Capa do romance "Maíra". 10ª edição. Darcy Ribeiro. Editora Record. 1989 |
. Fonte: estante virtual.
Já postamos aqui neste espaço matérias sobre a etimologia do nome "Camocim". São vários os estudos e teorias sobre a origem do nome da nossa cidade, sendo objeto de estudo de historiadores e literatos, do porte de um José de Alencar, por exemplo.
Eu, no entanto, já estou convencido da sua origem tupi, sem muitos rebuscamentos e baseado no que a palavra significa tanto no universo amazônico, quanto no nosso imenso litoral - isto é, "camucim", assim escrito com "u", nada mais é do que um utensílio da forma de um "pote" como tal o conhecemos.
Portanto, o nosso "camucim", por aliteração, se transformou em "Camocim" e é usado para referenciar um pote (inclusive na literatura alencariana na narração do mito de Iracema), com o qual, as mais variadas tribos indígenas do Brasil, faziam dele variados usos, inclusive o de "enterrar os seus defuntos" como urna funerária.
Deste modo, destaco hoje como o escritor, etnólogo, antropólogo Darcy Ribeiro faz uso do termo em seu romance MAÍRA. Embora na descrição a cena seja a de um sepultamento de um velho cacique e os cerimoniais decorrentes de tal fato entre os indígenas da tribo Mairum, os "camucins" tem outra utilidade:
"Começa a acumular-se também a carne moqueada de caça e as mantas de pirarucu seco. Muito mais ainda terá que ser caçado e pescado para dar de comer a tanta gente durante todos os dias das festas grandes que virão. Hoje o aroe fez rolar para dentro do baíto quatro camucins enormes, acabados de modelar e de queimar pela velha Anoã. São camucins verdadeiros, grandes como os antigos e bojudos como devem serpara o cauim de caju fermentar bem, espocando. Todos estão primorosamente pintados". ( RIBEIRO, Darcy. Maíra. 10ª edição. Rio de Janeiro, Record, 1989, p. 47-48. Grifos nossos).
Qualquer semelhança é ótima literatura nacional a confirmar nossa escolha de uma origem etimológica da palavra que condiz melhor com nossa história.
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