quarta-feira, 27 de setembro de 2017

VII SETEMBRO CAMOCIM. X. O TRAÇADO URBANO E AS RUAS DE CAMOCIM NO TEMPO

Primeira Planta da Cidade de Camocim. 1933.


Em 1933, o então interventor do município, Dr. Gentil Barreira, contratou o Engenheiro Militar Capitão José Rodrigues da Silva que elaborou uma planta da cidade onde constava 29 ruas e seis praças. No mesmo ano, um jornal local (infelizmente, sobreviveu ao tempo apenas um recorte sem o título do periódico) publicava o Decreto nº 26 de 1º de agosto de 1933, onde apareciam 31 ruas e seis praças. Para efeito de conhecimento de todos, transcrevemos a composição do traçado urbano desta época:

As ruas eram as seguintes, segundo o recorte de jornal:

 “AS RUAS: 1- da Praia, 2-Engenheiro Privat, 3- General Sampaio, 4- Senador Jaguaribe, 5- 24 de Maio, 6- Santos Dumont, 7- Humaitá, 8- Paisandú, 9-Riachuelo, 10- Joaquim Távora, 11- João Pessôa, 12- 3 de Outubro,13- Professor Castello Branco, 14- Siqueira Campos, 15- Rui Barbosa, 16- Quintino Bocaiúva, 17- Don Pedro II, 18- Benjamin Constant, 19- Marechal Deodoro, 20- Marechal Floriano, 21- da Republica, 22- Zeferino Veras, 23- da Independência, 24- 13 de Maio, 25- José de Alencar, 26- do Comercio, 27- General Tiburcio, 28- Tiradentes, 29- Duque de Caxias, 30- (ilegível) Ceará, 31- 8 de Janeiro

PRAÇAS – 1- 15 de Novembro, 2- 7 de Setembro, 3- Pinto Martins, 4- da Matriz, 5-Francisco Nelson, 6- Bom Jesus”. 


Novas ruas de Camocim. Fonte: areah.


Muitas destas ruas continuam com a antiga denominação, enquanto outras foram renomeadas, mas, muitas outras foram incorporadas ao traçado urbano através dos tempos.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

VII SETEMBRO CAMOCIM. IX. 1919.CENTENÁRIO DA AGÊNCIA DO BANCO DO BRASIL DE CAMOCIM.

Anúncio do Banco do Brasil em Camocim. Fonte: Jornal Folha do Litoral. 26/01/1919. Camocim-CE.


 Em postagem no ano de 2016 abordamos a inauguração da Agência do Banco do Brasil em Camocim em 9 de janeiro de 1919, que ficava localizada na Rua da Estação (atual Engenheiro Privat). A notícia da inauguração foi noticiada na primeira página pela Folha do Litoral de Camocim em 12 de janeiro do mesmo ano, tendo como  primeiro gerente o Sr. Antonio Lima e Silva. Em 2019, portanto, a nossa agência completará seu primeiro centenário.
Em 26 de janeiro de 1919, a propaganda da então "maior instituição bancária do país" já aparecia no jornal local Folha do Litoral, apresentando as vantagens de se depositar o dinheiro dos futuros clientes em contas correntes a prazo fixo, realização de empréstimos e cobranças no território nacional e no exterior.
Por outro lado, percebe-se que o "comercial" do Banco do Brasil, com a relação das agências do país (no Ceará, até os anos 1950 eram apenas dez, Camocim incluso) era recorrente nos principais jornais e revistas do país.

domingo, 24 de setembro de 2017

VII SETEMBRO CAMOCIM. VIII. AS TRADIÇÕES E SABERES NAS ÁGUAS DE CAMOCIM

Convite da Exposição Tradições e Saberes nas águas de Camocim.
20 de setembro a 20 de outubro de 2017. Criação: Regina Raick.


Uma exposição em homenagem às tradições e saberes nas águas de Camocim com feição etnográfica está montada na Estação Ferroviária de Camocim e estará aberta à visitação pública de 20 de setembro a 20 de outubro de 2017. A curadoria da referida exposição é da Profa. Regina Raick da Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA e foi construída com os alunos do Curso de História PARFOR/UVA/Camocim, como requisito da disciplina de Ação Educativa em Museus.
As experiências museológicas mostradas na exposição retratam vários aspectos de nossa identidade cultural, como A Religiosidade; Os Mestres do Mar; A Cata Tradicional do Caranguejo como Fonte de Renda; As Chapeleiras, dentre outros aspectos.
Além da visitação do público em geral que poderá ser feita durante o tempo programado, a exposição servirá também para que os professores da rede de ensino pública e privada possam levar seus alunos para atividades pedagógicas.


VII SETEMBRO CAMOCIM. VII. O SIMPÓSIO DE HISTÓRIA E LITERATURA DO VALE DO COREAÚ.

Logomarca do evento. Criação: Regina Raick. Finalização: Ed Propp. Camocim-CE. 2017.



Ocorreu em Camocim, de 22 a 23 de setembro de 2017, o I SIMPÓSIO DE CAMOCIM, História e Literatura do Vale do Coreaú. O evento foi uma experiência no sentido de ter continuidade no tempo, trazendo para o debate questões pertinentes no campo da educação e cultura, principalmente. Nesta primeira edição, o foco foi os diálogos pertinentes entre história e literatura, oportunizando aos alunos dos Cursos de História e Letras PARFOR/UVA momentos de intensas atividades extra curriculares que auxiliarão em suas formações.

Passeio cultural: Os caminhos de Carlos Cardeal. A cidade no romance "O Terra e mar". Camocim-CE. 2017.
Foto: Célia Santos.

A programação do evento contou com diversas atividades como mesa-redonda, minicursos, oficinas, uma exposição sobre "Os saberes do mar" (que ainda pode ser vista na Estação Ferroviária) e um passeio cultural pelas ruas da cidade, guiado pelo professor Carlos Augusto P. dos Santos, através do romance do escritor Carlos Cardeal, o, "Terra e Mar", publicado em 1988.
O evento foi finalizado com apresentação de trabalhos (banners) na Estação Ferroviária sobre a historiografia cearense realizado pelos alunos do Curso de História PARFOR/UVA/Camocim e o poeta Lívio Barreto e a Padaria Espiritual, desenvolvido por alunos do Curso de Letras PARFOR/UVA, da cidade de Granja.
Que no próximo ano, a interdisciplinaridade e a amplitude do evento seja maior!

terça-feira, 19 de setembro de 2017

VI I SETEMBRO CAMOCIM.VI. A EXPORTAÇÃO DE ALGODÃO PELO PORTO DE CAMOCIM.

Jornal "A Esquerda". Rio de Janeiro. 19 de agosto de 1931.

Quase um ano após à Revolução de 1930, o chamado Governo Revolucionário de Vargas procurou disciplinar os serviços de exportação de produtos agrícolas, que passaram a ser melhor inspecionadas e classificadas. Neste sentido, um decreto editado em agosto de 1931 reformulava a exportação do algodão, um dos produtos mais importante da pauta econômica da época.
Camocim, por ser um porto exportador produto, tinha um Posto de Classificação de Algodão sob a responsabilidade do Centro de Exportadores do Ceará.
A propósito, o jornal A Esquerda do Rio de Janeiro, de  19 de agosto de 1931, traz uma reportagem sobre uma série de medidas a serem adotadas para a comercialização do “algodão exportavel”, dentre elas a uniformização dos serviços de certificação do produto, a cargo de funcionários da União, através da Superintendência do Serviço do Algodão.
A reportagem segue elencando outras medidas e ressaltando a produção nacional, inclusive os números da exportação do algodão vias portos do Ceará: “pelo porto de Fortaleza, 29.748 fardo, pesando 5.354.640 kilos e, pelo porto de Camocim 2.564 fardos, com o pesa de 442.777 kilos, o que faz um total de 32.312, fardos, com 5.977.417 kilos”.

Empresa de Algodão Ltda. Camocim-CE. Foto: Arquivo do blog.

Infelizmente a matéria não traz mais elementos sobre a exportação do algodão em Camocim, como por exemplo, o nome dos funcionários do governo que fiscalizavam o serviço de classificação, a relação das fábricas que descaroçavam o algodão ou os tipos de prensas. Isso é matéria para futuras pesquisas. Contudo, sabe-se que por muito tempo, o algodão da hoje região noroeste do Estado do Ceará, passava pelo Porto de Camocim e as ruínas da Empresa de Algodão ainda estão aí para atestar aquele tempo áureo.


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

VII SETEMBRO CAMOCIM. V. OS DADOS POPULACIONAIS DE CAMOCIM NA HISTÓRIA

Regatas de Canoas em Camocim. 1983. Fonte: IBGE.
Por vários motivos, dentre eles o da credibilidade dos números, os primeiros censos demográficos não eram muito precisos, Com efeito, desde a segunda metade do século XIX que o governo tenta contar a população do país.  Para nossa região, os primeiros números são de 1872, quando se contou a população escrava da província. Neste ano, Camocim ainda era ligado ao município de Granja, e os números eram de 783 (363 homens e 420 mulheres) escravos no Distrito de São José de Granja e 61 (34 homens e 22 mulheres) escravos no Distrito de Nossa Senhora da Amarração (atual Luís Correia), totalizando 814 cativos.
Os números para Camocim começam com o Recenseamento de 1890, cuja população, distribuída entre a sede e os distritos de Barroquinha e Gurihú (grafado desta forma) totalizava 6.667 habitantes, sendo 3.251 homens e 3.416 mulheres.
Da passagem do séc. XIX para o séc. XX, o crescimento ainda é pouco, visto que, quase 30 anos depois, o município de Camocim tem o acréscimo de apenas 2.603 habitantes, visto que em 1917, a população era estimada em 9.270 pessoas.
Três anos depois, no Censo de 1920, Camocim teve um aumento de quase 100%, passando para 17.271 habitantes, se revelando um polo de atração, notadamente pelo movimento de emigração observado na Seca de 1915, se tornando nesta época o 28º município mais populoso do Ceará.
A mais recente estimativa divulgada em 30 de agosto de 2017 pelo IBGE, revelou que Camocim conta atualmente com 62.985 habitantes, apontando um crescimento de 4,7% em relação ao Censo de 2010, que à época tinha 60.163 habitantes.

Fontes: Synopse do Recenseamento de 31 de dezembro de 1890. Rio de Janeiro. Officina da Estatística, 1898.
IBGE.


quarta-feira, 13 de setembro de 2017

VII SETEMBRO CAMOCIM. IV. O CENTENÁRIO DA MATRIZ DE BOM JESUS DOS NAVEGANTES

Fonte: acervo do blog
Uma das instituições camocinenses mais antigas na cidade é a Igreja Matriz de Bom Jesus dos Navegantes. Segundo a historiadora Célia Santos em recente trabalho defendido no Curso de História da UVA, intitulado "E ERGUEU-SE UM TEMPLO A BOM JESUS: A ESCRITA DA HISTÓRIA SOB A ÓTICA RELIGIOSA EM CAMOCIM-CE (1905-1917)", a edificação da antiga capela é de 1880, portanto, um ano após a nossa emancipação política. A obra foi retomada em 1905. Sobre a antiga capela ela nos diz:
A primeira planta foi criada pelo Dr. Engenheiro Privat, em 1880, que foi o primeiro Diretor das obras da Estação Ferroviária de Sobral, e as obras que deram início neste mesmo ano, foram concluídos em 1882, sendo feita a capela-mor sobre direção de Dr. Beltrão Pereira, que conseguiu levantar a faixada da frente, arcadas e paredes laterais da nave principal da futura matriz. (P.24).

No entanto, em 11 de abril de 1909, a edificação ruiu. No Livro de Tombo, o então Padre José Augusto da Silva escreveu sobre o desmoronamento:
Aos onze de Abril porém uma surpreza para toda a cidade, foi o desabamento completo da Igreja. Isto é, primeiramente um lado e após seis dias o outro. Tudo fora destruído em poucos minutos; o trabalho de muitos ficara reduzido a um montão de ruínas intransponíveis. A exceção da torre tudo mais era entulho que impedia passagem para a capella que servia de igreja. Fui obrigado a mudar a entrada para os fundos da capella. Toda comunicação era feita pela sacristhia. Uma verdadeira catástrofe fora o desabamento da igreja. O povo em geral perdera a esperança de ver uma igreja tão cedo.

            Já no ano de 1910, as obras foram retomadas, tendo uma paralização nos trabalhos por ocasião da grande seca de 1915, quando as atenções da paróquia se voltaram para minorar os sofrimentos dos retirantes que chegavam à Camocim. Com muito esforço, no ano de 1917, foi feita a “benção principal da Igreja, na qual se fez presente na cidade, o Exm. Sr. Bispo Diocesano Dom.José Tupinambá da Frota.
Recorrendo mais uma vez ao  Livro de Tombo, assim foi narrada “pelo  pároco José Augusto, a visita de Dom. José a Camocim, a fim de benzer a imagem de Bom Jesus dos Navegantes, (...) A trinta de Dezembro de 1917 o Exmo. Sr. José dignou-se vir a esta cidade especialmente para benzer a imagem do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, offerta do Cel.. Jose Adonias de Araujo, a matriz.

Em 30 de dezembro de 2017, portanto, a nossa Matriz completará um século. O trabalho da historiadora é mais completo e interessante do que estas poucas informações que recolho. Seria interessante que a Paróquia de Bom Jesus dos Navegantes, através da Diocese de Tianguá pudesse viabilizar a publicação do mesmo, para que os católicos camocinenses pudessem saber mais sobre a história do seu templo.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

VII SETEMBRO CAMOCIM. III. OS DESFILES DE 7 DE SETEMBRO DE OUTRORA


Alunas do Instituto São José em desfile de 7 de setembro.  Camocim-CE. Anos 1980.
Trecho entre a esquina da Rua Independência e Zeferino Veras. Sentido. Sul-norte). Prédio ao fundo: Associação dos Retalhistas. Fonte: Arquivo do ISJ 

Em postagens anteriores já nos referimos sobre os antigos desfiles de 7 de setembro. Essas, portanto, são reminiscências para quem tem mais de 40 anos. O Dia da Pátria começava cedinho com uma alvorada ao som de hinos e dobrados tocados pelo Sonoros Pinto Martins. Aliás, era entre as ruas Alcindo Rocha e Independência que o palanque das autoridades ficava, quase em frente da Biblioteca Municipal Pinto Martins, na rua 24 de Maio. Cordas de náilon atadas nos postes faziam o cordão de isolamento. O verde e amarelo predominava nas bandeirolas, bandeirinhas distribuídas para a população que se acotovelava para ver a Parada de Sete de Setembro. Nas escolas, antes de sair para o desfile era feita a revista dos pelotões. De todos os cantos da cidade o som dos tambores chegavam desencontrados, mas que, por ironia, provocavam um fundo musical característico. Aqui e acolá troava um som de corneta. As autoridades se aboletavam no pequeno palanque ornado de verde e amarelo, ele mesmo pintado dessa cor esperando o desfile das escolas e das representações do Exército, que era o Tiro de Guerra, da Marinha, quase sempre nos seus jipes e da gloriosa Polícia Militar que encerrava o desfile ao som de sua banda e de tiros para o alto que invariavelmente provocava alguns gritos de espanto da multidão.
Contudo, no que se refere ao desfile estudantil, a atenção maior era para a competição estimulada pela Prefeitura Municipal. Neste sentido, se esmeravam para ganhar o prêmio, o Instituto São José, com representações de quadros da história nacional em carros abertos, o SESI (Serviço Social da Indústria) e o CSU (Centro Social Urbanos) com seus pelotões representativos de modalidades esportivas e projetos desenvolvidos nestas instituições.
Muito deste aparato cívico foi-se com o tempo! O desfile hodierno é mais uma formalidade, com outros símbolos e sentidos, mesmo porque, que Independência devemos comemorar?