sexta-feira, 30 de setembro de 2022

PINTO MARTINS. CEM ANOS DO VOO PIONEIRO. (XII SETEMBRO CAMOCIM. 2022. Nº 10).

 Fechando mais um Setembro Camocim, finalizamos com o cordel PINTO MARTINS. CEM ANOS DO VOO PIONEIRO, do historiador e cordelista Francisco Rocha Pereira, uma bela homenagem à data centenária do voo pioneiro New-York - Rio de Janeiro, realizado em 1922-23.

Pinto Martins/Pote. Márcio Caetano. Camocim. 2022. Desenho.

I

Amigos camocinenses

Que amam literatura

A todos peço licença

Pra narrar uma aventura

De um conterrâneo ilustre

Que teve força e bravura.

II

Antes peço à mão divina

Que me sopre das alturas

Inspiração pra falar

Desta nobre criatura

Que já nasceu com a sina

De voar num asa dura.

III

Não podia ser de outra

Pessoa que estou falando

Se não do aviador

O nosso herói soberano

Euclydes Pinto Martins

Do hidroavião biplano.

IV

No fim do oitocentismo

Constatou-se pesquisando

Ano dois, da última década

Quando o abril foi meando

Em Camocim nasceria

O rei do aeroplano.

V

Seus pais, Antônio e Maria

Celebrarem seu natal

Com poucos meses partiram

Lá pras bandas de Natal

Batizaram o primogênito

Na igreja de Macau.

VI

Pinto Martins já nascera

Com traços de homem forte

Estudou quando criança

No Rio Grande do Norte

Superando em aprendizagem

Os pequenos de seu porte.

VII

Com vocação para ser

Pessoa extraordinária

Logo jovem trabalhou

Na Rede Ferroviária

Mas seu talento pedia

Pra explorar outra área.

VIII

Por isso o pai decidiu

Investir na sua sorte

Mandou o filho estudar

Lá na América do Norte

Engenharia Mecânica

Graduação de seu forte.

IX

Foi Cônsul em Nova Iorque

Depois de fazer vagão

Por onde andou demonstrou

Inteligência e ação

Mas seu grande intento era

Investir na aviação.

X

Pra realizar seu sonho

Martins estudou bastante

Depois de Santos Dumont

Compatriota brilhante

Ele colocava em prática

Seu projeto fascinante.

XI

Grande idealizador

Do voo que seria raro

Associado com outros

Que lhe serviam de amparo

Pois voar naquele tempo

Era perigoso e caro.

XII

Pra ligar as três Américas

Era essa a empreitada

Idealizou a rota

Chamou Walter o camarada

Para então darem início

Aquela grande jornada.

XIII

Quando levantaram voo

Para o Sul deixando o Norte

Caíram no mar de Cuba

Numa tempestade forte

Por sorte sobreviveram

Para um retorno mais forte.

XIV

Recomeçaram os trabalhos

Entusiasmados, pois

Agilmente construíram

O Sampaio Corrêa Dois

O raid Nova Iorque-Rio

Não ficaria pra depois.

XV

Os tripulantes passaram

Por muita dificuldade

Enfrentando imprevistos

De chuva e tempestade

Até chegar ao Brasil

Passando em nossa cidade.

XVI

Deixemos Pinto Martins

Com a difícil missão

Para falar como estava

Aqui a população

Fazendo os preparativos

Pra sua recepção.

XVII

Por eles o povo esperou

Com as ruas enfeitadas

Desde o cais até o centro

Calçadas ornamentadas

Para saldar os rapazes

Heróis daquela jornada.

XVIII

No ano de Vinte e Dois

Do Século próximo passado

Dezenove de dezembro

Aqui foi amerissado

O Sampaio Corrêa Dois

Com Pinto e seus comandados.

XIX

Aquele hidroavião

Vindo daqueles confins

Sob o comando do ilustre

Euclydes Pinto Martins

Enche o peito de orgulho

Do povo de Camocim

XX

Era o voo inaugural

Da história, era o primeiro

Interligando as Américas

Depois o Brasil inteiro

Voando de Nova Iorque

Até o Rio de Janeiro

XXI

Nosso grande aviador

Ilustre camocinense

Envaideceu o Brasil

E o povo cearense

Devido seu feito inédito

Com emoção e suspense.

XXII

Quando o Sampaio Corrêa

Liberou seus tripulantes

Liderados por Euclides

Jubilosos, triunfantes

Andaram pela cidade

Garbosos e festejantes.

XXIII

Todos foram recebidos

Com uma festa de gala

No chiquíssimo Sport Club

Com o qual nada se iguala

Foi um baile refinado

Com requintes e regala.

XXIV

Ilustre camocinense

Cearense e nordestino

Brasileiro de respaldo

Americano e latino

Destacado em todo o mundo

Por sua astúcia e seu tino.

XXV

Depois de seu grande feito

Ficou no país natal

Pensando em outro projeto

Que seria mais genial

Prospectar o petróleo

Com futuro triunfal.

XXVI

Mas parece que a sorte

Ou azar pra mais de mil

Depois de tanta alegria

De voltar para o Brasil

Chegou para atrapalhar

Os planos do varonil.

XXVII

A busca do ouro negro

Foi um sonho interrompido

Numa noite amargurante

Escutou-se um estampido

Depois do tiro encontraram

Euclydes já falecido.

XXVIII

Motivo de sua morte

Nunca foi bem decifrado

Para uns foi suicídio

Para outros foi mandado

E a dúvida permanece

Se, matou-se ou foi matado.

XXIX

O petróleo como sempre

Foi cobiça do Império

Grande riqueza do mundo

Maior que qualquer minério

Quiçá, tenha ligação

À causa deste impropério.

XXX

Teria sido ganância

Ou inveja do brasileiro?

Só sabemos que o petróleo

Motiva o interesseiro

A causar muita matança

E guerras no mundo inteiro.

XXXI

O ouro negro motiva

Conflito no mundo inteiro

Potências gananciosas

Governantes carniceiros

Invadem, matam inocentes

Por cobiça e por dinheiro.

XXXII

Assim foi por água abaixo

O plano do engenheiro

Prospecção de petróleo

Para o povo brasileiro

Alçar o padrão de vida

Através do petroleiro.

XXXIII

O sonho de Euclydes era

Encontrar o mineral

Para elevar o Brasil

À potência mundial

Mas o plano do patriota

Finda de forma brutal

XXXIV

Pinto Martins foi um gênio

Homem íntegro, nobre e forte

Visionário do mundo

Foi buscar a própria sorte

Teria feito muito mais

Não fosse a precoce morte.

XXXV

Dedicou a sua vida

Somente por causa nobre

Queria um país mais justo

Sua luta ninguém encobre

Pra transformar o Brasil

Numa Nação menos pobre.

XXXVI

Pinto hoje é patrimônio

Do povo de Camocim

Um herói quase esquecido

Pelo poder e por mim

Mas o seu valor histórico

É coisa que não tem fim.

XXXVII

Em dois mil e vinte e dois

Recontamos sua história

Um século já se passou

De seu momento de glória

Aqui vai nosso tributo

Em honra a sua memória.

XXXVIII

Assim homenageamos

Euclydes Pinto Martins

O Centenário de seu voo

Vamos comemorar sim

Porém, merecia mais

Está escrito nos anais

Da história de Camocim.

 



quinta-feira, 29 de setembro de 2022

BOM DIA CAMOCIM! (CENTENÁRIO). (XII SETEMBRO CAMOCIM. 2022. Nº 9)

BOM DIA, CAMOCIM!. Armando Quixadá Pereira. Fonte: Tribuna do Ceará. 06/10/1979.


Hoje, por ocasião das comemorações dos 143 anos de emancipação política de Camocim, recuperamos um texto referente ao Centenário de Camocim ocorrido em 1979. Trata-se de uma crônica escrita e publicada no jornal Tribuna do Ceará pelo Dr. Armando Quixadá Pereira que viveu entre nós e advogou por 65 anos de forma contínua. Armando Quixadá Pereira era Mestre e Doutor em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faleceu aos 88 anos em Camocim, em 06 de abril  de 2018.  

Dr. Armando Quixadá Pereira. Fonte: Site "O Sobralense". 


BOM DIA, CAMOCIM!

CAMOCIM (Armando Quixadá Pereira). Bom dia Camocim! Minha querida cidade sorriso! Quem diria hein? Você hoje completando o seu Primeiro Centenário! Quantas coisas você viu, você viveu, você amou, você gostou, você sofreu... Ah! Camocim! Como o tempo passou tão de repente?! Você ontem uma cidade menina. Hoje uma cidade centenária. Quem diria hein Camocim. Cem anos de sol, de mar, de progresso, de ordem, de hospitalidade... Com suas belas praias, com seu mar piscoso, com seus ventos uivantes, com suas belas raparigas e banhada pelas águas mansas e amenas do Oceano Atlântico. Outro dia ainda nem tão longe, nem tão de urgente, nos disseram que o seu nome é de origem indígena e significa VASO DE BARRO... Vaso de barro hein Camocim...! Eu diria VASO DE OURO. Tantas e tantas são suas riquezas ainda não exploradas pelos seus homens...

Eu me lembro, eu me lembro Camocim da sua secular Estrada de Ferro, hoje desativada inexplicavelmente, muda, silenciosa, deserta, tão diferente dos tempos de outrora, do sacolejar das Marias Fumaças, dos encontros dos namorados marcados no horário e no compasso dos trens horários. Quantas saudades daqueles tempos hein Camocim. E o que dizer do seu Porto recebendo regularmente navios cargueiros e passageiros, ancorados nos seus diversos trapiches trazendo e levando riquezas..., e quem sabe de alguém que ficava acenando lenços brancos para o amor que partia e... chorando!

Ah, Camocim como eu te amo cada vez mais...! Como eu te quero tanto meu “vaso de barro” querido. Hoje completando cem anos, tão amado e tão amante...!

Bom dia Camocim. Cem anos... Quem diria, hein Camocim!

06/10/1979.




 

domingo, 25 de setembro de 2022

CAMOCINENSES FAZEM FESTA NA CAPITAL. (XII SETEMBRO CAMOCIM. 2022. Nº8).


Relação dos Camocinenses que compareceram à festa no Clube dos Diários em 05.11.94", p.1. Fonte: Walter Muniz.



Clube dos Diários. Fortaleza-CE. Fonte: diáriodonordeste.com.br



Sábado é dia de festa. Dia de beber alguma coisa, dançar, conversar, enfim encontrar os amigos. E quando esse desejo anima uma grande porção de amigos que moram numa terra distante para relembrar da sua? Nesse caso, acaba se juntando a "colônia" de algum lugar para festejar em outro. 
Foi isso que aconteceu naquele sábado, dia 05 de novembro com a "colônia camocinense" radicada em Fortaleza, nossa capital. Naquele dia, cerca de setenta pessoas se juntaram no Clube dos Diários, que já foi presidido pelo camocinense Enéas Vasconcelos e tiveram um dia deveras divertido. Com certeza relembraram nossa terra, dos nossos encantos, dos familiares, do Núcleo dos Estudantes de Camocim (NEC), espécie de república e  nossa embaixada na capital, além de outros assuntos que acabam surgindo em oportunidades como essa, regado à boa música e comes e bebes.
Na lista dos presentes, alguns já se foram, outros voltaram ao nosso convívio e outros continuam presos aos encantos e oportunidades que Fortaleza ainda oferece. Como disse acima são mais de 70 relacionados no documento e aqui transcrevo o nome de alguns para efeito de ilustração: 

Benedito Gomes Coutinho
Chagas Trévia
Francisco Marlei Sousa
Francisco Chagas de Carvalho (Sobral)
José Nelson Belarmino
José Carlos Pessoa Navarro Veras
Joaquim Soares Parente
José Maria Sousa Trévia
José Sarto Maciel dos Santos
Maria Amélia Campos
Margarida Viana
Osmundo Rodrigues Campos
Otávio de Santana
Rosa Maria Aguiar Trévia
Terezinha Ribeiro Parente
Tânia Maria dos Santos

    A "Relação dos Camocinenses que compareceram à festa no Clube dos Diários em 05.11.94" documento que registrou a presença dos conterrâneos, além do nome das pessoas, traz ainda o endereço residencial o número de telefone dos relacionados.
    Agradeço o repasse da fonte ao contador Walter Muniz que por muitos anos morou e exerceu a profissão em Fortaleza. 






quinta-feira, 22 de setembro de 2022

VIOLÊNCIA E GUARDA MUNICIPAL DE CAMOCIM. (XII SETEMBRO CAMOCIM. 2022. Nº 7)

 

Correspondência informando ao Presidente do Estado do Ceará criação provisória da Guarda Municipal de Camocim. 1892. Fonte: portal.ceara.pro.br.

        A violência sempre esteve na ordem do dia. Nos discursos dos políticos em tempos de campanha, como o que vivemos agora, ações e projetos dão como certo a resolução do problema para o ano que vem. Alguns apostam no aumento dos efetivos e equipamentos, outros em megas projetos de inteligência importados e tecnologia de ponta. Enfim, todos parecem preocupados com aquilo que todos nós convivemos, mas, que até ontem não tinha solução.

    Circula entre nós um vídeo onde guardas municipais de Camocim tentam conter um casal infrator e acaba sobrando pancadaria recíproca. Isso me fez lembrar um documento produzido há 130 anos pelo Conselho de Intendência Municipal que acaba dando origem à criação de uma "guarda municipal" temporária para coibir os excessos que ocorriam no Porto de Camocim. Eis os argumentos para tal decisão:


"Conselho da Intendencia Municipal da Cidade de Camocim em 26 de janeiro de 1892.

Esta Intendencia reunida em sessão extraordinaria, em sua maioria, resolveu attender as reclamações que lhe são feitas, pela falta absoluta de garantias que existe nesta localidade; que sendo um porto frequentado por embarcações de diversas procedencias, sempre tem em si mais ou menos alguma aglomeração de povos adventicio, e que dando-se  qual quer pertubação da ordem publica, não tem uma força que garanta a tranquilidade de seus habitantes.

Em consequencia de tão justas reclamações, resolveu este conselho criar temporariamente uma guarda municipal paga pelos cofres da Intendencia e levar ao conhecimento de V. Excia., pedir que attendendo as considerações expostas se digne a approvar este acto.

Saude e Fraternidade

Cidadão  General de Provisão

José Clarindo de Queiros


    Em janeiro de 1892 o Conselho de Intendência Municipal era presidido por Francisco Nelson Chaves. Posteriormente, seu filho, Francisco Nelson Pessoa Chaves foi prefeito de Camocim entre 1923 a 1927.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

FOLHA DO LITORAL. O NOSSO JORNAL. (XII SETEMBRO CAMOCIM. 2022. Nº 6)

 



Folha do Litoral. Camocim-CE. 22 de setembro de 1918. Fonte: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.


     Os jornais são grandes fontes para a história. Visitar o passado através deles é uma forma de se perceber como a imprensa noticiava sobre os grandes temas e o cotidiano de um lugar. 
        Não é chavão, mas, Camocim "já teve" uma imprensa fértil em quantidade de jornais e periódicos de qualidade que se ombreavam com os jornais da capital. Dentre eles, podemos citar o Folha do Litoral, que circulou em nossa cidade entre os anos de 1918 e 1919, cujos números estão preservados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, sempre citado nos levantamentos da imprensa cearense.
        Fisicamente, o jornal Folha do Litoral tinha quatro páginas. Na primeira trazia sempre uma fotografia que remetia a reportagem de capa e algumas notícias locais e nacionais. Na segunda trazia o "Expediente", algumas poesias e notícias da sociedade local na coluna "Folha Social". A terceira página era recheada com a "movimentação do porto", editais, telegramas e algumas propagandas do comércio de representações. Na quarta e última página, a metade era dedicada aos anúncios da Casa Nicolau & Carneiro, proprietária do jornal e de outras casas comerciais de Camocim.
        Mas, como nasceu o jornal Folha do Litoral em Camocim? Quem nos conta é o o historiador Oswaldo de Araújo no artigo "Imprensa do Passado", Revista do Instituto Histórico do Ceará, p,84-87:


    Estamos em plena era digital. Mas, para mim, falta um jornal em nossa cidade.

Fontes: 
Folha do Litoral. Camocim-CE. 22 de setembro de 1918. Fonte: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
ARAUJO, Oswaldo. Imprensa do Passado", Revista do Instituto Histórico do Ceará, p,84-87.
             
           













 



sexta-feira, 16 de setembro de 2022

O COMÉRCIO DE CAMOCIM NO TEMPO DOS SAPATOS "FANABOR". XII SETEMBRO CAMOCIM. 2022. (Nº 5)


Anúncio da firma comercial Studart & Comp. Camocim. 1925. Fonte: A Imprensa. Sobral-CE. Anno I, nº15, p.1.

     Nas primeiras décadas do século XX, o comércio de Camocim era intenso. Não somente os produtos de várias manufaturas e fabriquetas do município, como de toda zona norte, escoavam pelo Porto de Camocim. Por outro lado, o comércio de representações tinham em Camocim um porto seguro dos mais variados produtos comercializados em todo o país. De tudo aqui tinha representação e daqui se transacionava estes produtos para o comércio regional, sem falar das filiais das principais casas bancárias que operavam no comércio.
    Desta forma, várias firmas comerciais podem ser visualizadas nos anúncios de jornais da época editados em Camocim, Sobral, Fortaleza, Recife, Rio, São Paulo e outras "praças" importantes, como se dizia antigamente.
    No destaque de hoje, trazemos um produto que marcou época, os sapatos "Fanabor", que acabou sofrendo corruptela para "fanabu", evidenciando os rústicos sapatos de lona e borracha (que exalavam um certo "cheiro" não muito agradável para os narizes mais sensíveis), que para os da minha geração, nada mais eram do que os velhos "Conga", exigidos como acessórios do fardamento colegial das escolas públicas.
    Em Camocim, como se pode observar pelo anúncio acima destacado, os Sapatos Fanabor "Da Fábrica Nacional de Artefactos de Borracha. A ultima palavra no genero incontestavelmente os mais rezistentes", podiam ser adquiridos na firma Studart & Comp, sediada em nossa cidade.
   

Tênis "Conga". Fonte: https://produto.mercadolivre.com.br


    Os sapatos "Fanabor" foram aquele tipo de produto que acabou se popularizando e tornando sinônimo pela marca do fabricante, assim como a Gillete, se tornou a lâmina de barbear, o Bombril, a palha de aço, etc. Na verdade, Fanabor nada mais era do que a Fábrica Nacional de Artefactos de Borracha.
    Atualmente, a FANABOR (Fanavor Artefatos de Borracha) é uma empresa com sede na cidade de Novo Hamburgo, RS, fabricante de produtos plásticos e de borracha natural e sintética, para a indústria automobilística, construção, máquinas e equipamentos médicos.


domingo, 11 de setembro de 2022

O AVIADOR E O PADRE (XII SETEMBRO CAMOCIM, 2022. Nº4)

 

Pinto Martins no Sanpaio Correia II. Aracati. Dezembro de 1922. Fonte:http://www.fortalezaemfotos.com.br/2021/01/pinto-martins-o-heroi-esquecido.html


O exemplo do aviador camocinense Euclydes Pinto Martins, de garra, audácia e conhecimento continuou a inspirar muita gente depois do feito aeronáutico que ligou definitivamente o Brasil aos Estados Unidos no voo pioneiro de 1922 entre Nova Iorque e Rio de Janeiro. Muitas dessas histórias são contadas na imprensa e relatada nos livros. Na postagem de hoje, trazemos um relato contido na biografia de Padre Palhano de Saboia, um controvertido e moderno sacerdote e político sobralense:

As peripécias de Palhano no ar, só igualavam mesmo a grande odisseia perpetrada pelo também cearense Euclides Pinto Martins. Nascido em Camocim, no ano de 1892, o piloto ganhou fama mundial por cruzar o oceano Atlântico e a floresta amazônica, fazendo uma viagem jamais vista, partindo de Nova Iorque para o Rio de Janeiro, a bordo de um hidroavião Curtis H-16, batizado carinhosamente de Sampaio Corrêa. O avião e a viagem foi toda patrocinada pelo jornal The New York World. Foi seu parceiro de viagem o americano Walter Hinton, além de outros tripulantes americanos. A viagem durou 175 dias e no final foi recebido pelo então presidente Artur Bernardes que lhe presenteou com 200 contos de réis pela façanha. Depois do reconhecimento aventurou-se na prospecção de petróleo no Brasil. Entretanto, sofrendo com fortes crises financeiras e amorosas, foi encontrado morto em seu quarto com um tiro na cabeça. A versão oficial fora a de que ele havia cometido suicídio. Porém, Monteiro Lobato, em sua obra Escândalo do Petróleo e do Ferro defendia a tese que Martins tinha sido vítima de uma conspiração internacional que não via com bons olhos o crescimento econômico do país.


Capa do livro "Padre José Palhano de Sabóia" de César e Saulo Barreto Lima. RDS. Editora, 2017.


Neste ano de 2022, comemora-se o I Centenário do Voo Pioneiro de Pinto Martins.

 

Fonte: LIMA, César Barreto; LIMA, Saulo Barreto. Padre José Palhano de Sabóia: santo, semideus ou cavaleiro do apocalipse? 2ª Edição. Fortaleza: RDS, 2017, p. 103-104.


quarta-feira, 7 de setembro de 2022

O SESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA EM CAMOCIM. (XII SETEMBRO CAMOCIM. Nº3)

 

Ata da Sessão Ordinária de 1º de setembro de 1972. Fonte: Câmara Municipal de Camocim.

       Sou do tempo em que num dia de 07 de setembro, acordávamos com alvorada de fogos e a cidade era tomada pelas ondas do Sonoro Pinto Martins com a execução de dobrados e outras músicas marciais, chamando a população para assistir o desfile cívico-militar na rua 24 de Maio, entre as ruas Alcindo Rocha e da Independência.
    Hoje este desfile se deslocou um pouco mais para frente, acontecendo entre as ruas José de Alencar e Dr. João Thomé e acontece no período vespertino. 
     Como sabemos, neste ano se comemora o Bicentenário da Independência em meio a uma renhida polarização política, numa disputa e sequestro de símbolos nacionais, de discursos anacrônicos e projetos de poder á flor da nossa percepção.
        Mas, como foram as comemorações em nossa cidade há 50 anos atrás, isto é, no SESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA, no ano de 1972? Para a história ficou apenas uma Sessão Solene da Câmara Municipal de Camocim, acontecida em 1º de setembro de 1972, conforme nos diz a transcrição da ata da referida solenidade:

"Ao 1º dia do mês de setembro de 1972, às 20 horas no Auditório do Instituto São José, sito à Praça Severiano Morel, nesta cidade, achando se presente os senhores vereadores Otávio de Santana, Antonio Mingueira Braga, Raimundo Pereira Neto, Francisco Fontenele Frota, Cilas Chaves Fontenele, Artur Queirós e Francisco Romão de Menezes, em número de sete (7), havendo, portanto, número regimental, o Sr. Presidente vereador Otávio de Santana, deu por aberto a presente sessão. Em seguida o Sr. Presidente anunciou que neste momento dava início á Sessão Solene em homenagem ao Sesquicentenário da Independência do Brasil, convidando para compor a mesa que dirigia os trabalhos os senhores José Maria Primo de Carvalho, Prefeito Municipal, Capitão PM, Carlos Roberto de Mendonça Ruivo; Comandante da 3ª Companhia do 3º Batalhão da Policia Militar;Exmo. Sr. Promotor de Justiça da Comarca e o Sr. Capitão Tenente José Rosário, Agente da Capitania dos Portos. [...]. ORADORES: Usou da palavra o vereador Artur Queirós, exaltando os feitos dos nossos antepassados na conquista da nossa Independência e tecendo louvores ao Exmo. Sr. Presidente Emílio Garrastazu Médici pelos rumos que está dando a política brasileira, a fim que possamos ocupar o lugar que merecemos no conceito das grandes Nações. Antes de encerrar a Sessão, o Sr. Presidente convidou os presentes para cantarem o Hino Nacional o que foi feito por todos os presentes. 

    Para além da Sessão Solene acima descrita, não temos conhecimento de outras festas ou solenidades onde o povo camocinense tenha tomado parte. Para contextualizar o evento, em 1972 vivíamos em plena ditadura civil-militar. O presidente da Câmara Municipal e, Otávio de Santana era miliar, Oficial da Armada (Marinha do Brasil). O restante da mesa, como vimos, formado por militares, não tinha uma representação civil além do prefeito, isto é, bem típico daqueles tempos.
            Ainda na mesa, o Capitão Tenente José Rosário, Agente da Capitania dos Portos. Ainda falaremos dele posteriormente!

Fonte: 7º Livros de Atas das Sessões Ordinárias da Câmara Municipal de Camocim. 1969-1973. 


        

sábado, 3 de setembro de 2022

CAMOCIM EM 1908... (XII SETEMBRO CAMOCIM. 2022. nº 2)

 

Camocim Antigo. Painel 2,00 x 1,00 mts. Óleo sobre tela. Eduardo Souza


    Há muito venho perseguindo uma cópia da primeira obra sobre Camocim no século XX. Trata-se do MEMORIAL HISTÓRICO DA CIDADE DE CAMOCIM, escrito por Antonio Philadelpho Pessoa em 1908. Tal obra deve se encontrar na seção Obras Raras da Biblioteca Menezes Pimentel em Fortaleza. Enquanto não consigo, vou me satisfazendo com o que encontro de citação da referida obra em outros trabalhos históricos. 

    No trecho abaixo, temos a descrição da cidade em 1908. Vejamos:

(...) Está situada no litoral a 26 Kilometros da foz do Rio Corehaú e a 9 Kilometros do Rio Camocim, com um excelente porto, o melhor do estado. Este porto é empório comercial das praças de Manaus, Pará, Maranhão, Fortaleza, Pernambuco, Rio de Janeiro e alguns portos da Europa, com a zona ligada pela Estrada de Ferro Camocim-Sobral e vice-versa.

É sede da mesma estrada, onde se acha a estação central, um dos melhores edifícios do seu gênero, com casa de officinas, armazéns: de carga, do almoxarifado, depósito de material rodante, depósito de lenha, uma balança com força de cinquenta toneladas, uma ampla rampa para embarque e desembarque de animaes, e uma caixa d'água com encanamento para a linha ferrea e oficinas.

Além destes edifícios tem a cidade os seguintes uma Egreja Matriz, consagrada ao Senhor Bom Jesus dos Navegantes, em construção, a qual será uma das maiores naves e mais elegantes do estado, quatrocentas e noventa e seis casas construídas a tijolo, afora trezentas e trinta e oito casas de taipa, e um mercado público duas escholas públicas, uma do sexo masculino regida pela professora Dona Maria Carolina Brandão Cela e uma do sexo feminino pela professora Dona Heráclita Theodora de Sá Calado,um instituto municipal dirigido pelo cidadão Raul Rocha, quatro escholas particulares e o collégio "José de Alencar" dirigido por seu proprietário o distincto professor, Francisco Martins Ferreira Telles de Souza, um médico residente, um advogado formado, uma Philarmônica, duas pharmácias, duas officinas de marceneiro, dois construtores de canôas, um calafate, oito carpinteiros, três alfaiatarias, uma ferraria, quatro barbearias, quatro sapatarias, duas fábricas de sabão, cinco trapiches, três agências de navios a vapor, duas de navios a vela, dois escriptórios de comissões e consignações, bancários, um agente ou representante da casa comercial de Pernambuco, dois armazéns de vendas de mercadorias a grosso, quatro depósitos de mercadorias, quatro estabelecimentos a grosso e a retalho, três hotéis, três bilhares, duas fábricas de cigarros, uma de gêlo, setenta estabelecimentos a retalho e quatro padarias.

    Esta breve descrição nos dá uma ideia da estrutura urbana da nossa Camocim no início do século XX, além de outras informações que exploraremos posteriormente.

 

Fonte: PHILADELPHO Pessoa, Antonio. Memorial histórico da cidade de Camocim,p. 34.

Foto: Camocim Antigo. Eduardo Souza.