Fechando mais um Setembro Camocim, finalizamos com o cordel PINTO MARTINS. CEM ANOS DO VOO PIONEIRO, do historiador e cordelista Francisco Rocha Pereira, uma bela homenagem à data centenária do voo pioneiro New-York - Rio de Janeiro, realizado em 1922-23.
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Pinto Martins/Pote. Márcio Caetano. Camocim. 2022. Desenho. |
I
Amigos
camocinenses
Que amam
literatura
A todos peço
licença
Pra narrar uma
aventura
De um
conterrâneo ilustre
Que teve força e
bravura.
II
Antes peço à mão
divina
Que me sopre das
alturas
Inspiração pra
falar
Desta nobre
criatura
Que já nasceu
com a sina
De voar num asa
dura.
III
Não podia ser de
outra
Pessoa que estou
falando
Se não do
aviador
O nosso herói
soberano
Euclydes Pinto
Martins
Do hidroavião
biplano.
IV
No fim do
oitocentismo
Constatou-se
pesquisando
Ano dois, da
última década
Quando o abril
foi meando
Em Camocim
nasceria
O rei do
aeroplano.
V
Seus pais, Antônio
e Maria
Celebrarem seu
natal
Com poucos meses
partiram
Lá pras bandas
de Natal
Batizaram o
primogênito
Na igreja de
Macau.
VI
Pinto Martins já
nascera
Com traços de
homem forte
Estudou quando
criança
No Rio Grande do
Norte
Superando em
aprendizagem
Os pequenos de
seu porte.
VII
Com vocação para
ser
Pessoa
extraordinária
Logo jovem
trabalhou
Na Rede
Ferroviária
Mas seu talento
pedia
Pra explorar
outra área.
VIII
Por isso o pai
decidiu
Investir na sua
sorte
Mandou o filho
estudar
Lá na América do
Norte
Engenharia
Mecânica
Graduação de seu
forte.
IX
Foi Cônsul em
Nova Iorque
Depois de fazer
vagão
Por onde andou
demonstrou
Inteligência e
ação
Mas seu grande
intento era
Investir na
aviação.
X
Pra realizar seu
sonho
Martins estudou
bastante
Depois de Santos
Dumont
Compatriota
brilhante
Ele colocava em
prática
Seu projeto
fascinante.
XI
Grande
idealizador
Do voo que seria
raro
Associado com
outros
Que lhe serviam
de amparo
Pois voar
naquele tempo
Era perigoso e
caro.
XII
Pra ligar as
três Américas
Era essa a
empreitada
Idealizou a rota
Chamou Walter o
camarada
Para então darem
início
Aquela grande
jornada.
XIII
Quando
levantaram voo
Para o Sul deixando
o Norte
Caíram no mar de
Cuba
Numa tempestade
forte
Por sorte
sobreviveram
Para um retorno
mais forte.
XIV
Recomeçaram os
trabalhos
Entusiasmados,
pois
Agilmente
construíram
O Sampaio Corrêa
Dois
O raid Nova Iorque-Rio
Não ficaria pra
depois.
XV
Os tripulantes
passaram
Por muita
dificuldade
Enfrentando
imprevistos
De chuva e
tempestade
Até chegar ao
Brasil
Passando em
nossa cidade.
XVI
Deixemos Pinto
Martins
Com a difícil
missão
Para falar como
estava
Aqui a população
Fazendo os
preparativos
Pra sua
recepção.
XVII
Por eles o povo
esperou
Com as ruas
enfeitadas
Desde o cais até
o centro
Calçadas
ornamentadas
Para saldar os
rapazes
Heróis daquela
jornada.
XVIII
No ano de Vinte
e Dois
Do Século
próximo passado
Dezenove de
dezembro
Aqui foi
amerissado
O Sampaio Corrêa
Dois
Com Pinto e seus
comandados.
XIX
Aquele
hidroavião
Vindo daqueles
confins
Sob o comando do
ilustre
Euclydes Pinto
Martins
Enche o peito de
orgulho
Do povo de
Camocim
XX
Era o voo
inaugural
Da história, era
o primeiro
Interligando as Américas
Depois o Brasil
inteiro
Voando de Nova
Iorque
Até o Rio de
Janeiro
XXI
Nosso grande
aviador
Ilustre
camocinense
Envaideceu o
Brasil
E o povo
cearense
Devido seu feito
inédito
Com emoção e
suspense.
XXII
Quando o Sampaio
Corrêa
Liberou seus tripulantes
Liderados por
Euclides
Jubilosos,
triunfantes
Andaram pela
cidade
Garbosos e
festejantes.
XXIII
Todos foram
recebidos
Com uma festa de
gala
No chiquíssimo
Sport Club
Com o qual nada
se iguala
Foi um baile
refinado
Com requintes e
regala.
XXIV
Ilustre
camocinense
Cearense e
nordestino
Brasileiro de
respaldo
Americano e
latino
Destacado em
todo o mundo
Por sua astúcia
e seu tino.
XXV
Depois de seu
grande feito
Ficou no país
natal
Pensando em
outro projeto
Que seria mais
genial
Prospectar o
petróleo
Com futuro
triunfal.
XXVI
Mas parece que a
sorte
Ou azar pra mais
de mil
Depois de tanta
alegria
De voltar para o
Brasil
Chegou para
atrapalhar
Os planos do
varonil.
XXVII
A busca do ouro
negro
Foi um sonho
interrompido
Numa noite
amargurante
Escutou-se um
estampido
Depois do tiro
encontraram
Euclydes já
falecido.
XXVIII
Motivo de sua
morte
Nunca foi bem
decifrado
Para uns foi
suicídio
Para outros foi
mandado
E a dúvida
permanece
Se, matou-se ou
foi matado.
XXIX
O petróleo como
sempre
Foi cobiça do
Império
Grande riqueza
do mundo
Maior que
qualquer minério
Quiçá, tenha ligação
À causa deste
impropério.
XXX
Teria sido
ganância
Ou inveja do
brasileiro?
Só sabemos que o
petróleo
Motiva o
interesseiro
A causar muita
matança
E guerras no
mundo inteiro.
XXXI
O ouro negro motiva
Conflito no
mundo inteiro
Potências
gananciosas
Governantes
carniceiros
Invadem, matam
inocentes
Por cobiça e por
dinheiro.
XXXII
Assim foi por
água abaixo
O plano do
engenheiro
Prospecção de
petróleo
Para o povo
brasileiro
Alçar o padrão
de vida
Através do
petroleiro.
XXXIII
O sonho de
Euclydes era
Encontrar o
mineral
Para elevar o
Brasil
À potência
mundial
Mas o plano do
patriota
Finda de forma
brutal
XXXIV
Pinto Martins
foi um gênio
Homem íntegro, nobre
e forte
Visionário do
mundo
Foi buscar a
própria sorte
Teria feito
muito mais
Não fosse a
precoce morte.
XXXV
Dedicou a sua
vida
Somente por
causa nobre
Queria um país
mais justo
Sua luta ninguém
encobre
Pra transformar
o Brasil
Numa Nação menos
pobre.
XXXVI
Pinto hoje é patrimônio
Do povo de
Camocim
Um herói quase
esquecido
Pelo poder e por mim
Mas o seu valor
histórico
É coisa que não
tem fim.
XXXVII
Em dois mil e
vinte e dois
Recontamos sua
história
Um século já se
passou
De seu momento
de glória
Aqui vai nosso
tributo
Em honra a sua
memória.
XXXVIII
Assim
homenageamos
Euclydes Pinto
Martins
O Centenário de
seu voo
Vamos comemorar
sim
Porém, merecia
mais
Está escrito nos
anais
Da história de
Camocim.