terça-feira, 31 de maio de 2011

E O PORTO DE CAMOCIM?


Quando o ex-prefeito de Sobral Leônidas Cristino assumiu a Secretaria dos Portos, cantei a pedra: é mais fácil sair um porto seco para Sobral do que se revitalizar o Porto de Camocim. Agora sai notícia do Governador Cid Gomes e o Prefeito de Sobral Clodoveu Arruda visitando o Porto de Nova Jersey para conhecer a experiência dos americanos. Até aí tudo bem, é dever dos gestores buscarem novas alternativas para o crescimento econômico do estado. Salta aos olhos, no entanto, a notícia não fazer nenhuma menção ao Porto de Camocim nesse modelo ou nesse projeto, visto que em sua justificativa: "Porto seco é um terminal intermodal terrestre diretamente ligado por estrada e/ou via férrea. Além de seu papel na carga de transbordo, portos secos podem também incluir instalações para armazenamento e consolidação de mercadorias, manutenção de transportadores rodoviários ou ferroviários de carga e de serviços de desalfandegamento.Com o uso dos portos secos, as mercadorias exportadas já chegam aos portos marítimos prontas para o embarque, enquanto que no caso das importações pode-se tirar as mercadorias dos portos marítimos mais cedo, onde a armazenagem custa substancialmente mais caro".
Minha desconfiança é que todo esse projeto esteja interligado aos interesses econômicos do Porto do Pecém, embora na matéria não se cite que portos marítimos serão beneficiados, embora seja intenção do governo "sediar um porto seco na Região Norte do Estado". Não vimos também, nenhuma liderança política da região repercurtir o fato buscando tirar dividendos, o que pode sugerir também a falta de força política para tal. Aguardemos, portanto, o desenrolar dos fatos.

Fonte: Coordenadoria de Imprensa do Governo do Estado. Com informações da Casa Civil ( comunicacao@casacivil.ce.gov.br / 85 3466.4898)

FOTO: PORTO SECO DE NOVA JERSEY. tiosam.org.
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sexta-feira, 27 de maio de 2011

A VIOLÊNCIA NO CAMOCIM DO SÉC. XIX.


É forçoso dizer, a violência é um fenômeno cotidiano, milenar e eterno. A história universal está aí para corroborar esta afirmativa. Quem diria que a Villa de Camocim em 1883 já sofresse desse problema? É o que vou lhes contar e, para maior fidedignidade transcrevo o documento, talvez um dos primeiros produzidos pela Câmara Municipal ao Presidente da Província do Ceará:

Ofício da Câmara Municipal da Villa de Camocim, em Sessão Ordinária de 13 de abril de 1883.

Esta Câmara vendo que a tranqüilidade publica d’esta Villa se acha (ilegível) perturbada por um grupo de desordeiros de vida ociosa e que vem ameaçar locais, transitão publicamente por esta villa armados de faca e cacete provocando aos pacíficos abitantes do lugar, chegando sua ousadia deregirem insultos a própria autoridade como aconteceu na noite do dia 23 do mez próximo passado, quando um grupo d’estes perturbadores apredejaram a caza do Subdelegado de Polícia deregindo-lhe ainda toda sorte de insultos.

Ainda um grupo d’esses desordeiros na noite do dia 6 do corrente mez em numero de 20 a 30 espancarão a um (ilegível) do exército, levando pois ao conhecimento de V. Exca. tão tristes fatos, espera da sábia e assertada a demonstração de V. Exa. Providencias assaz asertadas.

Releva significação a V. Exa. que a presença do seu destacamento suficiente commandado por um official, se faz necessário nesta villa attento sua crecida população adventícia.

Deus Guarde a V. Exa.

Ilmo. E Exmo. Snr. Barão de (ilegível)

Mto. Dig. Presidente da Província do Ceará.

Diogo José de Souza – Presidente

João Porfírio de Andrade

Joaquim Firmo Pessoa

Joaquim Inácio Uchoa

Zeferino Ferreira de Véras.”

Foto: memorialcamocim.blogspot.com

terça-feira, 24 de maio de 2011

BOM JESUS DOS PASSOS DE CAMOCIM

Fixe seu olhar na gravura de Bom Jesus dos Passos ao lado. Prestou atenção?! Isso mesmo, ela já foi uma das imagens expostas na Matriz de Bom Jesus dos Navegantes. Hoje ela ornamenta a primeira sala do Museu Dom José em Sobral, considerado o maior museu do Ceará e o quinto no Brasil em arte sacra. Conta-se que Dom José, bispo de Sobral quando fazia sua visitas pastorais, ao reconhecer valor artístico e histórico nas peças, seja nas igrejas da Diocese ou nas casas de famílias que o abrigava, costumava dizer para os mesmos: - "isso ficaria muito bem no museu que estou organizando". Não tinha crente que negasse um pedido do bispo. Logo amealhou substancial coleção, além das que efetivamente comprava no Brasil afora e até do exterior. A nossa imagem tem detalhes interessantes: além da madeira policromada, os cabelos da imagem são naturais. Diz-se que eram de uma freira que teria feito uma promessa a Bom Jesus dos Passos e doado os cabelos para a confecção da imagem. Não tenho ainda documentação que comprove a história ou mesmo de quando ela foi levada pelo bispo da Matriz de Camocim, mas, deve ter sido nas primeiras décadas do século XX, quando ainda a Paróquia de Bom Jesus dos Navegantes pertencia à Diocese de Sobral, o que pode levantar uma certa dúvida sobre a data de sua identificação, século XVIII. De todo modo, toda vez que a Diretora do Museu Dom José, minha colega do Curso de História, Profa. Glória Giovana Mont'Alverne Girão apresenta o museu aos alunos, brinco com ela dizendo que um dia ainda iremos repatriar essa imagem para Camocim. Ela ri duvidando, talvez com a certeza de que nunca teremos um museu na cidade, para abrigar a imagem ou que mesmo isso nunca será uma prioridade dos católicos camocinenses, além do que a posse deve estar muito bem documentada pelo museu. Fica o registro e a dica!

Foto: Coleção Imaginária do Museu Dom José. Madeira policromada, séc.XVIII. Bom Jesus dos Passos/São Bento.
Fonte: Museu Dom José. Sobral_CE.

DE OLHO NA RUA - 24 DE MAIO


Se perguntarmos o motivo da denominação da Rua 24 de Maio, pouca gente saberá. A dúvida aumentará ainda, se indagarmos o porquê dessa data ser lembrada em outras cidades e capitais do Brasil. Pois é, 24 de Maio é a data da Batalha de Tuiuti ocorrida em 1866 às margens do lago de mesmo nome em território paraguaio, na famigerada e sangrenta Guerra do Paraguai. Feito essa explicação, é preciso dizer que há muito tempo atrás havia uma recomendação constitucional de que os municípios nomeassem suas ruas e logradouros com nomes de heróis e fatos da História do Brasil. Isso explica o porquê do nome de tantas ruas no Brasil inteiro com denonimações tipo: 24 de maio, Independência, Santos Dumont, Marechal Floriano, República, só para citar estes. Camocim seguiu à risca esse dispositivo, principalmente com relação às batalhas da Guerra do Paraguai: Humaitá, Paissandu e Riachuelo. Tenho a impressão que escolheram 24 de Maio por ser mais interessante aos ouvidos do que Tuiuti. Em Camocim, acho que é a maior rua da cidade, visto que atravessa a cidade de norte a sul e tem algumas particularidades como chamar-se antigamente Rua do Egito entre as ruas General Tibúrcio (nome verdadeiro) e Duque de Caxias. Este trecho de rua já foi imortalizado na pena do Prof. Avelar Santos e outros cronistas camocinenses em crônicas de jornal, visto que é exatamente este trecho que fica defronte ao antigo pátio de manobras do trem da extinta Estrada de Ferro de Sobral, e onde moravam grande parte dos ferroviários.

Foto: Batalha de Tuiuti. Fonte: Internet

quinta-feira, 19 de maio de 2011

CABOCLINHO FARIAS - O FERROVIÁRIO

João Farias de Sousa. mais conhecido como Caboclinho Farias, foi outro daqueles comunistas que não deixaram a "semente" fenecer. Sua profissão permitia que fizesse os contatos necessários para a articulação da militância em suas várias tarefas. De Camocim a Crateús, de Ipu a Fortaleza; onde os trilhos da ferrovia passavam. Caboclinho Farias tinha sempre um "camarada" com quem trocava informações. recebia instruções, entregava encomendas. O foguista Caboclinho era. portanto, um elo de ligação muito importante que procurava não deixar a chama apagar nas células do PCB na Zona Norte do Estado do Ceará.
Um dos fundadores do PCB em Camocim em 1927, rearticulou a militância comunista através da ANL - Aliança Nacional Libertadora. Nas eleições de 1947, com a redemocratização e legalização do PCB, lançou-se candidato a Deputado Estadual, sendo sufragado nas cidades por onde o trem passava. Não logrou êxito, mas serviu para o PCB marcar posição na cena política.
Na grande obra sobre a tortura no Brasil, que desencadeou o processo de abertura política no país, "Brasil Nunca Mais", é citado o depoimento de Caboclinho no capítulo referente às torturas psicológicas sofridas diante da família.

Fonte: Cidade Vermelha., UFC/2007
Foto: tovemdotudo.zipnet

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O COMÉRCIO DO JABORANDI EM CAMOCIM


A pesquisa histórica é muito interessante e intrigante. Na aparentemente insípida documentação contábil de uma firma comercial é possível encontrarmos fragmentos que dão ou davam conta de um cotidiano de uma cidade, de uma região. É o que estamos constatando ao megulharmos nos livros da firma granjense Carvalho Motta do final do século XIX. Ao analisarmos uma simples carta entre cliente e firma, o movimento comercial proporcionado pelo Porto de Camocim e a Estrada de Ferro é apresentado em sua dinâmica, revelando que para além dos produtos consagrados pela historiografia como o algodão, existiam outras espécies vegetais a ativar o comércio, local como o jaborandi, hoje muito utilizado na indústria de cosméticos. O Jaborandi (Pilocarpus microphyllus Stapf) árvore da família Rutaceae, naquela época era intensivamente usada na indústria farmacêutica através de um dos seus princípios ativos, pilocarpina, utilizado no controle do glaucoma. Vejamos trecho da carta em questão:

Granja, 1 de setembro de 1892.

Snrs Adeodato Carneiro Simão.

Sobral.

Amos & snrs.

Fomos honrados com seu prezado favor de 20 do corrente que passamos a responder.

Ficamos certos de terem 12 fardos de jaborandy promptos e 3 mais que estariam nestes 2 dias, por tanto queiram depachar estes 15 fardos para o Camocim ao Snr. João Nicolau para seguirem, sem falta, pelo trem de sábado, afim de vermos se podemos embarcarl-os pelo vapor Pernambuco, pois estará neste dia naquelle porto para onde seguirá igualmente o n/ sócio Motta, pelo mesmo trem.

domingo, 15 de maio de 2011

A HISTÓRIA DO HINO A CAMOCIM


O blog dispõe hoje, matéria organizada por este blogueiro a sair em livro prometido por políticos camocinenses. Trata-se de reunir a letra do HINO A CAMOCIM e a sua explicação, dada pelo próprio autor, Professor Francisco Valmir Rocha. Enquanto o livro não vem, dispomos aos leitores a identificação musical de nossa terra, principalmente para aqueles camocinenses dispersos pelo mundo.





Letra e música: Prof. Francisco Valmir Rocha.


Vejo ao longe ondear o oceano

Em cachões de espumas p’ros céus.

Camocim, entre as ondas boiando,

Vai cantando louvores a Deus.

Estribilho

Quem viu tuas praias de alvura sem par

Pede a Deus te conserve formosa,

Sempre airosa, “Princesa do mar”!

Quem viu tuas velas vogando ao luar

Tem vontade de sempre te amar,

Sempre, sempre, “Rainha do mar”!


Verdes mares bravios do norte

A lutar nesse eterno fragor,

Como vós nosso povo é tão forte,

Tão feroz, pertinaz, lutador.


Deus não queira que a luz radiante

Se me apague dos céus sem que eu veja

Teus coqueiros gentis, ondulantes;

Sem que junto de ti eu esteja.

EXPLICAÇÃO DADA PELO AUTOR

O Hino de Camocim é uma exaltação a esta moldura de oceano ainda inexplorado e selvagem em que se engasta a cidade. Já ali nas proximidades da Estação Ferroviária, ao fresco da praia, você já sente o cheiro de maresia e vê ao longe as ondas encarneiradas do mar. Foram aquelas franjas brancas do oceano que se vislumbram na entrada da barra que sempre me atraíram a vista e me encantaram.

Depois, como se estivessem cavalgando sobre elas, as canoas de velas multicores foram para mim “o Camocim entre as ondas boiando”. Velas de vários formatos, de bastardos, de canoas, velas pequenas e frágeis manejadas por garotos, filhos de pescador, lembram-me sempre a coragem deste povo “forte e lutador”. De fato, quem viu as demonstrações de patriotismo e amor à terra desta gente no tempo do desmanche das oficinas, em que ela saía a ocupar as edificações das ditas oficinas para não deixa-las sair daqui, só pode vê-lo como um povo “forte e lutador”.

De resto, foi o meu amor a esta cidade de, (muito embora não tenha nascido aqui), que me fez criar raiz neste torrão e escolhê-la como a minha cidade a que me fez adorar “as velas vogando ao luar”, mansamente, obscuramente, velejadas pelo povo simples, talvez em busca dos caranguejos dos mangues do outro lado.

Por último, os coqueiros sempre verdes de esperança, que aqui nasceram como por encanto, a acenar para quem chega e quem sai, foram sempre marcantes e que eles sejam a última miragem “antes que a luz se me apague dos céus.”

A MÚSICA E A LETRA - O hino foi composto em 16 de setembro de 1964 quando se preparava o aniversário da cidade daquele ano. A música despontou em mim, dando colorido e exaltação às primeiras palavras do poema, que nascia também. De sorte que letra e música surgiram num mesmo ímpeto de exaltação à terra. Elas se casam. A música vívida e marcial vem justamente levar mais alto a empolgação por esta terrinha que Deus plantou à beira do oceano – o meu Camocim, o nosso Camocim. [1]


[1] “O Literário”. Ano III, edição 20. Março de 2002. Camocim-CE, p. 2.

Foto: guiadeonibus.com.br

sábado, 14 de maio de 2011

CURE-SE COM OS BANHOS DE MAR DE CAMOCIM

Outro dia um site denominado "Adoro Viagem" publicou uma reportagem muito interessante mostrando nossas belezas, prometendo até o "desstress da alma". Pois bem, fui às fontes e recorri à memória de como nossa cidade foi escolhida ou recomendada para as pessoas para curarem seus males, face à nossa condição climática, situada às margens do Atlântico. Aqui, o grande pintor Raimundo Cela, que projetou o Ceará no mundo das artes plásticas, teve não somente os modelos vivos da natureza para compor suas telas, mas, o clima ideal e os banhos de mar para curar suas mazelas do aparelho respiratório. Durante as secas periódicas que assolaram o Ceará no século XX, levas de retirantes oriundos dos mais recônditos sertões cearenses, vinham para cá escapar da fome no nosso rio (pense nos corós daqueles tempos) e nos manguezais (idem caranguejos e siris). Muitos deles acabaram ficando por aqui e constituindo grandes famílias que hoje compõem nossa sociedade. Para finalizar, até na documentação comercial da firma Carvalho Mota & Irmão, de Granja, o gerente recomenda a um cliente a cidade de Camocim para sanar seu problema de saúde. Vejamos:

Granja, 16 de setembro de 1892.

Snrs Moreira & Saraiva.

Maranhão.

Amos & Snrs.

(...) Muito sentimos a noticia que nos deram dos graves encommodos de saúde de n/ particular e muito digno amigo o Snr Cardozo Pereira.

Soubemos hoje por tellegramma achar-se este em Fortaleza, um pouco melhorado, pelo que telegrafhamos lembrado o bom clima de Camocim onde há bons banhos de mar e suppomos que obterá uma franca e feliz convalescenças o que são os nossos votos.

Somos com particular estima.

De Vmces

Amos & Compa

Carvalho Motta & Irmão

(p. 19).

Foto: viajamos.com


domingo, 8 de maio de 2011

A TODAS AS MÃES DE CAMOCIM


O que dizer para uma mãe no dia delas? Poderia começar falando que para mim todos os dias são delas, geradoras e cuidadoras dos filhos, sem o artificialismo do ato de dar presentes pontuais influenciados pela mídia comercial. O melhor presente para uma mãe ou um filho é o que cada um pode dar para o outro, nos momentos de dor ou de alegria. Poderia também começar com os versos de uma velha canção:

Andei por todos os jardins
procurando uma flor prá te ofertar
lugar algum eu encontrei
a flor perfeita prá te dar.

Quem está na faixa dos 50 anos, quem não se embalou com esta canção, tocada em exaustão nesta data no programa "O seu presente é música", da Rádio Tupinambá de Sobral?
Portanto, peço licença aos leitores do blog para, em nome da minha mãe, saudar todas as mães camocinenses, que dedicam suas vidas aos seus filhos. E que os filhos, para além de presenteá-las, possam realçar o trabalho árduo que elas tiveram e tem de criá-los, encaminhá-los na vida. Neste sentido, a história de toda mãe deveria virar um romance, uma história da vida real. Quero ter vida suficiente para um dia escrever a saga da minha, esta mulher inquebrantável, "mãe" desde os 7 anos de idade a criar seus irmãos, tendo sempre uma vida de renúncias e privações, mas sem perder a esperança e vigor da mocidade, ainda hoje demonstrados em corpo e espírito. Mãe, toda a felicidade para a senhora! Mães camocinenses, aceitem o meu abraço!


Foto: Arquivo do Blog.

sábado, 7 de maio de 2011

OS "CAMARADAS" DE CAMOCIM


O combate ao comunismo em Camocim e no Brasil, como sabemos, foi muito intenso. Os órgãos de repressão não brincavam em serviço, como está sendo mostrado na novela do SBT, "Amor e Revolução" e, nessa atmosfera, tudo era motivo para se prender ou denunciar os "subversivos", muitas vezes apenas pelos laços de amizade com membros do partido ou mesmo por ter algum livro considerado proibido em sua biblioteca. Pesquisando no Arquivo Nacional encontramos alguns processos referentes aos militantes comunistas de Camocim, principalmente, Francisco Theodoro Rodrigues, fundador do PCB local e Pedro Teixeira de Oliveira (Pedro Rufino). Contudo, uma lista de presos de Sobral e Camocim, chamou-nos atenção por trazer outras pessoas, além das já conhecidas da efetiva militância e , colocando no mesmo rol, integralistas e comunistas. Na lista abaixo, constam apenas as pessoas de Camocim e o respectivo sumário.


Relação de militantes comunistas e integralistas presos pela repressão nos anos 1936 e 1942. Sobral e Camocim.

Nome: João Farias de Sousa, vulgo “Caboclinho”

Nº de Ordem: 88

Página: 30

Filiação: Francisco Raimundo de Sousa e Vitalina Farias de Sousa.

Profissão: Operário

Data da prisão: 07/04/36

Motivo da prisão: Comunista

Data da liberdade: 22/04/36

Nº do prontuário: 100

Observação: Foi processado e absolvido pelo TSN, por deficiência de provas. É identificado sob o Nº 952.

Nome: Petronio Pessoa dos Santos

Nº de Ordem: 105

Página: 31

Filiação: Antonio Francisco dos Santos e Edith Santos1

Profissão: Guarda-livros

Data da prisão: 20/04/36

Motivo da prisão: Comunista perigoso

Data da liberdade: 22/04/36

Nº do prontuário: 117

Observação: Pelo mesmo motivo foi novamente preso em 17/06/36 e solto em 16/07/36. Elemento agitador de greves entre a classe operária de Camocim-CE. Foi processado e absolvido pelo TSN, por deficiência de provas. É identificado sob o Nº 1.566.

Nome: Virgílio Tavares e Silva.

Nº de Ordem: 109

Página: 31

Filiação: Virgílio Viana da Silva e Francisca Viera da Silva Tavares.

Profissão: Funcionário Público Federal

Data da prisão: 11/04/36

Motivo da prisão: Comunista

Data da liberdade: 18/04/36

Nº do prontuário: 130

Observação: Elemento participante da extinta Aliança Nacional Libertadora;

Nome: Fernando Veras

Nº de Ordem: 112

Página: 31

Filiação: Joaquim Francisco da Fonseca e Leonilda Veras Coelho.

Profissão: Comerciante

Data da prisão: 13/04/36

Motivo da prisão: Comunista

Data da liberdade: 18/04/36

Nº do prontuário: 133

Observação: A sua prisão foi efetuada em Camocim-Ceará.

Nome: João Pascoal de Melo ou João Pascoal Coêlho.

Nº de Ordem: 114

Página: 31

Filiação: Luciano José de Melo e Francisca Marques de Melo

Profissão: Funcionário Público Federal

Data da prisão: 18/04/36

Motivo da prisão: Comunista

Data da liberdade: 18/04/36

Nº do prontuário: 135

Observação: A sua prisão foi efetuada em Camocim-Ceará.

Nome: Joana de Oliveira Cabral

Nº de Ordem: 115

Página: 31

Filiação: Paulino de Oliveira e Maria Oliveira Cabral

Profissão: Costureira

Data da prisão: 13/04/36

Motivo da prisão: Comunista

Data da liberdade: 18/04/36

Nº do prontuário: 136

Observação: Foram encontrados em sua residência manifestos da propaganda comunista. A sua prisão foi efetuada em Camocim-Ceará.

Nome: Pedro Teixeira de Oliveira, vulgo “Pedro Rufino”.

Nº de Ordem: 125

Página: 32

Filiação: José Rufino de Oliveira e Leonília Maria de Oliveira

Profissão: Comerciante

Data da prisão: 07/05/36

Motivo da prisão: Comunista

Data da liberdade: 07/05/36

Nº do prontuário: 146

Observação: Pelo mesmo motivo foi novamente preso em 15/06/36 e solto a 04/07/36. Foi processado e absolvido pelo TSN, por deficiência de provas. É identificado sob o Nº1701.

Nome: Francisco Teles de Sousa, vulgo “Francisco Bordalo”

Nº de Ordem: 186

Página: 37

Filiação: Pedro José de Sousa

Profissão: Ferreiro

Data da prisão: 26/06/36

Motivo da prisão: Comunista

Data da liberdade: 06/07/36

Nº do prontuário: 213

Observação: Pelo mesmo motivo foi novamente preso em 18/07/36 e solto a 05/08/36. Na sua residência foi apreendido um rifle. Foi processado e absolvido pelo TSN, por deficiência de provas. É identificado sob o Nº 1726.

Nome: José Ferreira de Sousa, vulgo “Dedé”.

Nº de Ordem: 201

Página: 38

Filiação: Raimundo Ferreira de Sousa e Maria José do Carmo.

Profissão: Ajudante de Chauffer

Data da prisão: 26/06/36

Motivo da prisão: Comunista

Data da liberdade: 01/07/36

Nº do prontuário: 213

Observação: É identificado sob o Nº 1712.

Nome: Raimundo Ferreira de Sousa ou Raimundo Pereira de Sousa, vulgo “Raimundo Vermelho”.

Nº de Ordem: 203

Página: 38

Filiação: Raimundo Maximiano Saraiva e Angela Maria Madalena

Profissão: Agricultor

Data da prisão: 24/06/36

Motivo da prisão: Comunista

Data da liberdade: 07/08/36

Nº do prontuário: 233

Observação: Foi processado e condenado a um ano de reclusão, tendo o TSN julgado prescrita a ação penal. É identificado sob o Nº 951.

1 O nome correto da mãe é Judith Pessoa dos Santos.

Foto: Pedro Teixeira de Oliveira (Pedro Rufino). Arquivo do blog.