quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ESCRITORES DE CAMOCIM - INÁCIO SANTOS

Hoje o blog retoma a seção "Escritores de Camocim" com um dos melhores cronistas da cidade, o radialista Inácio Santos. Uma amostra de sua escrita pode ser encontrada nas saudosas páginas de "O Literário", ou enfeixados no seu livro "Flamengas e Boqueirões", título que tive o prazer de sugerir e prontamente aceito por Inácio Santos para minha surpresa. Deliciemos pois com as reminiscências de garoto do autor, começando pela crônica "Cemitério Velho".
CEMITÉRIO VELHO

Ainda quando a cidade terminava antes do final da Rua 03 de Outubro, e lá se vão mais ou menos trinta e poucos anos, eis que incrustado entre as Ruas Paissandu e Alcindo Rocha, ali estava ele. Vou chamá-lo como o conheci e como todos o chamavam: Cemitério Velho. Velho mesmo! Não sei a data de sua inauguração, mas já naquele tempo era o cemitério velho, até mesmo porque de há muito estava desativado, pois já se encontrava o atual cemitério em plena atividade.
Ora, pois ali estava ele (o cemitério velho) a nos fascinar. Moleque, na época, morando a poucos metros do dito cujo, na Rua da Independência, era ali um dos pontos preferidos por nós (a molecada) para as nossas brincadeiras, com direito a toda sorte de danações, que iam desde o simples esconde-esconde entre os túmulos, à caça de passarinhos e lagartixas com nossas terríveis baladeiras, até pregarmos sustos às pessoas, visto que naquele tempo o lugar era ermo e para, ali, passar tinha que ser por uma espécie de trilha, obrigando às pessoas a andar por cima da calçada do cemitério, o qual tinha o muro relativamente baixo, deixando à mostra uma boa visão de seu interior. Era nesses instantes que nós nos escondíamos e quando os menos avisados por ali vinham, principalmente mulheres, nossas vítimas preferidas, saíamos de chofre, soltando terríveis berros e gritos, ou jogando areia por sobre o muro em cima das pessoas que, por estarem a andar na calçada de um cemitério (embora desativado), tinham motivos de sobra para se sentirem apreensivas. As carreiras e sustos destas era nosso deleite. Ríamos – a bandeiras despregadas – aquele riso puro e, ao mesmo tempo diabólico, de moleque travesso que se regozija com o resultado de sua travessura.
Por mais que nossos pais nos avisassem para que lá não fôssemos, pois para nos amedrontar diziam “cobras e lagartos” coisas como: que poderíamos pegar doenças terríveis, pois o lugar era contaminado; que havia cobras venenosas (o que nos fundo não era mentira), pois matávamos muitas delas, venenosas, tipo: coral, cascavel... Outras, não: papa ova, muçuranas (cobra preta), etc. Mas nada do que nos diziam - e até mesmo os castigos - não nos dissuadia ou muito pelo contrário algo de mágico, invisível e misterioso, empurráva-nos cada vez mais para o nosso refúgio (Cemitério Velho). Ali era nosso terreno. Conhecíamos cada passo, cada túmulo, cada catacumba, eles eram nossos parceiros e confidentes. Tinha aquela toda de mármore preto e branco com um epitáfio de letras douradas e foto em alto relevo. Pertencia a um general – não lembro o nome- data de mil e oitocentos e qualquer coisa. Nós olhávamos com admiração – general, mármore, luxo, riqueza – muitas vezes até evitávamos apedrejá-la, pois era a nossa preferida. Tinham aquelas já abertas e corroídas pelo tempo. Aquela outra que, à noite, servia de dormitório para um maluco da época - Chico Doido. Além de muitas outras, cada qual com suas peculiaridades.
O certo é que, ali, no cemitério velho, tínhamos tudo que queríamos para a realização de nossas incontáveis brincadeiras. Conhecíamos palmo a palmo o nosso reduto. Pulávamos por cima dos túmulos e catacumbas com a agilidade de um bando de babuínos, na copa das árvores.
Certo dia, no entanto, fomos surpreendidos por pessoas estranhas, homens e máquinas e quedamo-nos boquiabertos, quando o trator entrou no nosso “Campo Santo”, bufando e fazendo enorme barulho. A máquina monstruosa foi vencendo construções seculares, destroçando, despedaçando e transformando tudo em entulho, tudo que encontrava pela frente. Em poucas horas, nada mais restava do que um simples terreno aplainado.
Vimos tudo aquilo empoleirados em cima de um pedaço de muro (último a ser derrubado), com um misto de revolta e fascinação.
Hoje, aquele pedaço faz parte de uma paisagem da cidade totalmente diferente. Ali está incrustada a Praça “Sinhá Trévia”, popularmente conhecida como Praça da Rodoviária; para alguns, (no meu caso), Praça da Saudade. Saudade sim, dos bons tempos ali vividos, dos folguedos e brincadeiras que ficaram registrados em minha lembrança como marcas indeléveis. São reminiscências saudosas de uma época de outrora que o tempo, em sua marcha inexorável, levou.
Esse mesmo tempo só não pode apagar da minha memória a saudade que sinto de ti, querido Cemitério Velho.

Inácio Santos
In literário: dezembro 1998, Flamenga e Boqueirões.

Foto: Praça da Rodoviária, antigo Cemitério Velho. Disponível em: ferias.tur.br

O CONTRABANDO NO PORTO DE CAMOCIM

Desde que me entendi por gente escuto histórias de contrabando no município de Camocim. Segundo a oralidade, este expediente explicaria as fortunas de algumas famílias da cidade e da região norte, ligadas ao comércio, indústria e política. Essa forma de comercializar era tão escancarada mas, ao mesmo tempo silenciada, dependendo da conjuntura política. Na década de 1950, o assunto do contrabando de café, especialmente, e de veículos tipo "Rural" ganharam repercussão nacional, com ecos até na Câmara dos Deputados que acabou por instalar uma CPI para apurar os fatos. O Porto de Camocim era rota dessas transações ao arrepio da lei, a ponto de, segundo me confidenciou um pesquisador, filho de um Ministro da época, que as tais "Rurais", eram conhecidas no sul-sudeste como as "Camocins". O tempo passou e a história que ouvi contar nas tardes ensolaradas da Rua do Egito por ferroviários e marínheiros  aposentados, acabou atravessando nossas pesquisas, às vezes se materializando na documentação, confirmando ou refutando algumas dessas histórias. Hoje, trazemos a repercussão na Cãmara Federal, numa versão resumida, sobre o contrabando de produtos no Ceará, passando pelo porto de Camocim. Na matéria, chamaria a atenção para a presença do então Deputado Federal Esmerino Arruda nos trabalhos da então Comissão Parlamentar de Inquérito que tratou do assunto. Os grifos em negrito no documento são nossos.

"RESOLUÇÃO Nº 2 - 1959: (Publicado no “D.C.N.” de 24-4-1959, página nº 2 - Suplemento)
Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados:
Os Deputados, infra- assinados, com fundamento no art. 53 da Constituição Federal e de acordo com o art. 31 do Regimento Interno, requerem a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a veracidade dos fatos, adiante expostos, cuja gravidade e extensão constituem uma violação frontal às leis em vigor e uma séria ameaça a receita cambial do País.
O CONTRABANDO DO CAFÉ E DA CERA DE CARNAUBA
É fato público e notório amplamente divulgado pela imprensa de todo o País, a exportação clandestina de café, nos Estados nordestinos. Aquele que viaja pela estrada Rio-Bahia-Ceará se depara,  freqüente mente, com caminhões repletos de café, cuja destinação suposta é o mercado consumidor daqueles Estados. O transporte é, feito ás claras e sem a menor cautela, eis que é livre a circulação de mercadoria dentro do território nacional. Os meios utilizados pelos contrabandistas são os mais variados. Ora, empregam embarcações particulares, carregadas em locais desertos e as caladas da noite. Ora, contando com a conivência das autoridades aduaneiras e estaduais embarcam o café como produtos locais de pouca valia, ou consignando-o a portos no território nacional, ou simplesmente, enchem os porões dos navios sem maiores cautelas, com destino a Paramaribo. Pois todos são interessados no sigilo do negócio.  Pois todos são interessados no sigilo do negócio. O dinheiro corre forte e grosso. Todas as consciências são compradas. Todos os escrúpulos entorpecidos pela volúpia do lucro fácil e imediato.
Enquanto os negociadores do ilícito enriquecem á custa da riqueza nacional, as autoridades competentes assistem de braços cruzados a orgia de corrupção generalizada.  (...) O Governo não dispõe de meios para combater a evasão crescente de divisas preciosas, roubadas á Nação pelo contrabando organizado. Mas, os meios estão ai. Nada mais fácil do que acompanhar o intinerário sinistro do café, em transito pelas rodovias do Nordeste, desde o começo ao fim da viagem. Basta examinar os manifestos de embarques de café, consignado a portos nacionais e verificar que o produto não desembarcou, continuando sua fuga para o exterior. (...) Como conseqüência e corolário natural da impunidade dos contrabandista de café, surgiu, no Nordeste, o contrabandista da cera de carnaúba. Em verdade, no Estado do Ceará, está se alastrando, em proporções alarmante, o contrabando daquele importante produto. Para citar um exemplo concreto, basta mencionar o embarque clandestino, efetuado em dezembro do ano passado, as altas horas da noite, de varias toneladas de ceras, no porto de Camocim. Toda população daquela cidade tem conhecimento do fato.
Cumpre á Comissão de Inquérito apurar a veracidade dos fatos aqui denunciados e relatar quais as providências tomadas pelas autoridades competentes para punição dos responsáveis.
A IMPORTAÇÃO IRREGULAR DE 38 VEICULOS NO ESTADO DO CEARÁ
Outro fato que escandalizou a opinião pública do País, e já serviu de base para pedido de informação por parte do Deputados Souto Maior ao Sr. Ministro da Fazenda, foi o desembarque, no Ceará, de 38 caixas contendo automóveis e camionetas de luxo.(...) O requerimento de importação em regime de privilegio, segundo a Nota Oficial da Alfândega de  Fortaleza, foi feito em 89-11-57 e autorizado pelo Sr. Presidente da Republica autorizar, naquela data, a importação dos veículos mencionados a uma entidade que só adquiriu personalidade jurídica no dia 29 de outubro de 1958, com a publicação dos Estatutos no “Diário Oficial da “União  Oficial da União”, e que só passou a fazer jus ao beneficio de importação em regime de privilegio no dia 3 de dezembro do mesmo ano, com o registro no Serviço Social? Evidentemente, Houve um abuso de confiança e S.Ex{ os Sr. Presidente da Republica foi ludibriado em sua boa fé.
Isto não é tudo, entretanto. Em verdade, até hoje, não se sabe de onde proveio o dinheiro para importação daqueles veículos de luxo. Declarou o Padre Valério á imprensa que recebeu os carros como donativos de pessoas residentes nos Estados Unidos. Não disse, porem, quem foi o doador ou doadores. (...) Por outro lado, não parece crível que nos que nos Estados Unidos existam doadores tão generosos e, ao mesmo tempo, tão obtuso, Pois, tratando-se de uma ordem religiosa mantenedora de educandários de ensino, o donativo menos apropriado seria, inegavelmente, automóveis  de luxo. Há tanta coisa útil que poderá ser doada áquelas entidades, inclusive dinheiro, em moeda sonante. Pois é certo que o dólar convertido em cruzeiro, no cambio livre, constituiria um auxilio inestimável aos donatários em apreço.
Por isso, somos levados á conclusão de que jamais existiram tais donativos. Tudo indica que a transação foi financiada inteiramente por grupos econômicos, cuja atividade se prende ao comércio de automóveis. Não há dúvida de que houve fraude á lei, para obtenção de vantagem ilícita, com prejuízo para receita cambial do País. (...) Por trás dos bastidores, existem, desenganadamente, pessoas de grande influencia, diretamente interessados no assunto. Agem na sobra invocando o nome e o prestigio de homens de reputação ilibada. Neste sentido foi divulgada a notícia, através de um telegrama endereçado a um jornalista cearense, de que o eminente Cardeal de São Paulo havia pedido a um Deputado federal sua interferência junto ao Sr. Presidente da Republica para que fossem liberados os carros. Felizmente Sua Eminência desmentiu a intriga em carta endereçada ao Governador Parsifal Barroso.
O contrabando está perfeitamente caracterizado. Só resta punir os que fazem o comercio do ilícito e da imoralidade contra o bem publico e a lealdade dos negócios.
Esta Comissão será constituída de cinco membros e terá a duração de 120 dias, podendo despender, no exercício de suas atividades,  a quantia de Cr$ 300.000,00.
Sala das Sessões, em 10 de abril de 1959 - Esmerino Arruda - Rondon Pacheco -Benjamim Farah - Sergio Magalhães - César Prieto - Souto Maior - Carlos Lacerda  (segue lista de demais deputados que assinam...)
(...)
Em virtude desta Resolução o Sr. Presidente da Câmara dos Deputados designou para constituir a Comissão Parlamentar de Inquérito os Srs. Deputados Moacyr Azevedo, Abelardo Jurema, José Humberto, Souto Maior e Esmerino Arruda.  

FONTE:  Senado Federal. Subsecretaria de Informações. RESOLUÇÃO Nº 2 - 1959: (Publicado no “D.C.N.” de 24-4-1959, página nº 2 - Suplemento). 
Foto:Internet (meramente ilustrativa)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SÉRIE MAPAS - CAMOCIM ANTES DO "DESCOBRIMENTO DO BRASIL"

As descrições sobre a região de Camocim são mais antigas do que pensamos, mesmo porque, a tese do "descobrimento" que lega aos  portugueses a primazia do pioneirismo de aqui ter aportado primeiro, há muito já foi derrubada. Neste sentido, a descrição do Rio Coreaú, outrora chamado Rio da Cruz, dentre outros nomes já ressaltados aqui, é o acidente geográfico que figura nos mapas anteriores a 1500. Varnhagen, um dos primeiros historiadores brasileiros a sistematizar uma "História do Brasil, recorre a cronistas para falar da Capitania do Ceará. Vejamos: “Afirma o gentio que nasce este rio de uma lagoa, ou de junto dela, onde também se criam pérolas e chama -se este rio da Cruz, porque se metem nele perto do mar dois riachos em direito um do outro, com que fica a água em Cruz.” – Gabriel Soares, Tratado descritivo, 23. – O nome do rio da Cruz (rio donde se halló uma crus) já se encontra no mapa de Juan de la Cosa; é o atual Camocim, como afirma Pimentel em 1712. –(C.). O pouco que sabemos a respeito da capitania de João de Barros e seus sócios, condensou Capistrano de Abreu nos prolegômenos à História do Brasil de Fr. Vicente do Salvador, págs. 78 e 79".
Ora, o mapa de Juan de la Cosa (foto) a que se refere Varnhagen é "de 1500 pintado em pergaminho, 93 cm de altura por 183 de largura, que é preservado no Museu Naval de Madrid. Uma inscrição diz que foi feito pelo marinheiro Juan de la Cosa, em 1500, em Puerto de Santa María (Cádiz). A sua decoração rica indica que ele provavelmente foi encomendado por um membro poderoso da corte de Fernando e Isabel.O mapa é a representação inequívoca das Américas mais antigos preservados;nele são as terras descobertas até o final do século XV expedição castelhano, Português e Inglês nos Estados Unidos. Ela também mostra muito do Velho Mundo, no típico estilo das paradas porto medieval, incluindo a notícia da chegada recente de Vasco de Gama para a Índia em 1498.
A carta de Cosa é o único preservado do trabalho cartográfico realizado por testemunhas oculares para as primeiras viagens de Cristóvão Colombo às Índias".

Fonte:
1. VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil. CDPB. p.115.  
2. www. alerce.pntic.mec.es
Foto: alerce.pntic.mec.es 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

"O PORTO DO POTE" DO CAMOCIM

Nas minhas idas ao Arquivo Público do Ceará, conheci um grande pesquisador, o granjense Prof. André Frota de Oliveira(foto). Entre um documento e outro, chegava até sua mesa de trabalho para tanto tirar minhas dúvidas de neófito pesquisador, quanto para conversarmos sobre a história da região. Em seus trabalhos, o que mais me interessa é a "Fortificação Holandesa do Camocim", um apnahado dos documentos que fazem referência à construção de um forte no Rio Coreaú ainda no século XVII. Leiamos um trecho sumário da referida obra:

No contexto da Guerra Holandesa (1630-54), este reduto de campanha defendia o porto do Pote (atual Camocim). Apesar da ausência de fontes sobre esta posição, Barretto (1958) informa que ela provavelmente remonta a 1641 quando o governador holandês do Ceará, Gedean Morris, viajou pelo norte da Capitania a título de exploração. Sua pequena guarnição foi trucidada pelos indígenas (28/fev/1644), chefiados pelo líder Ticuna, recompensado mais tarde pela Coroa portuguesa por serviços prestados (1659).
Comunicadas do feito pelos próprios indígenas, este reduto é ocupado por forças portuguesas do Maranhão, por ordem de Antônio Teixeira de Melo.
Barretto (1958) complementa que anos mais tarde, em 1656, o governador do Maranhão, André Vidal de Negreiros (1606-80), a quem a Capitania do Ceará se subordinava, manda artilhar o Camocim com quatro peças de 6 libras, guarnecendo-o com 25 soldados, com a mesma função do Fortim de Nossa Senhora do Rosário: apoiar e proteger as comunicações por terra do Ceará com o Maranhão.
Segundo Barretto (1958), em 1687, nada mais restava da estrutura, também conhecida como Forte do Coreaú. Garrido (1940), por sua vez, acredita que o Forte de Camocim tenha sido levantado em 1659 para desaparecer em 1696, sem citar, no entanto, documentos que comprovem esta afirmação.


Foto: diariodonordeste.com.br 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

REDES DE TUCUM DO CAMOCIM NO MUSEU NACIONAL

No ano de 1857 o Governo Imperial criou uma Comissão Científica para explorar as riquezas e a história das Províncias do Norte, partindo do Ceará. Tal comissão só chegou ao Ceará em 1859, composta de várias seções: Botânica, Astronômica, Etnográfica, Zoológica e Mineralógica. Cientistas, médicos, botânicos, dentre outros, vararam as praias e sertões cearenses, demorando-se nos lugares, recolhendo espécimes da fauna e da flora, anotando os costumes do povo, desenhando paisagens, animais e plantas, mapeando as minas e os acidentes geográficos, enfim, realizando um intenso trabalho de reconhecimento da região. Nos vários trabalhos de historiadores que escreveram sobe a Comissão Científica de Exploração, ou Imperial Comissão Científica, ou Comissão Exploradora das Províncias do Norte, ou mesmo Comissão das Borboletas, (nomes recebidos pela Comissão) algumas passagens se referem à região de Granja e Camocim. Após a volta da Comissão ao Rio de Janeiro, vários relatórios e exposições foram elaborados e mostrados. Recolhemos em um dos anexos de um relatório, um trecho que fala de uma exposição no Museu Nacional realizada em 1861, relativa à nossa rede de tucum, recolhida por um dos integrantes da referida comissão. Vejamos:

"Uma rede de lavarinto é um trabalho primoroso que consumiu dois anos de tempo. O verdadeiro elemento da rede é feito de cordel de tucum pelos caboclos e pescadores do Camocim. São ainda imperfeitas malqueiras."

A rede de tucum ainda hoje  é confeccionada pelos artesãos camocinenses.

Fonte: BRAGA, Renato. História da Comissão Cientifica de Exploração. Disponível em:http://www.colecaomossoroense.org.br/pics/historia_dacomissao_cientifica_de_exploracao.pdf

Foto:jxavierfilho.blogspot.com

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM CAMOCIM

Certamente, com a chegada do período eleitoral que se avizinha você ouvirá dez entre dez políticos dizerem que se preocuparão com a educação, saúde, segurança, emprego, etc,etc. Por outro lado, a história da educação de um lugar é algo que deve ser a preocupação de historiadores e memorialistas. Desta forma, essa postagem mostrará em dois momentos o tipo de ação do poder público para suprir a necessidade deste tipo de serviço para a população. Em 1890, o então Conselho de Intendência Municipal de Camocim (a prefeitura da época) votava uma abertura de crédito e pedia ao Governador do Estado a aprovação de "vinte e cinco mil réis mensaes para auxiliar a uma escola nocturna para adultos que vai se fundar nesta cidade no dia 1º de maio próximo fucturo". O tempo passou e este tipo de escola acabou proliferando, mas, sem ter uma organização ou sistema que lhes dessem unidade. Posteriormente, o governo concentrou-as no que ficou convencionado chamar de ESCOLAS REUNIDAS, nas primeiras décadas do século XX. Esse tipo de organização educacional reuniam vários alunos de séries variadas numa mesma sala, sob orientação de um mesmo professor. Em Camocim funcionou numa casa situada nas esquinas das ruas Santos Dumont com Alcindo Rocha, onde hoje é a residência do cidadão Neném Lúcio.
Fonte: 1º livro de Oficios Expedidos. 26/12/1885 a 11/05/1908, p.52v.
Foto: Arquivo do blog.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A COBRANÇA DE IMPOSTOS EM CAMOCIM

Imposto é uma coisa que o brasileiro não gosta de pagar. Acredito que a razão seja porque quase sempre ele não vê o devido retorno dos mesmos em ações e obras na sua cidade. Outro dia,  a mídia local mostrou a competência da atual adminstração municipal em recolher os impostos através da sua máquina burocrática, sendo uma das cidades campeãs no Nordeste neste quesito. Portanto, hoje, com alguma organização se pode obter resultados significativos nessa seara, principalmente, por causa dos impostos quase sempre virem atrelados à atos da administração, isto é, o sujeito vai fazer uma transação imobiliária e os imposos estão lá. Se vai realizar um serviço para terceiros, ele aparece na nota. Se vai ao supermercado fazer a feira ele está embutido nos preços dos alimentos. Enfim, ninguém escapa dos impostos e o Brasil tem um das maiores cargas tributárias do planeta. Isso é somente para ilustrar e fazer um contraponto com a dificuldade que o governo municipal tinha de recolher os impostos no século XIX. Segue abaixo a transcrição do documento:

Prezidência do Conelho de Intendencia Municipal de Camocim, em 22 de janeiro de 1890.
 
           Peço-vos de ordenares para que todos os dias às 3 horas da tarde compreça ao matadouro público desta cidade duas praças de vossa força militar, a fim de auxiliar o empregado desta Intendencia o cidadão Vicente Carneiro Silva no cumprimento de seus deveres para bôa execução de seu cargo, e bem assim que vossa força que policia o mercado, diariamente, auxilie o procurador d'esta Intendencia o cidadão Joaquim Francisco Coelho, a arrecadação dos impostos devidos, a fim de manter a força moral no cumprimento desse dever de que foi incumbido.
Saúde e Fraternidade.
Cidadão Ten. João Pio Machado
M. D. Delegado de Polícia e Comandante da força militar do Camocim.

Assignado.
Francisco Freire Napoleão
Prezidente

Fonte: Arquivo Municipal de Camocim. 1º Livro de Offcios Expedidos. 26/12/1885 a 11/05/1908, 9.46v.
Foto: cidadaniaevangelica.blogspot.com




domingo, 2 de outubro de 2011

SC 25 - SETEMBRO CAMOCIM - AVALIAÇÃO

Com a realização da Regata de Canoas, hoje, 02 de outubro, encerram-se as "festividades" em torno de mais um aniversário (132 anos) de emancipação política do município de Camocim. As ações ditas oficiais, neste sentido,  preferiram repetir o repertorio de sempre. Destaco o Salão de Artes que mais uma vez mostrou o talento do artista camocinense ou de quem adotou esta terra como sua. Belas telas, desenhos , esculturas e poesias adornaram as salas do NAEC, que também pontificou na música sob as batutas dos maestros Miguel e Caetano. No entanto, a nosso ver, apenas esta "ilha" cultural que representa o NAEC é o que merece destaque no rol do mesmo, e aproveitamos o espaço para parabenizar seus coordenadores. No campo da história, louvo as iniciativas da Família Coêlho e dos profissionais da educação e alunos da Escola Profissionalizante Monsenhor Expedito da Silveira em fundarem um museu a partir das doações iniciais de objeos e documentos da Casa Coêlho. Reconhecendo nosso trabalho na ára de história, quero agradecer o convite do CEJA João Ramos para proferir uma palestra sobre nosso blog de história, o que aconteceu no dia 26 de setembro. Estivemos também divulgando o blog "Camocim Pote de Histórias" na Rádio Pinto Martins FM, que com a edição especial de setembro denominada "Setembro Camocim", está prestes a bater os 14.000 acessos. Acreditamos que atingimos nossos objetivos. Vida que segue.

Foto: Banda Lira se apresentando em Meruoca.
Fonte: Camocimonline.com