O Presidente Juscelino Kubitschek recebe em audiência o Prefeito de Camocim, Murilo Aguiar. 1958. Fonte: SIAN. |
O sábado nascera
inclemente. No céu, nenhuma nuvem que pudesse confirmar a crença que o dia
consagrado a São José fosse a última esperança de chuva. Assim, o dia 29 de
março de 1958 confirmaria mais uma estiagem, de uma das secas mais terríveis que
a população cearense já sofreu, relembrada pela historiografia e a memória
popular.
Em
Camocim, naquele dia, os vereadores foram convocados para uma Sessão
Extraordinária na Câmara Municipal, convocada pelo então Presidente da Casa,
vereador José Maria Parente Viana. Naquela oportunidade foi lida a seguinte
mensagem do Poder Executivo:
Mensagem
Nº 02/58, datada de 24/3/58, de autoria do Snr. Prefeito Municipal, Murilo
Rocha Aguiar, solicitando à Câmara, licença de 60 dias, para se ausentar deste
município e " se o caso exigir, viajar até a Capital da república onde
tratará mais de perto das providências a serem adotadas". Para evitar as
consequências da seca. Aprovado por unanimidade. (2ª Sessão Extraordinária de
29 de março de 1958).
Dois dias
depois, a Câmara Municipal se reuniria extraordinariamente mais uma vez, onde
ficou registrado o apelo do então vereador Gregório Francisco Alexandrino, líder da região do “outro lado” do rio
Coreaú, assim registrado nas atas:
Vereador
Gregório Francisco Alexandrino, levou ao conhecimento desta Casa a situação do
povo se sua região pela estiagem das chuvas, o que tem causado a retirada de
grande número de famílias, no maior flagelo, e assim vem apelar para esta
egrégia casa, para tomar consideração e seu apelo e passar telegramas para as
autoridades competentes, pedindo auxílio necessário para que venha minorar tal
situação. (Os telegramas foram expedidos). (5ª Sessão Extraordinária de 31 de
março de 1958).
Além
destas referências nos documentos do Poder Legislativo de Camocim, outros foram
produzidos e hoje podem ser acessados na base de dados do Arquivo Nacional,
como o registro da audiência em que o Presidente da República, Juscelino
Kubitschek, recebe em audiência no Palácio do Catete, o prefeito de Camocim,
Murilo Rocha Aguiar (Na foto, da esquerda para a direita, Murilo Aguiar, 2º e JK, o 4º).
Apesar de a seca repelir e atrair contingentes populacionais, Camocim por sua posição
geográfica acabou por receber mais do que exportar flagelados. Destes
entendimentos governamentais algumas obras vieram para o município, como o
sistema de abastecimento de água e a construção do cais do porto, finalizados
já no início da década de 1960.
Ressalte-se,
contudo, que o problema da convivência com a seca em nosso semiárido é uma
questão secular que ainda hoje se arrasta sem um planejamento adequado às
adversidades climáticas. Hoje, por exemplo, vivemos em pleno período de
estiagem, no dia em que o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS),
criado com o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas(IOCS) através do Decreto
7.619, de 21 de outubro de 1909, completa 108 anos de criação. Será que os
nossos governantes querem mesmo resolver o problema?
Fontes:
SIAN - Arquivo Nacional.
Câmara Municipal de Camocim. 3º Livro de Atas.
http://www2.dnocs.gov.br/historia
Fontes:
SIAN - Arquivo Nacional.
Câmara Municipal de Camocim. 3º Livro de Atas.
http://www2.dnocs.gov.br/historia
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