sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

CARNAVAL DE CAMOCIM - AROLDO VIANA, O FOTÓGRAFO FOLIÃO

Bloco "Vamos Beber Cachaça". Anos 1980. Camocim-CE. Fonte: Acervo Aroldo Viana.

Nos últimos quinze dias chegaram até nós vários pedidos de pesquisa sobre o carnaval de Camocim de décadas passadas. Além de algumas postagens sobre o período momino de décadas do início do século XX, já nos referimos a carnavais mais recentes, especialmente fundamentado nas informações prestadas pelo fotógrafo folião Aroldo Viana, que abriu seu arquivo e nos forneceu preciosidades, como a foto acima do Bloco "Vamos Beber Cachaça", onde ele aparece no primeiro plano (quinto da esquerda para a direita). A garrafa do estandarte seria de uma "Caranguejo" ou de uma Pitu, cachaças que fizeram muito sucesso durante a década de 1980, mesma data que figura no estandarte improvisado?

Bloco do Treco. 1970. Camocim-CE. Fonte: Acervo Aroldo Viana
Na conversa com Aroldo Viana fica patente a sua participação não somente como participante, mas como organizador de blocos carnavalescos em Camocim. O mesmo nos disse que chegava a pintar os estandartes e fantasias de blocos como o "Vamos Beber Cachaça e Bloco do Treco (foto acima). Por outro lado, como podemos perceber nas duas fotos desta postagem, o seu estúdio, que ficava na Rua Alcindo Rocha (hoje onde está instalado a Music Center) virou também ponto de concentração dos blocos nos quais era integrante. Enfim, são "flashs" do um passado carnavalesco vivido pelo fotógrafo folião Aroldo Viana que não voltam mais.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

BAÚ DO MAGUARY DE CAMOCIM. FUTEBOL E ESCOTISMO



Ofício 13/76. Maguary Futebol Clube. Camocim-CE.

"Apraz-nos solicitar que em Tianguá acha-se localizado em grande elasticidade um time futebolístico com o nome de América". Com esta linguagem meio empolada começa o ofício enviado ao Maguary pelo Chefe dos Escoteiros de Tianguá em 09 de agosto de 1976, com a finalidade de marcar uma partida de futebol em Camocim para o dia 15 daquele mês. 
Na proposta, o América pedia a quantia "de Cr$ 700,00 acompanhado de almoço e janta. [...] Nossa comitiva conta com 18 pessoas". Este tipo de proposta figura em quase todos os ofícios enviados e recebidos pelo time do Maguary, isto é: uma quantia em dinheiro e uma quantidade de "talheres" a serem servidos após o jogo.
Além disso, era normal que o time que se propunha a vir jogar, falasse um pouco da sua trajetória. No caso do América de Tianguá, dizia-se que havia se sagrado "bicampeão das Olimpíadas da Serra da Ibiapaba".
No ofício em questão dois detalhes que não sabíamos: que o Capitão Marcelo da PM tinha sido diretor do Maguary e que nosso amigo Ozenard Guilherme de Sousa, (irmão do amigo Olivar Vava) quem assina o referido ofício, foi Chefe dos Escoteiros de Tianguá. São revelações do Baú do Maguary

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

O BAÚ DO MAGUARY FUTEBOL CLUBE DE CAMOCIM

Pasta de Arquivo. Ofícios Expedidos e Recebidos. Maguary Futebol Clube. Camocim. 1972-1979. Fonte: Acervo do Blog.


Uma pequena pasta, algumas histórias perdidas em meio à incipiente burocracia de um clube de futebol amador. Pelo menos até agora foi o que restou do Maguary Esporte Clube, cuja história se confunde com a vida de Antônio Pereira da Silva - o Cazumbi, o velho Cazumba.
Marcação de jogos, atas de reunião da diretoria, pedidos a políticos, recibos de divulgação de partidas no Sonoros Pinto Martins, cessão de jogadores para outros clubes, a relação do clube com os times de Parnaíba, Sobral e outras municípios da região, dentre outros assuntos, pudemos vislumbrar nos documentos roídos de traças e desgastados pelo tempo.
Pouco a pouco revelaremos os tesouros deste pequeno baú de histórias do Maguary. 

Fonte: Pasta de Arquivo. Ofícios Expedidos e Recebidos. Maguary Futebol Clube. Camocim. 1972-1979. Fonte: Acervo do Blog.

CARNAVAIS DE OUTRORA EM CAMOCIM - O BLOCO DO TRECO

Bloco do Treco. 1966. Camocim-Ceará. Fonte: Acervo José Aroldo Viana.


Fevereiro é o mês da folia. Entrando neste espírito, o Camocim Pote de Histórias entra no clima e recupera histórias do nosso carnaval de outrora, desta vez, destacando o Bloco do Treco - "O Inimitável", fundado em 1966. Portanto, neste ano, os "trequistas" podem comemorar 54 anos de fundação, muito embora, há décadas que eles não saem pelas ruas de Camocim. No entanto, os mais saudosistas prometem neste ano de 2020 marcar presença no carnaval camocinense. 
Segundo um dos remanescentes da primeira formação, nosso amigo Aroldo Viana, que guarda fotos e recordações destes tempos áureos, um grupo de "idosos foliões" está se articulando para botar o bloco na rua. Soube até que uma versão infantil da festa já está agendada para acontecer no Esther Buffet.
O próprio Aroldo Viana estará no próximo dia 10, segunda-feira, fazendo uma explanação na Academia Camocinense de Ciências, Artes e Letras (ACCAL) sobre a história do Bloco do Treco.
Gerada a expectativa, vamos esperar para conferir a alegria da "rapaziada" do Bloco do Treco, com seus estandartes e fantasias, como mostra a fotografia do ano de 1966, em algum lugar de Camocim.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

CAMOCIM GANHA NOVOS TRABALHOS DE HISTÓRIA

Defesa de TCC de Silvio Paz. CEJA João Ramos. Camocim-CE. 2020. Da esquerfa para a direita: prof. Carlos Augusto. Sílvio, Profa. Edvanir Maia e Prof. Dênis Melo.


Depois de quatro anos de estudos, a Turma de História. PARFOR/UVA/CAMOCIM. Primeira Licenciatura, concluiu hoje seus estudos e aguardam agora a colação de grau para se tornarem licenciados em História.
Nos dias 24, 25 e 31 de janeiro de 2020 ocorreram as defesas dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC's). Com isso, Camocim ganhou para sua história, 18 trabalhos inéditos (artigos e monografias), fruto de pesquisas feitas pelos alunos e orientados pelos professores do Curso de História da UVA. Os trabalhos versam sobre o cotidiano de trabalhadores da zona rural e urbana, universo de benzedeiras e parteiras, festejos de São Francisco e São Pedro, ensino de história e outras linguagens, politicas de educação, futebol amador, festival de música, dentre outras temáticas. 
Ainda neste ano, estes trabalhos poderão ser acessados pelo público em geral, através de uma publicação que a Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA/ Coordenação do PARFOR, irá disponibilizar.
A formação destes novos historiadores só foi possível graças à parceria da CAPES, UVA, Prefeitura Municipal de Camocim e CEJA João da Silva Ramos. A estes entes nossos agradecimentos.
Abaixo segue a relação dos alunos e seus respectivos trabalhos:

Antônia Irla Brito - Associativismo Rural: Um olhar para a Associação Rural São Vicente dos Pereiros em Camocim/CE.

Antonieta Ferreira Barbosa - A importância das casas de farinha na localidade de Jacarandá. Camocim-CE. 1950 a 1990. 

Charles Santos Silva - Futebol como espaço de sociabilidade em Camocim-CE. 1950 a 1957.

Darciane Costa dos Santos - Desbravadores do sertão: Procissão dos Vaqueiros no Festejo de São José. Granja-CE.

Fca. Germanda F. Barbosa - A importância da agricultura familiar como fonte de renda na localidade de Jacarandá. Camocim-CE. 1970 a 2000.

Fca. Karla Pinto Lima - Trajetória histórica da criação da festa de São Francisco das Chagas.

Fco. da Paz Pessoa (Sílvio) - "Camocim respirava esse ar de música". Histórias e memórias dos Festivais de Música em Camocim-CE. 1986- 2003.

Gerlane Viana de Souza - As rezadeiras como guardiãs da memória da comunidade de Jacarandá. Camocim-CE. 2010.2018. 

Girlane Carvalho Lima - Pesca Artesanal: experiências sobre a pesca artesanal de Camocim-CE. 1990. 2000.

Glaucimar da Silva Gomes - O cinema como recurso pedagógico no ensino de história: uma reflexão bibliográfica.

Joselina Fontenele dos Santos - As contribuições do PAIC na E.E.F Francisco Ottoni Coelho. Camocim-CE. 2012 a 2015.

Juliana Alves dos Santos - A festa religiosa de São Pedro em Camocim-CE.

Luzenira Pereira Lima - Os trabalhadores de Cafundó. Modos de vida e trabalho no campo. Camocim-CE. 1993-2018.

Maria de Fátima das Chagas - Relatos e histórias das parteiras na zona rural de Camocim-CE.

Maria de Fátima F. dos Santos - A vida e as dificuldades do agricultor na localidade de Olho D’Água. Camocim-CE. 1980 a 2000.

Maria Geissiane C. Silva - As contribuições do lúdico no ensino de história na E.E.P. Monsenhor Expedito da Silveira. Camocim-CE. 2018.2019.

Paulo Henrique dos Santos - Uma reflexão sobre o ensino de História: os desafios no ensino-aprendizagem de História na E.E.M.T.I Deputado Murilo Aguiar. 2016-2018. 

Rozângela Oliveira Ribeiro - A Escola CEJA João da Silva Ramos como referência na educação de surdos em Camocim-CE. 2002-2018. 

sábado, 14 de dezembro de 2019

O CORETO DA LUZ DE CAMOCIM.

Coreto da Praça 7 de setembro. 2016. Camocim-CE. Fonte: publicinista.com
Pouca gente sabe, mas, a Praça do Coreto foi a primeira praça construída em Camocim pelo então intendente municipal, Francisco Nelson Chaves (1923-1927). Provavelmente construída entre 1923-24, recebeu ao longo do tempo, várias denominações, desde a oficial, Praça Sete de Setembro, depois rebatizada para Praça Francisco Fontenele Frota (Chico Panair). No entanto, no gosto popular, se seculariza Praça do Coreto, face à construção de origem francesa que adornou várias praças no mundo afora. Em Camocim, tivemos outra praça no mesmo formato em frente do Camocim Club, que foi demolida há muito tempo atrás.
No entanto, outro fato importante marca a existência do Coreto, cuja praça passa agora por mais uma reforma, segundo dizem, para resolver uma demanda de estacionamento no núcleo central da cidade. Foi neste Coreto que se deu a inauguração do primeiro sistema de iluminação pública de Camocim inaugurado em 1925 sob a responsabilidade do engenheiro Raimundo Cela, que depois se tornou um famoso pintor de renome internacional. O jornal Diário do Ceará reportou:

"Na Praça 7 de Setembro, especialmente engalanada para o ato, realizou-se às 20 horas, a inauguração oficial da iluminação. No coreto recentemente construído viam-se os convidados para o ato. O orador oficial da festa sr. Tertuliano Menezes, inspetor escolar regional, pronunciou excelente discurso sobre a importância do ato e se congratulando com a população. Aplausos demorados abafam as últimas palavras do orador..." (Diário do Ceará, In: GALVÃO, Roberto. Prova de Estágio. Notas Biográficas de Raimundo Cela, Fortaleza: Expressão Gráfica, 2019, p.61-2).
Maquete da futura Praça do Coreto. 2019. Fonte: google.com
Com a reforma, esperamos que o Coreto possa ser revitalizado sendo espaço para apresentações musicais, retretas, dentre outras atividades culturais.

domingo, 3 de novembro de 2019

OSWALDO CRUZ E SUAS IMPRESSÕES SOBRE CAMOCIM

Há muito tempo que procurava uma documentação sobre o Porto de Camocim, relativa a viagem empreendida pelo sanitarista Oswaldo Cruz no começo do século XX. A expedição ficou conhecida como a "Viagem aos Portos do Norte e Nordeste do Brasil" e desenrolou-se entre os anos 1905 a 1906. Com efeito, desde que assumira o posto de Diretor Geral de Saúde Pública em 1903, defendeu a necessidade de se levar para outras regiões do país as ações de saneamento que estavam sendo realizadas por ele no Rio de Janeiro. Assumira então o compromisso de que, tão logo fosse controlada a febre amarela na capital, iria se dedicar à reformulação dos serviços de saúde dos portos marítimos e fluviais brasileiros", no intuito de " promover a defesa sanitária de seus portos contra a invasão de doenças como o cólera e a peste bubônica".
Sabedor de que a expedição passara pelo Porto de Camocim, recorri a amigos no sentido de buscar essa documentação. No entanto, só agora a mesma está disponibilizada através das cartas que Oswaldo Cruz escrevia à sua esposa Emília Fonseca Cruz de cada porto por onde passava.
A viagem iniciou-se a "28 de setembro de 1905, acompanhado de seu secretário, o médico João Pedroso, Oswaldo Cruz embarcou no rebocador República rumo ao norte do país. Levava na bagagem um plano para a construção de hospitais de isolamento e de estações de desinfecção em cada local a ser visitado.
Experiência pioneira de contato com um Brasil praticamente desconhecido nos grandes centros urbanos, esse trabalho teria continuidade alguns anos depois com as expedições científicas do Instituto Oswaldo Cruz. Será principalmente a partir delas que o país tomará consciência da dramática realidade de sua gente mais sofrida: a população dos sertões brasileiros.
Sobre Camocim, Oswaldo Cruz, depois de enfrentado o  mar revolto típico de novembro ao chegar ao nosso porto, escreveu á sua mulher, dentre outros detalhes:

2 de novembro de 1905
"... Camocim, pequena cidade nova, porto importante do Ceará, ponto de partida duma estrada de ferro que vai a Ipu, passando por Granja e Sobral. Coisa interessante: eram 5 hs da manhã e todas as casas já estavam abertas e as famílias sentadas tomando café! Que madrugadores!"


Como resultado da viagem, o "chefe da DGSP anunciou que em Caravelas, Mossoró e Camocim seriam instaladas delegacias de saúde tendo em vista a importância desses portos e volume de transações comerciais que transcorriam lá. Providências significativas seriam tomadas nesses e nos demais portos: construção de estações de desinfecção para navios e desinfectórios para os passageiros e habitantes, hospitais de isolamento, fornecimento de barcos de desinfecção, com a nomeação de profissionais adequados a esses serviços. Tais ações de prevenção de doenças transmissíveis seriam iniciadas no ano de 1906, destinando-se a elas alguns milhares de contos (SAÚDE PÚBLICA, 1905, p.1). Há que se considerar que esse auspicioso plano geral de saneamento dos portos não veio a ser concretizado nos anos posteriores (FUNDAÇÃO, 2002,p.113)".














Fonte: BEZERRA, Mariza Pinheiro. NOS SERTÕES DO NORTE: SAÚDE PÚBLICA E SANEAMENTO NO MARANHÃO,(1889-1930). Rio de Janeiro. 2019.

sábado, 5 de outubro de 2019

LUÍS XIMENES, O PADRE FERROVIÁRIO DE CAMOCIM


Monsenhor Luís Ximenes. Fonte: A Voz de Santa Quitéria.

No quadro "RELIGIOSOS DE CAMOCIM", já destacamos um pouco da trajetória do Monsenhor Luís Ximenes.(sábado, 1 de dezembro de 2012 e quarta-feira, 30 de abril de 2014). É cognominado o "ÍCONE DA FÉ QUITERIENSE", nasceu ali na RUA DO EGITO (atual Rua 24 de Maio), entre as ruas General Tibúrcio e Tiradentes, de frente para o pátio de manobras da Estrada de Ferro. Ainda na faculdade, no final dos anos 1980, cheguei a trocar com ele poesias e ele me enviou alguns dos seus livros pelo colegas de Santa Quitéria. Quando fui ver sua casa-museu ele já não estava entre nós. Reverenciado e tido como santo em Santa Quitéria, em sua terra natal ainda não teve o devido reconhecimento. Ontem, por ocasião de seu aniversário natalício, o blog A Voz de Santa Quitéria publicou o seguinte texto:

Monsenhor Luís Ximenes nasceu em Camocim, em 05 de novembro de 1926. Filho de maquinista, desde cedo desenvolveu o seu gosto por trens, fortalecendo uma "alma ferroviária" que, ao longo do tempo, o fez colecionar quase tudo que se referisse ao tema e escrevesse alguns livros tendo os trens como temática.
Foi pároco em Santa Quitéria por mais de quatro décadas e até hoje, é venerado pela comunidade católica.
De alma simples e caridosa, o santo de Santa Quitéria partiu no trem da vida eterna logo após celebrar missa em 04 de outubro de 1994, acompanhando São Francisco, deixando muitas saudades, mas permanecendo vivo
nos corações quiterienses.

Para homenageá-lo, nós do CAMOCIM POTE DE HISTÓRIAS, transcrevemos um de seus poemas com a temática ferroviária:

Meu ídolo

De tanto ouvir teu clamoroso apito,
de tanto conviver pela estação,
fiquei teu fã e te tornaste um mito,
um ídolo de minha devoção.

De ti, meu velho trem, mesmo proscrito,
eu guardo tão feliz recordação,
que até parece praga do Maldito
te recordar em toda ocasião.

Correndo sobre os trilhos da lembrança,
ainda te vejo como outrora eu via,
o mesmo trem que eu vi quando criança.

Só que o olhar mudou. A vista cansa.
Ontem eu te via à luz de uma esperança,
Hoje eu te vejo à luz da nostalgia.


Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br/peximenes.html
Fonte: A Voz de Santa Quitéria