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Antonio Manoel Fontenele Veras (N. 24/05/1942). Foto: Camocim Online. |
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Material de divulgação da PPE: Os melhores Prefeitos do Ceará. 1996. Fonte: Arquivo do autor. |
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Antonio Manoel Fontenele Veras (N. 24/05/1942). Foto: Camocim Online. |
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Material de divulgação da PPE: Os melhores Prefeitos do Ceará. 1996. Fonte: Arquivo do autor. |
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Vista aérea de Camocim. 1941. Revista "O Cruzeiro". RJ. |
Há algum tempo rabisco um romance que começa com um triplo assassinato de um branco, uma índia e um escravizado. Na verdade, os corpos aparecem aqui em Camocim, mas são executados em outro lugar. A própria cidade é um personagem. Na sua primeira entrada no romance ela diz:
Eu sou um lugar que transmito paz. Não que desde os primórdios não aconteçam tragédias e pequenos incidentes e intrigas paroquiais como em qualquer outro local. Quando pressenti que minha história estava próxima a ser contada, quem sabe, numa bela trilogia (porque esta formatação sempre fascina leitores ávidos por histórias de aventura?), não desconfiava que começasse por um triplo assassinato. Será que o que imaginei para a posteridade vai se restringir a um conto ou romance policial? Por isso, propositadamente me interponho nesta narrativa canhestra acima e talvez sem muita inventividade. O narrador não sabe que interfiro desta forma, talvez somente quando a história vier a lume. Mas eu preciso dizer umas coisinhas antes que ele se dê conta. Embora estes fatos tenham realmente acontecido, é preciso dizer que eu tenho uma história anterior a estes fatos, para que os leitores não pensem que sou apenas um lugar que acolhe pescadores contadores de histórias de pescadores.
Mas, o que quero mesmo dizer – para aliviar um pouco a impressão que o narrador impingiu inicialmente – é que muito antes destes fatos, os homens se tomaram de amor por mim, outros, porém, nem tanto. O certo é que ainda hoje, apesar da idade ainda tenho meus encantos, cantados em verso e prosa, outros explorando e maculando minha beleza inicial. É uma pena que não tenham registrado o que tento dizer agora. As impressões sobre mim de outrora, ficaram restritas a pequenas passagens dos relatórios dos aventureiros do outro lado do mundo. “Tem pau-violeta que os locais chamam de Tatajuba”. “Tem boas áreas de salinas e âmbar”. Mas eu queria mesmo que eles se referissem à combinação de ambientes que eu tenho, descrevessem minhas paisagens exuberantes em toda sua beleza e variedade. Pero Coelho, o português vigilante do território conquistado perdeu uma ótima oportunidade de aqui fincar um forte. Pensando bem, foi melhor ele ter se desiludido com a rápida avaliação que fez do meu potencial de abrigo para as tropas. Os habitantes da terra tiveram um pouco mais de descanso para usufruir de mim. O próprio Vieira, visitador religioso do império luso só veio reconhecer minha silhueta quando estava nas alturas da Serra Grande: "Depois que se chega ao alto delas (Serra da Ibiapaba) pagam muito bem o trabalho da subida, mostrando aos olhos um dos mais formosos painéis que porventura pintou a natureza em outra parte do mundo, variando de montes, vales, rochedo e picos, bosques e campinas dilatadíssimas, e de longe do mar no extremo dos horizontes. Sobretudo, olhando do alto para o fundo das serras, estão se vendo as nuvens debaixo dos pés que, como é coisa tão parecida com o céu. Não só causam saudades, mas já parece que estão prometendo o mesmo que se vem buscar por estes desertos". Embora que digam que o velho religioso se embebedou com minha beleza praiana, apenas de cima ele me divisou para explicar a moldura que o mar proporciona no horizonte.
E mais não digo porque nada escrevi além disso...
Foto: Camocim. Vista aérea. 1941. Revista "O Cruzeiro".
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Inauguração do busto de Pinto Martins. Camocim. 1979. Fonte: Camcim Online. |
Uma figura ilustre centenária sempre padece de idas e vindas na construção de sua memória e história no cotidiano da comunidade n qual está vinculado.
Euclydes Pinto Martins, nosso filho ilustre aviador, por sua história e feito transcende o âmbito local. Na verdade, o nome de Pinto Martins tem uma amplitude internacional.
No entanto, seu feito heroico não foi o bastante para ter o lugar merecido no panteão da história. Recentemente, seu nome foi retirado do Aeroporto Internacional de Fortaleza, passando anos desrespeitando uma lei federal, só agora restabelecido, depois de denuncias na imprensa e da manifestação de parlamentares na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, como Acrísio Senna, Sérgio Aguiar e Romeu Arruda.
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https://www.opovo.com.br/noticias/economia/2023/02/23/nome-de-pinto-martins-volta-a-estampar-fachada-do-aeroporto-de-fortaleza.html |
Em Camocim, estamos na espera da conclusão da Praça Pinto Martins e a fundação do Memorial Pinto Martins a ser construído na casa onde nasceu o aviador e hoje funciona a Biblioteca Pinto Martins. As escolas do município, por todo o mês de abril, trabalham a temática de Pinto Martins e o voo pioneiro de Nova York ao Rio de Janeiro, entre 1922-1923.
No site da Prefeitura foi publicado no dia de hoje o seguinte trecho: "Camocim tem entre suas maiores riquezas seus tilhos ilustres e dentre estes, o aviador Euclides Pinto Martins que ainda jovem oi escolhido como parte da tripulação do avião Sampaio Correia, um curtis H-16, que realizaria uma viagem aérea pioneira entre as Américas do Norte e do Sul".
Da nossa parte seguimos na pesquisa sobre o ilustre conterrâneo, dando nossa colaboração a partir deste espaço. De ida e vindas vai se construindo a história!!!
Fonte: https://www.opovo.com.br/noticias/economia/2023/02/23/nome-de-pinto-martins-volta-a-estampar-fachada-do-aeroporto-de-fortaleza.html
Prefeitura Municipal de Camocim - Site oficial.
Por Geimison Maia, com informações da produção da TV Assembleia
07/02/2023 16:50 Aviador cearense Euclides Pinto Martins
O dia 8 de fevereiro marca uma data especial para a história da aviação, pois é quando se comemoram os 100 anos do voo pioneiro entre as Américas do Norte e Sul, realizado pelo engenheiro e aviador cearense Euclides Pinto Martins e o parceiro de voo dele, o americano Walter Hilton. Para homenagear o cearense, nascido em Camocim, a TV Assembleia (canal 31.1) inclui, em sua programação o Minuto Perfil, interprograma sobre a vida e a trajetória de Euclides Pinto Martins.
Pinto Martins estudou Engenharia Mecânica aplicada às estradas de ferro nos Estados Unidos. Trabalhou como operário em uma fábrica de locomotivas e foi inspetor da Estrada de Ferro da Pensilvânia. Nessa época, apaixonou-se pela aviação e tirou um brevê de piloto pela Escola de Aviação Civil de Nova York.
Aos 29 anos, Pinto Martins conheceu o instrutor de voos Walter Hilton, piloto da Flórida e famoso por suas proezas aeronáuticas. Desse encontro surgiu a ideia de viajar de Nova York até o Rio de Janeiro em um hidroavião batizado de Sampaio Correia I, em homenagem ao senador de mesmo nome. O voo teve uma série de intercorrências e caiu no mar em Cuba. Isso foi em 1922.
Os aventureiros não desistiram da empreitada e, ainda no mesmo ano, decidiram retomar a viagem em um novo hidroavião, o Sampaio Correia II. A viagem terminou, com sucesso, no dia 8 de fevereiro de 1923, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Assim, os pilotos consagraram-se nesse voo pioneiro de Nova York ao Rio feito em 175 dias. Vale destacar que, antes do pouso final, Pinto Martins fez uma parada em Camocim, sua cidade natal.
A música que sonoriza o interprograma é “Baião de Corda”, do compositor Pingo de Fortaleza. O programa foi produzido pelo Núcleo de Documentário da TV Assembleia, com roteiro e produção de Ângela Gurgel, Mariana Bueno e Janaína Gouveia, edição de Daniel Cardoso e locução de Janaína Gouveia.
Edição: Clara Guimarães
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Símbolo da Farmácia. Fonte: Internet. |
Em postagens
anteriores já enfocamos a relação de Camocim
com a chamada “farmácia oficinal” que colocaram a município no mapa da produção
de remédios como as GOTAS ARTHUR DE
CARVALHO e o ESPECÍFICO PESSÔA,
notadamente na década de 1940.
Neste sentido, nomes
como Joaquim Arthur de Carvalho e
seu filho José Arthur de Carvalho
(nome de rua em Fortaleza) fazem parte de uma tradição histórica que envolvem a
prática de farmácia e o estudo acadêmico da área, que, no Ceará, começa em 1919
com a instalação da Faculdade de
Farmácia no estado.
Portanto, desde 1861,
quando se fundou no Ceará a Inspetoria
de Higiene do Estado, responsável por licenciar os “práticos de farmácia”,
que vários destes profissionais assumiram a tarefa de curar e administrar
medicamentos para a população em geral, às vezes passando o conhecimento para
várias gerações familiares, como os Carvalhos e Torquato Pessoa. Atualmente, por exemplo, a família do farmacêutico
Chico Sousa já está na quarta
geração a frente deste tipo de estabelecimento em Camocim.
Para o registro
histórico, fizemos um apanhado regional dos práticos “licenciados pela antiga
Inspetoria de Higiene do Estado, até 1919, ano da instalação da Faculdade de
Farmácia do Ceará”:
Conrado Porto, Granja, 1899
Aurélio Pessôa, Camocim 1900,
Júlio Guimarães, Camocim, 1906,
Sebastião Freitas, Camocim, 1907
Domingos Braga. Itapipoca, 1913
Filomeno Silveira, Acaraú, 1913
Hugo Mota, Granja, 1918”.
Se hoje se observa o
aumento constante deste tipo de comércio em nossa cidade, chegando a se ter de
04 a 05 farmácias numa mesma rua, o embrião está num passado distante. Hoje uma
farmácia tem de quase tudo, “inclusive
remédio”, como diz uma propaganda radiofônica de uma farmácia sobralense. Sinal
dos tempos!
Fonte:
A Voz dos Práticos. Fortaleza-CE, 1948.
Edição 02, p.06, setembro de 1948.
https://myloview.com.br/poster-simbolo-de-farmacia-copa-de-higia-no-E1BAE5.
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Convite de lançamento do livro Trlhas 7. Fonte: Editora Sertão Cult. 2023. |
Há dez anos nos reuníamos na Bica do Ipu (entre respingos e pingas) para tratar de um sonho audacioso: publicar uma série histórica a partir do interior do Ceará. Nascia ali o Grupo Outra História e o Projeto Editorial "Nas Trilhas do Sertão: escritos de cultura e política nos interiores do Ceará". De lá para cá, SETE CAMINHOS foram trilhados. De início um passo cauteloso, não mais do que uma légua historiográfica, do tamanho do nosso fôlego. Depois buscamos outras veredas e hoje já podemos dizer que trilhamos outros e variados territórios, outros sertões brasileiros.
Como sempre, em janeiro, sob as bênçãos de São Sebastião e de Clio, nos reunimos no mesmo lugar para avaliar a jornada e planejar a próxima viagem, renovar os sonhos, molhar a palavra e imaginar a escrita.
Neste sentido, convido a todos para o convescote de lançamento do livro "NAS TRILHAS DO SERTÃO: ESCRITOS DE CULTURA E POLÍTICA DO CEARÁ. V. 7, composto por 12 artigos de vários historiadores cearenses que trafegam pela história política do século XX em variadas abordagens e nas experiências cotidianas calcadas na oralidade sertaneja.
Neste volume, participo com o artigo: CEM ANOS DE COMUNISMO NO BRASIL: ONDE CAMOCIM ENTRA NESSA HISTÓRIA? Ainda tenho alguns exemplares comigo para quem quiser adquirir o livro físico em Camocim.