sexta-feira, 30 de agosto de 2013

HISTÓRIAS DA PROSTITUIÇÃO EM CAMOCIM


Capa do livro "O Terra e Mar" de Carlos Cardeal
 

Convidado para escrever uma crônica semanal do blog Camocim Online, decidi fazer uma ponte entre passado e presente, envolvendo a polêmica sobre as declarações do advogado Marcos Coelho com relação à Câmara Municipal de Camocim: 



Entendo perfeitamente quem rebate as comparações do trepidante causídico, notadamente as vereadoras, pelas convenções sociais óbvias. Contudo, ironia da história – no extinto e mais famoso cabaré que se tem notícia na história de Camocim – O Terra e Mar, algo além do que as prostitutas em profusão chamava a atenção, como nos deixou escrito Carlos Cardeal em romance de título homônimo:(...) Acima das prateleiras, estava gravada na parede branca, com letras pretas a célebre frase shakespeariana retirada do monólogo de Hamlet: To be or not to be, that is the question”. Logo abaixo, a tradução em letras não menos legíveis, mas de menor tamanho, “ser ou não ser, eis a questão”.
Logo comecei a pensar na importância dessas mulheres para a economia local, ocupando espaços na cidade, criando uma cuja zona do baixo meretrício que ia desde a Rua do Macedo (final da atual Santos Dumont) passando pela Marechal Deodoro, subindo a General Sampaio até o encontro com a Marechal Floriano, formando uma espécie de “U” se constituindo numa geografia do prazer.
Essa ambiência da prostituição é recuperada no romance de Carlos Cardeal. As prostitutas chegavam por trem e faziam a vida na zona, “aliviando” a dureza da lida no mar dos marinheiros ocasionais e aventureiros que por aqui aportavam. Na narrativa romanesca, ponteada de ficção, mas, agregando muitos aspectos reais e históricos, os lugares e as festas são descritos com riqueza de detalhes. A protagonista do romance é a prostituta Rita.
Com a decadência do porto e o fechamento da ferrovia essa prostituição muda de feição e de lugar, mas não posso deixar de pensar no que se tornou o prédio da Estação Ferroviária até meados da década de 1980. Famosa ficou aquela senhora que recebia os clientes nos escombros das Oficinas, cujo nome era incendiário. Das minhas próprias lembranças, onde andará aquela moça que atendia no Cabaré do Kátia, importada da cidade de Parnaíba e que iniciou alguns rapazes da minha geração?
Esse tempo não está apenas na memória, mas também já virou história na monografia de conclusão do Curso de História da UVA de Petrilia Paulini Pereira Sales com o título: “O Terra de Mar: uma história do profano em Camocim-CE. 1940-1980.
Rapariga pode não ser um bom nome para se imputar (sem trocadilho) a outrem. No entanto, é preciso dizer que elas são sujeitos da sua própria história, votam e podem ser votadas.

Foto: arquivo do blog.

domingo, 25 de agosto de 2013

'SOBRE CAMOCIM - Política, trabalho e cotidiano"

Capa do livro "Sobre Camocim". Autor: Luís Carlos Lima


Escrever sobre história é difícil, mais ainda é publicar os resultados dessa aventura cheia de percalços, onde sempre o que se diz é apenas uma simples versão dos fatos. Desta forma, penso que qualquer iniciativa no sentido de recuperar a nossa história através dos documentos, dos depoimentos e das narrativas é salutar para o entendimento do nosso passado e a compreensão do nosso presente.Pensando nisso, há algum tempo venho tentando promover dentro da minha profissão de professor e historiador a revitalização desse debate em nossa cidade. O blog Camocim Pote de Histórias é fruto dessa vontade. No entanto, precisamos atacar em outras frentes e, neste sentido, a publicação de um livro ainda é uma importante ferramenta na popularização da história e para o uso pedagógico de professores e alunos.Entendendo nossa proposta os professores Carlos Manuel do Nascimento e Francisco Rocha Pereira se uniram com o objetivo de colocar mais um número em nossa ainda parca historiografia, somando os esforços e as economias para juntos lançarmos o título: "Sobre Camocim: política, trabalho e cotidiano, trazendo minhas notas de pesquisa sobre os comunistas e os trabalhos monográficos deles sobre os portuários e as amplificadoras - precursoras do rádio em Camocim, respectivamente. O lançamento da obra está previsto para quando setembro chegar, dando assim nossa contribuição para as comemorações do centésimo trigésimo quarto aniversário de nosso município. Desde já queremos agradecer ao Prof. Jonas Pessoa, camocinense que ensina os brasilienses como se deve falar e escrever no português pela revisão dos nossos textos. Esta é uma iniciativa coletiva de historiadores locais que entendem que a história do município deva ser recuperada pelos esforços de todos.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A SOCIEDADE AMIGOS DA MARINHA DE CAMOCIM

Capitania dos Portos de Camocim. Fonte: www.mar.mil.br


A Sociedade dos Amigos da Marinha - SOAMAR foi fundada com a intenção de criar um canal entre a Marinha do Brasil e a sociedade civil, no sentido de divulgar as ações da mesma junto à mídia e alertar a população para a importância de nossa costa, dos recursos naturais marítimos e fluviais. A Soamar-CEARÁ foi criada em 1974, depois da de Santos e Salvador, que teve como primeiro presidente o ex-governador César Cals de Oliveira. Em Camocim, a fundação se deu em 1987 e teve como seu primeiro presidente o empresário José Hindenburg Sabino Aguiar (1922-2006), cujas relações com a Marinha se deu desde sua origem, já que o primeiro Agente da Capitania dos Portos de Camocim foi seu pai Pedro Aguiar.

Fonte: Hindenburg Aguiar (foto): www.camocimonline.com