domingo, 23 de fevereiro de 2014

HISTORIADORES DE CAMOCIM - JANA MENDES

Dentre os mais recentes trabalhos de conclusão de curso (TCC) sobre Camocim defendidos no Curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, está a monografia da historiadora Jana da Silva Barbosa Mendes, intitulada "Patrimônio Histórico de Camocim: Cidade e Memória", orientada pelo Prof. Dr. Denis Melo. O trabalho referido analisa aspectos do patrimônio histórico e cultural de Camocim, com ênfase nos conjuntos arquitetônicos que ainda restam em nossa cidade do tempo áureo vivido com as atividades econômicas advindas do porto e da ferrovia. Destacamos para esta postagem um trecho inicial do Capítulo 2: Caminhar pela cidade, aspectos urbanos de Camocim: a imagem da cidade na construção do seu patrimônio, da obra em referência:

Casa de Agente de Estação da EFS. Camocim-CE.
Depois do Porto foi a Ferrovia, dois motores da economia local que, juntos, influenciaram na constituição do espaço urbano de Camocim. Caminhando pelas ruas próximas ao porto e a estação é possível ver a presença de um conjunto arquitetônico construído entre os séculos XIX e XX, casas de morada, casas de comércio, os armazéns, as residências de funcionários da ferrovia, a sede da instituição alfandegária, a presença dessas figuras icônicas é marcante para a paisagem da cidade. O espírito do observador atento percebe esse conjunto arquitetônico como algo especial inserido na paisagem de uma pequena cidade do interior, essas construções que fazem parte do patrimônio histórico e cultural da cidade, estão sobrevivendo a especulação imobiliária que vem ocorrendo nesses últimos anos na cidade. Muitas prédios, na região central da cidade, de arquitetura neoclássica, construídos há mais de um século já sucumbiram a especulação imobiliária, dando lugar a novas construções, assim como fachadas estabelecimentos comerciais rica em detalhes neoclássicos e com platibandas, são descaracterizadas ou melhor destruídas. Ao nos depararmos com essas paisagem da cidade e observando o local onde ocupam essas construções de outros tempos, é como estivessem ali, em um local errado, devido as tantas mudanças físicas que ocorrem ao seu redor, mas um fato é certo, e já foi dito, essas construções tentam sobreviver.

É preciso dizer, no entanto, que esta sobrevivência não depende dessas construções que "tentam sobreviver". Ela, a sobrevivência, é resultado das ações humanas, mediadas ou não por aspectos ligados à memória, à história, ou da imposição legal através da intervenção de órgãos preservacionistas, enfim, está na mão dos homens a preservação de um fragmento de nosso passado. Nesse sentido, o trabalho da historiadora Jana da Silva Barbosa Mendes que chama a atenção para uma ação nesta perspectiva. Nossos parabéns!

Foto: panaromio.com.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

OS TIPOS HUMANOS DO CAMOCIM DE OUTRORA

Capa do livro "Adolescência na Selva". Fonte: arquivo do blog.
Há três postagens anteriores trouxemos uma referência da obra "Adolescência na Selva", do camocinense Souza Lima que nos inspirou a escrever sobre os tipos humanos que habitam nossa cidade, com a promessa de relatar os tipos que ele pontua ao seu tempo, início do século XX. 

Portanto, vamos a eles: o primeiro é o "Cabra da Caatinga", descrito como "um homem já velho, aparentando mais de cinqüenta anos, moreno, como o apelido indicava, magro, quase alto, vestindo sempre uma calça brim listrado, ordinário, das fábricas do Maranhão.." (p.22). Segundo o autor sua profissão era caçador, se especializando na venda da carne de veado. Após vender , suas encomendas, metia a cara na cachaça e saía a cambalear pela cidade. O autor relembra uma fala do caçador: "Êta danado!... Eu sou o Cabra da Caatinga!... Tô bêbo cuma raposa... Se eu num acabá cum a cachaça, ela acaba comigo... mas, antes de morrer, muito veado vai caí diante da minha lazarina..." (p.23).

Outro personagem descrito no livro é o Cipriano, "caboclo forte, espadaúdo, fronte larga, olhar ligeiro de celerado, desordeiro, perverso, valente, êle surgiu na minha terra, vindo do sertão adusto, creio que das bandas da Serra Grande ou da Meruoca, por volta de 1910" (p.76). Cipriano era o que chamamos hoje de pistoleiro, sempre a serviço de algum coronel. O autor dá a entender de que ele veio para Camocim fazer algum despacho para o outro mundo. De tanto fazer arruaça era marcado  pela polícia. 

Outra pessoa muito citada em crônicas do livro é o comerciante Chico Ricardo, que não chega a ganhar um texto específico, mas, aparece em várias passagens das histórias narradas, quase sempre se referindo ao autor comprando bananas "que o Chico Ricardo vendia dez por um vintém, a fim de não perdê-las todas". (p.35). Em postagens posteriores, traremos outros tipos mostrados por Souza Lima. 




domingo, 9 de fevereiro de 2014

TURISMO EM CAMOCIM. QUANDO?




Fonte: jandagadatravel.com.
No próximo dia 26 de fevereiro completará uma década que o jornal O Povo destacou em seu Caderno de Turismo o então aniversário de funcionamento do Boa Vista Resort em Camocim. A festa teve 600 convidados e culminou com a realização de um Seminário, tendo como convidados os governadores do Ceará, Piauí e Maranhão, Ministério do Turismo, Embratur no sentido de se pensar ações para o desenvolvimento do turismo nos estados. Desde então, vimos várias ações, porém inócuas para o deslanchar dessa "rota das emoções". Fala-se que de 2004 à 2012, o poder público municipal pouco fez da sua parte. Mas, e o poder estadual e federal? E os proprietários do resort? O certo é que hoje temos um equipamento turístico que atraiu por pouco tempo excursões de finlandeses "farofeiros" na melhor acepção cearense que o termo aspeado possa ter, alguns artistas globais e algumas autoridades em veraneio e hoje resta fechado, tal qual um elefante cor de areia. Tal fechamento temos que ficar explicando aos amigos sem sabermos o real motivo, a não ser o lógico - a falta de hóspedes que manteriam o negócio em funcionamento. Contudo, sabemos que não é tão simplório assim a explicação para tal fim. O Governo Federal, quando da vinda da então ministra do Turismo, Marta Suplicy acenou com a possibilidade de termos aqui um Hotel Escola até agora não realizado. Quanto de incentivo e renúncia fiscal do governo foi carreada para o empreendimento? É uma pergunta que ninguém responde. Por outro lado, além dos empregos diretos e indiretos e de uma arquitetura em harmonia com nossas falésias, qual a vinculação do resort com a realidade econômica e cultural da região? Estas questões postas explicam o fechamento? E atualmente, que ações estão sendo tomadas para a retomada do funcionamento? Outra caixa de segredo. Voltando à notícia de dez anos atrás, a parte festiva do evento registrou o agraciamento de autoridades com o troféu "Amigo de Camocim", dentre elas, o Governador do Estado Lúcio Alcântara, do secretário Alan Aguiar, CVC Viagens, TAM Viagens e TAM Linhas Aéreas. Na época, a gerência comercial do Boa Vista Resort era de Flor de Liz Romeiro. Até quando Camocim será um projeto de cidade turística?


Fonte: Jornal "O Povo". Caderno Turismo. 26 de fevereiro de 2004.