domingo, 29 de outubro de 2017

CAMOCIM NOS LIVROS. XI. O CIRCO NERINO


Capa do livro "Circo Nerino". Fonte: fnac.com.br
Em 1997, Roger Avanzi e Verônica Tamaoki tiveram a ideia de recolher vários depoimentos sobre a trajetória do famoso Circo Nerino pelas cidades do Brasil. Neste sentido, pediu que as pessoas que tiveram alguma relação com o circo, presenciaram algum fato marcante, ou mesmo meros espectadores que guardaram na memória fragmentos das apresentações do circo, enviassem suas colaborações. Em 2004 o livro "Circo Nerino" foi finalmente publicado. É aí que entra em cena a pena do maior memorialista camocinense, Arthur Queirós.
No livro, aparece primeiramente a saudação do nosso mestre à ideia de se recuperar a história do circo, como podemos ver na imagem abaixo:



Posteriormente, os autores tratam da colaboração de Artur Queirós, notadamente, sobre a morte do trapezista Minervino em Camocim, quando o mesmo treinava para mais um espetáculo, como se pode observar de um trecho da colaboração de Artur Queirós:


Deste modo, podemos compreender a importância dos testemunhos orais para a escrita da história.




Fonte: AVANZI, Roger; TAMAOKI, Verônica. Circo Nerino. São Paulo: Pindorama Circus: Códex, 2004.

sábado, 28 de outubro de 2017

CAMOCIM NOS LIVROS. X. A CIÊNCIA A CAMINHO DA ROÇA.


Barragem Lima Brandão. Rio Camocim (CE). 1912. Fonte: A ciência a caminho da roça. p.55.

Na primeira década do século XX, com o advento da República, várias expedições científicas foram realizadas no interior do Brasil, no sentido de conhecer melhor o território, o povo, a cultura. Logo entre setembro de 1905 e fevereiro de 1906, o sanitarista Oswaldo Cruz, empreendeu uma viagem de inspeção aos portos do Brasil (24, ao todo), para mapear as condições de higiene e saneamento dos mesmos, visando combater o cólera e a peste. Foram 68 dias de viagem. Em cada porto, a comissão de estudos fazia um relatório e Oswaldo Cruz, geralmente escrevia uma carta à sua esposa sobre o lugar em que estava, falando de fatos e pessoas com quem esteve. Camocim, foi um dos portos visitados. Se ele escreveu uma carta de Camocim para sua esposa Emília Fonseca Cruz, ainda não sabemos, mas, as cartas (16 no total) estão no acervo da Fundação Oswaldo Cruz e um dia penso em consultá-las. Quanto aos relatórios, os mesmos ainda não foram encontrados e/ou disponibilizados.
Sete anos depois, em 1912, outra expedição, Camocim é visitada por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz. Vejamos o que se diz no livro "A ciência a caminho da roça":


Mapeando o sertão

Enquanto Adolpho Lutz e Astrogildo Machado singravam o São Francisco e seus afluentes, João Pedro de Albuquerque e José Gomes de Faria atravessavam os Estados do Ceará e Piauí, de março a julho de 1912. Esta expedição percorreu um longo trajeto, que incluía Fortaleza, Quixadá, Prudente de Morais (Muxuré), Quixeramobim, Baturité, Acarape e Redenção. Retornando a Fortaleza, seguia para Tutóia, Parnaíba, Teresina, Amarante, Floriano, Serra do Ibiapaba, São Benedito, Ibiapina, Jacará, Tianguá, Guatiguaba, Viçosa, Granja, Sobral, Serra de Meruóca, Ipu, Ipueiras, Pinheiro,descendo, por fim, pela estrada de ferro de Sobral até Camocim. (p.56).

No referido livro, além da referência à Camocim, da passagem da comissão pela cidade, ficou registrado uma imagem (foto acima) da Barragem Lima Brandão, na cidade de Granja, legendada como localizada no Rio Camocim, como era oficializado na época, hoje. Rio Coreaú.

Fontes:
 A ciência a caminho da roçaimagens das expedições científicas do Instituto Oswaldo Cruz ao interior do Brasil entre 1911 e 1913
[online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1992. O microscópio em busca da nação. pp. 51-109.

A bordo do República: diário pessoal da expedição de Oswaldo Cruz aos portos marítimos e fluviais do Brasil

domingo, 22 de outubro de 2017

CAMOCIM NOS LIVROS. IX. A NOSTALGIA DOS APITOS.

Capa do livro "A Nostalgia dos Apitos". Camocim-CE. 2017. Fonte: arquivo do blog.




Aconteceu no último dia 14 de outubro de 2017, o lançamento do nosso mais recente livro "A nostalgia dos apitos. A Estrada de Ferro de Sobral. Quarenta anos depois do último trem de Camocim. (1977-2017)"Na oportunidade, por ocasião do encerramento do XIX Salão de Artes de Camocim, estivemos apresentando a obra e autografando exemplares gratuitamente para o público presente. A publicação foi patrocinada pela Prefeitura Municipal de Camocim e será distribuída nas bibliotecas da região noroeste do Ceará e nas escolas de Camocim, que servirá como livro paradidático.

O livro trata sobre as memórias e as histórias que ficaram do nosso passado ferroviário que em 2017 completou quarenta anos de saudades. Neste sentido buscamos captar em documentos, iconografia, teses acadêmicas, crônicas e poemas de outros autores, memorialistas e historiadores, esta nostalgia dos apitos – de trens e de navios, que demarcava uma “paisagem sonora” da cidade de Camocim. Por outro lado, são transpostos para o livro, uma série de postagens sobre a Estrada de Ferro de Sobral levadas ao ar através do blog Camocim Pote de Histórias. O livro está dividido em cinco capítulos a saber:
1.A Nostalgia dos Apitos: Paisagem Sonora de Camocim-CE. 2.Entre o Porto e a Estação: A nostalgia dos apitos. 3.A Estrada de Ferro de Sobral – textos e documentos. 4.A Estrada de Ferro de Sobral no blog “Camocim Pote de Histórias”. 5.A Ferrovia em forma de poesia.

sábado, 21 de outubro de 2017

A SECA DE 1958 EM CAMOCIM.

O Presidente Juscelino Kubitschek recebe em audiência o Prefeito de Camocim, Murilo Aguiar. 1958. Fonte: SIAN.
O sábado nascera inclemente. No céu, nenhuma nuvem que pudesse confirmar a crença que o dia consagrado a São José fosse a última esperança de chuva. Assim, o dia 29 de março de 1958 confirmaria mais uma estiagem, de uma das secas mais terríveis que a população cearense já sofreu, relembrada pela historiografia e a memória popular.

Em Camocim, naquele dia, os vereadores foram convocados para uma Sessão Extraordinária na Câmara Municipal, convocada pelo então Presidente da Casa, vereador José Maria Parente Viana. Naquela oportunidade foi lida a seguinte mensagem do Poder Executivo:

Mensagem Nº 02/58, datada de 24/3/58, de autoria do Snr. Prefeito Municipal, Murilo Rocha Aguiar, solicitando à Câmara, licença de 60 dias, para se ausentar deste município e " se o caso exigir, viajar até a Capital da república onde tratará mais de perto das providências a serem adotadas". Para evitar as consequências da seca. Aprovado por unanimidade. (2ª Sessão Extraordinária de 29 de março de 1958).

Dois dias depois, a Câmara Municipal se reuniria extraordinariamente mais uma vez, onde ficou registrado o apelo do então vereador Gregório Francisco Alexandrino, líder da região do “outro lado” do rio Coreaú, assim registrado nas atas:

Vereador Gregório Francisco Alexandrino, levou ao conhecimento desta Casa a situação do povo se sua região pela estiagem das chuvas, o que tem causado a retirada de grande número de famílias, no maior flagelo, e assim vem apelar para esta egrégia casa, para tomar consideração e seu apelo e passar telegramas para as autoridades competentes, pedindo auxílio necessário para que venha minorar tal situação. (Os telegramas foram expedidos). (5ª Sessão Extraordinária de 31 de março de 1958).

Além destas referências nos documentos do Poder Legislativo de Camocim, outros foram produzidos e hoje podem ser acessados na base de dados do Arquivo Nacional, como o registro da audiência em que o Presidente da República, Juscelino Kubitschek, recebe em audiência no Palácio do Catete, o prefeito de Camocim, Murilo Rocha Aguiar (Na foto, da esquerda para a direita, Murilo Aguiar, 2º e JK, o 4º).

Apesar de a seca repelir e atrair contingentes populacionais, Camocim por sua posição geográfica acabou por receber mais do que exportar flagelados. Destes entendimentos governamentais algumas obras vieram para o município, como o sistema de abastecimento de água e a construção do cais do porto, finalizados já no início da década de 1960.

Ressalte-se, contudo, que o problema da convivência com a seca em nosso semiárido é uma questão secular que ainda hoje se arrasta sem um planejamento adequado às adversidades climáticas. Hoje, por exemplo, vivemos em pleno período de estiagem, no dia em que o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), criado com o nome de Inspetoria de Obras Contra as Secas(IOCS) através do Decreto 7.619, de 21 de outubro de 1909, completa 108 anos de criação. Será que os nossos governantes querem mesmo resolver o problema?

Fontes:
SIAN - Arquivo Nacional.
Câmara Municipal de Camocim. 3º Livro de Atas.
http://www2.dnocs.gov.br/historia



sexta-feira, 13 de outubro de 2017

CAMOCIM NOS LIVROS. VIII. O CEARENSE

Capa do Livro "O Cearense". 1ª edição. Parsifal Barroso. 1969.

A principal tese do livro "O Cearense", ao nosso ver, de autoria de  Parsifal Barroso, um político importante cearense que foi deputado estadual, ministro de Juscelino Kubitschek e governador do Ceará, é a de que a história do nosso estado precisa ser contada a partir dos "fatos ocorridos na área que se estende do Porto de Camocim à Serra da Ibiapaba, e desta à Serra da Uruburetama, com o sertão que se impõe entre as duas." Tal defesa, prende-se ao fato de que, segundo o autor, a nossa história privilegiou apenas "o litoral fortificado pelo português" e suas ligações com a Capitania de Pernambuco, deixando de lado "destinação natural, que marca o nascimento da Capitania, como porta de entrada para o Meio Norte, sem a qual não poderia o português alcançar o que se estendia além da Serra de Ibiapaba". Aliás, é esta convicção que faz o autor afirmar que nossa ligação centenária com Pernambuco foi o que fez atrasar o nosso desenvolvimento enquanto capitania.

Capa do livro "O Cearense", de Parsifal Barroso. 2ª edição. 2017.


Deste modo, o porto de Camocim, que séculos atrás geograficamente não se situava onde hoje é o cais, estando mais próximo da atual cidade de Granja, é referenciado em várias passagens da obra referida, que transcrevemos abaixo:
1. Sempre me preocupei com as ocorrências verificadas a partir da doação da Capitania do Ceará a Antônio Cardoso de Barros, quando era tripartida e a porção mais importante se situava ao Norte, a demonstrar a aptidão funcional do território para ensejar as comunicações com o Meio Norte, por dentro, através da Serra da Ibiapaba e, via litorânea, com o apoio no porto de Camocim. (p.65).

2. Nasceu-me essa forte preocupação da fácil e inaceitável centralização dos primórdios cearenses na faixa litorânea restrita ao sistema de fortificação portuguesa, responsável pelo surgimento de Fortaleza, a ponto de inexistir qualquer interesse pela prioridade dessa forma de defesa na praia de Camocim. Segundo o testemunho fidedigno de Diogo de Campos Moreno, em 1614 ainda restavam umas ruínas de pedra e cal, à entrada do porto de Camocim, sendo estranhável que ninguém desejasse levantar a história dessa primeira fortificação cearense. (p.66).

3. Posteriormente, o ilustre historiador Afonso Arinos de Melo Franco, em sua obra Desenvolvimento da civilização material do Brasil,  ressaltou a importância dessas ruínas de pedra e cal à entrada do porto de Camocim, mas a opinião de Studart continuou prevalecendo, sem que ninguém mais se interessasse pela pesquisa necessária à identificação da origem dessa fortificação já arruinada em 1614. (p.67).

4. Enquanto nossa Capitania não passava de uma simples referência para os que demandavam o Norte, e viveu abandonada à sua própria sorte, o eixo de povoamento e de civilização que manteve as condições de vida, foi, sem dúvida alguma, o da zona norte, firmado no porto de Camocim e alicerçado no altiplano da Ibiapaba. (p.69-70).

Há outras referências que nos dizem respeito na obra, no entanto, estas são as mais pertinentes, necessitando de pesquisas outras que, segundo o próprio autor, não teve tempo e recursos para fazê-las.













sexta-feira, 29 de setembro de 2017

VII SETEMBRO CAMOCIM. XIV. HISTÓRIAS E LIVROS

A CAMOCIM e seus 138 anos de emancipação política.
Capa do Livro "Sobre Camocim...". 2013. 

Pensando em escrever um texto sobre nosso município não encontrei inicialmente palavras, diante de tantos que foram escritos com rara beleza, especialmente, os de Avelar SantosJosé Arilson e João Batista do Nascimento. O que me restou foi discorrer sobre CAMOCIM e HISTÓRIA, minhas eternas paixões. Aí comecei a matutar o que já fiz em nome dessas paixões que se resumem aos livros que escrevi e a um pouco mais de uma dezena de artigos em livros compartilhados. Como não tenho recursos suficientes para bancar uma publicação sozinho, quase sempre procuro o poder público, independente dos gestores, no sentido de dotar o município de uma historiografia local e os livros são distribuídos gratuitamente: Daí que:

1. Em 2005, organizei "Lugares do passado, lembranças do presente - História e memória no jornal O Literário" (2005), com textos dos amigos, patrocinado pela Prefeitura Municipal de Camocim.
2. Em 2008 publiquei "A Casa do Povo - História do Legislativo Camocinense", trabalho patrocinado pela Câmara Municipal de Camocim, Presidente Jarbas Ferreira.
3. Em 2011 a Universidade Federal do Ceará (UFC) publicou a nossa Dissertação de Mestrado, intitulada, "Cidade Vermelha: a militância comunista em Camocim-CE. 1927-1950". Da parte que coube ao autor foi autorizado a venda dos exemplares.
4. Em 2013, juntamente com os professores Carlos Manuel Nascimento e Francisco Rocha Pereira publicamos o livro "Sobre Camocim: política, trabalho e cotidiano". A Prefeitura de Camocim entrou com a metade do orçamento. Os autores venderam a parte que lhes couberam.
5. Em 2014, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará publicou a nossa Tese de Doutorado. "Entre o Porto e a Estação: Cotidiano e cultura dos trabalhadores urbanos de Camocim-CE. 1920-1970. Todos os livros foram distribuídos gratuitamente.
6. Amanhã, 30 de setembro de 2017 será lançado "A Nostalgia dos Apitos", livro paradidático a ser distribuído nas escolas do município, patrocinado pela Prefeitura Municipal de Camocim. 
7. Em outubro de 2017, deverá ser lançado o LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA, "HISTORIANDO CAMOCIM" em co-autoria com a Profa. Maria Freitas. O livro será adotado na rede pública a atenderá 2000 alunos do Ensino Fundamental II. A elaboração da referida obra foi objeto de licitação em 2014 e realizada no mesmo ano, contando para sua feitura uma equipe de produção composta por: historiador, transpositor didático, diagramador, fotógrafo e revisor.
Essa é a minha fortuna! Parabéns Camocim em seus 128 anos!

VII SETEMBRO CAMOCIM. XIII. O REISADO EM CAMOCIM

Aproveitando a colaboração dos escritores de Camocim, reproduzo aqui texto escrito pelo amigo Charles Nunes Melo publicado no Camocim Online.

O REISADO, POR CHARLES NUNES DE MELO

O reisado era uma tradição forte em Camocim nos saudosos anos 1970. O grupo de pessoas saia finalzinho da noite e início das madrugadas nos meses de janeiro, pedindo donativos de porta em porta para a festa de Reis realizada no dia 06. 
A cantiga era a forma de comunicação entre os participantes dos grupos e os donos das casas, que geralmente estava dormindo naquela hora. As cantigas eram as mais engraçadas e criativas possíveis e o repertório era bastante extenso. Existiam cantigas para quem colaborava e havia cantos para quem não ajudava.
O trajeto do cortejo, composto por pessoas vestidas de roupas coloridas portando instrumentos musicais, começava no salão paroquial e percorria as ruas no entorno da Igreja Matriz. O quadrilátero formado pelas ruas 24 de maio, José de Alencar, General Tibúrcio e Santos Dumont era o preferido dos participantes, pois ficam mais próximos do início da caminhada como também morava algumas pessoas mais abastadas da cidade naquela época. 
Quando a turma estava mais disposta, estendia o trajeto até a rua Humaitá, Duque de Caxias e Alcindo Rocha. Os bairros da periferia, como o Cruzeiro, Praia, Brasília, Olinda e outros, nunca foram visitados, pelos dois motivos citados acima.
Ainda sobre as músicas, uma delas era cantada para os moradores que não abriam a porta de jeito nenhum, os chamados sovinas, miseráveis, mão de vaca etc. A música era esta:
“Vou me embora, vou me embora
Pois aqui não volto mais
Esta casa é maldita
Aqui mora o satanás” 
Em uma noite, no ano de 1977, as pessoas não estavam colaborando muito. Batemos em várias portas, mas poucas abriram, e as que colaboraram não foram tão generosas.   Quando já estávamos nos preparando para retornar para nossas casas, aconteceu um fato deveras interessante e engraçado que guardo na memória.
A lua estava clara e a porta de uma residência na rua Santos Dumont, a conhecida rua do Sol, era a última tentativa naquela fracassada noite. Era costume cantarmos cinco músicas antes da última, que tanto poderia ser de agradecimento ou de descontentamento como essa que escrevi anteriormente, pois dependia circunstâncias do momento.   
Cantamos, cantamos e nada da porta ser aberta. Quando já havíamos cantado quase a música inteira e nos preparávamos para entoar o último verso: “Aqui mora o satanás”, no exato momento de pronunciar a palavra ”satanás”, eis que o sonolento morador abriu a tão sonhada porta. Dessa forma, a música ganhou uma nova versão devido a situação inesperada. 
Ficou então assim: Aqui mora o....seu Luiz. 
O Zé Rocha, um dos nossos colegas e talvez o mais gaiato, teve a coragem de falar “seu Luiz” após um silêncio provocado pelo susto diante da presença do homem, que nos deixou boquiabertos e nos impediu de chamá-lo de satanás. Ainda bem que surgiu aquela alma caridosa com aquela solitária voz (depois seguida por nós) para salvar a nossa pele, pois teria sido uma tremenda injustiça e deselegância, naquele momento, fazer essa desfeita com a pessoa que iria nos ajudar. 
Também, se a música tivesse sido cantada na versão original e o morador tivesse ouvido, com certeza, teria havido uma debandada geral com direito a uma tremenda correria. Porém, fomos salvos por um triz pelo nosso corajoso colega que teve essa presença de espírito em pronunciar o nome do Seu Luiz na hora exata e numa rapidez impressionante.

Após esse episódio, saímos da residência todos sorridentes pela oferta vultosa, até certo ponto, e por tudo que aconteceu na casa do Seu Luiz. Fomos ao salão paroquial onde trocamos de roupas, para em seguida irmos para nossas residências e esperarmos pela próxima noite de reisado.  
Charles Nunes de Melo

VII SETEMBRO CAMOCIM. XII. CAMOCIM EM POESIA

Agradecendo ao poeta cordelista João Batista do Nascimento pela colaboração.
Calçadão da Beira Mar. Camocim-CE. 2017. Foto: Vando Arcanjo.

Para comemorar os 138 anos de emancipação política de Camocim, dedico esse mote, em homenagem a essa cidade linda e suas belas praias naturais de encantos mil. PARABÉNS CAMOCIM, PRINCESINHA TERRA DO SOL E DO MAR.

Camocim princesinha terra do sol e do mar

Sob um céu azul anil
Cheia de encantos mil
Terra de gente gentil
Deus na terra veio criar
Meu amor a declamar
Para esta terra minha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
Seu extenso litoral
De beleza natural
Cercada de manguezal
A todos faz abismar
Sem querer subestimar
Qualquer cidade vizinha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
Banhada por mar e rio
A cidade é um desafio
De beleza tão sutil
Cada vez mais a clamar
Seus encantos além mar
Dessa linda cabrochinha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
À noite a lua brilhante
Vem aqui como amante
Seu amor bem declarante
A ela vem namorar
As estrelas a testemunhar
Se transformam em madrinha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
Na linda ilha do amor
Com suas dunas um primor
Ali Deus encontrou
A forma de transformar
Unir o rio com o mar
Com suas águas morninha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
As mais belas paisagens
Temas de grandes postagens
Em todo canto e paragem
Nos faz entusiasmar
E cada vez mais amar
Essa linda formosinha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
Praias do guriú e tatajuba
Dos remédios e Caraúbas
Suas lagoas com carnaúbas
Maceió e farol do trapiá
A ilha do amor para amar
Xavier com areias branquinhas
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
Lago grande e imburanas
Lagoa da torta não te engana
Barrinha com terra plana
Lago das moreias te faz mimar
Em cangalhas você vai confirmar
Barreiras é a mais vizinha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
O lago seco hoje bem ressecado
Foi o point em tempos passados
Lugar de encontros marcados
Paredões para dançar
A juventude a inflamar
Se amavam em surdina
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
Sua população aconchegante
Recebem seus visitantes
De forma gratificante
Com gentileza no olhar
À base de frutos do mar
A culinária é gostosinha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
Bom Jesus dos Navegantes
É seu padroeiro edificante
Protetor a todo instante
Que devemos sublimar
Com fé vem venturar
Essa terra formosinha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar
A estimar novamente
Estou aqui tão contente
Coração fértil envolvente
Não me canso de exaltar
O encontro do rio com o mar
Manhã tarde e noitinha
Camocim é a princesinha
Terra do sol e do mar.

Autor: Joabnascimento
DATA: 10/03/17
Recanto das Letras: Joabnascimento
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Foto: joaobnascimento.blospot.com