Agradecendo os acessos dos nossos leitores em 2013, iniciamos mais um ano sempre na missão de destacar nossa história. Que em 2014, possamos ter mais um ano fecundo na descoberta e na escrita do nosso passado. Neste espaço já retratamos
antigos nomes de espaços e logradouros de Camocim.
No entanto, como prometemos anteriormente, iremos explorar um pouco mais a obra
“Adolescência na Selva”, do camocinense SOUZA LIMA. Alguns destes nomes nos
soam familiares porque transmitidos pela tradição oral, outros nem tanto. Aí é
que está a importância de um escrito como este, datado do início do século XX,
quando ainda éramos uma cidadezinha nascente, na transição de distrito da Barra do Camocim ligado à Granja. Os
maiores de sessenta anos, com certeza se acharão e se identificarão com estes
nomes.
Deste modo, quando o autor
rememora a perda do salário semanal de seu pai, funcionário da Estrada de Ferro, registra: “... ao atravessar o Largo Velho, já na esquina do Coronel
Severiano José de Carvalho, ao meter a mão no bolso, sentiu que o dinheiro
que havia recebido naquele sábado não estava mais ali” (p.16). Ao falar
sobre um touro indomável e faminto que corria a cidade sem rumo, diz da sua
localização quando o bovino parecia lhe ameaçar: “Eu estava perto do Trapiche
Pernambucano, onde os navios pegavam gado, quando havia inverno”.
Finaliza dizendo sobre o fim trágico do animal: “E o touro negro, alguns dias depois, foi encontrado morto lá para os
lados do Quadro Velho...”
(p.24-5). Ao noticiar um crime hediondo contra a família de Francisco Nelson Chaves, do qual veio a
falecer o mesmo e sua esposa, o autor nos transporta para as origens do primeiro
bairro de Camocim – o Cruzeiro, onde
morava o criminoso Joaquim Pacífico de
Oliveira: “Socaram-se ali no Largo da Cruz do Século. Compraram
aqueles terrenos por um tostão de mel coado” (p.48). Das brincadeiras de
menino, nosso escritor descreve a do Judas:
“Quando o sino das Oficinas bateu duas badaladas bem compassadas, o mano levantou-se devagarinho
com o Judas no ombro...”. O tal
Judas seria roubado por outros rapazes camocinenses que estudavam na capital.
Na descrição do roubo, um “caminho” entre a Rua do Egito e a Rua do Sol
é revelado: “... uma gritaria se ouvia para o lado do Bêco do João Vital, - eram os alunos do Colégio Militar que vinham
numa algazarra enorme, arrastando o Judas para defronte de nossa casa, para
fazerem pouco de nós”. (p.67-8).
Oficinas de Camocim. Arquivo do blog. |
Feito este mergulho no tempo,
lembro-me de quando era menino na Rua do Egito a partir do final dos anos 1970.
O sino das Oficinas (foto) não soavam mais e o Beco do João Vital já tinha sido
tapado. E você, do que se lembra?
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