quarta-feira, 19 de novembro de 2014

SOBRE O "DIA DA CIDADE" DE CAMOCIM

Enseada dos Barcos. Camocim-CE. 2013. Foto: Vando Arcanjo.

                Comecei a me perguntar sobre o porquê de nossa cidade não ter o seu dia. Não, não estou falando do 29 de setembro que é o dia do município. Muitos lugares comemoram  esses dias distintamente, como por exemplo, a cidade de Fortaleza, a nossa capital. Poderíamos, portanto, comemorar o dia 17 de agosto, afinal de contas, o então distrito da Barra do Camocim foi elevado à categoria de cidade quase dez anos depois de ter se tornado município pela Lei Nº 2.162, de 17 de agosto de 1899, ano no qual, aliás, foi proclamada a República no Brasil.
            Nestes 115 anos de cidade temos uma história que nos é peculiar, feita por seus habitantes e quem chega nela, afinal de contas, a cidade nada mais é o que nós somos individual e coletivamente.  Camocim, portanto, já foi apelidada de “Pequena Moscou”, “Cidade Heroica”, “Moscouzinha” e “Cidade Vermelha” pela imprensa comunista dos anos 1940, denominações estas que evocam um passado denunciador de uma intensa atividade política dos trabalhadores no porto e na ferrovia.
            Se temos um belo hino que começa assim:Verdes mares bravios do norte/A lutar nesse eterno fragor,/Como vós nosso povo é tão forte,/Tão feroz, pertinaz, lutador.” (Trecho do Hino de Camocim. Letra e música: Prof. Francisco Valmir Rocha), poderíamos ter a canção da cidade, algo do tipo: Camocim,/ Claro céu cristal/ Coqueiros cacheados/ Cajueiros copados... (Camocim-Ceará: Música: Raimundo Arnaldo). Mas também poderíamos fazer um concurso para escolher tal canção.
            Enfim, fica a sugestão para termos mais uma data para o calendário turístico e uma oportunidade de mostrarmos nosso potencial cultural, como o que aconteceu no último sábado com a "Feira Pote de Saberes".



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

POLÍTICA CULTURAL EM CAMOCIM. QUANDO TEREMOS?

Boi de Camocim: Fonte: Foto Claúdia.

 
            De quando em vez vejo comentários nas redes sociais sobre a falta de uma política cultural em nosso município. As ações quase sempre são eventuais como são os eventos. Eu mesmo já andei sugerindo algumas coisas como a instalação de um teatro, de um museu, de uma feira de livros, dentre outros. Pode até se argumentar de que os tempos são outros e que a juventude quer outros tipos de atração. No entanto, essa mesma população não pode querer aquilo que não lhe é ofertado. Basta olhar para os nossos eventos culturais. Se não fora a visão da então prefeita Ana Maria Veras nos anos 1980, não teríamos Festival de Quadrilhas, Salão de Artes. Infelizmente o Festival de Música, o Festival de Violeiros, as Olimpíadas de Camocim, criados também nesta época, morreram por inanição. 
Urge, portanto, que se promovam as condições para a geração de uma política cultural para além dos eventos, principalmente por termos hoje no comando da cultura camocinense a incansável Ana Maria Veras. Não estou com isso renegando outras manifestações hodiernas. Vivemos o tempo presente, no entanto, às gerações atuais devem ser mostradas àquilo que se solidificou como legado cultural dos nossos antepassados. 
Desta forma, hoje atribuo meu gosto pela cultura popular ao meu pai que proporcionava aos seus filhos e vizinhos o acesso á essas manifestações. Vez por outra, Zé do Gás botava "boneco" em nossa casa com as histórias hilárias de seus mamulengos. Da mesma forma, um compadre do meu pai que me foge o nome, às vezes era chamado para cantar melodiosamente os "romances" (lembro bem dos Doze Pares de França) ao som de um berimbau. Nos aniversários do meu velho era certo uma dupla de violeiros vir animar a festa com seus repentes de elogio ao dono da casa e de desafios entre eles. Nas temporadas de bois, o Boi do Juriti em pelo menos uma noite animava a Rua do Egito defronte de nossa casa.  Como disse, tudo é uma questão de hábito!