28 de setembro, um sábado, véspera da data em que Camocim completaria 39 anos de emancipação política, o Vapor Ceará, da Companhia Lloyd Brasileiro atracava no Porto de Fortaleza, trazendo o germe do "morbo hespanhol". A embarcação vinha dos estados do sul, onde a epidemia acabara de chegar. Até março de 1919 os jornais ainda traziam notícias de mortes provocadas pela febre epidêmica, Em Camocim, apesar de não sabermos ainda o número correto de mortes, foram dezenas de camocinenses que sucumbiram à peste. Como sempre acontece nas pandemias quem mais morre são as pessoas pobres, daí não estamparem as manchetes dos jornais.
Contudo, a peste não seleciona classe ou posição social. Neste sentido, a morte da "Senhorinha Amélia Veras", filha do Cel. Thomaz Zeferino de Veras e D. Emília Pessoa Veras, ocorrido em 06 de dezembro de 1918, teve seu falecimento noticiado por dois números seguidos do jornal Folha do Littoral (08 e 15 de dezembro de 1918).
Embora dois médicos tivessem vindo em trem especial de Sobral para socorrer a jovem de apenas 15 anos, os mesmos já a alcançaram sem vida. Este fato gerou comoção na cidade e o enterro da mesma, ocorrido em 07 de dezembro de 1918 foi noticiado pelo jornal, inclusive com a relação dos presentes ao ato fúnebre. Na escrita jornalística, o sentimento de perda:
"O passamento da desditosa mocinha, que, ainda no verdor dos annos, quando a existencia para ella começava desabrochar no sorrir tonificante da primavera da vida, pois que apenas contava com 15 annos de idade foi consternadamente sentido no seio da sociedade camocinense onde, pelo seu grandioso dote de maneiras e coração captivante produto feliz do seu espirito alegre e angelical, era vantajosa e distinctamente apreciada".
Fonte: Jornal Folha do Littoral. Camocim-CE. 1918, nº 26 e 27. Respeitou-se a grafia da época.
Favor! Como entro em contato com o autor? Meu e-mail é makarius.tahim@uece.br. Aguardo contato para conversa sobre o porto de Camocim no início do séc.passado!
ResponderExcluirAtenciosamente,
Makarius