 1951 e reporta-se a uma chamada da partida pelo Intermunicipal daquele ano (19/07/1951). No livro "Outros Tempos" de Franciso de Sousa Trévia, algumas crônicas se reportam aos tempos áureos em que nosso selecionado brilhava nos campos do Estado do Ceará. Para mim, quando criança, a chegada do domingo era diversão certa que meu pai se permitia a me proporcionar, levando-me ao Estádio Fernando Trévia para conferir os amistosos da seleção e de nossos times, especialmente, Maguary, Cruzeiro e Santos. Não alcancei o tempo que existiu o Paraná ou o Flamengo, mas, acredito que muito camocinense "engoliu" poeira torcendo por nossos times. Voltando à matéria, o jornal sobralense "Correio da Semana", tece vários eleogios ao selecionado camocinense criando uma expectativa positiva sobre este clássico do futebol de outrora. Digo, outrora, porque parece-me que o futebol daquela época mostrava tanto o seu lado romântico como a abnegação de dirigentes como Fernando Trévia, hoje tão vilipendiado e cheio de interesses outros. Para quem quiser saber do resultado dessa partida assim como os desdobramentos, domingo, estaremos repassando no blog.

Foto: Jornal Correio da Semana. 18 de agosto de 1951, nº 42.
Arquivo: NEDHIS - Núcleo de Estudos e Documentação Histórica. Curso de História /UVA.

quinta-feira, 24 de março de 2011

TERRA DOS TREMEMBÉS - SÉRIE MAPAS



A IGREJINHA DE SÃO FRANCISCO


A religião, sem dúvida é uma expressão de um povo e mostra suas relações com o espiritual, o sobrenatural, o metafísico, etc. O culto à São Francisco na tradição católica espelha bem a popularidade de um homem que se fez santo, deu exemplos de integridade e santidade à própria cúpula da Igreja e, talvez por isso seja um dos santos católicos mais venerados e cultuados do mundo. Venerado, entre os mais pobres, até pelo seu exemplo de vida e sofrimento, São Francisco de Assis é também o santo das causas ecológicas, tema da Campanha da Fraternidade neste ano. Em Camocim não é diferente. Os festejos de São Francisco superam os dos padroeiros da cidade: Bom Jesus dos Navegantes e São Pedro

segunda-feira, 21 de março de 2011

VIVA O VERDE!

No texto de apresentação da Campanha da Fraternidade deste ano está escrito: Em 2011 estaremos falando sobre meio ambiente, a gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas – causas e conseqüências. Tema: Fraternidade e a Vida no Planeta; Lema "A Criação Geme em Dores de parto", (Rm 8,22). Não há como não se dar conta que esta campanha está ligada a Campanha de 2010, ora o fator econômico não esta relacionado à situação de nosso planeta hoje? Somos todos moradores de uma mesma casa, gostando disso ou não estamos interligados. Não há como simplesmente virar as costas e não se importar, afinal se ocorresse uma catástrofe a nível global para onde iríamos? Aquecimento global, mudanças geológicas nada mais é do que reações as nossas ações. (...) Esta campanha não é uma utopia e sim um alerta de que atitudes devem ser tomadas, não por uma minoria, mas por um todo, este planeta é nossa casa, precisamos ser fraternos, gerar ações que nos levem ao bem comum. Neste sentido, se cada um fizer sua parte, o planeta poderá se salvar de uma grande hecatombe. A propósito, remexendo no meu baú de lembranças, encontro a foto acima que me remete ao ano de 1991-2 quando comecei minha carreira no magistério na Escola General Campos. Como tinha que completar minha carga horária com a disciplina de História, sugeri então à então diretora Cleide Santos a implantação da disciplina Ecologia. Ela aceitou de pronto e então, muito rudimentarmente comecei a repassar para os alunos noções de preservação do meio-ambiente, muito influenciado por minha formação em Técnico em Agropecuária na Escola Agrícola de Granja. Foram apenas um ou dois semestres, mas foi dado um primeiro passo. Apresentamos parte deste trabalho no desfile do 7 de setembro de 1992, como sugere a foto. No ano seguinte, o grupo de professores foi "trocado" por outro para atender as motivações políticas. Não sei se existe ainda essa disciplina específica nessa escola ou se a ecologia é ministrada de maneira transversal, mas, foi naquele momento a minha modesta contribuição para aqueles alunos ávidos de saber. Por outro lado, entendo que a solução deste problema passa prioritariamente pela educação.

Foto: Arquivo do blog.

A BALAUSTRADA DE CAMOCIM

Tal qual os Países Baixos que ganham terras ao mar elevando seus diques, pouca gente sabe que boa parte da área urbana de Camocim foi subtraída do leito do Rio Coreaú. Segundo os mais velhos, nas marés altas, as espumas do rio lambiam o que hoje é o Mercado Público, formando lagoas. Hoje, quando passeamos na Avenida Beira-Mar, não nos damos conta do esforço e do custo demandado para se construir aquele paredão, depois emoldurado com uma bela balaustrada, segundo dizem, feita na administração de Setembrino Veras (1951-1954). Com a falta de manutenção, a mesma foi caindo paulatinamente, ficando apenas o paredão. A balaustrada foi reconstruída totalmente na administração Murilo Rocha Aguiar Filho (1989-1992), que, com algumas reformas, é a que permanece até hoje. Contudo, é preciso recuar no tempo para localizarmos melhor a história dessa construção, como sugere a foto que ilustra esta postagem, além de outras referentes ao Camocim antigo. Desta forma, o histórico dessa construção remonta à década de 1920, posto que, na recepção à Pinto Martins, quando do seu voo pioneiro New York - Rio de Janeiro em 1922, o paredão vinha até onde hoje se localiza o prédio do Sr. Arthur Queirós, conforme a foto que ilustra a capa do livro "Flamengas e Boqueirões" do radialista Inácio Santos. Quase trinta anos depois, vamos encontrar em 03 de maio de 1949, nas Atas da Câmara Municipal de Camocim o registro do parecer da Comissão de Finanças autorizando o Executivo a abrir crédito especial "para a conclusão da Avenida Beira-Mar, nesta cidade". O valor do tal crédito era de Cr$ 15.000,00 e o Projeto 07/49, era de autoria do então vereador Fernando Trévia. O prefeito da época era Francisco Ottoni Coelho (1948-1950).

Foto: Arquivo do blog

sexta-feira, 18 de março de 2011

OUTROS TEMPOS - O LIVRO


Depois de "Janela para o passado", José Maria Sousa Trévia nos brinda com seu segundo livro "Outros Tempos". Dono de um texto limpo e escorreito, o autor nos faz transportar para o Camocim de outrora como se estivéssemos vendo um filme e participando dele. O primeiro livro foi de muita utilidade para meus estudos de doutorado quando estava traçando um perfil da cidade através da literatura local. Desta vez, José Maria Sousa Trévia, a meu ver, além de expor suas reminiscências pessoais, enfoca aspectos de nossa história quando se reporta ao nosso porto, inclusive fazendo referência ao nosso trabalho Cidade Vermelha, ao Navio Aratanha, ao nosso carnaval, futebol, clubes dançantes, folclore, etc, além de esboçar uma genealogia descritiva da Família Trévia. Esperamos e rogamos que nosso conterrâneo escritor não pare e breve traga a lume mais uma obra deste jaez no sentido se suprir a lacuna na nossa literatura. Em futuros postagens exploraremos mais esta deliciosa obra. Parabéns.

Foto: Arquivo do blog.

OUTROS TEMPOS.
Autor: José Maria Sousa Trévia
Editora: Expressão Gráfica
Ano: 2010
Pág: 174.

ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE FERROVIÁRIA - ABECEDARIUS CAMOCINENSIS


Mesmo não sendo um sindicato formalmente, a Sociedade Beneficente Ferroviária possuía características parecidas, que iam desde a caixa de pecúlios à defesa dos direitos de seus associados. Com feição nitidamente mutualista, a SBF era mais uma das associações que se fundaram com esse propósito, como por exemplo, a Mutualidade Camocinense, a Cooperativa de Consumo das Classes Trabalhistas de Camocim, a Associação dos Retalhistas de Camocim (até hoje em atividade).

Salta aos olhos a longevidade deste tipo de associação. Embora mutualistas, elas ainda atraem as pessoas que vêem neste tipo de sociedade uma segurança para momentos de aflição, como a morte e apertos financeiros outros. Antes mesmo da fundação da SBF, aparece no jornal comunista “O Operário”, editado em Camocim, a notícia da criação da Caixa Auxiliadora do Pessoal da Estrada de Ferro de Sobral, com os objetivos de “concessão de empréstimos, pecúlio e instrução literaria e profissional”, assim como a composição de sua primeira diretoria. A veia crítica do editor do jornal, no entanto, não deixa passar uma observação que desnuda os objetivos da sociedade mutualista já no seu nascedouro: “N.R. Nessa directoria não figura a nome de nenhum operário. Pobre gente esquecida. Esquecida para as direcções e lembrada para entrar com o cobre”. 1 Pela questão levantada pelo editor do jornal, observa-se que este tipo de sociedade muitas vezes podia nascer da tutela de patrões, ou no caso em tela, por uma elite de funcionários dentro da hierarquia do funcional da Estrada de Ferro de Sobral.

Fundada em 23 de julho de 1932, a SBF congregava os mais diversos tipos de funcionários da ferrovia, do engenheiro ao aprendiz que pagavam cotas diferentes e abrangia toda a extensão da Estrada de Ferro de Sobral, de Camocim a Crateús, num raio de mais de 300 quilômetros. Com sede própria, funcionava à Rua Santos Dumont e dividia o espaço de reuniões com outra agremiação, a Liga de Defesa dos Ferroviários e uma sala de aula para filhos de ferroviários, prioritariamente.

Sobreviveu ao tempo um livro de atas que vai de 1947 a 1950 e um Livro de Registro de Associados datado de 1936-39. Neste livro consta o tamanho da entidade quanto ao número de sócios. No ano de 1936 eram 275 associados. Já em 1939 esse número era quase o dobro: 486 associados, dentre estes, 60 eram esposas de sócios. 2 Vários documentos avulsos e pastas com documentação burocrática recente até os anos 1990 (recibos, contratos de locação, formulários escolares etc.) completam o acervo da SBF, hoje sob a guarda de um memorialista local. A sede foi vendida para um descendente de um dos sócios.

FOTO: Antônio Carlos P. dos Santos - 2007

1 O Operário, Anno IV, nº 68, p.3. Camocim-CE, domingo, 5 de outubro de 1930. Grifo nosso.

2 No ano de 1936 o quadro de associados apresentava trinta e cinco profissões e funções diferentes, incluindo as esposas, em número de 24. Outras profissões com seu respectivo número, para efeito de ilustração: Trabalhadores (66), Operários (59), Guarda-Freios (16), Feitor (14), Servente (13), Agente conferente (09), Maquinista e Conferente telegráfico (07 cada), Mestre de Linha, Escrevente, Agente, Guarda Estação e Pedreiros (05 cada), Escriturário, Ajudante de Trem, Servente Escriturário, Vigia, Guarda Fio (03 cada), Chefe de Trem, Bagageiro, Aposentado e Servente de Oficinas (02 cada), Engenheiro, Pagador, Servente de 1ª Classe, Ajudante de Distribuição de Material, Chefe de Depósito, Construtor, Auxiliar Técnico, Estafeta, Praticante, Guarda Chaves, Auxiliar de Armazém e Aprendiz (01 cada). SBF. Livro de Registro de Associados. 1936. Camocim-CE.

terça-feira, 15 de março de 2011

A CAPITANIA DO CAMOCIM - SÉRIE MAPAS


A partir de hoje estaremos incrementando mais um serviço no blog, isto é, mostrar como a região de Camocim já foi representada em mapas. Sabe-se que desde as primeiras décadas após o "descobrimento" do Brasil que a região era visitada por piratas e corsários franceses e holandeses e, efetivamente, por portugueses em busca de tomar posse e expulsar os estrangeiros. que traficacavam espécimes da fauna e da flora. Devido essa intensa visitação e o comércio madeira, principalmente a Tatajuba, vários mapas foram produzidos no sentido de orientar as incursões, inclusive com várias denominações. Só para citar como exemplo, nosso plácido Rio Coreaú, cujo leito assoreia-se mais a cada dia sem as dragagens devidas, já foi grafado de várias formas, dependendo do cartógrafo: Rio Camori, Camusip, Cruz, ou mesmo São Francisco, dentre vários outros. A região foi tão importante do ponto de vista estratégico e comercial, que súditos do rei português chegaram até a propor a criação de uma Capitania do Camocim. No mapa acima, aparece bem ao centro do losango central.

Texto: com informações do site: www.ufpi.br. Trabalho: Cap.III: Histórias do Pescador,
dos Cacos e dos Antigos Cronistas.

Mapa. Detalhe da Costa Leste-Oeste com referência à Camocim – “R. comoSip” (emvermelho). (SANCHES,[ca.1633]).


A CHEGADA DO CALÇAMENTO

À medida que os aglomerados urbanos vão crescendo, os problemas e as demandas vão aumentando. A antiga vila quer ter foros de cidade, a cidade quer infraestrutura básica - a energia elétrica, a escola, o posto de saúde, o mercado público, a água encanada, dentre outros serviços. Quando me entendi no mundo descobri onde habitava: uma casinha no final da Rua General Tibúrcio, sentido praia-sertão, defronte do sítio do Seu Zé Guilherme, pai do Vavá. Ao lado dela um "munturo" (a carroça do lixo ainda não passava por lá), e o areal dominava a via pública dificultando o trânsito dos poucos carros de então. Hoje, a rua chama-se de General Tibúrcio Cavalcante, que não é o mesmo da denominação inicial, fato já denunciado por mim à Câmara Municipal, mas, ninguém fez nada. Posteriormente morei na Rua Riachuelo e 24 de Maio, e a areia continuava presente para atestar a incapacidade dos administradores ou a falta de verbas para pavimentar a cidade. É isso: a pavimentação é outro serviço que serve e servia como moeda de troca eleitoral. Votem em mim que eu faço o calçamento dessa rua. Este preâmbulo é para dizer que sempre haverão demandas numa cidade e que o administrador deve prestar atenção nelas, no sentido de bem aplicar os impostos pagos pelos cidadãos que moram na cidade. Desta forma, a primeira rua de Camocim a ser pavimentada com pedra tosca foi a atual Rua Dr. João Thomé, antes Rua do Comércio, o centro da cidade de então, proporcionado pelas atividades do porto e da ferrovia. A foto mostra o flagrante de crianças diante do cavalete disciplinador, brincando na rua, agora calçada, mas, delimintando fronteiras ("Não Passe!). Representa também a prova de que a adminstração da época estava trabalhando para melhor dotar a cidade dos serviços básicos.

Foto: arquivo do blog.

domingo, 13 de março de 2011

A MULHER CAMOCINENSE


Março é o mês da mulher. A data do Dia Internacional da Mulher neste ano foi sufocada pelas folias mominas, mas, todo tempo é tempo de lembrar. Camocim tem uma tradição interessante na projeção de mulheres na sociedade. No final dos anos 1980, a então prefeita Ana Maria Veras projetou a cidade em revista de circulação nacional a então "Manchete", como a cidade das mulheres, visto que a maioria do seu secretariado eram mulheres, além de outras autoridades do município. Estaria Dilma copiando essa experiência? Brincadeiras à parte, esta tradição vem de longe. Só para exemplificar, na direção dos Correios as mulheres foram quase sempre as chefes (isso merece uma pesquisa mais aprofundada). Sinhá Trévia foi líder da célula integralista na cidade num tempo de intensa militância política em contraposição aos comunistas. Por falar nisso, quero destacar a pessoa de D. Guiomar, filha do famoso comunista Pedro Rufino, até hoje ligada as tradições comunistas. Seria impossivel relacionar todas aquelas que tiveram algum destaque, posto que mesmo anônimas as mulheres são antes de tudo, umas fortalezas. A foto que ilustra esta postagem mostra muito bem a presença destas mulheres, independente da classe social, nos acontecimentos que resultaram da tentativa de se tirar os trens de Camocim em 1950. Para terminar, duas personagens me vem à mente. Em quem Carlos Cardeal se inspirou para traçar o personagem da prostituta Rita em "Terra e Mar"? Quem teria sido o marinheiro que virou a cabeça de Amélia Carlota até o fim da vida? Ficção e realidade se misturando, uma imitando a outra e a história à espreita das duas. Bom domingo para todos.

Foto: Arquivo particular de Elda Aguiar.

AGRADECIMENTOS


A melhor recompensa para um trabalho é o reconhecimento. Não há dinheiro que pague quando alguém se refere ao seu trabalho de forma positiva, seja elogiando ou mesmo criticando, apontando falhas ou sugerindo melhoras. Neste sentido, quero agradecer a todas as pessoas que visitaram nosso blog que já ultrapassou os dois mil acessos, até de outros países. Mas, agradecer especialmente ao Ricardo Maia da Farmácia Santa Clara que me abordou no Restaurante Fortim neste carnaval nos parabenizando pela postagem "Augusto Dentista". Encontro emocionante, contudo, a casualidade me proporcionou quando passava pelas imediações do Cemitério São José quando encontrei as irmãs Salvelina e Elenita Rosendo da Cruz. Salvelina me agradeceu e foi as lágrimas recordando das lições de vida que seu pai, Veridiano Rosendo da Cruz, motivadas que foram pela postagem "A radiola da festa e da discórdia". Vejam os amigos que embora com enfoques diferentes as postagens se referiram aos pais de famílias (Veridiano e Augusto) e suas trajetórias que agoram são relembradas por este espaço. A história não é apenas o registro frio dos acontecimentos, ela mexe também com os sentimentos, a ponto de vir se constituindo como objeto de estudo dentro da historiografia. Senti-me gratificado, recompensado e emocionado por estas manifestações e que continuem se deliciando, relembrando e refletindo sobre nossa história. Essa é a nossa meta e responsabilidade.

Foto: Internet

sábado, 5 de março de 2011

OUTROS CARNAVAIS

Carnaval é nostalgia e história. As eternas marchinhas estão aí para comprovar. Os blocos carnavalescos de outrora, em todo período momino são relembrados e até reeditados, apesar da comercialização que se tornou hoje. A ajuda oficial também era outra prática corriqueira. No post de hoje, recuperamos um empenho da Prefeitura Municipal de Camocim que nos informa sobre os líderes da folia, o nome dos blocos e com quantos cruzeiros se colocava um bloco na rua. Bom carnaval para todos.



ANO: 1971

A Sebastião Marques, Zacarias Ribeiro e Olivan R.Cruz.

Ajuda concedida pela Municipalidade aos Blocos carnavalescos:

1. OS BAMBAS DO PASSO

2. MARÍTIMOS Cr$ 50,00 (cada)

3. OS INTOCÁVEIS Valor: Cr$ 150,00

Prefeito: Setembrino Veras


Emitido em: 01.02.71

Recebido: 04.02.71

Foto: Cordão do Bola Preta-RJ.