sábado, 15 de junho de 2019

CAMOCIM E A TEORIA DA RELATIVIDADE III

Vista de Camocim. 07 de maio de 1919. Fonte: Carnegie Instituion. Department of Terrestrrial Magnetism. 




Continuando a série sobre Camocim e a Teoria da Relatividade, finalizamos com as impressões dos personagens sobre a Camocim no ano de 1919. A foto acima revela um pouco de como a Comissão Científica que se instalaria em Sobral, posteriormente, encontrou a nossa cidade na época. Nas palavras da autora do livro já referido nas postagens anteriores, através de seus personagens, descreve uma cidade bucólica com ares de progresso e um povo acolhedor, característica que ainda perdura atualmente. Vejamos os trechos que sustentam as afirmações:

Perguntamos a pescadores sobre alguma pensão ou um lugar de abrigo onde pudéssemos nos aboletar, e fiquei no porto com as bagagens enquanto Xerxes verificava as possibilidades de abrigo. A lua nasce transformando o mar calmo num espelho reflexivo que estendia seus raios sobre as velas amarradas das embarcações, nas areias distantes das dunas, nas palmas lascivas dos coqueiros, nos telhados das casas ao longo do porto, quando chegou o poeta acompanhado de um rapaz com feições indígenas,puxando um pequeno jumento.(p.90).
[...] O rapaz amarrou os baús na cangalha e seguimos pelo porto, [...] Passamos pela capela de Bom Jesus dos Navegantes, que tinha acabado se ser construída, paramos para admirar uma bela casa, que o jovem disse ser a residência dos engenheiros ingleses vindos para construir a estrada de ferro. Disse o nativo que havia muita vida na cidade. Ali havia jornais, gabinete de leitura, cursos noturnos, muitas festas dançantes, até cinema que exibia filmes posados e filmes cantados. Fomos pelos arrabaldes, arranhando a costa, até chegarmos a uma cabana onde tremulava a luz de um fogão a lenha. (p.91).
[...] Armamos nossas redes debaixo de um rancho, na areia da praia. era um simples teto de palha sobre quatro paus, onde guardavam pequenos barcos, remos, rede de pesca. 
[...] Ouvimos o apito do trem. Pagamos a hospedagem, embora a modesta família não quisesse nada receber, o povo de Camocim era tão acolhedor que saiu de suas casas e foi dormir em palhoças, para abrigar os viajantes em suas próprias camas e redes. (p.98)

Fontes: MIRANDA, Ana. O Peso da Luz. Einstein no Ceará. Armazém da Cultura, 2013.
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