terça-feira, 24 de março de 2020

A GRIPE ESPANHOLA EM CAMOCIM


Jornal Folha do Littoral, Camocim-CE. 1918. Fonte: Hemeroteca da Biblioteca Nacional.

Quero ainda ter tempo e disposição para um dia escrever sobre a saúde e a doença em Camocim. Ao tempo em que seu clima era aconselhado pelos médicos para a cura de alguns males do corpo (Raimundo Cela se curou em Camocim), sua condição de porto movimentado nas primeiras décadas do século XX era porta de entrada de várias doenças, como a GRIPE ESPANHOLA, (que apesar do nome, não surgiu na Espanha e sim nos EUA) que matou até o presidente da época, Rodrigues Alves (ele não era tão imune como o de agora).
Vou à imprensa da época para entender um pouco dessa epidemia (na época o termo pandemia era pouco usado), num jornal nosso, editado em Camocim, chamado Folha do Littoral. Restaram alguns exemplares dos anos 1918 e 1919, tempo em que a "gripe" grassou em nosso país, matando mais de 30 mil pessoas. E, para quem acompanha a loucura que é a imprensa atual, naquele momento os jornais diziam que era apenas uma "gripe":
"O QUE É A INFLUENZA HESPANHOLA. Os medicos descobriram que a influenza hespanhola é simples gripe aggravada com a differença de clima. Falleceram em consequencia desta molestia 88 pessoas pertencentes as nossas divizão de guerra e a missão medica". (Folha do Littoral, Camocim-CE, 06 de outubro de 1918, ed. 17, p1.).

Em outubro de 1918 a doença ainda estava no começo. No Brasil ela teria chegado através de um vapor inglês em setembro que aportou no Rio de Janeiro. No Ceará, ela veio por um navio do Lloyd Brasileiro. Percebam que a linguagem jornalística é fria e curta, pois, ao mesmo tempo que minimiza a descoberta da doença, assinala o número de mortes como algo natural.
Na próxima postagem descreverei como os articulistas do jornal começam a se preocupar com a doença e o abandono do nosso porto do ponto de vista sanitário.

Fonte: Folha do Littoral, Camocim-CE, 06 de outubro de 1918, ed. 17, p1.).

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