Continuando nossa série sobre a presença de estrangeiros em Camocim, hoje apresentaremos os americanos. Esse contato direto e indireto começa com as exportações de algodão e borracha através do nosso porto, no chamado "esforço de guerra", contexto da Primeira
Guerra Mundial. Sintomaticamente, é no entre-guerras que se dá o boom econômico e cultural da cidade. Já na Segunda Guerra Mundial, os americanos cogitaram instalar em Camocim um Posto de Comando, que afinal se fixou em Fortaleza, visto que a capital proporcionava melhores condições logísticas. No entanto, uma pequena base militar foi construída como ponto de apoio para as manobras militares, abrigando um grupo de militares americanos. Contudo, a
maior estrutura logística da capital, Fortaleza, suplantou a vantagem
geográfica que Camocim apresentava com relação à distância atlântica do Brasil
entre a Europa e África.[1]
Base americana em Camocim. Acervo do blog. |
Por outro lado, a presença dos americanos entre nós pode ser percebida pelas lembranças de antigos moradores. Segundo o Sr. Antônio de Albuquerque Sousa Filho, a cidade “se tornou
ponto estratégico importante, atraindo soldados norte-americanos e com uma base
onde chegaram a atracar Zepelins”. Em suas memórias, o antigo morador salienta um clima de colaboração entre os soldados americanos e a população local, no que se referei às trocas gastronômicas,
cuja novidade eram “as saladas de frutas em lata que os americanos distribuíam
com as famílias da cidade, que por sua vez lhes presenteavam bolos”.[2]
Relembrando os escritos do imortal Arthur Queirós, a presença de celebridades americanas, mesmo que por algumas horas em solo camocinense, que cruzavam o Atlântico, nas frequentes paradas dos aviões da Panair, era um programa imperdível para os locais que tinham acesso. "Transitaram por Camocim, portanto, muitos
notáveis, gente importante, do que mencionamos os artistas Henry Fonda (...)
Greta Garbo, por aqui esteve por duas vezes, na última em 1943, exibindo-se
para soldados e oficiais americanos aqui destacados, na Base Militar de apoio
da segunda guerra mundial, que aqui construíram (...) transitaram ainda, Buck
Jones, George O’Brien, Charles Starret, Sonja Henie e muitos outros... Dona
Darcy Vargas, esposa do grande Presidente Vargas, por aqui transitou com
destino à Norte América, ocasião em que muito aplaudida foi, pelos
camocinenses. [3]
Outros americanos chegaram a habitar entre nós, notadamente missionários protestantes como Orlando Boyer e Mister Paul, dentre outros. É possível a existência de muitos outros em nossa longa história. Por hora, são estes que vem na nossa lembrança e que constam de nossos registros.
[1] Descartada
a proposta de um posto de comando, um pequeno número de soldados americanos foi
destacado para Camocim para dar suporte a alguma manobra. Os mesmos ficaram
abrigados numa pequena base militar construída para tal fim e nos hotéis da
cidade. Informações prestadas pelo memorialista Artur Queirós.
[2]
FILHO, Antônio de Albuquerque Sousa. Camocim do meu tempo.
p.2.
[3] QUEIRÓS, Arthur. Idem.