quinta-feira, 1 de setembro de 2022

A FAÇANHA DE LUIZ GABRIEL. 1879 (XII SETEMBRO CAMOCIM. 2022. Nº1)

Postal. "Ceará. Camocim. Um trecho do Porto". s/d.

     Contam os mais antigos, que por volta de 1790, o velho Gabriel Rocha desembarcou em Camocim para trabalhar como prático da barra e trouxe consigo sua numerosa família. Aqui, com um velho indígena nativo aprendeu os segredos da nossa barra. Ele vinha de Tutóia, Maranhão, onde lá já exercia a mesma profissão. Um dos seus filhos também aprendeu o ofício e continuou o legado de fazer adentrar e sair navios em nosso porto.

    Acontece que o tempo passou e eis que já no final do século XIX, o então distrito da Barra do Camocim passou a município em 29 de setembro de 1879. Desde 1877 que o antigo distrito vinha sendo o epicentro das obras da Estrada de Ferro de Sobral que ligaria nosso porto aos sertões daquela cidade e em sua plenitude atingiria Crateús. Este é o pano de fundo para a história que contaremos hoje na abertura do XII SETEMBRO CAMOCIM e que tem relação com a família Gabriel, pioneira no desenvolvimento do nosso porto, na figura de seu filho, Luiz Gabriel. Assim nos conta o historiador em 1908:

"Em 1879 arribou ao porto de Camocim, um brigue Allemão de grande calado, carregado de materiais para a estrada de ferro. - Informado o Dr. Rocha Dias, do calado do navio, que era de 18 e meio pés, preparava-se para fazêl-lo descarregar fora da barra, com grande aumento de despeza, quando lhe foi informado, por algumas pessoas, que Luiz Gabriel talvez desse entrada aquelle navio.

Chamado Luiz Gabriel e interpellado a respeito, respondeu que no dia seguinte daria resposta e com efeito a deu declarando que daria entrada ao navio decorridos dois dias. (sic)

No dia marcado, pelas cinco horas da tarde o aludido navio, garbosamente entrava e largava ferro no porto de Camocim com admiração e satisfação geral".

O conhecimento prático do prático Luiz Gabriel salvou, digamos assim, que o conhecimento científico do engenheiro Rocha Dias demandasse uma enorme quantia em dinheiro para fazer chegar os materiais para a continuação das obras da ferrovia. 


Fonte: PHILADELFO PESSOA, Antônio; Memorial Histórico da cidade de Camocim, p. 20.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

XII SETEMBRO CAMOCIM









Monumento. Entrada de Camocim. Fonte: https://camocim.ce.gov.br/pontos-turisticos/monumento-entrada-de-camocim/

Amanhã começa o mês do aniversário de Camocim. 

Neste ano completaremos 143 anos de emancipação política.

 Como sempre acontece, neste mês daremos ênfase no blog com postagens históricas e inéditas. 

Será, portanto, o XII SETEMBRO CAMOCIM. 

Aguardem, pois!

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

O MERCADO DE NOSSAS MEMÓRIAS

 

Mercado Público de Camocim.  Fonte: IBGE.


    Na próxima década nosso Mercado Público vai virar uma construção centenária. Edificada na gestão do interventor Gentil Barreira (1931-1934). Embora tenha sido bastante modificado com os reformas que sofreu, os quatro portões de entrada continuam com sua arquitetura inicial e, de fato, os únicos locais em que a administração pública é responsável por sua manutenção.
    A foto que trazemos hoje retrata um ângulo do lado leste onde pontificou a esquina onde ficava o comércio do Sr. José Ximenes Soares (O Zequinha) como ficou conhecido na sociedade camocinense. Na época, o mercado era ladeado por ruas e as frondosas mangubeiras. Delas, só resta uma para contar a história.
    Entre o mercado e o mercado do leite, a Pedra, imortalizada em crônica pelo escritor Inácio Santos, recebeu no final dos anos 1970 uma cobertura, na gestão do prefeito Edilson Veras, denominado Abrigo de Feirantes, retirado na última reforma para dar lugar a uma rampa de acesso para o piso superior.
    No entanto, uma construção anterior  com o nome de mercado, nos idos de 1890 existiu, provavelmente no mesmo local, resumindo-se em seis quartos, "construído de tijolo e barro no valor de 300$000 cada um".
    Mas o mercado que sobrevive na maioria dos camocinenses nascidos de 1960 para cá e este da foto, que sofreu incêndio na década de 1950 e foi restaurado pelo prefeito Setembrino Veras (1951-1954).
        Segundo os estudiosos as linhas arquitetônicas que ainda podem ser vistas nos portões tem símbolos maçônicos. Com a palavra os especialistas.

Fonte: 1º Livro de Officios Expedidos. Memorial do Legislativo Camocinense.
I

sábado, 23 de julho de 2022

COM QUANTOS CARROS SE FAZ UMA CAMPANHA POLÍTICA?

Relação dos carros da ARENA 1, Camocim-CE. 1972. Fonte: Arquivo Nacional.


        Atualmente o transporte de eleitores é proibido no dia da eleição. No entanto, há décadas atrás era permitido e a "frota" de carros arrebanhados pelos partidos políticos era registrada em cartório com o nome dos seus respectivos donos, tipo de carro e placas para o conhecimento do juiz eleitoral. Dizia-se até que quando o juiz tinha uma tendência política era só não liberar os carros na hora aprazada de uma determinada ala política para a mesma perder a eleição.
    ´Pelas relações dos partidos era possível saber os tipos de carros que circulavam pela cidade e o envolvimento dos seus proprietários com a politica local. 
    Jeeps, kombis, pickups, camionetas, rurais, caminhões, ônibus e até os "automóveis" corcel, variante, dentre outros, eram os carros que circulavaram em Camocim em 1972, fichados pela ARENA 1, que elegeu o prefeito João Pascoal de Melo naquela ocasião. Alguns destes carros ficaram na memória do povo camocinense, para além do uso que tiveram no "dia da eleição".
    Embora que hoje não se transporte eleitor em dia de eleição, os partidos políticos precisam, mas do que nunca de uma frota de carros para outras atividades que são permitidas pela Justiça Eleitoral. E hoje, com quantos e quais carros se faz uma campanha política?

 

quarta-feira, 20 de julho de 2022

PARLAMENTARES CAMOCINENSES. ROCHA AGUIAR

 

Deputado Francisco Rocha Aguiar. Fonte: ALECE/INESP.


        

    Prosseguindo no destaque dos parlamentares camocinenses, trazemos hoje Francisco Rocha Aguiar (Rocha Aguiar). Ano passado se comemorou o seu primeiro centenário. Mais ligado ao município de Ipu-CE, Rocha Aguiar foi deputado estadual mais votado em Camocim nas eleições de 15 de novembro de 1978. A seguir transcrevemos um perfil biográfico editado pela Assembleia Legislativa do Estado do Ceará:

    Nasceu em Camocim/CE a 02.03.1921, filho de Vicente de Paula Aguiar e Maria Virgínia Rocha Aguiar. Faleceu em Fortaleza, a 01.02.2001. Médico. Fez seus estudos iniciais em sua cidade natal e o secundário no Liceu do Ceará, em nossa capital. Formado em Medicina pela Universidade da Bahia em 1949.

 Principiou sua vida profissional na cidade de Potiraguá/BA, onde exerceu liderança política, chegando a ocupar as funções de Prefeito Municipal daquele município. De volta ao Ceará, veio fixar residência em  Ipu, cidade onde desenvolveu sua atividade profissional, propiciando assistência médica sobretudo à comunidade carente daquele município. Exercendo a clínica médica em caráter assistencial, ocupou paralelamente os cargos de Chefe do antigo Serviço Nacional contra a Peste, Chefe do Posto de Bouba do Ministério da Saúde, Chefe do Posto de Saúde do Município de Reriutaba, Chefe da Unidade Regional de Saúde em Pires Ferreira e Médico do antigo IAPFESP – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Funcionários do Ensino Superior, e do Corpo de Bombeiros.

    Consolidada sua atuação como médico humanitário, sentiu a necessidade de servir a coletividade de forma mais efetiva. Ingressou então na política, filiando-se em 1956 ao extinto Partido Social Democrático – PSD. Eleito Prefeito, exerceu mandato no período de 1967/1970. Sua administração foi pautada por grandes realizações e forte trabalho de cunho social. Sua esposa, Maria Antonieta Rocha Aguiar foi igualmente eleita Prefeita de Ipu, administrando a cidade no período de 1972/1976. Candidatando-se ao Parlamento Estadual nas eleições de 15 de novembro de 1978, recebeu consagração popular representada por 21.332 votos, obtidos nos municípios de Camocim, Chaval, Ipu, Ipueiras, Tianguá, Uruoca, dentre outros, que o fizeram Deputado Estadual. Na Assembléia Legislativa integrou as Comissões de Educação e Saúde, de Transporte e de Constituição e Justiça. 

Fonte: Deputados Estaduais. 20ª Legislatura. 1979-1982. Fortaleza: INESP, 2002, p.88-89..



quinta-feira, 16 de junho de 2022

CAMOCIM NOS LIVROS. MAÍRA, DE DARCY RIBEIRO

 

Capa do romance "Maíra". 10ª edição. Darcy Ribeiro. Editora Record. 1989

. Fonte: estante virtual.


    Já postamos aqui neste espaço matérias sobre a etimologia do nome "Camocim". São vários os estudos e teorias sobre a origem do nome da nossa cidade, sendo objeto de estudo de historiadores e literatos, do porte de um José de Alencar, por exemplo.
    Eu, no entanto, já estou convencido da sua origem tupi, sem muitos rebuscamentos e baseado no que a palavra significa tanto no universo amazônico, quanto no nosso imenso litoral - isto é, "camucim", assim escrito com "u", nada mais é do que um utensílio da forma de um "pote" como tal o conhecemos.
    Portanto, o nosso "camucim", por aliteração, se transformou em "Camocim" e é usado para referenciar um pote (inclusive na literatura alencariana na narração do mito de Iracema), com o qual, as mais variadas tribos indígenas do Brasil, faziam dele variados usos, inclusive o de "enterrar os seus defuntos" como urna funerária.
    Deste modo, destaco hoje como o escritor, etnólogo, antropólogo Darcy Ribeiro faz uso do termo em seu romance MAÍRA. Embora na descrição a cena seja a de um sepultamento de um velho cacique e os cerimoniais decorrentes de tal fato entre os indígenas da tribo Mairum, os "camucins" tem outra utilidade:

"Começa a acumular-se também a carne moqueada de caça e as mantas de pirarucu seco. Muito mais ainda terá que ser caçado e pescado para dar de comer a tanta gente durante todos os dias das festas grandes que virão. Hoje o aroe fez rolar para dentro do baíto quatro camucins enormes, acabados de modelar e de queimar pela velha Anoã. São camucins verdadeiros, grandes como os antigos e bojudos como devem serpara o cauim de caju fermentar bem, espocando. Todos estão primorosamente pintados". ( RIBEIRO, Darcy. Maíra. 10ª edição. Rio de Janeiro, Record, 1989, p. 47-48. Grifos nossos).

    Qualquer semelhança é ótima literatura nacional a confirmar nossa escolha de uma origem etimológica da palavra que condiz melhor com nossa história.


domingo, 5 de junho de 2022

"CEBOLAS PARA CHANTILLY" COM GOSTO DE CAMOCIM...

Orlando Cantuário não é um escritor camocinense, mas, mora e trabalha em Camocim no Campus do IFCE e, além do mais ja comeu e chupou a cabeça de um coró e, portanto, já está irremediavelmente enfeitiçado. Sua obra em grande parte se inspira em Camocim e por isso está na seção "Escritores de Camocim".

Capa de "Cebolas para Chantilly". Orlando Cantuário. 2017.


Ir ao IFCE - Campus Camocim além de ser sempre um prazer é  sinônimo de "ganhar presentes". Da última vez que estive lá não foi diferente. Além do calor humano, acabo sempre trazendo algo interessante para casa. Desta vez trouxe uma "refeição" completa em forma de livro: "Cebolas para Chantilly", do chef e professor Orlando Cantuário.

Trata-se não somente de "Poemas de cozinha experimental", onde o saber gastronômico tempera a têmpera poética do autor, mas, é um livro onde a poesia "experimenta" seus inesgotáveis sabores em variados "pratos" que revelam um poeta, antes de tudo.

Por outro lado, o discurso poético não deixa de ser denunciador da nossa realidade camocinense. Os pescadores, a beira do cais, os peixes não trazem apenas o cheiro de maresia, mas, contém uma crítica social, como se fossem "Vísceras expostas/No tronco á beira mar", quer tornam "O cais cúmplice/ Da despesca/ De homens e mulheres/ Á beir mar", como se fossem "vidas ressequidas/ largadas/Como peixe-gatos", que, no entanto, "... enriquece tão poucos/Que não sabem pescar".

Enfim, o poeta vai filetando versos como quem destrincha uma pescada amarela à moda Tremembé, observando o riso da amada que contém "Os açucares/Extrovertidos/ Que caramelizam/ O dia". Há muito não lia algo em poesia tão gostoso com todos os sentidos do gostar. Não podia ser diferente, pois, como o próprio autor nos diz em "Lavrador", que me lembrou "Cio da Terra" de Milton Nascimento: 

"COZINHEIRO É QUEM POETIZA GRÃOS". 


Serviço:

Livro: Cebolas para Chantilly

Autor: Orlando Cantuário

Ano: 2017

Editora: Nova Aliança. Teresina-PI.

domingo, 29 de maio de 2022

ESCOLA GENERAL CAMPOS - ONDE TUDO COMEÇOU

 

Turma da 6ª Série A. Disciplina de História. 1992. Escola General Campos. Camocim-CE. Arquivo do CPH.

Parece que foi ontem, mas, já faz trinta anos. Pois é amigos, há trinta anos eu iniciava minha trajetória no magistério em Camocim. Após um convite da colega Cleide Santos, então diretora da Escola Municipal General Campos, descobri lá realmente minha profissão. Portanto, foi no General Campos que me descobri professor. De lá, busquei outros espaços escolares, públicos e privados e em pouco mais de três anos, cheguei ao magistério superior (próximo também de chegar aos 30 anos de trabalho efetivo).

Entrega do Título "Amigo do General Campos". Camocim-CE. 1996. Fonte: Arquivo do CPH.


 No General fiz muitos amigos entre professores e alunos. Lembro bem do convívio com os colegas Marcelo Marques, Gilberto Araújo, Diana e de vários alunos que tenho amizade até hoje. No destaque acima a turma da 6ª Série A.  Alguns se tornaram também professores.  Desta lista lembro muito bem do Antonio Setubal Monteiro, Francinilse Bento Pereira, Liduína Mota Brito, Marinalda Araújo Ferreira, Onildo Rocha Bento Barros, dentre outros...
        Quatro anos depois, em 1996, já estava na Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, quando fui agraciado com um título que muito me honra: "Amigo do General Campos", pelos "inestimáveis serviços prestados a esta casa de saber"


Título de "Amigo da Escola de 1º Grau General Antônio da Silva Campos"; 1996. Camocim-CE.

HISTÓRICO

A Escola de Ensino Fundamental General Antônio da Silva Campos, situa-se na rua Siqueira Campos, 575 – Bairro São Pedro Camocim-CE, telefone (88) 3621-2450; Sítio: http://escolageneralcampos.blogspot.com.br,E -mail: eefgalcampos2@gmail.com.

A escola foi criada na administração da prefeita Ana Maria Beviláqua Moreira Veras quando tomou posse no ano de 1983. Nesse período o município estava com 103 anos de emancipação política e na sede não havia uma escola pública municipal, que funcionasse em prédio próprio para beneficiar a população estudantil, sobretudo as mais carentes. 
A Escola General Campos foi projetada para ser de grande porte, com o objetivo principal de atender aos alunos dos bairros de São Pedro, Cruzeiro, Praia e Rodagem do Lago, construída com quatro salas de aula e logo em seguida ampliada para oito salas.
Quando a ampliação das outras quatro salas foi concluída (abril de 1987), a Escola foi oficialmente inaugurada, estando à frente de sua direção a senhora Lenilda Veras Coelho Colares Moreira e no dia 05 de junho de 1987 a Unidade foi oficialmente criada pela Lei 444/87, assinando o ato o então prefeito em exercício (vice-prefeito) José Maria de Lima.  Em 1993 na gestão do prefeito Antônio Manuel Veras, passou por uma reforma geral de ordem física, administrativa e pedagógica. Com uma meta de aumentar a matricula, procurar conter os altos índices de evasão escolar e reprovação (que a cada ano tornava esta Unidade de Ensino sem credibilidade na comunidade).
Foi criada a sala de reforço para crianças com deficiência na aprendizagem e um programa de acompanhamento pedagógico tendo como foco o docente e o discente, apresentando resultados significativos. Em 1995 outras medidas foram tomadas para desencadear na escola um sistema de gestão escolar mais participativo. A comunidade fora convocada a participar do processo e criou no Município o primeiro Conselho Escolar em 16 de março de 1995, tomando posse em 5 de maio do mesmo ano. 
Maio de 1995 toma posse como diretor geral o professor José Augusto de Carvalho Júnior assumindo compromisso com a participação de toda a Comunidade General Campos, de construir e implantar um projeto de Escola que repensasse a Instituição em toda a sua estrutura, objetivando fazer da mesma uma “Escola viva e em movimento".
A Escola General Campos em 23 de abril de 1996 teve aprovada pela Câmara Municipal e sancionadas pelo prefeito Antônio Manoel Veras as leis 583/96 que oficializou a sua bandeira e 582/96 que oficializou seu hino que tem letra de José Augusto de Carvalho Júnior e música de George Arrais de Xavier.
A direção e o Conselho Escolar criaram na mesma data o título AMIGO DO GENERAL para homenagear pessoas que contribuíram com a escola e foi criada também a Semana  Festiva Esportiva e Cultural que se realiza todos os anos por ocasião da semana do aniversário da Escola. Em 16 de julho de 1997, foi criado o Grêmio Estudantil Ciro Ferreira Gomes para fortalecer a Gestão Participativa, Autônoma e de Qualidade.

Fonte: http://cassioletras.blogspot.com/2013/04/historico-informativo-da-eef-general.html