Para termos uma ideia da participação da população de Camocim nas primeiras décadas do período republicano, o levantamento dos eleitores no ano de 1898, apenas 232 eleitores estavam aptos a votar nas eleições daquele ano, incluindo a sede e os distritos de Barroquinha e Guriú. Para efeito de comparação, no censo de 1900, Camocim tinha 7.884 habitantes (3.844 homens e 4.040 mulheres), ou seja, votavam apenas cerca de 3% da população.
Naquela época ao invés de zonas eleitorais, os privilegiados eram organizados por “quarteirões” e, no alistamento constava, além do nome do eleitor, a idade, filiação (só o nome do pai), profissão e local de domicílio. Neste aspecto, a maioria dos eleitores eram “artistas” (alguém que tinha uma profissão fixa), empregados públicos e da ferrovia, negociantes, criadores, lavradores, proprietários, e alguns poucos, operários, pescadores e vaqueiros; o prático da barra, um marchante, além do Engenheiro da Estrada de Ferro, o Dr. João Thome de Saboia e Silva, eleitor do 3º quarteirão com o número 70.
Na lista de eleitores podemos ver alguns nomes conhecidos da nossa história, como o do empregado da estrada de ferro Júlio Cícero Monteiro, criador do Tiro de Guerra Infantil em 1912, também eleitor do 3º quarteirão sob o número 72. Ainda neste mesmo quarteirão vamos encontrar José Cella (nº 62), de origem espanhola, também empregado da ferrovia e pai do futuro artista plástico de renome internacional Raimundo Cela. O documento também revela pelos sobrenomes constantes, as famílias de maior poder aquisitivo do município e sua inserção política naquele tempo, como os Veras, Coelhos, Cavalcante, Rocha, Soares, Carvalho, Parente, Saboia, Vianna, Araújo, dentre outros. Era este o panorama eleitoral no final do século XIX.
Foto: Fragmento da Listagem de Eleitores de Camocim-CE. 1898.
Fonte:https://portal.ceara.pro.br
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