1. NAVIO "ARATANHA" – Famoso cargueiro que pertencia á Companhia de Navegação Costeira que aportava em Camocim. Famoso ficou seu atracamento em 1950, visto que se divulgava que a impossibilidade de se atracar navios de seu porte. Tinha 96m de comprimento e 4.000 toneladas de peso.
2. BOOTH LINE – Firma de rebocadores inglesa que explorou o comércio de carregamento e descarregamento de navios em Camocim com suas alvarengas, durante o período aproximado de 1935 a 1950. Sobre isso escrevemos, em outro trabalho:
Diz-nos o nosso autor à pag. 60:
"No ano de 1935, a barra de entrada do porto de Camocim foi considerada assoreada e impossível de ser utilizada pelos navios de médio porte. (...) Isto gerava um significativo aumento de mão de obra, elevando de forma considerável o custo do transporte de mercadorias para aquela região, através do Porto de Camocim. Segundo o registro dos jornais da época, a Empresa Inglesa Booth Line era a principal beneficiária dos lucros provenientes da alvarengagem, tendo em vista que todo esse trabalho era realizado, exclusivamente sob sua administração, com a utilização ae suas próprias alvarengas ou por ela contratadas".
Como não há mentira que sempre perdure, eis o desfecho com a participação do Navio Aratanha e seu comandante, segundo o jornal "O Democrata" à época:
Essa prática durou quinze anos, tempo este de atrofiamento econômico de Camocim e ainda partes do Piauí e Maranhão. No dia 30 de janeiro de 1950 o navio Aratanha, com seus 96m de comprimento, navegando à 16 pés de profundidade e 4.000 toneladas de peso, singra as águas do Coreáu e aporta. Em manchete de primeira página “O Democrata” estampa: O CMTE. DO ARATANHA DESMASCARA A BOOTH LINE. Em tipos menores completa: Navios de treze e meio pés de calado podem entrar no porto de Camocim sem o menor perigo. O comandante Heitor Theberg da Companhia de Navegação Costeira, fala à reportagem de O DEMOCRATA ‘-Pode ser mantida a linha de transporte e carga com o Porto de Camocim’ – O prático J. Lopes Filho desfaz uma lenda criada pela companhia imperialista.O outro prático sabotador ‘a serviço dos inimigos do povo’ de Camocim, na prática nada sofreu e acabou sendo transferido e promovido à prático de Fortaleza. No passado como agora a impunidade já rolava solta. O repórter de “O Democrata” que por uma dessas felizes coincidências se encontrava em Camocim quando o Aratanha, para desespero dos exploradores ingleses jogou para as profundezas a lenda da obstrução do porto, assim narrou o acontecido: ‘Eram duas horas da tarde e o navio penetrou apitando de barra a dentro. Apesar da chuva que caía um grande número de pessoas acorreu à praia. No dia seguinte, acompanhado do vereador Fernando Trévia, fomos visitar a nave recém- chegada’.
Agora, vamos ao testemunho de alguém que viu os fatos, o Sr. Osmundo Campos que atualmente reside em Fortaleza. Ele nos chamou a atenção para a impropriedade de nossas conclusões acerca da presença da Booth Line e do prático, Sr. Marinho no livro Cidade Vermelha... Para ele, a vinda da Booth Line deu uma sobrevida ao movimento do porto, visto que sem as alvarengas ficava inviável qualquer movimentação comercial no porto e que o prático não teve nada com isso. Feito o devido reparo e o crédito às informações do Sr.Osmundo Campos, acreditamos que é necessário aprofundarmos a pesquisa, para que respondamos algumas questões, como:
1. Se o canal do porto estava obstruído, qual o motivo das autoridades não resolverem o problema e deixar por quinze anos a Booth Line realizar o serviço de alvarengagem?
2. O serviço de alvarengagem exercido pelo monopólio da Booth Line se por um lado permitia se operar no Porto de Camocim, por outro inviabilizava o comércio com o aumento dos preços das mercadorias. A quem isto interessava?
3. Com a entrada do Aratanha no porto em 1950, desfazendo o mito da obstrução do porto,a Booth Line continuou a operar em Camocim?
Foto: Arquivo Particular da Sra. Elda Tavares Aguiar.
A primeira vez que entrei a bordo de um navio foi no Rio Piancó, atracado no porto de Camocim em meados da década de 60.
ResponderExcluirEra uma grande embarcação de casco preto, sendo que abaixo da linha da água a cor era vermelha.
Foi a maior concentração de caminhões que ví na cidade, os quais faziam várias viajens transportando sal das salinas para encherem os porões do grande navio.
Lembro também de um navio, salvo engano de cor branca, o qual passou vários dias encalhado na altura da praia dos coqueiros, ao tentar manobrar para zarpar.
Fco. Souza
Obrigado Fco. Souza por omenar a matéria e registrar suas memórias. Meu pai não deixava nem chegar perto destes "monstros de ferro",. As histórias que me chegavam eram as dele, que carregava esses navios de sal em salinas como Porangaba, Martinele, São Pedro, dentre outros. Ficava horas ouvindo ele contar de como as condições de trabalho eram precárias nestas salinas, subindo rampas de madeira com sacas de 60 e 70 quilos na cabeça. Sua massagem no corpo, era eu e minha irmã que fazíamos caminhando em suas costas...
ResponderExcluirOlá! Gostaria de sugerir uma postagem referente a Colônia de Pescadores. Aproveito a oportunidade para parabenizá-lo pelo blog, que nos presenteia com grandes tesouros da rica história camocinense!
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