segunda-feira, 6 de abril de 2015

A MARIA FUMAÇA NOS TRILHOS DA MEMÓRIA


Outro dia vendo imagens antigas sobre nossa cidade num estabelecimento comercial local, discutíamos com outra pessoa sobre a localização das fotos. A imagem abaixo foi motivo de discordância quando disse que a localização exata dela era a cidade do Ipu, posto que já tinha vista sua referência como sendo do arquivo do historiador e memorialista ipuense, Prof. Francisco de Assis (Professor Melo), que. assim como eu, mantém um blog sobre a história da sua cidade. A Maria Fumaça era de toda a Estrada de Ferro de Sobral, o instantâneo, no entanto, flagra-a em algum momento de sua passagem por aquela aprazível cidade. Aproveitamos e divulgamos uma interessante crônica do Professor Melo em sua página do facebook para evidenciar e esclarecer a questão acima colocada, assim como para a relembrança dos nostálgicos de sempre,  


A Máquina Maria Fumaça! 
(Nº 118)

“Café com Pão Bolacha Não”. Era o barulho provocado pelo andamento de uma carruagem comandada por uma Locomotiva movida a fogo e água mantinha esse reboliço que conhecemos na nossa tenra idade das nossas inesquecíveis Máquinas de trem chamadas Maria Fumaça. 
Ainda hoje perdura vivamente em nossas mentes aquela locomotiva preta com letreiros brancos indicando R.V.C. - Rede Viação Cearense e bem na sua Tromba o Nº da Balduína que aqui nos referimos a de Nº 118 por ter servido de antonomásia para certa mulher que convivia no nosso meio social servindo como doméstica de certa residência e que quando andava por ser muito alta e forte e não muito gorda, era rapidamente a sua marcha e quando partia para o andar mais veloz tinha-se a impressão de uma das arrancas das nossas M.F.

Devido a sua manutenção ser a água e a lenha em cada estação existiam várias caixas d’água para o abastecimento das mesmas. Quando as mesmas estavam se abastecendo dizíamos: “O trem está tomando água”, era a Maria Fumaça que estava enchendo o seu tanque para continuar viagem.
Era o trem mais demorado, o que dava tempo para o embarque dos passageiros e desembarque, para descargas de encomendas e para os famosos bate-papos com os viajantes conhecidos que por aqui passavam.

Não tardava e um apito fino, agudo era ouvido. Era o primeiro sinal que Máquina estava abastecida e pronta para seguir viagem. 
Todos se apressavam para tomar os seus assentos e continuar viajando naquela bucólica “Café com Pão Bolacha Não” até o seu final destino. 
Antes soltava o jato de fumaça que cobria quase toda praça. Era um espetáculo a parte e o medo para criançada que assistiam o fumaceiro. 
Mas outros apitos e comboio eram sacudidos com forma de se aprumar e seguir o seu destino. O agente da estação dava a partida final e o trem ia embora, deixando até hoje saudades imorredouras das manhãs, das tardes que consideramos fagueiras, ditosas e benditas para nós ipuenses que amamos verdadeiramente a nossa terra e que valorizamos e sentimos o valor de cada episódio por nós vividos.

Acabou-se o Trem com a nossa Maria Fumaça e a nossa Máquina a Óleo.


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