sexta-feira, 26 de julho de 2024

PELAS RUAS DE CAMOCIM... NOSTALGIA E HISTÓRIA


Chácara na confluencia das ruas Dr, João Thomé com Humaitá. 2024. Foto: Arquivo do CPH.

Marechal Floriano, Humaitá, Tiradentes, 24 de Maio... Na caminhada de hoje, os nomes das placas das ruas me remetem à história do Brasil Colônia através de Tiradentes, ao Brasil Império pela Guerra do Paraguai, ao Brasil República via Floriano. Embora entre nós, essas temáticas estão um pouco distantes.

Entro pela rua Humaitá e dou de cara com a antiga sede do Sindicato dos Portuários, agora esmaecida na cor e sem o ambiente associativo de outrora, do tempo em que ainda tínhamos porto. Mais à frente, o prédio do INSS, evoca em minha lembrança as tensões das antigas contagens eleitorais que duravam dias, com o povaréu nas calçadas adjacentes esperando os resultados das urnas com radinhos de pilha colados aos ouvidos, sintonizados nas rádios União e Pinto Martins.

Dois quarteirões depois, dá gosto contemplar a quadra verde da chácara que funciona como o "pulmão" do centro da cidade, resistindo às intempéries e à especulação imobiliária.

Dobro na Tiradentes e novamente na 24 de Maio onde fica a casa da mamãe, ponto de descanso para um bom papo e assistir com ela a novela Alma Gêmea.

Neste trajeto, poderia escrever sobre a azáfama de uma oficina, o olhar perdido do Beata, a moça bonita de outrora que enverga o peso do tempo, de militares aposentados que jogam conversa fora num bar. Mas, para isso eu precisaria ser um escritor. Fiquem com a narrativa do historiador.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO BRASIL E A CÂMARA MUNICIPAL DE CAMOCIM

Ofício da Câmara Municipal de Camocim ao Presidente da Província. 1888. 
Fonte: Portal da História do Ceará.

    Já escrevemos algumas matérias neste espaço, enfocando a presença de escravos em Camocim, seja em ações de alforria;  nosso porto sendo parte de uma rota de liberdade escrava ou mesmo objeto da legislação no Código de Postura da então Villa de Camocim. 

    Mas, com relação a famosa Lei Áurea, quais foram as repercussões em nosso meio? Um ofício da Câmara Municipal enviado ao Presidente da Província, expressam bem o sentimento dos munícipes, embora saibamos que este tipo de documento era uma formalidade burocrática para atender a lei maior. Contudo, é um registro importante para a nossa história.

          Segue abaixo a transcrição:


Villa de Camocim 

Paço da Câmara Municipal em Sessão Ordinária de 20 de maio de 1888.

Ilmo.Exmo. Snr 


A Câmara Municipal desta Villa, reunida em sessão ordinaria de hoje, tem a honra de communicar ao Exmo. que em nome de seus municipes saúda jubilosa na pessoa de V. Execia, a Excelsa Princesa Imperial Regente e ao immortal Gabinete de 19 de Março, do qual é V.Excia. mui digno Delegado, pela promulgação da áurea lei nº 3.353, authentico testemunho das virtudes que innobrecem o magnannimo coração da Redemptora dos captivos, e a grande confiança que merece a Nação do invicto Gabinete.

Deus guarde a V. Execia.

Ilmo.Exmo. Snr. Antônio Caio da Silva Prado.

M. D. Presidente da Província 

Serafim Manoel de Freitas - P.

Sergio Gomes de Lima

Francisco Freire Napoleão 

Antônio Nogueira de Carvalho.

Fonte: Arquivo Câmara Municipal de Camocim - 1º. Livro de Ofícios Expedidos - 1885-1908.

quarta-feira, 17 de julho de 2024

PATRIMONIOS DE CAMOCIM... MAIS DESTRUÍDOS DO QUE PERSERVADOS

Casa demolida na Rua Alcindo Rocha. Camocim. 2024. Foto: Marcelo Marques.


    Reza a lenda que nós só damos aquilo que temos. 

    Eu, por meu turno,  já perdi a esperança de querer influenciar (para usar o verbo da moda) as consciências das pessoas de que a preservação da nossa história é algo importante para a construção da nossa identidade e que pode até se lucrar com isso. Talvez, educando as crianças desde tenra idade em casa e na escola, elas possam no futuro conservar o que se está construindo no presente. Toda vez que se bota abaixo um patrimônio de pedra e cal, alguns lastimam, outros aplaudem. Isto é da compreensão de cada um.

    A instituição de uma política pública de feição preservacionista quem o pode fazer é o Estado, intervindo, inclusive nos interesses privados. 

    Em Camocim, o poder público tem até uma lei aprovada neste sentido. Mas, não adianta legislar sem ter o aparato jurídico para executar a lei, implementar as condições para definir áreas e patrimônios a serem tombados. Deste modo, os herdeiros destes patrimônios sentem-se a vontade para demolir seus velhos casarões, no sentido de varrê-los da face da terra e incorporá-los como novos espaços no mercado imobiliário. 

    Há uma outra questão a ser resolvida: o quê e quem determina algo como histórico? Será que somente as duas casas demolidas na rua Alcindo Rocha recentemente, por terem algum resquício arquitetônico eram patrimônios históricos? Ninguém chorou pelas demais, casas simples, quando o quarteirão era eminentemente residencial e se tornou comercial.

    Vivemos, portanto, a era preconizada lá atrás por Caetano Veloso da "força da grana que ergue e destrói coisas belas".

    Mas, como nem tudo está perdido, um fio de esperança permanece em ações como a do proprietário de uma casa da rua José Maria Veras (outrora Senador Jaguaribe). No trecho entre Dr. João Thomé e José de Alencar, quando 99% dos antigos prédios foram abaixo, ele reforma sua fachada nos moldes da antiga residência do deputado Murilo Aguiar.

Casa na Rua José Maria Veras. Camocim. 2024. Foto: Arquivo o blog.


    Não foi preciso nenhuma lei dizer para ele como proceder. 

    Nós só damos aquilo que temos.


quinta-feira, 27 de junho de 2024

A SECA, A CHUVA E O SAPO - A escrita do mestre Artur Queirós

 

Artur Queirós. Foto: Camocim Online.



    Uma das múltiplas habilidades do memorialista camocinense Artur Queirós era a de ser correspondente para vários jornais do Ceará. Sempre sonhei em ter acesso a este material jornalístico como fonte histórica. Imagino que deve ter algo desse período no seu sobrado, mas não se tem acesso ao seu imenso acervo.
    Nas minhas peregrinações pelo mundo virtual, me deparei com uma notícia da seca de 1958 enviada por Artur Queirós. E uma raridade, uma pérola do jornalismo e da capacidade escritural do nosso correspondente. Numa simples nota, ele consegue aliar a riqueza de detalhes com a concisão jornalística com laivos literários, sem deixar de informar. Vamos a notícia:

0 FLAGELO DA SECA. Levas de pedintes nas ruas da cidade
CAMOCIM. (Por Artur QUEIROZ). É dolorosamente triste ver-se o dia todo, levas de pedintes perambulando pelas ruas da cidade, implorando a caridade pública, procurando subsistir à inclemência da seca. Não chove e o camponês já desenganou-se. Desesperados pela situação deplorável, ameaçam a todo instante invasão em casas comerciais, inspirados pelo clássico axioma: A Fome é Ruim Conselheiro.
O curioso é que o inverno retardou, mas, como a esperança é a última que morre, o dia 1º do março marcou, desde as primeiras horas da madrugada, na opinião de todos, o início de um inverno arrojado. Com fortes trovoadas começou a abundante chuva logo pela madrugada, que perdurou pelo dia todo. Muita chuva, chuva grossa, chuva fina, a intervalos. Dia silente, escuro, com os pardos horizontes carregados. -E choveu com abundância, diariamente, até o dia 6. Sapos euforicamente cantando toda a noite nas lagoas, chão molhado, encharcado. Alegria geral, e legume nascendo exuberantemente viçoso. Durou pouco a odisseia. Do dia 7 para cá, nada de chuva: tempo limpo, vezes outras, na maioria, intensamente nublado, mas chover que é bom, não chove. O camponês desesperou, o sapo calou e sumiu o legume e o espectro da miséria se identifica em toda face marcado pelo estigma da devastadora seca, numa conjuntura cm que a média classe e a pobre já subsistia com ingente esforço, ante a dificuldade de ganhos, ganhos mirrados, e a perene ascensão vertiginosa da espiral dos preços das utilidades.
Restam agora, portanto, os socorros da administrativa federal, em sufrágio desta lamentável situação. Consta que será eficiente e breve, pois a conjuntura não tolera a mínima delonga. Que venha logo, portanto, as providencias salvadoras do poder Central.

    Espero que este exemplo de escrita, diante de tanta baboseira que se escreve atualmente nos canais de "imprensa" nas redes sociais, sem falar das barbaridades cometidas contra a língua pátria, possa inspirar quem se aventura neste campo.

Fonte: Jornal "O Unitário", 02 de abril de 1958, p. 3
Foto: CAMOCIM ONLINE

quinta-feira, 23 de maio de 2024

CAMOCIM DE PORTO E ALMA. Carlos Augusto P. dos Santos

Capa do livro "Camocim de Porto e Alma". Camocim. 2024. 

Fonte: Editora Sertão Cult.

    Em 2009, Camocim comemorou 130 anos de emancipação política. Este trabalho foi feito para ser lançado naquela ocasião. Só quinze anos depois, foi possível retirar o Camocim de Porto e Alma da gaveta, pretendendo dar mais um passo na construção de nossa memória e história. Nessa caminhada de pesquisa e escrita, várias possibilidades de investigação foram se concretizando. Afora as exigências acadêmicas, no entanto, outros campos de investigação afluíram no transcurso da caminhada, fazendo com que surgissem outros projetos de socialização das informações que vem se colhendo.
    Esta é apenas uma dessas propostas. Neste sentido, Camocim de Porto e Alma – história e cotidiano procura preencher uma lacuna sobre a história e a memória do nosso município. Por isso, desde já a explicação do título da obra – a intrínseca relação de Camocim com o porto, vindo daí sua origem e gênese -, nos legando uma cidade portuária, aliado àquilo que “animou” o período de intenso progresso proporcionado pelas atividades do porto e da ferrovia. Daí, não apenas a frieza dos documentos, mas a emoção da subjetividade dos depoimentos contidos nas páginas deste trabalho constitui a alma do camocinense retratado aqui.
    A publicação deste livro foi possível graças ao convênio entre Prefeitura de Camocim e Ministério da Cultura, através da Lei Paulo Gustavo e faz parte da Série História Camocinense, fruto do Coletivo de Historiadores de Camocim e pode ser acessado e baixado gratuitamente no endereço:
https://camocim.ce.gov.br/livros/
    O lançamento oficial do e-book "Camocim de Porto e Alma" será no dia 07 de junho de 2024 na Academia Camocinense de Ciencias Artes e Letras (ACCAL).

Serviço:
Título: Camocim de Corpo e Alma - História e cotidiano.
Autor: Carlos Augusto P. dos Santos
Ano: 2024.
Editora: Sertão Cult
Nº de Páginas: 112

quarta-feira, 22 de maio de 2024

HISTÓRIA RELIGIOSA DE CAMOCIM - Célia Santos/Gabriel Araújo/Jane Élida Silva

    



Capa do livro História Religiosa de Camocim. 2024. Fonte: Editora Sertão Cult.

    História Religiosa de Camocim é uma coletânea de três textos acadêmicos, escritos por historiadores locais como trabalhos de conclusão do Curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, que versam sobre aspectos da religião católica e batista em nosso município. 

    No primeiro trabalho, Maria Célia Pereira dos Santos procura desvendar os mistérios envoltos a uma cidade atrelada a manifestos religiosos, de uma cidade germinada pela influência da Igreja Católica, através da análise da escrita do Primeiro Livro de Tombo da Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, instituída em 1883 na cidade de Camocim, emancipada politicamente em 1879. Neste sentido, analisa a obra religiosa a partir da edificação de sua antiga capela, em 1880, e sua retomada em 1905, elencando os passos articulados à concepção de cidade, que se fazia acontecer na época, sob a base da religião católica. No segundo trabalho, Gabriel Belchior de Araújo, continua na seara da Igreja Católica Movido analisando as ações e benefícios do Serviço de Promoção Humana em Camocim, como instituição inovadora e extensiva em prol de uma educação libertadora e preservação da dignidade humana, informando sobre as importantes ações que melhoraram e socorreram muitos camocinenses, de diferentes idades, dos males da pobreza e da marginalização social nos anos 60 a 70 do século XX. Finalizando, o terceiro trabalho de Jane Élida Costa Silva, lança luzes sobre a chegada da ação missionária da Primeira Igreja Batista em Camocim entre os anos de 1984 a 1989, assim como discorre sobre os problemas enfrentados pelas primeiras missionárias, tanto de logística, como de resistência de conservadorismo católico e de outras denominações evangélicas. A religiosidade em Camocim não se resumem a este trabalho, mas o primeiro passo foi dado para que outras iniciativas possam dar conta da diversidade religiosa em nosso município.

    O livro História Religiosa de Camocim integra a Série História Camocinense, gestada dentro do Coletivo de Historiadores de Camocim. Foi financiada pelo convenio entre Prefeitura Municipal de Camocim e Ministério da Cultura, via Lei Paulo Gustavo. O lançamento oficial do e-book ocorrerá no dia 7 de junho de 2024 na Academia Camocinense de Ciências Artes e Letras (ACCAL). 

terça-feira, 21 de maio de 2024

FILHOS DA TERRA. Raimundo Nonato de Carvalho (Naldo)


   

Capa do livro  "Filhos da Terra". Autor: Naldo. 2024. Fonte: Editora Sertão Cult.


 "Filhos da Terra" é o livro de estreia de Raimundo Arnaldo de Carvalho, mais conhecido em Camocim como Naldo, famoso cantor e compositor local, descoberto nos tempos dos festivais de música de Camocim e no Ceará, além de animar o povo com suas músicas nos ritos católicos. Naldo também é professor nas disciplinas de Ensino Religioso e Arte Educação no Ensino Fundamental e Médio, bem como Língua Portuguesa no ensino Fundamental por mais de 25 anos. 

    Em "Filhos da Terra", Naldo faz através do soneto, uma singela e forte homenagem ao que ele chama de “personagens marcantes de nossa cidade, que com o maior prazer tentarei expressar com o máximo de cuidado e zelo. Esse pessoal, de fato, marcou época, alegrando o povo de seu tempo, para esta cidade, contribuindo muito para o crescimento cultural de Camocim. Aqui se misturam alegria e nostalgia de um período que deixou marcas no tempo histórico do nosso povo.” 

    Mas, os personagens são tantos que, com certeza, Naldo ficará com a incumbência de elaborar mais livros para dar conta da diversidade do nosso povo.

    "Filhos da Terra" faz parte da "Série História Camocinense" e sua edição foi possível graças ao convenio entre Prefeitura Municipal de Camocim e Ministério da Cultura, através da Lei Paulo Gustavo e pode ser baixado gratuitamente através do endereço: https://camocim.ce.gov.br/livros/.

O lançamento oficial do e-book de "Filhos da Terra" será no dia 07/06/2024 na Academia Camocinense de Ciências Artes e Letras (ACCAL).

segunda-feira, 20 de maio de 2024

METAMORFOSE LITERÁRIA. INÁCIO SANTOS

 

Capa do livro "Metamorfose Literária" - Inácio Santos. 2024. Fonte: Editora Sertão Cult.

    "Metamorfose Literária" é o segundo livro de Francisco Inácio dos Santos, radialista, poeta, escritor, cronista e compositor camocinense. Militante das letras em nosso município, Inácio Santos é titular da cadeira número 26 da Academia Camocinense de Ciências Artes e Letras (ACCAL). 

    Nesta obra, dividida em duas partes: Versos em Profusão e Crônicas, Inácio Santos destila a sua melhor verve literária, que o fez um dos principais cronistas e poetas de nossa cidade. 

    A primeira parte é constituída de poemas, em sua grande maioria sonetos, seara na qual Inácio Santos se tornou especialista. Na segunda parte, Inácio nos brinda com outro gênero textual – a crônica, que alia brilhantemente “pitada de humor, mas também de saudade, a viajar num passado nostálgico, conhecer alguns causos e se entrelaçar poeticamente com personagens que podem ser identificados ao nosso redor e, talvez, em nós mesmos".

    O livro "Metamorfose Literária" faz parte da Série História Camocinense e foi custeada pelo convenio Prefeitura Municipal de Camocim e Ministério da Cultura, através da Lei Paulo Gustavo. A obra em epígrafe pode ser baixada para download gratuitamente no endereço: https://camocim.ce.gov.br/livros/.

    No dia 7 de junho de 2024 haverá o lançamento oficial do e-book de Metamorfose Literária na Academia Camocinense de Ciências Artes e Letras (ACCAL). 

Serviço:

Livro: Metamorfose Literária

Autor: Inácio Santos

Ano: 2024

Páginas: 130

Editora: Sertão Cult