Paisagem de Camocim-CE, 1937. Raymundo Cela |
Entre as décadas de 1920 a 1950
[Camocim] viveu seu “boom”econômico, político e social,
proporcionado pelas atividades desenvolvidas em torno do Porto de Camocim e da
Estrada de Ferro de Sobral. O Porto, aliás, ao final do século XIX e início do
XX, tornou-se um dos mais movimentados do estado, por suas condições
naturais, da crescente indústria do charque e o comércio de importação e
exportação de outras matérias-primas da região.(SANTOS, 2000, p. 11).
Nos capítulos da dissertação, o autor explora aspectos da vida e da formação artística de Raymundo Cela. A leitura do trabalho esclarece algumas dúvidas quanto à estada do artista em nossa cidade. Num primeiro momento, ele chega em Camocim em 1894, com quatro anos de idade e fica até os dezesseis anos (1906), quando parte para Fortaleza e de lá para o Rio de Janeiro e Europa. Diz nos Delano Pessoa Carneiro sobre seu retorno para Camocim em 1923, com 33 anos e não em 1928, como assinalamos na postagem anterior:
Portanto, não era apenas uma pequena vila de
pescadores situada nas margens do Rio Coreaú e do Oceano Atlântico. A cidade de Camocim
era o principal centro importador e exportador da região Norte do estado. É oportuno
mencionar que em 1939, Raymundo Cela pintou duas telas, nas quais o porto de Camocim, barcos
a vapor, galpões, pequenas embarcações e casarões compunham a paisagem reapresentada (p34).
Ainda de forma poética, mais do que histórica, o autor acima referido "pinta" as possíveis inspirações que Raymundo Cela teve durante suas passagens ou travessias (conceito sobre o qual é estruturado o trabalho de pesquisa) por Camocim:
Na cidade banhada pelo oceano
Atlântico e margeada pelo rio Coreaú, Raymundo Cela e seus irmãos tiveram os
primeiros estudos regidos por sua mãe. Em Camocim, Cela tivera a oportunidade de sentir a
brisa marítima, de observar a mudança das marés, o balanço dos coqueiros à beira-mar, o
vai-e-vem dos navios a vapor no porto e as pequenas embarcações na margem do Rio
Coreaú, como também o labor diário dos operários da ferrovia e dos trabalhadores litorâneos. (p.35).
Voltaremos a falar sobre o assunto em postagens posteriores.
Fonte:Barbosa, Delano Pessoa Carneiro. Pintura na travessia: a paisagem litorânea na obra de Raymundo Cela (1930-1950). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Ceará. Programa de Pós-Graduação em História,Fortaleza(CE),
2010.
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