sexta-feira, 29 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 08. CAMOCIM 144 ANOS

 

Logomarca "144 anos" de Camocim. By Tiago Aguiar. 2023.



E, de repente, já são quase um século e meio de história. Na verdade, 144 anos é apenas uma data burocrática da administração pública. Camocim, como um lugar físico, geográfico e histórico, remonta nos registros desde o século XVI, quando o homem branco começou a arranhar as nossas praias. Logicamente, os povos originários aqui já estavam e que depois vieram a ser chamados de indígenas em sua diversidade tribal de Tremembés, Acoançus, Camocins, dentre outras denominações. Deste encontro ou confronto, depois acrescido dos africanos, descendemos todos nós, com maior ou menor grau de ancestralidade.
Nossa missão como historiador é investigar estas origens e o seu cotidiano através dos tempos e dos espaços. Deste modo, através das nossas publicações sobre a história de Camocim (13 no total, até agora) e deste espaço chamado "Camocim Pote de Histórias" (coincidentemente, há 13 anos), procuramos desvendar as ações humanas neste lugar "abençoado por Deus e bonito por natureza", como diria o poeta.
E todo dia se descobre um pouco mais, seja pelo universo da internet, em livros antigos, em conversas com o amigo na mesa de bar ou na esquina estiva. Quando isso acontece, corro logo, como um fuxiqueiro e publico logo no blog. Afinal de contas, todo historiador é um tecedor de "fuxicos", quando nos referimos aquela peça de tecido que ao se juntar várias delas, tece-se uma toalha. Juntando-se os "fuxicos", tem-se uma história! 
Neste aniversário de 144 anos, não iremos descansar. Logo mais a noite vamos "bater papo" com o grupo "Idosos e Vaidosos", que estão em Camocim na XXVI Jornada de Confraternização Camocinense, convidado que ui. E eu que não sou besta, aceitei de pronto, pois vou aprender muito e reabastecer este espaço das histórias que ainda estão por contar. Mesmo porque, sou sabedor que a história estão com os mais experientes e vividos.

VIVA CAMOCIM, SEU POVO E SUA HISTÓRIA!!!

sábado, 23 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 07. CAMOCIM E A AVIAÇÃO COMERCIAL

 

Cartaz de divulgação. Fonte: INFRAERO.



    A relação de Camocim com a aviação comercial é centenária. Com efeito, desde a passagem do aviador camocinense Pinto Martins, colocando a cidade no circuito da travessia pioneira entre Nova Iorque-Rio de Janeiro em 1922, que Camocim foi passagem de aventureiros do ar em grandes raids que marcaram as primeiras décadas do século XX.
    Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, Camocim, por sua posição geográfica estratégica, foi cotada para ser um Posto de Comando, mas perdeu para a capital Fortaleza, Contudo, destes estudos resultou numa pequena base militar americana, usada para o reabastecimento de hidroaviões, localizada no bairro dos Coqueiros com uma estrutura de pier e outras edificações que posteriormente foram melhoradas para abrigarem os voos regulares da Panam e depois Panair (quem não lembra do Chico Pané?!), que exploravam linhas aéreas com destinos nacionais e internacionais.
    Camocim também foi por muito tempo, rota de aviões do Correio Aéreo Nacional (CAN) que nas primeiras décadas do século XX era um serviço prestado pelo Governo Federal na condução das malas postais.
    Revirando o baú, pode-se encontrar anúncios das linhas e horários dos aviões publicados nos jornais locais e da capital, que passavam pelo nosso Campo de Aviação, (quem lembra do Seu João do Campo?!) hoje, Aeroporto Pinto Martins, que foi construído para atender a demanda turística, mas que até o momento não se efetivou plenamente.
    Agora, espera-se que, com a administração da INFRAERO     que em setembro deste ano assumiu a administração dos aeroportos  de Camocim, Aracati, Cruz-Jericoacoara, Sobral, São Benedito, Crateús, Iguatu, Campos Sales, Tauá e Quixadá, possamos ter novamente os aviões riscando o céu de Camocim, fazendo jus ao texto de divulgação da empresa que anuncia esta nova fase:   "A cada dia a gente dá mais um passo para ajudar o Brasil a impulsionar o desenvolvimento econômico das regiões e realizar verdadeiramente -a integração nacional, unindo o país."



    

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 06.ANTES DE SER GRANJA, CAMOCIM FOI SOBRAL

 

Camocim (Ceará).O porto. Em primeiro plano, Vapor Camocim. Acervo do blog CPH.



    Neste ano, Sobral comemora 250 anos de história política e administrativa. No entanto, pouca gente sabe, dos ´perrengues que a então vila passou nos primeiros anos de edificação. Já no primeiro ano, o saldo nas contas foi negativo. 

Logomarca dos 250 anos de Sobral. Fonte: https://www.sobral.ce.gov.br/imprensa


    Mas, o que tem ou que teve em comum Sobral e Camocim há 250 anos atrás? Explico, é que em 1773, com a criação da Vila de Sobral, os portos de Acaraú e Camocim estavam sob sua jurisdição. Aqui mesmo neste espaço, já publicamos os pedidos de instalação de currais de pesca em Camocim no ano de 1775 na Câmara de Sobral em favor dos moradores Alferes Francisco Carneiro da Cunha e Manoel Rodrigues Peixoto.

   Voltando para o ano de 1773, data da criação da Vila de Sobral, Camocim vai aparecer nos primórdios da história sobralense, segundo registra o historiador Pe. Sadoc de Araújo em sua "Cronologia Sobralense".  Para poder sustentar os proventos do Juiz de Fora de Sobral, a Câmara teve que instituir um imposto cobrado no porto de Camocim. 

  Nos registros da contabilidade, naquele ano foram recebidos "29$460,  do imposto dos vinténs de 1.470 bois recebidos no porto de Camocim" e "69$000, dos últimos bois e da passagem dos barcos no porto de Camocim recebidos de João Cavalho da Mota"..

    Tres anos depois, em 1776, Camocim passaria de mãos, com a criação da Vila de Granja. Aí já é outra história!

 

Fonte: ARAUJO, Pe. Sadoc de. Cronologia Sobralense. Fortaleza-CE: Edições ECOA, 2015,  p. 374.

sábado, 16 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 05. ILHA DO SEBO. O PRIMEIRO LIXÃO DE CAMOCIM

Portaria. Conselho de Intendência de Camocim. 1891. Fonte: APECE. Camocim. Cx 28. 1883-1921.

     A questão do lixo, em qualquer lugar, volta e meia, aparece no centro das discussões citadinas. É a alta de educação da população que não coloca o lixo no local e horários corretos, é a coleta pública que falha no recolhimento, é a alta da coleta seletiva, do aproveitamento e reciclagem do próprio lixo, falta de aterros sanitários, dentre outros problemas relacionados. 

        Em Camocim não seria diferente. Apesar de todos os esforços da população e do poder público, o problema, vira e mexe, está na ordem do dia. Até os urubus, que fazem um trabalho de limpeza natural, já foram guindados ao patamar de "garis voadores" em plena sessão da Câmara Municipal. 
       Mais recentemente, dentro da política de saneamento ambiental, está se construindo uma unidade de recebimento de resíduos sólidos na periferia da cidade.  

Camocim Aéreo. 2010. Fonte: Camocim Online.

        No entanto, o problema do lixo é secular em nossa cidade. Imagine que no final do século XIX, os legisladores já se preocupavam e legislavam sobre a questão a sua maneira, observando as possibilidades de resolução naquele tempo, destinando uma das ilhas do estuário do nosso Rio Coreaú como o local de destino para a colocação dos "entulhos de qualquer espécie fora do alcance da maré".  E de se imaginar o esforço feito para se colocar o lixo numa embarcação e levar para o local apontado na portaria, que transcrevemos abaixo: 

O Conselho de Intendência do Município de Camocim, usando da faculdade que lhe é conferido pelo Dec. do Governo do Estado de 14 de Janeiro do anno passado e em observância a disposição do art 12 do Reg nº 447 de 19 de Maio de 1846, atendendo as necessidades e exigências locais.

Resolve:

Art. Único. Fica designada a ilha denominada Ilha do Sebo para nella se lançar os entulhos de qualquer espécie ora do alcance da maré mais alta: pena aos contraventores de 10$000 de multa e oito dias de prisão além das mais estabelecidas no citado Dec, revogadas as disposições em contrario.

Sallas das Sessões do Conselho de Intendencia do Município de Camocim, 22 de Maio de 1891.

O Prezidente

Quariguazil  Jefferson Barreto

Severiano José de Carvalho

Serafim  Manoel de Freitas

João Evangelista Barboza


terça-feira, 12 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 04. OS SENTIDOS DO DESFILE DE 7 DE SETEMBRO.

 






Pelotão da Escola Francisco Otonni Coelho. Camocim.2023. Foto: CPH.


               Foi-se o tempo em que os desfiles de Sete de Setembro eram marcados pelo ardor patriótico onde estudantes procuravam imitar na "marcha" o jeito marcial dos militares, da representação dos quadros da história nacional de feição positivista, da profusão de bandeirinhas com as cores verde e amarela. Os tempos são outros, embora ainda tenhamos em alguns lugares, como Camocim, a efetiva presença dos militares do Exército (Tiro de Guerra 10-001), Marinha do Brasil (Capitania dos Portos), Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, além da Guarda Civil Municipal.
       Penso que os desfiles devem mostrar e até denunciar mesmo, os principais problemas porque passamos, afinal, da resolução deles, depende a medida de nosso grau de dependência ou independência social.
            
Populares recebem mudas de plantas dos alunos da Escola Fco. Otonni. Camocim. 2023. Foto: CPH
    
        Neste sentido, o desfile de Sete de Setembro de 2023 em Camocim, foi marcado pela temática da preservação ambiental, dentro do mote "Brasil, gigante pela própria natureza". A maioria das escolas trouxe alertas e chamaram atenção para o tão propalado "desenvolvimento sustentável". O ponto alto, para mim, foi a interação com o público, principalmente quando um grupo de alunos distribuiu mudas de plantas com alguns presentes. Penso que poderiam até ter sido maior o número de mudas, mas, valeu pela intenção. Aliás, acho que aí está uma chave para melhorar a performance dos desfiles nos próximos anos: as escolas interagirem mais com o público que as assistem, afinal de contas, vivemos outros tempos.






quinta-feira, 7 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 03. AUGUSTO, A CARA DE CAMOCIM NOS "RETRATOS DO CEARÁ".

 

José Augusto de Oliveira, "Augusto Lanches". Fonte: Retratos do Ceará.


    Umas das contribuições, diria legado, das gestões do ex-Governador do Ceará Camilo Santana, (2015-2018/ 2019-2022) foi "despersonalizar" seu mandato, rompendo com a tradição de se apor a fotografia do governante nas paredes das repartições do Estado cearense. Em suas gestões, no comando do Estado do Ceará, Camilo Santana, optou por mostrar o povo cearense em sua melhor e maior diversidade. Pessoas comuns de todos os municípios, escolhidas aleatoriamente, foram fotografadas e organizadas numa série chamada "Retratos do Ceará".
    Deste modo, em cada repartição estadual, pelo menos três fotos ficam expostas em local estratégico para representar o governo, dando boas-vindas a quem adentra nestes locais buscando algum serviço.
    Neste sentido, Camocim está representado nesta coleção de fotografias pelo Sr.  JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA, mais conhecido em nossa cidade pelo apelido de "Augusto Lanches", face a sua atividade na produção de alimentos para eventos.  Augusto Lanches nasceu em 01/02/1951 em Serrote de Jericoacoara, na época, distrito de Acaraú, mas, desde os três anos de idade mora em Camocim (1954). E´ motorista aposentado.
    A foto de José Augusto de Oliveira é uma das que integra o conjunto de fotos expostas no Centro de Ciências Humanas (CCH) da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA) onde trabalho e que foi reformado recentemente, como a lembrar-me diariamente de onde eu venho.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 02. ABERTURA DA SEMANA DA PÁTRIA.

 

Abertura da Semana da Pátria. Camocim, 2023. Foto: Carlos Augusto P. dos Santos.


  A Semana da Pátria é sempre um momento propício para a reflexão e a revisitação histórica de nossa independência. Como estudioso do tema, venho percebendo as diferenças e as tendências que as comemorações em torno deste fato histórico vem se apresentando nos últimos anos. Quem tem mais de 50 anos sabe disso; se no período da ditadura civil-militar estas celebrações tinham um caráter patriótico, hoje se revestem de um conteúdo social e percepção da realidade, as vezes adquirindo um sentido protocolar de rememoração da data pelas escolas, órgãos administrativos e até autoridades constituídas.
    Neste sentido, a abertura da Semana da Pátria 2023 em Camocim se deu hoje pela manhã, carregando vários sentidos simbólicos dos tempos de outrora e agregando outros mais recentes, que vão desde o hasteamento dos pavilhões, a execução do Hino Nacional e Hino de Camocim, passando pelas apresentações de números artísticos infantis com a temática verde-amarela, que deu um colorido especial ao evento.
Abertura da Semana da Pátria. Camocim. 2023.  Foto: Carlos Augusto P. dos Santos.


    Na solenidade de hoje, 04 de setembro de 2023 estiveram presentes representações da Marinha do Brasil (Capitania dos Portos), Exército (Tiro de Guerra), Polícia Militar do Ceará, Guarda Civil Municipal, Escoteiros, além de escolas da rede municipal, estadual e particulares, além das autoridades constituídas, doPoderes Executivo  e  Legislativo. A Banda Lira, sob o comando do maestro Thales Carlos, abrilhantou a solenidade com a execução de hinos e dobrados.
    Neste ano, segundo a programação anunciada, no desfile de 7 de setembro, na próxima quinta-feira, o tema a ser desenvolvido pelas escolas camocinenses será "Brasil, gigante pela própria natureza!", privilegiando abordagens sobre a liberdade de expressão e preservação do meio ambiente. 
    Quinta-feira iremos conferir!

 

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

XIII SETEMBRO CAMOCIM. 2023. 01. O PREFEITO QUE NÃO ASSUMIU

 

Francisco Ottoni Coelho. Fonte: Memorial do Legislativo Camocinense.

No universo político, há algum tempo atrás, nem sempre quem vencia as eleições assumia o respectivo cargo para o qual fora eleito. Em Camocim, situação semelhante ocorreu por ocasião das eleições municipais de 1936, no contexto do Era Vargas que, por força da Revolução de 1930, desde este ano comandava o país de forma ditatorial, provisória e depois constitucional, com eleições presidenciais marcadas para 1938. Contudo, como a historiografia registra, em 1937 foi dado um golpe de estado, dentro do golpe de estado de 1930 e instituído o Estado Novo, e as eleições ficaram sem efeito, visto que, os parlamentos foram extintos e os prefeitos passaram a ser nomeados pelo Governador do Estado.

Outrossim, antes de golpe de 1937, as eleições de 1936 transcorreram normalmente e as campanhas políticas tomaram conta do cotidiano dos municípios. Em Camocim, que naquela época pertencia a 25ª Zona Eleitoral, disputaram as eleições o Partido Social Democrático (PSD), Partido Republicano Progressista (PRP), Liga Eleitoral Católica (LEC) e o Partido Integralista.

Inclusive, nesta eleição, a oposição, através do Partido Social Democrático (PSD), venceu a situação no pleito eleitoral, tendo à frente o Sr. Francisco Ottoni Coelho. O PSD venceria os governistas em outros 22 municípios cearenses. Dos 1.294 votantes naquela eleição, o PSD recebeu 621, o PRP 608 e o Partido Integralista, 65 votos. Francisco Ottoni Coelho venceu as eleições com a diferença de parcos 13 votos, mas não assumiu. Infelizmente, a fonte não revela os nomes dos outros candidatos derrotados,

Em 1936, o prefeito em exercício era João da Silva Ramos que, com o golpe de 1937 continuou no cargo como prefeito nomeado até 1944. Restaurada a normalidade democrática, Francisco Ottoni Coelho foi eleito novamente e comandou o Poder Executivo Camocinense entre 1948 a 1951, quando ocorreu o rompimento entre as famílias Coelho/Veras x Aguiar.


Fonte: Brasil. Tribunal Regional Eleitoral do Ceará.Primeiras eleições e acervo documental do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará/ Tribunal Regional Eleitoral do Ceará.Fortaleza, TRE-CE, 2007.290 p. il. (Série Memória Eleitoral da Justiça Eleitoral do Ceará;3).