quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O CINEMA EM CAMOCIM - CINE-PHENIX

Cine Phenix Camocim. 1918. Fonte: Folha do Litttoral
Phenix é a ave mitológica que renasce das cinzas segundo a mitologia grega. Das cinzas da minha memória ontem, 29 de dezembro de 2015 o cinema renasceu com toda sua magia, quando conferi as sessões da amostra itinerante de cinema da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará na Praça do Odus. Enquanto via os curtas e o vídeo produzido pelos adolescentes de Camocim, além do premiadíssimo Cine Holiúdi que aborda justamente a magia do cinema na visão "moleque" cearense, lembrava-me dos filmes exibidos no extinto Cine João Veras, nos gêneros, karatê, kung-fu, faroeste, pornô e os épicos de Natal (Os Doze Mandamentos, Ben-hur, A Paixão de Cristo), dentre outros.  A ansiedade de nós menores para entrar só depois de apagar a luz para os "filmes impróprios", as figuras do Zimbi e o Sr. Hélio Veras, a "comodidade" da geral com seus bancos de madeira sem encosto, a catinga de peido e outros odores, as paradas abruptas quando o filme quebrava e a espera até que o projetista refizesse o rolo, a satisfação de ter se alheado do mundo e entrado noutro por algum tempo, tudo isso me veio à mente.
Cartaz de filmes exibidos no Cine-Phenix no jornal Folha do Littoral
Mas o cinema em Camocim não se resume às lembranças dos que rememoram suas histórias com o Cine João Veras. No auge econômico proporcionado pelas atividades comerciais no entorno do porto e ferrovia, a cidade apresentou várias salas de cinema, indo das mais chiques às mais simples. Hoje abordaremos o Cine-Phenix (foto), em cujo prédio encimava uma grande águia (ou Phenix, a ave mitológica), conforme mostra a figura acima. Referido prédio foi inaugurado em 24 de agosto de 1918, de propriedade da famosa firma comercial Nicolau & Carneiro, à Rua Engenheiro Privat, naquele tempo, uma espécie de boulevard, rua do ouvidor, onde estavam estabelecidas as melhores casas comerciais, residências e repartições públicas, enfim a nata da elite camocinense da época. A inaguração foi amplamente divulgada pelo jornal Folha do Littoral, ressaltando a imponência do prédio com seus "sumptuosos salões [...] irradiosamente illuminados". Percebe-se pelo referido jornal que o Cine Phenix era mais do que uma sala exibidora de filmes (como mostra o cartaz acima), realizando-se ali, bailes dançantes, reuniões políticas, apresentações de artistas em excursão, dentre outras atividades. No local hoje funciona o prédio do Ministério Público em Camocim. Sem a devida águia, ou phênix. Ao final do filme a triste constatação... dos 184 municípios cearenses, fora a capital, somente quatro cidades possuem cinemas.

Fonte: Jornal Folha do Littoral. Camocim-CE.1918.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

OS HOMENS LETRADOS DE CAMOCIM - GABINETE DE LEITURA CAMOCINENSE

Primeira Diretoria do Gabinete de Leitura Camocinense. 1914. Fonte:Revista Fon Fon. Rio de Janeiro.

Os homens se associam por várias razões e objetivos. A leitura e sua prática também é e foi motivo da criação de associações ditas literárias. Neste espaço já destacamos os Gabinetes de Leitura, espécie de academias de letras à moda francesa que agremiavam os homens letrados de outrora. Em Camocim o Gabinete de Leitura Camocinense foi fundado em 1913, cuja primeira diretoria pode ser visualizada na foto acima, publicada em junho de 1914 que traz a seguinte legenda:

"Da esquerda para a direita. Em pé - F. Menescal Carneiro, bibliothecario, Pedro Morel, orador oficial. Sentados - Polycarpo de Souza, 2º Secretário; J.J. d'Oliveira Praxedes, Vice-presidente; Julio C. Monteiro, Presidente; Severiano J. de Carvalho, Thezoureiro e Arthur Barbosa, 1º Secretário".

Além de uma biblioteca, no Gabinete de Leitura Camocinense também funcionava uma escola para jovens alunos. O que resta desta associação é uma pequena biblioteca, inclusive com alguns livros escritos em francês, adquirida pela Associação Comercial de Camocim em 1932 e lá preservada.

Fonte: Revista Fon Fon. 27 de junho de 1914, nº 26.
Livro de Atas da Associação Comercial de Camocim, 1º de julho de 1932, p.93.


domingo, 6 de dezembro de 2015

O "PALMEIRA FOOTBALL CLUB" EM CAMOCIM

Jornal Folha do Littoral. Camocim-CE,22/12/18
Aos palmeirenses de Camocim nossos parabéns pela conquista de mais uma taça de campeão da Copa do Brasil, No entanto, poucos sabem de que no início do século XX, um grupo de moços se organizou e fundaram o Palmeira Football Club, precisamente um domingo, 17 de dezembro de 1918. Na matéria do jornal Folha do Littoral que registra a fundação do clube, o articulista diz ter sido acertada a escolha do nome de "Palmeira", pelo fato de ser "o nome de um dos clubs de S. Paulo, o que provavelmente, será um estímulo para os futuros 'sportmans' cearenses".
Terminada a reunião que criara o time do "Palmeira Football Club", uma comissão foi designada para providenciar um local para os treinos dos dois quadros (A e B) da agremiação. No mesmo dia, segundo a matéria jornalística, foi arrendado "à rua do Humaytá uma grande area cercada, onde terão logar os primeiros trenos".
Aos poucos vamos recuperar a história do nosso futebol.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

OS FESTEJOS DE IMACULADA CONCEIÇÃO EM CAMOCIM

Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes. Camocim-CE. Fonte: UVA/NEDHIS.
Vários municípios da Diocese de Sobral tem na Imaculada Conceição sua padroeira. Até o dia 8 de dezembro prossegue o novenário. Em Sobral é feriado municipal. Não sei se em Camocim acontece algum festejo e evento em torno da Imaculada Conceição, mas, no início do século XX, quando ainda pertencíamos à Diocese de Sobral, aconteciam animados festejos que antecediam liturgicamente aos preparativos da Festa de Bom Jesus dos Navegantes que começava após o Natal, 29 de dezembro e entrava nos primeiros dias de janeiro do ano seguinte, até o dia 6, Dia de Reis. O tempo passou e aí um frei lá das bandas do Canindé achou por bem mudar a data e os católicos camocinenses foram convencidos da mudança. Mas, voltando aos festejos de antigamente, no ano de 1918 não aconteceu o novenário, posto que o pároco José Augusto da Silva não quis "macular" a festa, visto que "algumas das cantôras da orchestra do côro estar adoentadas". Não se sabe que doença acometeu as coristas da época, mas o padre decidiu fazer apenas um "tríduo em honra à Imaculada Conceição" começando no dia 05 de dezembro daquele ano (1918), no lugar do "festival costumeiro à Nossa Senhora da Conceição". 

Fonte: Jornal Folha do Littoral.Camocim-CE. Anno I, domingo, 01 de dezembro de 1918, p.1.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A IGREJA DE BOM JESUS DOS NAVEGANTES DE CAMOCIM

Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes. Camocim-CE. 1918.
Esta talvez seja a primeira imagem da nossa Igreja Matriz após a bênção da mesma realizada em dezembro de 1917 pelo Bispo Dom José Tupinambá da Frota, data em que também foi benzida a imagem de Bom Jesus dos Navegantes. Trata-se de um clichê publicado em 1918 no jornal Folha do Littoral editado em Camocim. Sem o recurso da fotografia nos jornais da época, as imagens eram obtidas em placas de metal (geralmente zinco), cuja matriz gravada nestas placas eram levadas à impressão tipográfica através de métodos da estereotipia, galvanotipia ou fotogravura. Na matéria jornalística, ressalta-se que o suntuoso templo católico estava erguido na Praça Bom Jesus, cujo terreno fora doado pelo coronel Severiano José de Carvalho. Como se sabe, a planta da Igreja Matriz, obedeceu ao concebido pelo engenheiro da estrada de ferro Dr. José Privat. Iniciada em 1883, a construção teve que ser demolida e retomada posteriormente pelo Padre José Augusto da Silva, que chegou em Camocim em fevereiro de 1906. Ressalta ainda a matéria os "esforços empregados pelo nosso benemerito Vigário na construção de nossa Matriz [...]  e da cooperação dos seus paroquianos que demonstraram em concorrer com o seu obolo em auxilio do nosso distincto Vigário". Informa ainda que naquele momento, 1918, ainda faltavam erigir "duas pyramides lateraes".

Fonte: Jornal Folha do Littoral, Camocim, domingo, 18 de agosto de 1918.