terça-feira, 31 de julho de 2012

O DESCASO DA DOCUMENTAÇÃO DE CAMOCIM

Documentação queimada nos fundos da Casa Coelho. Foto: Paulo José.
Igreja de Bom Jesus dos Navegantes. Foto: Arquivo do Blog.
Parte da história de um município está nos documentos, sejam eles das mais variadas espécies e tipos. Desde a documentação oficial (aliás, muito mal acondicionada num lugar que chamam de arquivo) à privada revelam muito das realizações do ser humano em determinado lugar. Por outro lado, como não temos ainda a cultura de guardar estes registros e por não termos um lugar apropriado para isso, um ARQUIVO PÚBLICO, um MUSEU, ou outro semelhante, muito dessa documentação vem se perdendo pela ação do tempo, sendo queimada e até transferida para outros locais. Recentemente, pela ação do Prof. Paulo José e outros, juntamente com alunos, salvaram alguma coisa da documentação da antiga CASA COELHO, após de muito dessa massa documental ter sido quimada (foto). Hoje, essa documentação e alguns objetos da referida casa estão na Escola Profissionalizante de Camocim, a espera de uma ação de conservação e catalogação. Por outro lado, o mesmo professor nos informa que os Livros de Tombo da Paróquia de Bom Jesus dos Navegantes, pelo menos os mais antigos estão sendo transferidos para a Diocese de Tianguá. Por se tratar de documentação eclesiástica a mesma na está sujeita à recente Lei da Informação aprovada pela Presidente Dilma, contudo, dificultará sobremaneira a pesquisa dos interessados. Ainda por causa das razões elencadas acima, o Prof. Benedito Genésio Ferreira, detentor de boa parte da documentação do SPH - Serviço de Promoção Humana, a doou ao Núcleo de Estudos e Documentação Histórica -NEDHIS, onde está sendo trabalhada, catalogada e já rendeu até uma monografia no Curso de História da UVA. Há evidente um descaso do poder público, aliás, responsável por toda a documentação oficial. Contudo, penso também que nós historiadores da cidade ainda não temos a maturidade e a vontade necessária para lutarmos para a salvaguarda  dessas documentações e espaços de história e memória.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A HOSPITALIDADE POLÍTICA DE CAMOCIM

Pescadores de Camocim. Foto:http://coisasdavida.fotosblogue.com
Camocim sem dúvida é uma cidade hospitaleira. O receber bem, o acolhimento são virtudes que alimentam o contato humano. A pessoa que chega a essa cidade, com raríssimas exceções logo fica "enturmada" com os nativos, e sem demora, passa a fazer parte do cotidiano da cidade. Quando menos se espera, o sujeito já da opinião, é convidado par fazer parte dos clubes de serviço, dos trabalhos das igrejas, dos times de futebol, das mesas seletas dos bares, para entrar em nossa casa e, se houver oportunidade até casam com nossas filhas. Observando mais de perto essa relação interessante e às vezes interesseira, essa hospitalidade é extendida para a política. Não raro, o sujeito que é bom de papo ou se ligou aos líderes políticos ou exerceu bem sua profissão ou ramo de vida, é lembrado para entrar na política. Ás vezes fico me perguntando se isso é fruto de nosso cosmopolitismo, outrora facilitado pelos contatos via porto ou ferrovia, ou se é um comodismo que faz com que nós deixamos para os outros a tarefa de nos governar. A esta altura quero dizer também que aqui não vai nenhuma dose de xenofobia, pois acredito que o lugar da pessoa é o lugar onde ela "se demora", não tendo, portanto, nada contra quem é "de fora". Se o sujeito se deu bem aqui é porque teve méritos para tal ou então está incluso numa das situações que colocamos acima. Deste modo, voltei os olhos para a política e vi vários exemplos de que nós camocinenses exercemos também o que denominei de hospitalidade política. Desde os primeiros tempos isso se configurou quando o patriarca da Família Veras, Zeferino Ferreira  de Veras (várias vezes Intendente, ainda no século XIX) aqui se instala vindo da região deTamboril-CE. Posteriormente, Alfredo Othon Coelho migra do Ipu-CE, para se estabelecer comercialmente. A Família Aguiar é oriunda de Massapê-CE. Mais recentemente, nos anos 1930, um dos maiores prefeitos nomeados pela Revolução de 1930, foi Gentil Barreira, político ligado à zona norte, mas nascido em Solonópole-CE. Na sua gestão foram erguidos o Mercado Público, o prédio da antiga Prefeitura e a Agência dos Correios e Telégrafos. Nos anos de 1971 e 1972, o municípo experimentou uma trégua na política e lançou uma chapa única onde o escolhido foi Dr. José Maria Primo de Carvalho, pernambucano, como todos sabem. Desfeito o acordo, os "fundo mole", ainda lançariam o Dr. Aristóbulo, também pernambucano, que veio a perder a eleição para João Pascoal de Melo, da facção "cara preta".  Nas eleições de 1992, o virtual candidato eleito seria Manoel Siqueira (não lembro de que município era), vitimado antes das eleições em acidente automobilístico, matéria de uma postagem anterior. No legislativo, também temos vários exemplos de vereadores e de Presidentes da Casa do Povo que não são camocinenses, como Otávio de Santana, Antonio Mingueira Braga (que também foi vice-prefeito), Marcos Antonio Monteiro Freitas e Benedito Soares Pereira. Na atual conjuntura política, se Padre Manoelzinho e Léo da Carne forem eleitos, teremos um ubajarense e um maranguapense no comando da hospitaleira Camocim.

Acrescentando informações do leitor Fábio em comentário enviado referindo-se à postagem:
Boa noite.
"... Zeferino Ferreira de Veras nasceu na Fazenda Sobradinho na época termo de Granja, não veio de Tamboril, mas sim de Viçosa onde foi morar com o pai Sr. José Benedito de Carvalho. Lá constituiram uma firma comercial, ele, Zeferino, também exerceu diversas funções públicas na cidade. No início da década de 70 do sec. XIX mudou-se para Camocim, mais precisamente para a fazenda hoje denominada, Buriti dos Veras. foi realmente o primeiro Veras a exercer uma função pública em Camocim.

Meu dizer: Apesar de não dizer a fonte, acredito que o leitor Fábio tenha razão. Parece que eu fiz confusão com o nome de Antônio Zeferino Veras, o mesmo nome que subustituiu o da rua 03 de outubro. Obrigado pela colaboração, Fábio.