quinta-feira, 30 de abril de 2020

PINTO MARTINS E OS PESCADORES DO BRASIL

A Voz do Mar. 1923, nº 20, p.33. Acervo: Hemeroteca da BN.


Várias postagens anteriores neste blog evidenciaram a chegada de Pinto Martins ao Rio de Janeiro à bordo do Sampaio Correia II por ocasião do voo pioneiro Nova Iorque - Rio de Janeiro (1922-23). Na verdade, desde setembro de 1922, por ocasião das festividades do Primeiro Centenário da Independência do Brasil que uma grande exposição esperava os "intrépidos voadores", afinal, o voo pioneiro tinha sido planejado justamente para estas comemorações.
Superados os problemas de navegação aérea e as constantes panes de motor, finalmente em 08 de fevereiro de 1923, Pinto Martins e seus colegas são recebidos em apoteose no Rio de Janeiro como mostram todos os veículos de comunicação da época. Aqui já mostramos várias imagens deste evento. Hoje, mostraremos a visão de um destes veículos, a revista A Voz do Mar, órgão de divulgação da Confederação Geral dos Pescadores do Brazil. Depois de narrar a chegada do hidroavião "Sampaio Corrêa II" de forma grandiloquente, trazendo trechos de discursos de autoridades por onde os aviadores passaram (Belém, São Luís, Recife e Salvador), a reportagem assinala o envio de um telegrama aos mesmos:

"Em nome da Confederação Geral dos Pescadores do Brazil, instituição que congrega todas as associações da numerosa classe, apresento-vos effusivos saudares alliados ao immensuravel jubilo de que nos achamos possuidos ante o feito altamente audaz e valoroso que vindes de realizar, unindo pelos ares, num amplexo que parece vir do céo, a grande pátria de Whashginton ao glorioso e extremecido Brazil. Sêde benvindos! PAULO VIANNA - Presidente". 

Pinto Martins retribuiu a gentileza da entidade noutro telegrama:

"[...] Muito agradecido a esta valiosa e patriotica Confederação, representativa dos valorosos marujos brazileiros. Aceittae e transmitti  a todos elles um abraço fraternal. Saudações. Pinto Martins.

Feito este contato e, sabedora de que Pinto Martins antes do voo estivera visitando entidades congêneres no Estados Unidos da América, a revista resolveu fazer uma reportagem mais ampla com Pinto Martins e ouvir suas opiniões sobre a campanha que se fazia na época para o desenvolvimento da pesca no Brasil. Alguns trechos:

"Ainda nos Estados Unidos vinha acompanhando com sympathia o movimento altamente valioso que se fazia no Brazil em beneficio de tão importante industria, cujo futuro é garantido, pois somos talvez o mais rico dos povos, pela extensão enormissima da nossa costa e numerosa quantidade de rios, lagos, igarapés que na Amazônia são outros tantos rios. No Pará, então, tive ocasião de ver pessoalmente o estado, que me parece promissor, destes serviços. Oh! o Pará! Quanta riqueza possuimos nêste Estado e no Amazonas, onde a nossa fauna ichtyologica é uma exuberancia assombrosa. Só explorando a industria da pesca no Amazônia, poderiamos ser o celeiro de peixe de uma grande parte do globo. O amigo não calcula... "

Seguindo na entrevista, Pinto Martins enumera a solicitude e o entusiasmo e a hospitalidade recebidos dos pescadores por onde passaram, socorrendo-lhes e às vezes guardando o frágil Sampaio Corrêa II.

Fonte: Revista A Voz do Mar. 1923, nº 20, p.33.








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