quinta-feira, 28 de abril de 2011

A HISTÓRIA DE CAMOCIM ESTÁ DE LUTO

Morre em Camocim, 28/04/2011 o escritor, memorialista, historiador, Artur Carneiro de Queirós. Ocupava a cadeira Nº 10 da Academia Camocinense de Ciências Artes e letras. Sendo autor de dois livros: "Recordações Camocinenses e Outras Memórias" e "E a Vida Continua...", além de inúmeros artigos para jornais locais e da capital em décadas passadas.

Amigos leitores do blog, camocinenses espalhados pelo mundo. No momento em que escrevo este comentário, 15:15h chove em Sobral. Hoje, diferentemente dos outros dias, só acessei a net neste momento, o que me impede de estar aí em Camocim para acompanhar as exéquias do nosso ARTUR QUEIRÓS. Estou sentindo sua partida como se o mesmo fosse de minha família, sem acreditar muito de que isso é verdade, sem se dar muito em conta da irreversibilidade finalista do que é nascer e morrer. Hoje, a partida do nosso historiador e memorialista maior não é apenas da família Queirós, mas, deve ser pranteada por todo camocinense. Mas, os homens não só nascem e morrem, eles deixam legados. O legado maior de ARTUR QUEIRÓS, foi ter usado mente e mãos para compor textos fundantes sobre nossa história, principalmente aquela que fala do cotidiano, das tramas políticas, da sabedoria do populacho, da Camocim de outrora. Sei da importância do registro que ficará para sempre gravado pela tecnologia que ajudamos a produzir para o povo camocinense do testemunho de ARTUR QUEIRÓS, pra o blog Camocim Online, mas, creio, que o registro maior foram os "bastidores" daquele dia de domingo que eu e o Tadeu Nogueira nos deslocamos até seu sítio para produzirmos a matéria: sua simplicidade, seu humor, sua veia crítica, o embevecimento e as lágrimas do seu filho, a admiração do amigo Aroldo Viana, para mim foram únicos e que infelizmente não tinham outras câmeras par captar essas emoções. Que a família honre sua memória, preservando sua obra. Que os pósteros tenham a dignidade de perpetuá-la.
Requiescat in pace!

Foto: literario.com.br

terça-feira, 26 de abril de 2011

QUATRO MIL ACESSOS - OBRIGADO


Caros amigos leitores do blog "Camocim Pote de Histórias", esta postagem é de agradecimento. Quando iniciamos este trabalho em janeiro deste ano, tínhamos muitas dúvidas qaunto ao seu futuro, mas, foi, principalmente a acolhida dos camocinenses que fez com que estejamos dedicando um pouco do nosso tempo para mantê-lo no ar. Hoje, o "Camocim Pote de Histórias" ganhou o mundo, tendo acessos diários de 10 países: Brasil, Estados Unidos, Portugal, Rússia, Espanha, Chile, Japão, Itália, Alemanha e Canadá. Se cada um destes quatro mil internautas for um camocinense residindo no estangeiro, nossa responsabilidade e satisfação é maior, visto que, estaremos com certeza, preenchendo uma lacuna na sala da saudade do seu coração. Os quatro mil acessos nos dão força e coragem para continuarmos nessa caminhada de mostrar a história da nosso município.

Muito Obrigado!
Vielen Dank!
Muchas gracias!
Thank you very much!
どうもありがとう!
Большое спасибо!
Grazie mille!
Merci beaucoup!




























































































segunda-feira, 25 de abril de 2011

ALBUQUERQUE & CIA - PARTE 3


Recebi e-mail esclarecedor do leitor do blog Sr. Osmundo Campos, tirando dúvidas a respeito da postagem que motivou vários comentários. Creio que a polêmica se estabeleceu por uma confusão com o nome da empresa com a firma comercial de mesmo nome - ALBUQUERQUE, que não correspondia à pessoa citada na matéria, no caso o Sr. Eduardo Normandia Albuquerque. Infelizmente não recebi ainda a imagem que o Sr. Osmundo Campos ficou de mandar, mas, de qualquer forma fica o registro, que espero esclareça em definitivo a questão. Confira o texto abaixo do leitor acima citado:


ALBUQUERQUE & CIA., foi fundada na cidade de Camocim, no ano de 1888, por membros da tradicional família Sabóya de Albuquerque da cidade de Sobral-CE. Entre eles: José Sabóya de Albuquerque, Massilon Sabóya de Albuquerque, Ernesto Marinho de Albuquerque Andrade e Vicente Sabóya de Albuquerque, com o objetivo dos ramos de: Comissões, Consignações, Representações, Agência de Vapores e mais negócios, sendo sua sede no prédio pertencente à família e localizado à Praça Epitácio Pessoa, nº 1, esquina da Rua da Praia, que depois passou a chamar-se Praça 15 de novembro com nº 2, localização conhecida como Praça da Estação, tendo durado até 31 de dezembro de 1930.
No dia 28 de outubro de 1931, Vicente Sabóya de Albuquerque por seu Procurador o Dr. José Sabóya de Albuquerque e o Sr. Eurípides Ramos Fontenelle, resolveram unirem-se em sociedade e reerguerem a Firma ALBUQUERQUE & CIA, que estava com suas atividades suspensas e com a mesma finalidade inicial. Contrato social da mesma data e registrado pela Junta Comercial do Estado do Ceara em data de 04 de fevereiro de 1932 sob nº 3037. Assinam como testemunhas no documento o Dr. Raimundo Cela e Sr. José Trevia
Nos anos 1940, e 1941, ALBUQUERQUE & CIA, passou por varias modificações em sua estrutura acionaria , sendo admitido como sócio o Senhor Ernesto Marinho de Albuquerque Andrade, Oswaldo Gonçalves Campos (que passou a adotar o sobrenome - Albuquerque, bem como retirou-se o sócio Vicente Sabóya de Albuquerque tudo de acordo com os aditivos de contrato nos 3504 e 4682 devidamente registrados na JCEC.
Em 1943, pelo aditivo nº 3555, é feito um destrato parcial da mesma, quando se retiram os sócios: Eurípedes Ramos Fontenelle e Ernesto Marinho de Albuquerque Andrade, permanecendo o sócio Oswaldo Gonçalves Albuquerque Campos e é admitido como novo sócio o Senhor José Gomes Parente.
O aditivo nº 10.680 de 22 de novembro de 1949, admite como sócia a Srta. Maria Lúcia Barreto Parente.
Pelo aditivo nº 12.041 de 12 de agosto de 1952 retiram-se da firma, os sócios José Gomes Parente e Maria Lucia Barreto Parente e é admitida como sócia a Senhora Maria Assunção Rodrigues Campos. Em 10 de junho de 1955, pelo aditivo nº 13. 840, é admitido como sócio o senhor Osmundo Rodrigues Campos
Em 07 de abril de 1965, o aditivo nº 26.758, registrado na JCEC aumenta o capital da firma Albuquerque & Cia., para Cr$ 3.300.000,00 (Três milhões e trezentos mil cruzeiros)
A firma ALBUQUERQUE & CIA, encerrou suas atividades em 31 de dezembro de 1969, porém somente em 31 de dezembro de 1971, foi oficializada a sua baixa no Cadastro Geral de Contribuintes, conforme Certidão nº 120/77 de 28 de junho de 1977, passada pelo Posto da Receita Federal de Camocim-CE.
Espero ter contribuído para esclarecer sobre a polêmica ALBUQUERQUE & CIA,.
Enviarei ao proprietário do blog foto onde se vê parte do prédio onde funcionava a firma e claramente a placa com o nome da mesma. Esta Placa que é de cobre encontra-se em poder de nossa família. Também enviarei um impresso que comprova o endereço.

Osmundo Campos

terça-feira, 19 de abril de 2011

OS TREMEMBÉS DE CAMOCIM - SÉRIE MAPAS

O mapa de hoje traz o nosso rio grafado como Rio da Crúz, mas, também faz uma referência aos Tremembés, índios que habitaram essa região denominada, como já vimos, Costa Leste-Oeste. Os índios, como se sabe, foram sendo dizimados após o contato com os brancos a ponto de hoje sua existência ser lembrada com uma data - 19 de abril. Mas voltando à nossa história, é senso comum se dizer que essa região litorânea experimentou um intenso comércio com os primeiros aventureiros e exploradores estrangeiros, sendo Camocim uma zona de passagem para o Maranhão, onde esse comércio era mais efetivo, afora os relatos de guerra entre as tribos nativas, com os colonizadores e ondas de migração indígena advindas da guerra da restauração pernambucana. Vejamos o que nos diz importante estudo sobre a região:

"Nunes (1975, p.43) chama atenção para o comércio “clandestino” de Camocim a Tutóia, tendo o Parnaíba como centro e os indígenas do litoral como “principais promotores”, “[...] associados a índios do interior”. Além de madeira de melhor qualidade, havia também como atrativo para o resgate efetuado entre piratas e indígenas, o âmbar-gris, que era bastante comum e facilmente encontrado nas praias do litoral setentrional e que, conforme Gandavo (1980) afirmava na segunda metade do século XVI, enriquecia muitas pessoas com sua coleta. Madeira, âmbar-gris, macacos, papagaios, pimenta, algodão: Eis alguns dos primeiros produtos comercializados pelos indígenas que viviam na Costa Leste-Oeste, já nos séculos XVI e XVII. Não eram o ouro do Caribe, nem a prata do Peru, nem as especiarias das Índias, mas para piratas que não tinham como enfrentar os monopólios comerciais de portugueses e espanhóis, pelo menos nos primeiros cinqüenta anos do século XVI, eram importantes fontes de capitalização, inclusive para os cofres reais que, por vezes, autorizavam as investidas dos entrelopos. Diante de tudo o que foi exposto, é possível inferir uma continuidade espacial há cerca de quatrocentos anos, entre as terras que ficam hoje localizadas entre os atuais municípios de Camocim (Ceará) e Luís Correia (Piauí), não só em relação à proximidade e características ecológicas, mas também no tocante às referências históricas."

Mapa 4. “Província dos Taramembez de Guerra” (ALBERNAZ, [ca 1629])
Fonte: Capítulo 3 .Histórias do Pescador, dos Cacos e dos Antigos Cronistas. In:www.ufpi.gov.br

NO OLHO DA RUA - GENERAL TIBÚRCIO



A pedido de amigos internautas inauguro uma nova sessão no blog "NO OLHO DA RUA", falando da nomenclatura das ruas de Camocim, antigas e atuais, no intuito de contextualizar o lugar onde moramos. Para começar, enfocaremos a "Rua General Tibúrcio", que virou, depois de uma troca de placas no final de 2004 em "Rua General Tibúrcio Cavalcante". Será o mesmo homenageado? Poderia até ser, como foram os casos da mudança de "Rua Marechal Floriano" para "Rua Marechal Floriano Peixoto", ou "Rua Marechal Deodoro" para "Rua Marechal Deodoro da Fonseca". No caso em tela não, visto que o cidadão homenageado inicialmente fora Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa (1837-1885), viçosense nascido em 11 de agosto de 1837. Herói da Guerra do Paraguai, General Tibúrcio é nome de praça em Viçosa e Fortaleza e em Camocim foi homenageado por essa condição de herói, juntamente com nome de ruas que lembram as batalhas daquela sangrenta guerra (Paissandu, Humaitá, Riachuelo, 24 de Maio). Já o outro Tibúrcio é Manuel Tibúrcio Cavalcanti, (1882-1939) grafado com "i" e não com "e" como está nas placas em Camocim, nasceu em Morada Nova e faleceu como coronel do Exército, em Curitiba, Paraná, quando dirigia a Rede Viação Paraná – Santa Catarina, Além de militar era formado em Engenharia e integrou a Comissão Rondon por12 anos, sob a Chefia do General Rondon. Foi nomeado prefeito de Fortaleza, no início dos anos 1930 e exerceu a Secretaria dos Negócios da Fazenda até 1934. Denunciamos o fato à Câmara Municipal, mas, parece que ficou no rol do esquecimento. Talvez algum dia alguém pegue um balde com tinta preta e corrija este erro.
Foto: Blog Camocim Online

domingo, 17 de abril de 2011

O AVIADOR E O POETA - SAUDAÇÃO À PINTO MARTINS

A chegada de Pinto Martins a Camocim foi um espetáculo. Sobreviveu uma imagem da época que estou esperando que o nosso amigo Paulo José nos mande com sua apreciação como fonte histórica, já que o mesmo desenvolve atualmente uma monografia sobre nosso conterrâneo aviador. Voltando à frase inicial, comissões com a elite da cidade foram formadas para dar as boas vindas a Pinto Martins ainda a bordo do Sampaio Correia e à noite no "Sport Club", clube elegante da época. O Camocim -Jornal de 19 de dezembro de 1922 traz a cobertura do evento, narrando toda a estada dos aviadores em Camocim, assim como a poesia laudatória do poeta e jornalista Raul Rocha em forma de soneto em homenagem a Pinto Martins, que abaixo transcrevemos:

SAUDAÇÃO

O nosso Camocim prepara-se garboso
Para vos receber, festivo e delrante.
Cavatinando o mar seu hymno triunphante

Saúda-vos também - alegre e magestoso!

No firmamento o sol mostrou-se mais radioso,

A terra se tornou jardim mais odorante;
E a luz unida à flor, num halo deslumbrante;
Vos vem glorificar com o povo jubiloso!

Dos lábios virginaes harpejos de harmonia
Sahem rouxinoleando em doce orchestração
Vibrando a marselheza que n'alma psalmodia

Na augusta cathedral de nosso coração

Rimbalha festival o sino da alegria
Como se musicasse a nossa SAUDAÇÃO!


Foto: http://www.camocimturismo.com.br

sexta-feira, 15 de abril de 2011

MEMORIAL PINTO MARTINS


"Da glória ficou mesmo o nome em Fortaleza: Aeroporto Internacional Pinto Martins. Mas quem foi ele? Euclides Pinto Martins, nascido em 1892 na pequena cidade costeira do Ceará, Camocim. (...) ... aí, em 1922, concebeu a ideia do raid New York - Rio, celebrando o Centenário da Independência. (...) Brasil, afinal: Belém, São Luís e... Camocim, o berço do herói. (...) Afinal, em 8 de fevereiro de 1923, a chegada triunfal ao Rio, aviões da Marinha sobrevoando a Guanabara a receber os aeronautas, novas multidões delirantes. Recepção do Catete, dada pelo presidente Bernardes. Medalhas, prêmios, selos comemorativos. Mas a glória é breve. Cedo, aos poucos, Pinto Martins voltava ao anonimato... O Brasil não cultiva mesmo os seus heróis. (...) No Rio, deram o nome de Pinto Martins a um beco obscuro da Lapa".

Esses são trechos de uma crônica de Rachel de Queiroz no jornal "Estado de São Paulo" que recolho para marcar o "Dia de Pinto Martins", 15 de abril, efeméride criada em 2008 juntamente com uma comenda pela atual administração municipal. Já falei aqui da vontade de nosso amigo Francisco Olivar (Vavá) em intermediar junto à família de Pinto Martins a vinda dos restos mortais do nosso aviador que seriam encerrados em um memorial em Camocim, sem receber, contudo, a atenção devida da gestão municipal.
Em 2008 fui convidado a palestrar sobre a história de Pinto Martins e não sei se consegui falar de uma ideia publicada nos jornais da época, que era a criação de um Memorial a Pinto Martins. A ideia ficou no papel e, efetivamente, acabou por se oficializar a data de nascimento do aviador e a criação de uma comenda que homenageia personagens ilustres desde então.
Aproveito o blog para reavivar a ideia num momento em que praticamente não se levantou uma voz para denunciar o descaso ou o esquecimento do nome de Pinto Martins ao aeroporto récem inaugurado. Na época escrevi assim:

"Minha proposta é deveras simples e pode ser executada com recursos do IPTU. Trata-se de construir no perímetro da Praça Pinto Martins (já aproveitando a Estátua de Pinto Martins e o Avião) um memorial a céu aberto (como gostam os aviadores). Constará de 11 colunas distrubuídas por toda a praça. A cada coluna será afixada uma placa de acrílico (ou outro material) contendo a reprodução de uma obra de arte e um texto resumo de artistas e escritores locais sobre o VOO DE PINTO MARTINS. Sugiro desde logo os nomes. Para escrever a saga do voo, convidem: Raimundo Silva Cavalcante, Artur Queirós, Prof. Valmir Rocha, Cardeal, Sotero, Inácio Santos, Avelar, Roberto Pires, Fernando Veras, Marcos Galdino e Aradi Silva. Para pintar a saga do voo, convidem: Totõe, Mauro Viana, Eglauber, Kadal, Francisco Carlos, Eduardo, Catarina, Batista Senna e mais três revelações do último salão de artes.
Encimando cada coluna uma miniatura do biplano Sampaio Correia feita pelo Romilson Lopes. Para finalizar, promover uma revitalização em torno da estátua de Pinto Martins, iluminando-a e ajardinando o pedestal, além de se colocar placas comemorativas. Claro que outros artistas e escritores não citados poderão participar deste projeto e melhorá-lo com outras sugestões. Feito isto teríamos uma sala-de-aula ao ar livre onde os professores poderiam levar seus alunos para conhecerem a história da genialidade de Pinto Martins, além de um ponto turístico de qualidade".

Foto do Selo Comemorativo e texto da crônica de Rachel de Queiroz: Arquivo do blog, cedidos por Francisco Olivar (Vavá)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

DRAGAGEM DO PORTO DE CAMOCIM


A volta do canto da sereia. Esperava antes, mas, finalmente o novo Secretário Nacional dos Portos, Leônidas Cristino, disse recentemente à políticos sobralenses a disposição daquela pasta de revitalizar os portos de Camocim e Parnaíba.

Continue lendo a postagem e veja como o Jornal "O Povo" se reportou à questão:

Porto de Camocim
Recuperação do Porto de Camocim é a maior aspiração das populações do noroeste do Ceará, abrangidas pelos vale do Acarau e do Camocim. Outrora, aquele ancoradouro, favorecido por condições naturais, desempenhou um papel importante no comércio de cabotagem concorrendo para a prosperidade de criadores e agricultores da referida faixa sob sua influência. A estagnação das atividades econômicas ali é, com motivo justo, atribuída a falta de dragagem do porto. Por esse motivo, é imprescendível a dragagem do ancoradouro para o progresso de Camocim. Na página 28 deste caderno vai publicada uma interessante reportagem de Eginard Costa, abordando este assunto.

Se você leu até o fim o release da matéria, acredite é tudo verdade, mas você caiu numa pegadinha. A verdade fica por conta da constatação do eterno problema da acessibilidade ao nosso porto - a falta de dragagem. A pegadinha fica por conta de que o texto é mais velho do que uma pessoa que ora lê esta postagem tenha 36 anos. Isto mesmo, o texto do jornal "O Povo", tão velho e tão atual ao mesmo tempo é de 8 de junho de 1974. Esperemos, portanto, que depois dos melhoramentos do Terminal Pesqueiro que hoje é o Porto de Camocim, o novo secretário com status de ministro, cearense ali do Coreaú, possa cumprir a promessa de revitalizar esse importnte equipamento para a região.

Foto: Vapor "Camocim" ancorado no porto. Arquivo do blog.

Fonte: O POVO, 3º caderno, 8 de junho de 1974. Fortaleza-Ceará. Arquivo: Biblioteca Menezes Pimentel. Recolhido por: Alênio Carlos Noronha Alencar)

domingo, 10 de abril de 2011

ALBUQUERQUE & CIA - PARTE 2


O exercício da história é complicado, principalmente se não fomos testemunha dos fatos. Mesmo sabendo que a memória é construída também pelo presente, mediante nossos interesses e que nem sempre os documentos, assim como a memória, não são exatamente a expressão daquilo que o historiador alemão Leopold Von Ranke propugnava como "o que realmente aconteceu". Neste sentido, recebo reparos sobre a postagem "ALBUQUERQUE & CIA"do comentarista Osmundo Campos que foi um homem que viveu à epoca da sua existência, cujas informações, reputo serem mais críveis que as postadas anteriormente. Como quase nada do que publiquei se sustenta diante da memória privilegiada do Sr. Osmundo Campos, preferi publicar na integra seus comentários, do que apenas respondê-lo. Desde já concito os comentaristas a ajudar-nos nessa intensa tarefa de historiar fazendo seus reparos, pois, ninguém é dono da verdade, muito menos da história. Segue o texto recebido pelo blog:

Meu amigo Carlos Augusto. O prédio mostrado, ilustrando a matéria, nunca foi sede de Albuquerque & Cia, firma da qual me orgulho de ter participado em companhia de meu saudoso Pai, Oswaldo Campos. Eduardo Normando de Albuquerque nunca foi sócio da mesma. Eduardo fazia parte da Firma: Viúva João Ramos & Cia. Ltda., sucessora de João da Silva Ramos & Cia, Ltda. A Sede de Albuquerque & Cia. era em outro tambem antigo prédio, criminosamente demolido e hoje em seu lugar existe uma casa moderna, pertencente a familiares do Sr. José Gomes Parente (Gato Preto), que também fez parte de Albuquerque & Cia. E ainda: O Lloyd Brasileiro, era representado em Camocim por V. Morel & Cia., tendo como Gerente o Sr. Júlio Morel e seu escritório era no prédio onde estabeleceu-se o Sr. Fernando Trévia. Albuquerque & Cia, agenciava outras Empresas de Navegação Marítima, entre elas a SNAAPP; BOOTH (Brasil) Ltda. e Cia de Navegação das Lagoas e Cia. Baiana de Navegação. Nos arquivos da Associação Comercial de Camocim, não consta que o Sr. Eduardo Normando tenha sido seu Presidente, a não ser que conste nos livros de atas , do periodo 1936 a 1969, que estão desaparecidos e que a atual direção está procurando. Quem souber de seus paradeiros, favor entrar em contacto com a mesma. Mais um reparo: O Sr.Eduardo Normando , segundo me consta ,era Adjunto de Promotor ou Promotor Ad hoc e não Juiz-Substituto. Um abraço do Osmundo Campos.

1O DE ABRIL - UM DIA NA HISTÓRIA


Poderia começar esta postagem dizendo (e, efetivamente estou) que no dia 10 de abril de 1972 os restos mortais de Dom Pedro I deixaram Portugal embarcados para o Brasil para fazer parte dos festejos patrióticos da então ditadura civil-militar comandada por Emílo Garrastazu Médici. Ou ainda da tragédia ocorrida em Recife no Circo Vostok em 10 de abril de 2000 onde cinco leões famintos devoraram o pequeno José Miguel dos Santos da Fonseca Júnior de seis anos, durante uma apresentação. Em 2007, a 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco, condenou o circo a pagar a humilde família a quantia de R$ 1 milhão. Quantia que não trará Juninho de volta. O 10 de abril marcaria também a política brasileira em 1984 com o monumental comício de 1,2 milhão de pessoas gritando pelas Diretas-Já, na Candelária, Rio de Janeiro, que acabou ficando adiada por mais um lustro de anos. Nesta mesma data em 1970, a beatlemania chorava o fim do grupo de rapazes que encantaram e embalaram o mundo a partir do Cavern Club de Liverpool. Enfim, datas interessantes, marcantes, trágicas e festivas compõem a linha do tempo. No entanto, a história não sabe quase nada sobre um distante 10 de abril, sábado, há quase 50 anos no ignoto lugarejo de Baixa dos Caripinas, município de Luis Correia, Piauí. Naquele dia nascia o rebento inicial de uma prole de oito filhos do casal de um jovem agricultor e de uma mulher mesmo jovem, já marcada pelas desídias da vida. Esta criança hoje está mais criança ainda, apesar das marcas do tempo, sentindo as dificuldades, como seus pais sentiram, de criar suas crianças, mas, devotando a elas todo o seu esforço em educá-las. Aprendeu com os pais que a educação é o único bem que ninguém lhes tira. Esta criança-jovem-homem maduro aprendeu a amar sua cidade e trilhar seu caminho com muito esforço e alguma sorte. Hoje ela não gostaria de receber presentes materiais, tipo agenda, canetas, livros. Seu maior presente seria ver e usufruir de uma cidade administrada com seriedade, principalmente nos campos da educação, da cultura e do trabalho, onde as pessoas não fossem marcadas como gado por suas posições políticas e/ou ideológicas, que todos fossem irmanados num só objetivo: a construção de um lugar onde as pessoas pudessem viver bem e livremente, sem peias ou máscaras e não tivessem que buscar isso em outros lugares. A natureza será sempre a fonte de inspiração dos escritos dessa criança que um dia sonhou em ser escritor, mas, que o destino lhe legou outras tarefas para sobreviver. Este cometimento foi inspirado na foto acima, lugar que a criança em questão gostaria de estar hoje. Bom domingo a todos!

Foto: Vando Arcanjo

sábado, 9 de abril de 2011

CAMOCIM E OS NÚMEROS DO CENSO


O aumento populacional de um município não se dá apenas pelo crescimento vegetativo, que é a diferença entre nascimentos e falecimentos. Camocim, desde que se entendeu como aflomerado urbano, foi um pólo de atração de levas de imigrantes, principalmente por sua localização litorânea, muito buscada por levas de flagelados em temos de seca. Os anais históricos registram essas ondas migratórias desde as secas de 1877, 1900, 1903-4, 1915, 1919, 1931-32, 1942, dentre outros, provocando um aumento absoluto considerável da população a cada recenseamento, o que faz crer que parcela considerável de adventícios se juntou ao crescimento vegetativo da população local. Na tabela abaixo, recuperamos alguns números do censo das primeiras décadas do século XX. Isso não tem a pretensão de comparar com os recentes números do censo de 2010, visto que as condicionantes são outras, servindo apenas para efeito de ilustração e, principlamente, por já termos estes dados compulsados por conta de nossa pesquisa sobre a cidade no período recortado:

POPULAÇÃO DE CAMOCIM

ANOS

1920

1940

1950


SEDE

11.198

13.321

13.235


DISTRITOS

5.873

14.320

20.923


TOTAIS

17.271

27.641

34.158


Fonte: IBGE. Tabela construída a partir dos censos de 1920,1940 e 1950.

Contudo, há que se relativizar estes números, mesmo se sabendo que a demografia seja um dos aspectos importantes para se detectar as transformações da cidade e sua estrutura populacional. O número total de habitantes de 1920, 17.271 habitantes, dava a Camocim apenas a 28ª posição no ranking dos municípios cearenses, naquele ano. Granja, município do qual Camocim havia sido desmembrado, tinha 27.962 e ocupava a 6ª posição. Sobral, o centro da região norte, apresentava 39.033 habitantes e era a segunda cidade mais populosa do Estado. Aracati, outra cidade portuária que atraía levas de migrantes, era a 7ª colocada com 27.558, e Fortaleza, a capital, contabilizava 78.536 habitantes, detendo, é claro, o primeiro lugar. [1] Mesmo apresentando um número total de 34.158 habitantes no ano de 1950, há que se considerar que a população da sede do município, onde as atividades comerciais e industriais eram mais intensas, pouco se alterou entre 1920 e 1950. Mesmo no intervalo de 1940 para 1950, há um decréscimo de 86 almas, o que nos leva a crer que realmente é a partir da década de 1950 que a eficácia das atividades porto-ferroviárias começou a entrar em declínio.


[1] Almanaque do Ceará. 1922, p.335.


Foto: Internet

terça-feira, 5 de abril de 2011

CAMOCIM E O JIPE - UM CARRO QUE FICOU NA HISTÓRIA


Acreditem, o bom e velho JEEP tem o seu dia. A data de ontem, 04 de abril foi dedicada a este veículo forjado nos campos de batalha das primeiras guerras mundiais e depois adaptado para os mais diversos usos no campo e na cidade. Hoje, diversas organizações e confrarias se criam em torno deles, muito diferentes, luxuosos e mais possantes do que aqueles que costumávamos a ver nas décadas de 1950 a 1970, principalmente. Em Camocim, conta-se nos dedos quem conserva um jipe, tido como relíquia de família e objeto de recordação familiar. Conheço o do Geovane Tahim, herdado de seu pai Hipólito, o de um senhor que mora no Bairro da Praia que não consigo lembrar o nome agora e não sei por onde anda o velho Jipe 55 do saudoso Setembrino Véras. Ah! o Sr. Edmundo Fontenele tinha um cujo paradeiro desconheço. Qual fim terá levado o jipe do ex-vereador Adroaldo Moura e do Edmundo Lopes? Minha sogra Dona Terezinha tinha um também, no qual ainda desfilei dirigindo algumas vezes todo pachola em domingos ensolarados rumo à Praia das Barreiras. Quando ela vendeu para um argentino, fiquei com um misto de inveja do hermano endinheirado que "roubou" meu sonho de um dia comprá-lo. Mas, porque estou a digressar sobre o jipe? Não somente pela descoberta que ele tem um dia, mas, principalmente porque nas minhas pesquisas sobre a cidade, na documentação da Prefeitura, ele serve para tudo, nas notas empenhadas em nome de seus proprietários. É táxi para levar ao prefeito à Fortaleza. É ambulância para acudir um doente à Santa Casa de Sobral. É viatura policial para perseguir ladrões e atravessadores de peixes que ousavam em descumprir a lei da cancela imposta pelo Prefeito Setembrino Veras e vendê-los em outros municípios. Por fim, lembro agora de um jipe pilotado pelo pai do Penafiel, o conhecido Raimundo Paraná, que provocava temor na cidade dirigindo em alta velocidade nas ruas arenosas de Camocim com umas "quatro na cabeça". Ah! já ia esquecendo do velho e resistente jipe do Jonas Filho que é capaz de depois de ligado ir sozinho bater lá na Praia do Maceió. Outro veículo teve sua história muito ligada à Camocim - a RURAL, chegando a ser conhecida nacionalmente como as "Camuncins", mas isso é outra história que um dia contarei quando tiver coragem...

Foto: Jipe usado em 1954 na recepção à Juscelino Kubitschek em campanha política em Camocim. Placa: Camocim-Ce. 89-65. Arquivo do blog

A RUA E O SENADOR


Vista da Rua Senador Jaguaribe, atual José Maria Veras. Destaque para a casa do Coronel João da Silva Ramos (esquina do lado direito-demolida) e o sobrado defronte da mesma, do lado esquerdo, também demolido, local onde o comunista Francisco Theodoro Rodrigues ficou preso antes de ser mandado para o Rio de Janeiro por ocasião da repressão do Golpe de 1930.

Já me reportei algumas vezes sobre a maneira às vezes descuidada e interesseira como se nomeiam ruas e logradouros em Camocim. Diante da provocação sobre quem teria sido e o que tinha feito um tal Senador Jaguaribe por Camocim, fui aos arquivos. De antemão, esclareço que não tenho nada contra quem nomeia ou quem é homenageado. Só não concordo com o avivamento da memória de alguém em detrimento de outra. Confesso que não tinha maiores informações sobre o aludido personagem, porém, com um pouco de persistência e sorte na pesquisa, encontrei alguns dados sobre o referido senador que talvez sensibilizaram os legisladores camocinenses de então para homenageá-lo. Domingos José Nogueira Jaguaribe nasceu em Aracati em 14/9/1820 e faleceu em 5/6/1890. Detentor do título de Visconde de Jaguaribe formou-se em Direito, exercendo a magistratura como juiz de direito em Inhamuns, Crato e Sobral (nesta cidade também foi promotor, além de Fortaleza). Foi Ministro de Estado da Guerra, Chefe de Polícia do Ceará e atuou como desembargador do Tribunal da Relação de Pernambuco e Rio de Janeiro. Exerceu ainda o cargo de Procurador Fiscal da Tesouraria Provincial e Presidente da Assembléia Legislativa Provincial do Ceará.

Bastante eclético, o Senador Jaguaribe, além da magistratura, exerceu profissionalmente o magistério, a advocacia, o jornalismo, o serviço público e teve mais de uma dezena de obras publicadas. Na política foi deputado provincial de 1850 a 1851, deputado geral de 1853 a 1870 (cinco mandatos) e senador de 1870 a 1889. Mas, o leitor pode perguntar: o que tem a ver o currículo do polivalente senador com Camocim. Acreditamos que a ligação está relacionada com a Estrada de Ferro de Sobral. É que nos intensos debates no parlamento nacional sobre as soluções para minorar as agruras da seca de 1877, o senador defendeu os interesses dos comerciantes cearenses que queriam ver implantados aqui “sistemas alternativos de transportes de víveres e nos benefícios do prolongamento da ferrovia cearense para se debelar os prejuízos”. (CÃNDIDO, 2005, p.49). Efetivamente, além do prolongamento da Estrada de Ferro de Baturité, foi autorizada pelo mesmo decreto (Nº 6.918 de 1º de junho de 1878) a construção da Estrada de Ferro de Sobral, no Ceará e a de Paulo Afonso, ligando o médio e baixo rio São Francisco. (CÃNDIDO, 2005, P.57). Como podemos observar, a homenagem ao Senador Jaguaribe não era assim tão descontextualizada e inadequada com relação à nossa história, pois os homens são filhos do seu tempo.

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