segunda-feira, 25 de junho de 2012

A EDUCAÇÃO EM CAMOCIM - ESCOLA PEDRO APÓSTOLO

Rua 24 de Maio com Igreja de São Pedro ao fundo. Arquivo UVA/NEDHIS,
Em 2012 completarão 70 anos da Festa de São Pedro em Camocim. Como já dissemos em postagens anteriores, a Igreja de São Pedro foi erguida com o objetivo de afastar os fiéis de outras crenças, como o comunismo, além de dotar a região da praia da assistência religiosa e social, que segundo o pároco da época era um local de muita prostituição e pecado. Ao final dos anos 1960 o Serviço de Promoção Humana-SPH através de suas atividades no campo da educação contribuiu, segundo a historiadora Vera Lúcia Silva, para a conquista de "novos adeptos". (p.54). Na Igreja de São Pedro, especificamente e, depois na Casa de São Pedro, funcionou a Escola Pedro Apóstolo (foto abaixo), a primeira escola em um bairro de Camocim, conforme afirmação da historiadora acima referida:
"É interessante frisar que em 1968 o SPH, como foi afirmado anteriormente, em parceira com o SESI, com o Centro Social Evangélico de Camocim – CSEC, com a Colônia dos Pescadores e com a Conferência de São Vicente de Paula, fundou a primeira escola, que nós conhecemos hoje como escola de Ensino Fundamental I, em um bairro periférico de Camocim, a Escola Pedro Apóstolo – EPA. Com a ampliação da entidade, em 1968, é instalada uma secretaria, situada à entrada da Igreja de São Pedro, para realizar a matrícula de novos alunos".
Saliente-se o caráter ecumênico da iniciativa que proporcionou a muitas crianças da época terem acesso às primeiras letras e hoje terem se tornado homens e mulheres atuantes em nossa sociedade, mostrando que quando se quer fazer, é possível submeter as paixões e ideologias para segundo plano. As fotografias abaixo devem mexer com as memórias de quem se utilizou dos espaços da Escola Pedro Apóstolo. Ao tempo em que registramos mais um fragmento da história da nossa educação, que os professores de hoje procurem estudar um pouco da ação de seus colegas que 40 anos atrás eram verdadeiros titãs na tarefa de dar um pouco do que sabiam aos pequenos de nossa cidade, onde formação e pós-graduações era algo impensável. 


SPH-EPA.Alunos defronte da Casa de São Pedro. . Arquivo UVA/NEDHIS.1972.

SPH-EPA. Alunos da Escola Pedro Apóstolo. 1972. Arquivo UVA/NEDHIS.



domingo, 24 de junho de 2012

O RELÓGIO DA MATRIZ DE CAMOCIM

Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes. Camocim-CE

Domingo é dia de ir à missa! Aproveitando o dia e estando longe da  Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes, vamos ao menos brindar nossos leitores com algumas curiosidades históricas de nossa Capela Mor, como se dizia antigamente.Como todos já devem saber, nossa Matriz foi planejada pelo então engenheiro chefe da Estrada de Ferro de Sobral, Dr. José Privat que, aqui falecendo, teve seus restos mortais enterrados na Matriz, até então um costume da época. Depois de uma primeira construção frustada no final do século XIX, eis que em 1919, na gestão do Padre José Augusto da Silva, que liderou a construção da igreja, a mesma foi abençoada pelo Bispo de Sobral, Dom José Tupinambá da Frota. Na época a Paróquia de Camocim pertencia à Diocese de Sobral. Quando garoto, estudante  da Escola de 1º Grau João da Silva Ramos, sempre me intrigava o fato do Relógio da Matriz nunca dar a hora certa. Ainda tive a petulância de perguntar ao meu vizinho, o Sr. Sebastiãozinho Relojoeiro o motivo de tal "prego", que explicou que algumas vezes tinha consertado o "senhor do tempo", mas que sempre voltava a "atrasar" e "parar". Inaugurada em 1919, o relógio em questão só passou a servir de referência do tempo para os camocinenses em 1953. È o que nos diz a Ata da Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Camocim de 22 de março de 1953. Nela, o "vereador Joaquim Pereira de Brito requer que se telegrafe ao senhor Vicente Morel agradecendo a valiosa oferta de um relógio para a Igreja Matriz, o qual será instalado por ocasião das comemorações do Centenário de nascimento de seu pai José Severiano Morel".

A Família Morel, como sabemos foi uma das mais influentes e colaboradoras da obra católica em Camocim, principalmente na doação de bens materiais para a cosntrução do Instituto São José. Bom domingo a todos!

 

Fonte:http://brasil.rotasturisticas.com/visit.php?q1=Yes&regid=645&lista=23188 



sábado, 16 de junho de 2012

FATOS DA POLITICA DE CAMOCIM - A MORTE DE MANOEL SIQUEIRA

Quando outubro de 2012 chegar e com ele as eleições, farão 20 vinte anos da morte trágica de Manoel  César Siqueira, vítima de acidente automobilístico em plena campanha eleitoral, ele, que fazia parte da então ala dos "Fundo Moles" em Camocim. Sua morte trouxe grande comoção no município por também envolver sua esposa (Dona Anita), seu filho  (Nilton César), seu segurança Elieser e o motorista Beto, quando voltavam de um comício da zona rural (Lagoa Comprida). Gerente de uma firma de pesca local na época, a Empesca, pouco a pouco a figura de Manoel Siqueira foi se consolidando na comunidade como uma pessoa que atendia aos mais carentes e "matava" a fome dos mais pobres, com doação das cabeças de peixe beneficiadas pela tal firma. Tal fato, foi usado pelos adversários na campanha eleitoral que chamavam os partidários dele de "cabeça de piramutaba", uma alusão ao peixe "doado" por ele. A menos de um mês das eleições de 1992, sua morte provocou um fato inusitado na política, visto que, com as cédulas eleitorais já prontas, não foi possível alterar pelo substituto na chapa, o então empresário Antônio Manoel Veras, que acabou ganhando as eleições, derrotando o apático candidato dos "Cara Pretas", Murilo Cãmara. Como disse, a cidade se envolveu em comoção, fato este sabiamente capitalizado politicamente pelos Coelhos-Veras que na época eram aliados, reforçando ainda mais o slogan político de Manoel César Siqueira que era "A Força do Trabalho". Abaixo a transcrição das primeiras estrofes dos repentistas e poetas populares Lucas Evangelista e Damião Libório, escritas em setembro de 1992, que transformaram em cordel a tragicidade da morte do político em questão:
Setembro em noventa e dois
Pra Camocim foi tristonho
Esta cidade perdeu
O mais belíssimo sonho
Que em vez de uma esperança
Um pesadelo medonho

Quem é bom já nasceu feito
Seja cordeiro ou herói
Mas o espírito do mal
No céu não há que apóie
Pega o espírito do bem
Em um minuto destrói.

Sabemos que a política
É emanada da riqueza
Manoel César Siqueira
Um rico sem avareza
Os pobres já lhe chamavam
Siqueira pai da pobreza.
(...)
MANOEL SIQUEIRA partiu
pela morte foi tragado
Mesmo sem ele o Partido
Inda foi recuperado
ANTONIO MANOEL foi eleito
Por ter lhe memoriado.

Fonte: Cordel: A morte trágica de Manoel Siqueira.p. 01 e 08. Autores: Lucas Evangelista e Damião Libório. Documento gentilmente cedido pelo Prof. Paulo José, do arquivo pessoal da Família Morel.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A EDUCAÇÃO EM CAMOCIM - CENTRO COMUNITÁRIO SÃO FRANCISCO

Antiga Igrejinha e o Centro Comunitário São Francisco.

Em postagens anteriores já  focalizamos o SPH - Serviço de Promoção Humana, entidade ligada à Igreja Católica que surgiu em Camocim na década de 1960 e que ainda hoje presta serviços na cidade no setor educacional. Com mais de 50 anos de existência no município, o SPH já virou até tema de monografia no Curso de História da UVA (“Um oásis dos menos favorecidos da sorte": A experiência do Serviço de Promoção Humana em Camocim. 1967-1972, de Vera Lúcia Silva) e que brevemente será será lançado em livro comemorativo. Atuando nos bairros periféricos de São Pedro, São Francisco e Cruzeiro, além de localidades na zona rural, a filosofia da entidade como o próprio nome diz é  promover o ser humano, atuando principalmente no campo da educação e da assistência social. Hoje destacaremos o Centro Comunitário São Francisco - CCSF (em sua arquitetura inicial), localizado no bairro do mesmo nome e que começou a ser construído pela comunidade em 1969 com apenas duas salas. Como podemos observar na foto acima, o CCSF era uma extensão da antiga Igrejinha de São Francisco (que foi derrubada para construção de uma outra) que servia para abrigo dos trabalhos pastorais, além de ser uma escola com turmas iniciais e de alfabetização. Com certeza, muitos professores deram sua contribuição neste projeto e muitos camocinenses foram alfabetizados nos seus bancos escolares. Segundo nos diz a historiadora Vera Lucia Silva: Dentro desta perspectiva, a entidade fundou e manteve várias escolas. Entre os anos 1967 e 1973 estavam em funcionamento a Escola Pedro Apóstolo – EPA, no Núcleo Central, no Bairro de São Pedro; a Escola de Promoção Humana – EPH, no Centro Comunitário São Francisco – CCSF, no Bairro de São Francisco; Escola Dona Marieta Cals – EMC, no Centro Comunitário Dona Marieta Cals– CCMC, no Bairro do Cruzeiro (esta, de fato, só funcionaria em 1973, estando em 1972, a sede quase concluída); Escola 21 de Abril, no Sítio Tamboril; e Nosso Lar, no Centro de Camocim. Além destas escolas, a entidade mantinha, em parceria com o SESI, cursos de Educação Fundamental Supletiva, clube de mães, Corte e Costura e Alfabetização.
Alunos no pátio do CCSF.
As iniciativas na área da educação do Serviço de Promoção Humana tiveram um incremento substancial quando era pároco da Paróquia de São Pedro o Pe. Benedito Genésio Ferreira, hoje professor aposentado da UFC e da UVA. Em breve estaremos postando sobre as outras escolas  e atividades idealizadas pelo SPH.

Fotos: Fundo SPH - Arquivo do NEDHIS - Curso de História UVA- Sobral-CE.

sábado, 9 de junho de 2012

OS JOVENS ATORES DE CAMOCIM

Grupo Art Comedy. Foto: Pedro César
Não costumamos dar notícias neste blog. No entanto, vamos abrir uma exceção para os jovens atores camocinenses que se apresentaram nos dias 02 e 03 de junho de 2012 no Theatro São João em Sobral. Os grupos são denominados de "Shadows Life""Art Comedy" formados por alunos da Escola Profissionalizante.
Grupo Shadows Lif. Foto: Pedrop César.
O Shadows Life apresentou o espetáculo: Teatro de Sombras no sábado e no domingo, conferi pessoalmente o Art Comedy com o espetáculo: Jogos Teatrais. Não sou crítico de arte, mas, gostei muito da apresentação do grupo, demonstrando talento e muita criatividade na difícil arte da comédia e que de resto marca a identidade cearense. Os jovens atores de Camocim com esta apresentação mostraram seu potencial no universo das artes que, infelizmente ainda não é bem vista e apoiada por nossos administradores, faltando mesmo em nossa cidade um espaço adequado, um teatro. Fiquei impressionado com o grupo e lembrando dos tempos do Grupo de Teatro Amador Pinto Martins sob a tutela do Prof. Antonio Alberto da Paz, o Totó e das peças memorávaeis apresntadas em praça pública, no Auditório do Colégio das Irmãs e nas escola. Parabéns aos jovens atores camocinenses que mostraram aos sobralenses um pouco de nossa arte.

CAMOCIM DE PORTO E ALMA - O LIVRO QUE NÃO FOI

Capa: R. Pires.
Nos meus devaneios literários e até históricos, diria, preparei um opúsculo para comemorar os 128 anos do município de Camocim. Feitos os contatos, acabou saindo um CD room que acabou se perdendo em tralhas de mudança. Retomei a idéia dois anos depois para não deixar os 130 anos passar em branco, mas ficou na promessa da influência de um político que acho que poderia sair por um instituto que publica coisas do tipo na Assembléia Legislativa. Depois, tentamos emplacar junto ao município de Camocim uma lei que criaria um projeto editorial em homenagem ao escritor camocinense Carlos Cardeal. Já contei esta história aqui e não vou repetir. Ano passado, eis que chega a notícia alvissareira - o prefeito municipal autorizara a  Secretaria de Cultura a publicação não de um ou dez, mas, 11 livros! Os contatos foram feitos pelo amigo livreiro Olivar e eu teria a chance de enfim publicar o material. Deixei os originais com a pessoa escolhida pra fazer a revisão e tinha até data de lançamento - seria por ocasião do Salão de Artes de Camocim em setembro de 2011. Como não foi possível (e não sei o porque das razões), na ocaisão foram mostradas as 11 capas dos futuros livros. Ontem finalmente, chegou na minha caixa de e-mail a capa do tão sonhado e do que seria o "Camocim de Porto e Alma", produzida pelo web designer  R. Pires, que também fez as outras dez capas. Para não dizerem que sou pessimista, ainda faltam 06 meses para que eu possa enfim dizer que "Camocim de Porto e Alma" não foi o "livro que não foi".

sábado, 2 de junho de 2012

AS SESMARIAS DA REGIÃO DE CAMOCIM

Capa dos Anais do Arquivo Público que traz a relação das sesmarias do Ceará..FONTE: estantereal.blogspot.com



Dividir o terreno em sesmarias e doá-las à colonos aventureiros, foi a forma que a Coroa Portuguesa encontrou para ocupar o futuro território brasileiro. Desta forma, portugueses vindo do reino, índios, mulheres e até ex-escravos solicitavam  a El Rei extensas datas de terras pra torná-las produtivas. A relação das sesmarias no Ceará podem nos levar a vários questionamentos e possibilidades de pesquisa. O quadro abaixo mostra grande parte das sesmarias da região do Rio Camocim e adjacências. Pela relação dos sesmeiros, poderemos por exemplo compreender como se formaram os latifúndios atuais, além de relacionarmos com os nomes das primeiras famílias a ocupar o solo camocinense.


Sesmarias
      Nome
Data
Localização
Manoel Dias de Carvalho
1705
Riacho Coreaú e das Rolas
Acenso Gago
1706
Rio Camosim
Acenso Gago
1706
Rio Camucim
Catarina Ribeiro de Morais
1706
Rio Camucim
Domingos Machado Freire
1706
Rio Camosi (S. da Ibiapaba)entre riacho Trairi
Inácia Machado
1706
Rio Camucim
Inez Pessoa
1706
Rio Camucim
Jacó de Souza
1706
Rio Camucim
Josefa Machado
1706
Rio Camucim
Josefa Machado
1706
Rio Camucim
Maria Gaga
1706
Rio Camucim
Miguel Machado Freire
1706
Rio Camosi (S. da Ibiapaba)entre riacho Trairi
Simão de Vasconcelos
1706
Rio Camucim
Ursula da Camara
1706
Rio Camucim
Vitoria Rodriguez da Câmara
1706
Rio Camucim
Torquato da Rocha Ferreira
1708
Barra do Coreaú
José Machado
1710
Rio Camocim
 Miguel Machado Freire
1710
Rio Camocim
João de Almeida da Costa
1717
Sitio Taypu*** (Coreaú)
José Cerqueira de Magalhães
1717
Rio Camocy
Domingos Ferreira de Veras
1719
Riacho Camorupim
Domingos Ferreira de Veras
1719
Riacho Ubatuba e Camorupim
Antônio Correia Lira
1723
Taipú *** (Coreaú)
Antônio da Rocha Câmara
1723
Entre rios  Camocim e Timonha***
Antônio de Souza Pereira
1723
Taipú *** (Coreaú)
Pedro da Rocha Franco
1723
Entre rios  Camocim e Timonha***
Inacio Machado Freire
1724
Rio Camosim***
José Machado Freire
1724
Rio Camosim***
Miguel Machado Freire 
1724
Rio Camosim***
José de Vasconcelos
1738
Ubauaçu (Camocim)**
Antônio Bezerra Cavalcante
1744
Riacho Camocim
Domingos Machado Freire
1750
Rio Camocim
 Domingos Machado Freire
1751
Rio Camocim
Inácio Machado Freire
1751
Rio Camocim
Domingos Ferreira de Veras
1773
Ribeira Curuaiú
João Pereira Jacinto
1805
Lagoa das Pedras
Antônio da Silva Barros
1807
Boa Vista (Granja)***
Domingos de Freitas Caldas
1807
Riacho Igaruçú ***
João de Pinto Borges
1807
Olho Dágua (Coreaú)
Antõnio Jose´de Pinho
1808
Olho Dágua (Coreaú)
Domingos Ferreira de Veras
1814
Santa Rosa(t. Granja)***
José Benedito Ferreira de Veras
1818
Termo de Granja