quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

FEBRE AMARELA MATA EM CAMOCIM


Vivemos tempos de preocupação com a chegada do inverno e, principalmente com a ameaça da dengue, já que nosso município está entre aqueles que merecem uma atenção especial por parte das autoridades e população. Isto é um problema histórico. O post de hoje refere-se a uma epidemia de febre amarela ocorrida em todo o país e que matou dezenas de pessoas em Camocim, no final do século XIX. A doença ameaçava assustadoramente, sobretudo pelas condições insalubres do porto sem um mínimo de proteção sanitária, além das levas de flagelados que chegavam em tempos de seca, conforme sugere a documentação. No documento transcrito abaixo, o Conselho da Câmara oficializa ao Presidente da Província a extinção de da febre em 1888 e ressalta a ação salvadora do médico Raimundo Belfort Teixeira:

Paço da Câmara Municipal da Villa de Camocim, em sessão ordinária de 10 de Agosto de 1888.

Ilmo. Exmo. Snr.

Esta Câmara tem a honra de communicar a V. Exª., que tem diminuído consideravelmente o estado insalubre em que se achava esta Villa, dando-se ultimamente um ou outro caso achando-se quase desasombrada a população da Villa, pois desde o mês de abril a esta parte derão-se 574 casos dos atacados de febre, tendo fallecido durante este período 65. Conhecendo deste estado o Ilmo. Snr. Dr. Raimundo Belfort Teixeira, médico encarregado do tratamento das pessoas accomettidas de febres, resolveo dar esta por extincta, conforme communicou a esta Câmara em 24 do mês próximo passado, retirando-se para a cidade de Sobral.

Esta Câmara não pode deixar de lavrar o zelo e solicitude d’aquelle Facultativo, trabalhando com a pratica intelligência de que é reconhecido para debellar o mal, e ao retirar-se deixou a esta Câmara o restante da ambulância aqui existente, para ser fornecida a qualquer pessoa atacada.

Deus Guarde a V. Exª.

Ilmo. Exmo. Snr. Dr. Antonio Caio da Silva Prado.

M.D. Presidente da Província.

Serafim Manoel de Freitas – Presidente.

Francisco Freire Napoleão

Luís Gomes de Lima

Leonel Dias da Fonseca.

Fonte: Câmara Municipal de Camocim. 1888. 1º Livro de Ofícios Expedidos. Nº 15, p.37)

Foto: Centro de Memória da Unicamp







Um comentário:

  1. Em meados de 1910, meu avô Manuel Rios Ageitos, imediato de navio a vapor, fez sua última viagem, de camocim-Belem,PA, saindo de camocim, em mais uma viagem rotineira, em um "vapor", de linha, com destino a Belém-Pa, com uma tripulação de cerca de 28 homens, foram infectados pela febre amarela "grassante" por lá na época, e chegando a camocim carregado de cadeira de rodas, falecendo alguns dias depois; desta tragédia somente um ou dois tripulantes sobreviveram, os demais morreram todos, e ele e os demais foram enterrados no antigo cemitério, hoje a rodoviária de camocim. se o sr. tiver interesse na história, conto-a todinha, para postar no seu blog, com detalhes, pois tenho fotos antigas dele,o atestado de óbito dele, lavrado no cartório COELHO, de 1910, portanto tenho documentos, reais que se possa checar, o fato e gostaria de resgatar esta história;gostaria de sua ajuda para pesquisar aí em camocim, o nome da companhia de vapor a qual ele trabalhava, o nome do vapor, e se há algum registro na mídia da época do fato ocorrido. o nome dele era:Manuel Rios Ageitos, natural do reino de Espanha, da província de La Coruña, da cidade de San Pedro de Muros, radicado em camocim e casado com minha avó, Antonia de Souza Rios. agradeço se puder me ajudar, e no aguardo de um breve contato.

    meu e-mail: kaissara1@gmail.com

    att

    Gilson Rios

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