terça-feira, 23 de dezembro de 2014

CAMOCIM NAS LEMBRANÇAS DE J. MACÊDO - PARTE II

J.Macêdo e o jornalista Glauco Carneiro conversando com pescadores. Camocim.1988.


Como dissemos na postagem anterior "... sua história de sucesso é contada e recontada em livros, reportagens e documentários". Uma delas é a biografia feita pelo jornalista cearense radicado no eixo Rio/São Paulo Glauco Carneiro, intitulada "J. Macêdo. Uma saga empresarial Brasileira" (1989). Uma outra biografia mais recente, saiu em 2010, "Parece que foi amanhã", mas dela falaremos depois. Instado pelo autor da biografia em realizar uma viagem sentimental à Camocim (1988), J. Macêdo percorre os caminhos da memória infantil e de aprendiz de comerciante assim descritos pelo autor: 

"... José Dias Macêdo reviu a casa onde nasceu, situada na esquina das ruas Independência e Bom Jesus onde hoje funciona uma escola que atende a 300 menores. A fachada, algo modificada em relação ao tempo de menino, não impede as recordações. Trata-se de uma daquelas residências típicas, antigas, com corredor central e aposentos nas laterais." (p.40).

Em outra passagem:

"Com a crise de 1929 a situação econômica de Camocim agravou-se e a firma de Manoel Dias Macêdo entrou em concordata, forçando-o a vender casa. A família, então, foi morar em imóvel alugado, enquanto o comércio transferiu-se para o mercado. E ali José participou com o pai em um novo tipo de negócio: aquisição e venda de peles de animais silvestres. Na época, havia muita oferta e procura de couros de cobra, gato maracajá, tijuassu, sapo. O menino, já quase rapazinho, acordava de madrugada e ia esperar os caboclos que se deslocavam até à sede do município, a cavalo ou jumento, e os acompanhava por algum tempo, indagando se levavam peles. Se isso acontecia, fazia-os parar, classificava os produtos e os adquiria em nome do pai, que depois enviava para Fortaleza, em revenda aos exportadores". (p.43).

No restante da obra, o autor descreve a trajetória comercial dos Macêdo até sua ascensão com capitão de indústria. Numa perspectiva linear, este tipo de escrito começa pelas lembranças de menino. este parece ser o lugar de Camocim nas memórias do ilustre biografado.




Fonte: In: CARNEIRO, Glauco. J. Macêdo. Uma saga empresarial Brasileira. São Paulo: Edicon. 1989, p .40-3.
Foto: Idem, p.37.

sábado, 6 de dezembro de 2014

CAMOCIM NAS LEMBRANÇAS DE J. MACEDO

José Dias Macêdo.
Fonte: coisadecearense.blogspot.com
Ele está entre os maiores empresários do país. Sua história de sucesso é contada e recontada em livros, reportagens e documentários. Já tratamos da sua trajetória politica aqui no blog na série PARLAMENTARES CAMOCINENSES. Mas, o que liga a história e a figura de José Dias Macedo (J. Macêdo) à Camocim além de ter sido seu lugar de nascimento? Há quem diga, que o mesmo fez ou faz muito pouco pela sua cidade natal. Não quero entrar nesse mérito, afinal de contas um empresário do seu porte aprendeu onde e como investir seu dinheiro. Lembro ainda do seu discurso de inauguração do Colégio Georgina Leitão Macêdo quando pedia desculpas aos vizinhos pelos transtornos que a obra tinha provocado. Como bom negociante fez uma rápida referência, entre o cômico e o irônico, sobre os preços que teve de pagar por umas casinhas para que o empreendimento escolar pudesse ter aquela estrutura. Para mim,  importante é o fato de o grande empresário não negar suas origens, escrevendo nossa cidade na história empresarial e industrial do país. Do alto dos seus 94 anos, pelo menos as lembranças da infância são imorredouras, como as relatadas ao jornalista João Soares Neto
"Embora eu morasse em uma casa simples e fosse um menino pobre, nunca senti essa pobreza porque sempre fui muito bem alimentado e contei com a convivência de uma família com muitos irmãos e tios. Contei também com pai e mãe muito empenhados com a formação dos filhos. Nasci em uma cidade praiana e na praia tem sempre o que comer. Tem também muito espaço para a gente se divertir. Costumávamos atravessar o rio Coreaú numa canoa à vela para ir tomar banho de água doce nas lagoas formadas entre as dunas. Existiam muitas lagoas. Como a gente tomava banho pelado, os meninos ficavam separados das meninas. Cada qual em uma lagoa. Na época de caju, a gente se reunia para chupar caju e assar castanha. Meu pai sempre levava a gente para passar as férias em um lugarzinho perto de Massapé, chamado Riachão, por onde passava a estrada de ferro, e ali a gente tinha contato com outras pessoas. Era muito bom. Camocim, comparado com Riachão, era uma cidade avançada, tinha porto e o trem estacionava dentro da própria gare. Era uma festa a espera do trem nos dias de domingo. Quer dizer, fui um menino pobre, mas com uma infância muito saudável."

Fonte entrevista: www.joaosoaresneto.com.br/entrevistas_dias_macedo.asp