sexta-feira, 31 de março de 2017

DISTRITO DE GURIÚ - CAMOCIM. HISTÓRICO

Praia do Distrito de Guriú. Camocim-CE. 2016. Foto: Vando Arcanjo

Hoje, 31 de março de 2017, o distrito de Guriú, recebe os vereadores da Câmara Municipal de Camocim em sessão intinerante, presidida pelo vereador Kléber Trévia Veras. Em 2017, o distrito de Guriú completou 127 anos, sendo o mais antigo da municipalidade, criado pelo Ato Administrativo de  11-02-1890.
No entanto, mesmo antes de Camocim ser elevado à município, os jornais dão conta da existência do lugar GURIHÚ (grafia da época), pelo uso do seu porto. Deste modo, em 1873 era uma sub-capatazia, cujo sub-capataz era o Sr. José de Araújo.
Dez anos depois, em 12 de fevereiro de 1883, Guriú é notícia novamente,  por conta do naufrágio da barca "Celide R.", encontrada pelo administrador da Mesa de Rendas de Camocim "sentado na areia com o porão cheio d'água e o carregamento mergulhado [...] e abandonado pela tripulação. [...] Por ordem do Juiz de Commercio de Granja, o carregamento foi arrematado por 2:900$000". A denúncia era de que tal procedimento foi feito sem os devidos editais
Em 12 de setembro de 1890, pouco mais de sete meses de criado, o distrito é elevado à categoria de Distrito Policial (ou de Paz), cujos sub-delegados e suplentes nomeados foram os senhores, Manoel Joaquim Ferreira,Domingos José Dourado, João Antonio da Silva e Antonio Marques de Souza.
A população do distrito em 1891, um ano após sua criação apresentava o total de 581 pessoas. Destas, 298 eram homens e 283 mulheres. Dos homens, 38 sabiam ler e escrever e apenas 6 mulheres eram alfabetizadas.
Já no século XX, em 1901, a sub-capatazia era da responsabilidade do Sr. Estevam Louzada. Em 1911, o Capitão Joaquim Marques dos Santos, aparece como agente e correspondente local do jornal O Rebate, de Sobral.
Atualmente, o distrito se destaca pela atividade turística e da pesca artesanal.

FONTES:
http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=230260
Jornal Gazeta do Norte. Fortaleza. 13;06/1883, nº 123, p.03.
 Jornal Libertador, Fortaleza, 12/09/1890, ed. 208, p.03.
Jornal Cearense, Fortaleza, 13/09/1890, ed.205, nº 205.
Jornal O Estado do Ceará. Fortaleza. 12/09/1890 e 12.05.1891
Almanaque Administrativo  p.45
O Rebate. nº 27, p.1. 21 de outubro de 1911. Sobral-CE
Almanaque Administrativo, p.375.

terça-feira, 28 de março de 2017

CAMOCIM NAS REVISTAS - ADMINISTRAÇÃO JOÃO DA SILVA RAMOS

Vistas de Camocim. 1941. Revista O Cruzeiro. . Rio de Janeiro, 29 de março de 1941, ed. 22, p.49.

Nos anos 1940, a Revista O Cruzeiro já era um projeto editorial consolidado dos Diários Associados, iniciado em 1928 e que permaneceria até 1975. De circulação nacional, era a revista semanal ilustrada  mais lida do país. Talvez por isso, ela fosse a mídia mais interessante na época para mostrar as realizações de uma administração municipal em âmbito nacional. Deste modo, foi esse o caminho que o então prefeito de Camocim, João da Silva Ramos encontrou para prestar contas de sua gestão. Mostrando algumas vistas e prédios da cidade, a reportagem diz: 

"O sr. João da Silva Ramos, que dirige com dynamismo o município de Camocim, já realizou as seguintes obras e melhoramentos: conservação das estradas carroçáveis de Camocim a Chaval, passando pelos districtos de Almas e Barroquinha, e de Camocim a Granja,  no que foi gasta a importância de réis 6:393$600; conclusão do prédio onde funcionam a Prefeitura Municipal, o Forum, o Grupo Escolar, uma dependencia para a Mesa de Rendas Estaduaes, tendo sido despendida a importância de réis 15:340$000.
No serviço de limpeza publica, a Prefeitura emprega annualmente a quantia de 6:000$000.
No anno passado, a Prefeitura adquiriu terreno e material para a construcção do mercado da villa de Barroquinha, devendo a construcção ser iniciada dentro em breve.
O municipio mantem actualmente 10 escolas, que estão localizadas nos logares onde mais se sentia a exigencia educacional. Além destas, o municipio subvenciona mais duas escolas mantidas pela Cruzada Nacional da Educação. 
O prefeito João da Silva Ramos tem demonstrado na sua administração um grande empenho em resolver os problemas capitaes de seu municipio.

Apesar do texto curto, algumas questões podem ser percebidas como o tamanho da máquina pública e os valores gastos em infraestrutura e o uso do atual prédio da Prefeitura e Câmara de Camocim como centro administrativo e escolar.


segunda-feira, 20 de março de 2017

OS LENÇÓIS CAMOCINENSES. GEOGRAFIA E HISTÓRIA

Lençóis Camocinenses.  2016. Foto: Banco de Dados. SETUR.CE.
Aspecto dos Lençóis Maranhenses. Fonte: IBGE.
Atlas Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas do Brasil.Rio de Janeiro. 2011.


Observemos as fotos acima. Existem semelhanças? Fisiogeograficamente são dunas que avançam na vegetação costeira. A foto no plano superior é do nosso litoral de Camocim. A de cima deste texto é um trecho dos internacionalmente conhecidos "Lençóis Maranhenses". A pergunta que fica é por que não se explora devidamente este conjunto de dunas do lado de cá e do lado de lá do Rio Coreaú como os "Lençóis Camocinenses". A "Ilha do Amor" que, geograficamente nem ilha é se consolidou como tal e, por que não se começa uma campanha para o desenvolvimento turístico do maior do litoral do Ceará como a marca "Lencóis Camocinenses"? Ou existe alguma restrição por participarmos da famosa "Rota das Emoções" no sentido de não se concorrer com os Lençóis Maranhenses? Enquanto isso, Jericoacoara abocanha Tatajuba, Laguinho da Torta, Lago Grande nos seus pacotes turísticos como se dela fosse. 
Não advogamos o batismo de nada, como alguém que olha para uma paisagem e a denomina. Se quiserem uma justificativa histórica, o historiador Carlos Pereira Studart em sua "Contribuição para a Ethnologia Brasileira. As Tribus Indígenas do Ceará" ao falar da localização dos Tremembés entre o Maranhão e Ceará, falava genericamente desta região como "praias de Lençóes", (Revista do Instituto do Ceará, 1926:46).
Portanto, do lado de cá ou de lá, temos os nossos "lençóis" também, com lagoas e paredões de dunas e vegetação característica que enchem os olhos dos pobre mortais.

Fonte: 


STUDART, Carlos Pereira Studart, Contribuição para a Ethnologia Brasileira. As Tribus Indígenas do Ceará. Revista do Instituto do Ceará, 1926.














quinta-feira, 16 de março de 2017

CAMOCIM NOS LIVROS. VI - A EXPOSIÇÃO DE CHICAGO. 1893.





Folha de rosto da obra "The State of Ceará. Brief Notes. The Exposition of Chicago. 1893.




Em março do ano passado postamos sobre a participação de Camocim na Exposição de Chicago de 1893, donde daqui foram enviados exemplares da nossa fauna e flora (confira em CAMOCIM NA FEIRA DE CHICAGO. 1893, 23 de março de 2016). Um relato completo da participação cearense na feira, redundou no livro The State of Ceará. Brief Notes. The Exposition of Chicago. 1893, escrito pelo Dr. José Freire Bezerril Fontenelle, nascido em 09 de março de 1850, em Viçosa do Ceará, um destacado militar, graduado em Engenharia, Matemática e Ciências Sociais e chegou a exercer o governo do Estado entre 1892 e 1896. Portanto, quando da Exposição de Chicago era governador. "Deputado e Senador. Morreu no Rio de Janeiro em 30 de março de 1926", aos 76 anos.
Na obra, disponibilizada em várias bibliotecas americanas, Camocim aparece nas páginas 10, 26, 30, 46, 87 e 94, reportando-se principalmente sobre os aspectos geográficos (Rio Camocim), localização, estrada de ferro, produtos exportados pelo porto e o tráfego de navegações no mesmo. 
Numa das citações destaca-se a importância do porto, "na entrada do rio do mesmo nome, é o melhor do Ceará". (p.30).

Fontes: 
NOBRE, F. Silva. 1001 Cearenses Notáveis. 
FONTENELE, José Freire Bezerril.The State of Ceará. Brief Notes. The Exposition of Chicago. 1893.
 



quarta-feira, 15 de março de 2017

CAMOCIM NOS LIVROS. V - O RIO DA CRUZ NO TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL.1587

Camocim não figura apenas nas obras de autores locais e nacionais. Por suas características e situação geográfica importante na colonização do Ceará, aparece em vários clássicos da historiografia colonial. É o caso do "Tratado Descritivo do Brasil em 1587" de Gabriel Soares de Sousa. Na obra, Camocim aparece na descrição da costa cearense através do Rio da Cruz, também conhecido nos mapas antigos como Rio Camocim e outros nomes menos usados que já revelamos em postagens anteriores. Atualmente é o nosso Rio Coreaú. Transcrevemos abaixo um trecho do livro:
Capa do livro Tratado Descritivo do Brasil.

Por este Rio Grande entram navios da costa e têm nele boa colheita, o qual se navega com barcos algumas léguas. Deste Rio Grande ao dos Negros são sete léguas, o qual está em altura de dois graus e um quarto; e do Rio dos Negros às Barreiras Vermelhas são seis léguas, que estão na mesma altura; e numa parte e noutra têm os navios da costa surgidouro e abrigada. Das Barreiras Vermelhas à ponta dos Fumos são quatro léguas, a qual está em dois graus e 1/3. Desta ponta do Rio da Cruz são sete léguas e está em dois graus e meio em que também têm colheita os navios da costa. Afirma o gentio que nasce este rio de uma lagoa, ou junto dela, onde também se criam pérolas, e chama-se este Rio da Cruz, porque se metem nele perto do mar dois riachos, em direito um do outro, com que fica a água em cruz. (P.19-20).

Trecho do Rio da Cruz (atual Rio Coreaú). Foto: www.tripadvisor.com.br


Fontes: www.tripadvisor.com.br
Tratado descritivo do Brasil em 1587. Gabriel Soares de Sousa.

quinta-feira, 9 de março de 2017

OS VICENTINOS DE CAMOCIM E AS OBRAS SACERDOTAIS

Jornal "O Sacerdote". Sobral-CE. 01/05/1940, p.2.


A Sociedade São Vicente de Paula (SSVP) é conhecida tradicionalmente pela instituição da caridade e catequização aos mais pobres. Em Camocim não seria diferente e até já destacamos em postagens anteriores, inclusive dados sobre a sua fundação em nossas cidades.
Contudo, como uma entidade ligada à Igreja Católica, não poderia deixar de atuar em outras fronteiras de interesse da mesma. Deste modo, nas chamadas Obras de Vocações Sacerdotais vamos encontrar os vicentinos atuando na arrecadação de donativos em dinheiro no auxílio destas campanhas anuais promovidas pela instituição religiosa.
Neste sentido, observou-se um acréscimo das doações entre os anos de 1938 e 1940, como mostra o jornal "O Sacerdote", editado em Sobral, ressaltando o trabalho do então Padre Inácio Nogueira Magalhães, fruto de sua experiência trazida da Paróquia de Ubajara onde atuara anteriormente.
O pequeno trecho que ressalta a arrecadação de Camocim entre outros elogios, apregoa que os vicentinos são "os cavaleiros andantes da caridade" e o Pe. Inácio Nogueira Magalhães seria o pastor que iria espalhar "a centelha de entusiamo ardente" na Paróquia de Camocim.
Os números totais de 1940 somaram 970$500, enquanto em 1938 foram 645$000. Na Diocese de Sobral naquele ano, Camocim ficou na 10ª posição.

quarta-feira, 8 de março de 2017

CAMOCIM NOS LIVROS. IV - O PORTO NA MEMÓRIA POPULAR

 
Capa do livro "Porto de Camocim na Memória Popular". 2016, de Régia Maria C. Xavier. Foto: Divulgação.


Hoje, 08 de março, DIA INTERNACIONAL DA MULHER o blog destaca o obra da historiadora camocinense RÉGIA MARIA CARVALHO XAVIER, intitulada PORTO DE CAMOCIM NA MEMÓRIA POPULAR. O livro é fruto da sua dissertação de mestrado defendida na Universidade Federal de Pernambuco em 2001 e foi lançado em 11 de outubro de 2016 em Camocim, na Academia Camocinense de Ciências, Artes e Letras (ACCAL).
A Profa. Régia Xavier, que é professora da rede pública estadual do Ceará, atualmente reside em Fortaleza  e trabalha na Coordenadoria de Desenvolvimento da Escola e da Aprendizagem, no setor de Gestão Escolar da SEDUC.
                                              A autora ao lado do Acadêmico Aradi  . Foto: Blog Revista Camocim.



Na apresentação da obra, a autora destaca:

"(...) Analisar o que significou o porto de Camocim, para o próprio desenvolvimento urbano e econômico do Município e das cidades vizinhas, foi possível a partir do trabalho com entrevistas, publicidade, artigos em revistas, jornais do estado, articuladas a fotografias e documentações particulares e dos sindicatos. Buscando compreender no que era lembrado, o que foi esse proto e o que ele significou para Camocim (...)".

O trabalho da Profa. Régia Xavier traz uma importante contribuição para a compreensão do cotidiano da cidade nos tempos da ferrovia e do porto, além de ser mais um que se soma à árdua tarefa de escrever a história do nosso município.