PÁGINAS
- INÍCIO
- SOBRE
- O AUTOR
- PINTO MARTINS
- COMUNISMO EM CAMOCIM
- LIVROS E ESCRITORES DE CAMOCIM
- HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM CAMOCIM
- ESCRAVIDÃO EM CAMOCIM
- FUTEBOL EM CAMOCIM
- INSTITUIÇÕES E ASSOCIAÇÕES DE CAMOCIM
- RUAS E LUGARES DE CAMOCIM
- TRABALHO E TRABALHADORES DE CAMOCIM
- DISTRITOS E LOCALIDADES DE CAMOCIM
- FERROVIA E FERROVIÁRIOS DE CAMOCIM
- PORTO DE CAMOCIM
- AS SECAS EM CAMOCIM
- POLÍTICA E POLÍTICOS DE CAMOCIM
- CULTURA E PATRIMÔNIO DE CAMOCIM
- RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE EM CAMOCIM
- CAMOCIM ASPECTOS HISTÓRICOS
- CAMOCIM ASPECTOS ECONÔMICOS
- HOMENS E MULHERES DE CAMOCIM
- HISTORIADORES DE CAMOCIM
- ÍNDIOS DO CAMOCIM
- IMPRENSA CAMOCINENSE
domingo, 20 de maio de 2018
sábado, 12 de maio de 2018
PORTO DE CAMOCIM NA ROTA DA LIBERDADE ESCRAVA
Vista da orla camocinense. 2018. Foto: Meu Camocim |
A história da escravidão em nosso município ainda é um campo a ser bastante pesquisado, mesmo porque, nessa condição administrativa, Camocim passou pouco tempo nesse regime que ainda mancha a história do Brasil. No entanto, como distrito de Granja, nosso porto é muito mais antigo e, com certeza, o trabalho escravo era usado nas suas atividades características.
No entanto, há que se dizer também do protagonismo da Província do Ceará na libertação dos escravos realizada em 25 de março de 1884, quatro anos antes da data magna de 13 de maio de 1888 com a Lei Áurea que extinguiu a escravidão no Brasil.
Deste modo, é preciso dizer também que antes mesmo destas datas, havia no país duas grandes redes de contatos entre abolicionistas, que facilitavam a fuga de escravos para territórios livres, como a então Província do Ceará. Assim como nos Estados Unidos existia a "Railroad Underground" que utilizava as ferrovias para proporcionar um caminho de liberdade para a população escrava, no Brasil existiram dois grandes "Undergrounds" - o do Rio de Janeiro e o de Pernambuco, utilizando os portos da costa brasileira e de países vizinhos.
É aí que entramos na história. Em recente trabalho organizado pelos professores Daniel Aarão Reis, Ivana Stolze Lima, Keila Grinberg, intitulado Instituições nefandas: o fim da escravidão e da servidão no Brasil, nos Estados Unidos e na Rússia, ficamos sabendo que o Porto de Camocim, foi rota desses esforços de se libertar os escravos, mesmo depois da abolição. Vejamos um trecho:
"Feita a abolição, com a grande vitória do 13 de Maio, não fazia mais sentido manter os segredos da clandestinidade abolicionista. No final da passeata, que durou horas, subiu ao palanque o orador oficial do Club do Cupim, Dr. Fernando de Castro, e pronunciou uma emocionada e reveladora homenagem de despedida aos “portos gloriosos que recebiam os huguenotes” (isto é, escravos fugidos na linguagem secreta do Underground Pernambuco). A relação dos portos acompanha a rede nacional de telégrafos e impressiona ainda hoje. O Underground pernambucano mantinha contatos operacionais com os portos de Fortaleza, Aracati e Camocim, na província do Ceará; Mossoró, Macau, Natal e Macaíba, na província do Rio Grande do Norte; porto de Belém, na província do Pará; porto de Manaus, na província do Amazonas; porto do Rio de Janeiro, na capital do Império; porto do Rio Grande do Sul; e, finalmente, porto de Montevidéu, capital da República do Uruguai (p.345-6)".
A escravidão foi uma chaga em nossa história, história esta que com o tempo vem sendo revelada para o conhecimento de todos, e supera em muito datas, fatos e heróis.
Fonte: Instituições nefandas [recurso eletrônico] : o fim da escravidão e da servidão no Brasil, nos Estados Unidos e na Rússia / organizadores Ivana Stolze Lima, Keila Grinberg, Daniel Aarão Reis. – Rio de Janeiro : Fundação Casa de Rui Barbosa, 2018.