domingo, 23 de junho de 2013

CAMOCIM E AS FAMOSAS "GOTTAS ARTHUR DE CARVALHO"

Anúncio em jornal das Gottas Arthur de Carvalho. Fonte: ceara.pro.br


Quem já não teve problemas intestinais? Mas, como você caro leitor resolve esses problemas? Recorre aos chás conhecidos, toma um remédio de farmácia ou recorre a uma rezadeira? São alternativas, mas quando a coisa aperta, você certamente recorrerá ao remédio mais próximo. Nesta postagem vamos recuperar a história de um desses remédios tidos como milagroso e que os mais velhos já identificaram com a imagem acima, mas que ainda é oferecido nas redes de farmácias do Brasil. Trata-se das famosas Gottas de Arthur de Carvalho, que ao lado das Pílulas de Mattos e do Asseptol, fizeram parte daquilo que o historiador Geraldo Nobre chamou de "farmácia oficinal", atuante até os idos da década de 1940, considerada uma das  “atividades em que os cearenses se mostraram imaginativos e inovadores" se inspirando no "aproveitamento de propriedades medicamentosas pelos aborígenes”. (Jornal da FIEC, 26 de maio de 2010). 
Mas, qual a relação desse remédio que serve para combater problemas intestinais, prisão de ventre e dor de barriga com Camocim? É que é um remédio tipicamente cearense, descoberto e industrializado inicialmente por Joaquim Arthur de Carvalho, natural de Granja-CE e que no início do século XX era vendido e manipulado em sua botica  em Camocim e distribuído para todo o país, depois se transferindo para Fortaleza, onde passou a produzir o remédio na Farmácia Artur de Carvalho, fundada por eles e seus filhos José Artur de Carvalho e Francisco Humberto de Carvalho (Betinho), ambos farmacêuticos. Posteriormente, ainda no rol das coincidências do remédio com a município de Camocim, a patente do mesmo foi comprada pelo industrial camocinense Raimundo Viana, que junto com o Castanhodo iniciou suas atividades no ramo da indústria farmacêutica  na capital do estado.(Jornal Diário do Nordeste, 23 de setembro de 1999). 
Portanto, da próxima vez que você for a farmácia comprar um remédio para desarranjos digestivos e optar pelas Gottas Amargas de Arthur de Carvalho, compre e tome sabendo das suas ligações históricas com Camocim. Portanto, melhoras!
Fontes:
http://www.diariodonordeste.com.br


sábado, 15 de junho de 2013

O TEATRO EM CAMOCIM

Peça "Paixão de Cristo". Cristo (Evanmar) sendo tentado pelo Diabo (Prof, Totó). Foto: Arquivo Evanmar Moreira.
Pode parecer bairrismo, mas, a cada dia me convenço mais de que Camocim é uma destas cidades que não foi  apenas bafejada pelas belezas naturais não! A criatividade e talento dos camocinenses tem quer ser vista como um capital cultural a ser protegido e incentivado. Os jovens cinquentões camocinenses sabem do que estou falando e muitos deles, fizeram do teatro em suas apresentações ocasionais seu divertimento e lazer, mas também da sua formação. Ainda quando adolescente, presenciei essa arte inata que todos nós carregamos, sistematizadas em peças, seja em locais públicos e privados - estes, especialmente nas escolas, já que não dispomos de teatros, na verdadeira acepção da palavra. Portanto, apresentações no Instituto São José, Colégio Estadual, João Ramos, ou na marquise da Padaria e Confeitaria Litorânea e até nas ruas da cidade, foram momentos vividos e assistidos pelos camocinenses na década de 1980 principalmente, onde pontificavam no Grupo de Teatro Amador Pinto Martins, jovens atores como Evanmar Moreira, Inácio Santos, Marcelo Marques, Girleide, Itamar Araújo, só para citar estes, comandados pelo onipresente Antonio Alberto da Paz, o Prof. Totó. Quem não se lembra das "Paixões de Cristo", "Médico à força", dentre outras peças? Tudo isso me veio à mente como um turbilhão quando assisti no último dia 06 de junho a apresentação do relatório final de pós-doutorado no Rio de Janeiro do professor de teatro e ator Paulo Sérgio Brito sobre o ator espontâneo, isto é, a partir de um grupo de Fortaleza que faz um curso de teatro, não para serem atores profissionais, mas de utilizá-lo para ser pessoas melhores, cidadãs, e curar seus males. A performance do professor e ator referido, que é também camocinense, me transportou para um tempo em que meninas e meninos brincavam alegremente nas ruas teatralizando suas brincadeiras, assistindo aos "dramas" improvisados nas casas de família, aos "espetáculos"
Paixão de Cristo. ISJ. Foto: Arquivo Evanmar Moreira
nos quintais à moda de um circo, ou mesmo na descoberta dos corpos e da sexualidade brincando de médico e paciente. Está faltando teatro prá essa mocidade e , mais de uma vez já conclamamos daqui deste espaço este equipamento para a cultura camocinense.