sexta-feira, 13 de outubro de 2017

CAMOCIM NOS LIVROS. VIII. O CEARENSE

Capa do Livro "O Cearense". 1ª edição. Parsifal Barroso. 1969.

A principal tese do livro "O Cearense", ao nosso ver, de autoria de  Parsifal Barroso, um político importante cearense que foi deputado estadual, ministro de Juscelino Kubitschek e governador do Ceará, é a de que a história do nosso estado precisa ser contada a partir dos "fatos ocorridos na área que se estende do Porto de Camocim à Serra da Ibiapaba, e desta à Serra da Uruburetama, com o sertão que se impõe entre as duas." Tal defesa, prende-se ao fato de que, segundo o autor, a nossa história privilegiou apenas "o litoral fortificado pelo português" e suas ligações com a Capitania de Pernambuco, deixando de lado "destinação natural, que marca o nascimento da Capitania, como porta de entrada para o Meio Norte, sem a qual não poderia o português alcançar o que se estendia além da Serra de Ibiapaba". Aliás, é esta convicção que faz o autor afirmar que nossa ligação centenária com Pernambuco foi o que fez atrasar o nosso desenvolvimento enquanto capitania.

Capa do livro "O Cearense", de Parsifal Barroso. 2ª edição. 2017.


Deste modo, o porto de Camocim, que séculos atrás geograficamente não se situava onde hoje é o cais, estando mais próximo da atual cidade de Granja, é referenciado em várias passagens da obra referida, que transcrevemos abaixo:
1. Sempre me preocupei com as ocorrências verificadas a partir da doação da Capitania do Ceará a Antônio Cardoso de Barros, quando era tripartida e a porção mais importante se situava ao Norte, a demonstrar a aptidão funcional do território para ensejar as comunicações com o Meio Norte, por dentro, através da Serra da Ibiapaba e, via litorânea, com o apoio no porto de Camocim. (p.65).

2. Nasceu-me essa forte preocupação da fácil e inaceitável centralização dos primórdios cearenses na faixa litorânea restrita ao sistema de fortificação portuguesa, responsável pelo surgimento de Fortaleza, a ponto de inexistir qualquer interesse pela prioridade dessa forma de defesa na praia de Camocim. Segundo o testemunho fidedigno de Diogo de Campos Moreno, em 1614 ainda restavam umas ruínas de pedra e cal, à entrada do porto de Camocim, sendo estranhável que ninguém desejasse levantar a história dessa primeira fortificação cearense. (p.66).

3. Posteriormente, o ilustre historiador Afonso Arinos de Melo Franco, em sua obra Desenvolvimento da civilização material do Brasil,  ressaltou a importância dessas ruínas de pedra e cal à entrada do porto de Camocim, mas a opinião de Studart continuou prevalecendo, sem que ninguém mais se interessasse pela pesquisa necessária à identificação da origem dessa fortificação já arruinada em 1614. (p.67).

4. Enquanto nossa Capitania não passava de uma simples referência para os que demandavam o Norte, e viveu abandonada à sua própria sorte, o eixo de povoamento e de civilização que manteve as condições de vida, foi, sem dúvida alguma, o da zona norte, firmado no porto de Camocim e alicerçado no altiplano da Ibiapaba. (p.69-70).

Há outras referências que nos dizem respeito na obra, no entanto, estas são as mais pertinentes, necessitando de pesquisas outras que, segundo o próprio autor, não teve tempo e recursos para fazê-las.













Nenhum comentário:

Postar um comentário