quinta-feira, 31 de julho de 2014

OS ESTRANGEIROS EM CAMOCIM. OS INGLESES

Fonte: http://blog.liverpoolmuseums.org.uk/2007/12/maritime-tales-escape-to-the-sun/

Quando os marinheiros ingleses aportavam por aqui, gostavam de comprar macaquinhos e periquitos. O Sr. Euclides Negreiros em depoimento nos disse: “Quando eu era menino, subia nos navios para vender laranjas e soins para os marinheiros ingleses (...) eu pegava os macaquinhos, dava de comer e amansava para vender prá eles”.[1]. Mas os ingleses não foram somente compradores de espécimes da nossa fauna. Os mesmos estiveram aqui quando da construção da Estrada de Ferro de Sobral. Acharam bom o negócio que depois uma firma inglesa arrendou a ferrovia através da The South American Railway Construction Company Limited, entre 1910 a 1915.[2].
No entanto, a presença inglesa não ficou por aí. Nos anos 1940 a Booth Line,  empresa de navegação, explorou no Porto de Camocim o serviço de alvarengas,embarcações que faziam o serviço de embarque e desembarque dos navios em alto mar. À época, dizia-se que o porto de Camocim não tinha condições de receber  os navios, até que o comandante do Navio Aratanha em 1946 pôs por água abaixo essa mentira que durou mais de uma década, a qual era reiterada pelo prático da barra e a empresa inglesa, mas essa é uma história controversa que merece ainda ser melhor apurada. 

Notas:


[1] Soim é um pequeno macaco muito comum no território brasileiro. Entrevista com o Sr. Euclides Negreiros, marinheiro, 90 anos. 24 de abril de 2007. Camocim-CE.
[2] Para saber mais sobre a construção e o arrendamento da ferrovia, ver: OLIVEIRA, André Frota de. A Estrada de Ferro de Sobral. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora Ltda, 1994.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

OS ESTRANGEIROS EM CAMOCIM. OS HOLANDESES

Ocupação Holandesa no Ceará. Século XVII.
Os holandeses dominaram o que se chama hoje de nordeste na primeira metade do século XVII. De 1630 e 1654, através da  Companhia das Índias Ocidentais, os objetivos dos mesmos eram controlar a região produtora de cana-de-açúcar, além de, explorar a terra em busca de outras riquezas.
Neste sentido,os holandeses exploraram bastante a região do rio Camocim a ponto de terem erguido uma fortificação para melhor proteção de suas explorações na embocadura do rio, próximo à atual Granja,além de um outro em Jericoacoara.Depois que o Conde Maurício de Nassau se instalou em Pernambuco mandou missões de reconhecimento ao Ceará para sondagem de suas potencialidades econômicas. Desta forma, Gedeon Morris confirmou a existência de boa quantidade de sal, âmbar gris e do pau violeta (tatajuba). O explorador holandês ainda fez referências a existência de 30 tribos tapuias e da excelência do porto para as atividades de carregamento de navios. Nas palavras da historiadora Rita Kromemem constata-se: "expedição para Camocim valeu a pena. Gedeon Morris encontrou outra salina rendosa, distante da costa apenas 1700 passos. O porto prestava-se também ao carregamento de navios. Por outro lado, viviam nos arredores 30 tribos tapuias, das quais apenas dez eram aliadas aos holandeses. Por isso queria o zelandês (sic!) ir ao interior da região, a fim de atrair mais índios para os seus homens através de atitudes humanas e de bom tratamento. Também não esqueceu de preparar uma determinada quantidade de madeira corante para exportação.(KROMEMEN, Rita. Mathias Beck e a Cia. das Índias Ocidentais. O domínio holandês no Ceará colonial. Fortaleza: UFC, 1997, p. 56).
 Por outro lado, a presença de holandeses na região pode ser atestada pelos registros após a Guerra da Restauração que expulsou os mesmos de Pernambuco com os índios que lhe eram aliados. Referindo-se à crônica da guerra, o historiador Ronaldo Vainfas assinala: "Outro chefe notável do chamado “partido holandês”, entre os potiguaras, foi Antônio Paraopaba, guerreiro afamado, responsável por várias vitórias holandesas na fase do domínio holandês contra os restauradores de 1645. Foi um dos chefes dos massacres perpetrados pelos holandeses em Cunhaú e Uruaçu, no Rio Grande, em 1645, respectivamente em julho e outubro, e comandante da retirada dos índios para a Serra da Ibiapaba, no Ceará, depois da derrota holandesa de 1654.(VAINFAS, Ronaldo. Traição. Companhia das Letras, 2008). 
A presença holandesa no Ceará será retratada em documentário num projeto denominado Neerlandeses Missão em Terras Alencarinas sob a direção do jornalista Roberto Bomfim trazendo depoimentos de historiadores e moradores das localidades visitadas pelos holandeses de então.

Fonte da foto:http://cearaemfotos.blogspot.com.br/2011/05/ocupacao-holandesa-no-ceara.html

domingo, 13 de julho de 2014

OS ESTRANGEIROS EM CAMOCIM. OS FRANCESES


Praia das Barreiras. Fonte:www.groupon.com.br
Uma cidade que se ergue à beira do mar, ao redor de um porto tende a ser uma porta aberta para a chegada e fixação de estrangeiros e aventureiros que, talvez, por "serem de fora", enxergam no lugar outras possibilidades e belezas que os nativos, habituados com a paisagem diária, não percebem. Iniciamos, portanto, uma série de postagens onde destacaremos as passagens de estrangeiros por Camocim, analisando suas contribuições para a formação da cidade ou apenas simples e efêmeros momentos que aqui desfrutaram. Começaremos, até por uma questão cronológica, pelos franceses.O processo de colonização da Capitania do Ceará pelos portugueses, como se sabe, se deu tardiamente. Essa demora, permitiu que outros navegantes explorassem nossa costa, como os franceses o fizeram. Quando os portugueses deram por si, sobre a possibilidade de perderem esta parte do território no começo do século XVII e enviaram a expedição de Pero Coelho em 1604 para a expulsão dos franceses da Ibiapaba, há muito os mesmos já negociavam com os índios as chamadas "espécimes de fauna e flora" da região. Por conta desse contato, os franceses quase sempre tinham a simpatia e a aliança das tribos indígenas e de seus "maiorais" (como eram chamados seus líderes) nas guerras de ocupação contra portugueses e holandeses.Os franceses, portanto, exploraram bastante o comércio com os índios Tabajaras da Ibiapaba usando o rio Camocim ou rio da Cruz (atualmente Coreaú) e logicamente fazendo essa rota conhecida em seus documentos náuticos e históricos. Como vimos acima, a expedição de Pero Coelho de 1604 acaba por expulsar os franceses da Ibiapaba iniciando efetivamente a colonização portuguesa na região.