sexta-feira, 30 de agosto de 2019

A CASA PALANQUE DE CAMOCIM

Casa dos Benícios. Camocim. 2017. Fonte: arquivo do blog,




Aproxima-se mais uma vez o período eleitoral. Por aí vem muita fofoca, disse-me-disse, intrigas, ações na justiça e a campanha eleitoral. Com ela vem também os aparatos da apresentação dos candidatos: cartazes, santinhos, músicas, as moças com as bandeiras nas esquinas das ruas, as passeatas, caminhadas e os comícios. Estes para quase nada servem mais. O "terreiro" onde acontece um, é mais um local de concentração da massa que vê naquilo mais como um evento para encontrar pessoas, paquerar, tomar umas "bicadas" e depois correr atrás de um paredão pela cidade. As propostas e promessas dos candidatos ficam em segundo plano.
Portanto, muito diferente de antigamente, onde a assembleia de um partido político tinha nos oradores o foco principal. Para isso, não precisa de um palco aparelhado de som, com um locutor apresentador fazendo marmota em cima dele. Bastava um plano mais elevado que destacasse o orador um pouco mais alto dos ouvintes: uma mesa, uma sacada de janela, uma carroceria de um caminhão, um estrado sustentado por cavaletes, nada mais do que isso.
Em Camocim, no entanto, a varanda de uma casa serviu como palanque nos idos das décadas de 1950-60. Ela fica quase esquina da Rua 24 de Maio com Zeferino Veras e se destaca pela imponente varanda (foto). Diz a oralidade que políticos como Murilo Aguiar e Setembrino Veras faziam seus comícios desta varanda. Se esta casa-palanque era um reduto dos Aguiar, é possível que os Coelhos tivessem também seu ponto semelhante.
Confesso que sempre tive uma afeição especial por esta casa desde menino, desejando mesmo nela morar e ser seu proprietário. Falta-me, no entanto, o essencial numa transação capitalista para adquiri-la. No entanto, quem tiver o vil metal, pode comprá-la, pois a mesma está à venda, como informa os números de contato pintados na parede da "varanda palanque".